REDUÇÃO DE DERIVA DE HERBICIDAS COM USO DE ADJUVANTE E DIFERENTES PONTAS DE PULVERIZAÇÃO Taffaréu Oliveira Agostineti (PIBIC/CNPq), Marco Antonio Gandolfo (Orientador), e-mail: agostineti@outlook.com Universidade Estadual do Norte do Paraná/Campus Luiz Meneghel. Ciências Agrarias / tecnologia de aplicação. Palavras-chave: Tecnologia de aplicação, formulações, azul brilhante. Resumo O uso de adjuvantes adicionados às formulações de herbicidas pode aumentar sua eficiência como diminuir o risco potencial de deriva ocasionado nas pulverizações agrícolas. No entanto, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o potencial risco de deriva de três sais (Sal de amônio, Sal de isopropilamina, Sal de potássio) sem e com adjuvante utilizando duas pontas de pulverização. O experimento foi realