Prezado (a) conselheiro (a), Refém da burocracia



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Transcrição:

Informativo Eletrônico da SE/CNS para os conselheiros nacionais Ano VI, Brasília, 05/07/2010. Prezado (a) conselheiro (a), Estamos encaminhando um clipping de notícias do CNS na mídia, além daquelas com assuntos que o Conselho vem debatendo. A intenção é socializar com os Conselheiros Nacionais a repercussão nos principais jornais. Brasília, 04 de julho de 2010 Correio Braziliense - Brasília/DF Ministério da Saúde Órgãos Vinculados SUS Refém da burocracia BRASIL Depois da difícil decisão de assumirem identidade visual e sexual opostas às de seu nascimento, mulheres e homens transexuais ainda enfrentam o burocrático processo imposto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para conseguirem a cirurgia de readequação sexual. Em vigor há dois anos, a portaria que institui a mudança de sexo na rede pública viabilizou apenas 27 procedimentos desse tipo (12 no Rio Grande do Sul, 10 no Rio de Janeiro e cinco em Goiás) média de pouco mais de uma operação por mês. Atualmente, há pelo menos 500 brasileiros inscritos nas quatro instituições para fazerem a readequação. Para os homens transexuais - mulheres que desejam se transformar em homens -, a dificuldade é ainda maior. A portaria ministerial não autoriza o procedimento sob a alegação de que ainda é experimental. O argumento, no entanto, é rebatido por especialistas. "Essa operação é realizada há pelo menos 30 anos em outros países", diz o coordenador do programa de Transexualismo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Walter Koff. "Já acionamos o MPF (Ministério Público Federal) e conseguimos decisão judicial favorável. Esperamos, agora, que o CFM (Conselho Federal de Medicina) altere o texto de uma portaria sua e retire a palavra experimental para que o SUS possa finalmente oferecer o serviço." Coordenadora do projeto de Transexualismo do Hospital das Clínicas de Goiânia, Mariluza Silveira também critica a recusa do SUS. "Fico indignada com a situação, mas é uma portaria do CFM e temos de cumpri-la", explica.

Sem o apoio do governo federal, de acordo com ela, a unidade goiana já fez oito procedimentos de readequação sexual em mulheres. Mariluza destaca ainda que, após as cirurgias, mesmo em homens, o SUS vem com mais burocracia, ao exigir os documentos originais dos pacientes para reembolsar o hospital. "É muito contraditório. O ministério recomenda o uso do nome social do transexual, porém, na hora de pagar as cirurgias, querem os registros originais. Muitos já entregaram suas identidades a cartórios ou já se desfizeram do seu passado", critica. Cantora de black music, Samantha Correia, 24 anos, está pronta há quase dois para a cirurgia de mudança de sexo masculino para o feminino. Desde os 18 ela frequenta um grupo de transexuais do Hospital Universitário de Brasília (HUB). "Passei pela avaliação psicológica, fiz exames e continuo tomando hormônios enquanto aguardo a operação. Espero que seja ainda este ano". Apesar da esperança, Samantha sabe que o sonho pode demorar. "Minha cirurgia deve ser feita em Goiânia, mas nenhum médico assinou ainda o prontuário para dar seguimento ao processo. É um descaso", desabafa. (RM e RC) Brasília, 02 de julho de 2010 Folha de S. Paulo - São Paulo/SP Ministério da Saúde Programas Saúde da Família Oscip tem convênios questionados pelo Tribunal de Contas RIBEIRÃO Inab possui processos em tramitação por contratos em Avaré e em Porto Ferreira DE RIBEIRÃO PRETO Contratada para fornecer médicos para a rede de saúde de Ribeirão Preto, a Oscip Inab (Instituto Nacional Amigos do Brasil) responde a representações no TCE (Tribunal de Contas do Estado) por contratos com cidades como Avaré e Porto Ferreira. Em Avaré, segundo o tribunal, o Inab fez uma parceria de cooperação técnica e assessoria para o desenvolvimento de projetos na saúde em 2006, na gestão de Joselyr Silvestre (PSDB).Na parceria, caberia à Oscip comprar equipamentos e custear medicamentos, além de construir, reformar e ampliar unidades de saúde.no entanto, a contratação foi desfeita após o TCE apontar erros como a falta de um projeto básico, ausência da uma posição do Conselho de Saúde e a não observância dos princípios constitucionais da eficiência,publicidade e isonomia.já em Porto Ferreira, entre 2007 e 2008, na gestão de Maurício Sponton Rasi (PT), o TCE impugnou repasses de R$ 350 mil e de R$ 581 mil ao Inab por irregularidades documentais. No processo, que está em tramitação, o TCE pede a devolução dos repasses corrigidos e atualizados. "Não tivemos nenhum problema com o Inab para o Programa Saúde da Família, mas se o TCE entende que houve irregularidade,não temos o quefazer", disse Rasi.O assistente técnico da Oscip, Geraldo Gonçalves da Silva, disse que o Inab está fazendo um levantamento para justificar as representações no TCE. Procurada,a Prefeitura de Ribeirão não se manifestou.(hélia ARAUJO)

Brasília, 02 de julho de 2010 Brasil Econômico/BR Temas de Interesse Saúde Pública Previdência e sistema de saúde precisam ser revistos DESTAQUE DEMOGRAFIA "O Brasil vai envelhecer antes de ficar rico." A frase,repetida diversas vezes pelo economista e ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, retrata qual será a realidade do país daqui a algumas décadas.hoje, o Brasil ainda vive o chamado bônus demográfico,que é quando a população economicamente ativa é maior que a de aposentados.mas ele acabará, no máximo, em 2055, segundo estimativas da Confederação Nacional da Indústria(CNI).Um estudo recente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é menos otimista.para o banco,que diz que o país já desperdiçou 30 anos de bônus, o fim da vantagem será em 2025. "O Brasil nunca aproveitou esse bônus para tornar a Previdência superavitária", explica Jorge Arbache, que realizou o estudo para o BNDES.Só neste ano, a Previdência acumula déficit de R$ 20 bilhões. De acordo coma CNI, o país gasta hoje 11,5%do Produto Interno Bruto (PIB) com Previdência, enquanto em países como Bélgica e Espanha, o gasto é de 12,5% - mas, nesses países, 22% da população tem mais de 60 anos, enquanto no Brasilaproporçãoéde9%.Mas o problema está no envelhecimento da população? "Ele não deve ser visto como negativo", responde o diretor da área de Estudos de Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Jorge Abrahão. Para ele, o envelhecimento trará grandes desafios, mas também muitas oportunidades. "Hoje,o Brasil tem 4 milhões de pessoas com mais de80 anos. Em 2040, devem ser 20 milhões", lembra.josé Eustáquio Diniz Alves, pesquisador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em recente palestra afirmou que "a esperança de vida é uma das maiores conquistas da nossa história." Ele lembrou que no Brasil, em 2009, expectativa de vida era próxima de 77 anos para mulheres e 70 para homens. E a tendência é que aumente nos próximos anos.dados do IBGE apontam que, enquanto em 2008 as crianças de 0 a 14 anos correspondiam a 26,47% da população, o contingente com 65 anos ou mais representava6,53%. Em 2050, o primeiro grupo representará13,15%, ao passo que os idosos chegarão a 22,71%. Essa nova realidade, claro, vai exigir reformas e mudanças das políticas públicas do país e não apenas na Previdência."Teremos de repensar o nosso modelo de saúde pública,o mercado de trabalho vai mudar e as empresas terão de pensarem novos serviços para atender as necessidades dessa população mais idosa", diz Abrahão. Discussão política As conseqüências do aumento da longevidade do brasileiro não são novidade e nem ignoradas.o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)já se debruça para analisar o envelhecimento da população e seus impactos não apenas nos custos da Previdência pública,mas também na saúde e no mercado de trabalho. A análise detalhada, que será divulgada até o final do ano, traça perspectivas para o país até2022. O tema - especialmente o déficit previdenciário está também

na pauta dos candidatos à presidência. José Serra (PSDB) propõe a adoção de um novo sistema para os contribuintes do futuro-ou as crianças que ainda não entraram no mercado de trabalho. Dilma Rousseff (PT) diz que as mudanças são necessárias, mas que terão de ser feitas paulatinamente.hoje, o Brasil tem 4 milhões de pessoas com mais de 80 anos. Em 2040, serão 20 milhões Brasília, 02 de julho de 2010 O Globo - Rio de Janeiro/RJ Ministério da Saúde Órgãos Vinculados SUS Bom, benéfico e bem barato OPINIÃO LIGIA BAHIA Alternativas encontradas pelo grupo que formulou o projeto de reforma da saúde dos Estados Unidos empolgaram brasileiros. Desta vez, a importação das ideias não decorreu da obsessão de nos compararmos aos americanos. E as conhecidas antíteses opondo os sistemas de saúde do Brasil e dos EUA desautorizaram traslados automáticos. Lá, as coberturas por planos de saúde atingem 75% da população, aqui, 26%. Ideias extraídas da matriz original do projeto de Obama enviado ao Congresso, de criação de um seguro público e alterações nas modalidades e valores de remuneração de serviços tornaram se especialmente simpáticas a alguns compatriotas.com a interdição da entrada em terras brasileiras do substrato da reforma - a ampliação de coberturas a busca de argumentos operacionais mostrou-se infrutífera.desconsiderar o contexto político, dispositivos legais, institucionais e financeiros e alterações no modelo de atenção subjacentes à criação do seguro nacional obrigatório gera equívocos.não é exagero afirmar que, nesse momento, em termos de regulação, estamos na contramão dos Estados Unidos. Recusamo-nos a incorporar o principal ensinamento da Reforma Obama: o reconhecimento que a máxima de obter menor preço e melhor qualidade no mercado é inadequada à estruturação de sistemas de saúde.diante da crise econômica, aumento do desemprego e elevação do número de pessoas sem garantias assistenciais,adicionado ao enorme passivo dos segmentos não cobertos e reclamações de negação de atendimento, os EUA optaram por ampliar a intervenção estatal. Em 2007, com preço mensal per capita de US$ 320, os planos de saúde americanos deixaram descobertas pessoas com problemas pré-existentes, incluindo crianças, e detinham poderes discricionários para negar e postergar acesso a procedimentos de alto custo. No Brasil, o crescimento econômico, aumento da renda e do emprego formal e as barreiras flexíveis à entrada de empreendimentos, desde funerárias a bancos,dispostos a comercializar planos mais baratos,acalenta sonhos similares aos do Partido Republicando nos EUA. Mas, em 2007, o valor do pagamento das mensalidades de nossos planos de saúde, R$ 110, embutia importantes lacunas assistenciais, como a não oferta de medicamentos de uso continuo e o uso previsto e seleto de serviços da rede SUS. Obama enfrentou e ainda está às voltas com explicitas pressões das seguradoras. Seria impossível ampliar coberturas, mantendo intactas as relações que unem os fios da financeirização das

empresas à maior concentração de especialistas per capita do mundo e às elevadas taxas de utilização de exames diagnósticos e procedimentos invasivos e aos poderosos valores de liberdade de escolha. Foi a estrita necessidade de tornar elegíveis doentes e desempregados que fundamentou a proposta de criação de um seguro público e a alteração nas formas e valores de remuneração por serviços prestados.entre nós, predominam discursos ambíguos e conciliatórios.dependendo da audiência, ora o otimismo com o futuro se expressa a favor do "esvaziamento do público da carga que pode ser atendida pelo privado", ora em prol do fortalecimento do SUS. A dispensa das tarefas de interpretar as contradições entre agentes e interesses que estruturam e dinamizam o sistema brasileiro de saúde favorece a emissão de discursos tonitruantes em detrimento da formulação de projetos estratégicos. Nos Estados Unidos, não foi preciso eliminar seguradoras nem o capitalismo para que os prazos de concretização dos direitos à saúde fossem definidos e amplamente divulgados.aqui, a política de saúde, reduzida à contabilidade de prédios construídos ou atendimentos realizados, por cada governo para suprir "os carentes",se afasta do estatuto de direito de cidadania.tampouco os arranjos público-privados voltados à condução da denominada nova classe média ao consumo de planos com coberturas precárias asseguram atenção oportuna e continuada.seguimos insistindo na busca de três bês e meio(bom, benéfico e bem barato). Iniciativas recentes, como a da Caixa Econômica para tornar os planos "acessíveis para os segmentos de renda mais baixa" e o projeto de isenção no imposto de renda para pagamento dos mesmos a empregadas domésticas trilham,sem a mesma riqueza e afluência, o caminho que os USA decidiram abandonar. Portanto, quem pretender desempenhar o papel de Obama terá que se preocupar não só com preços, precisará encarar adversidades para estabelecer parâmetros nacionaisdignos e progressivos de coberturas e qualidade. LIGIA BAHIA é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: ligiabahia55@gmail.com Expediente Carta Eletrônica do CNS Publicação do Conselho Nacional de Saúde - Ano VI 05 de julho de 2010. Secretaria Executiva do CNS Coordenação de Comunicação e Informação em Saúde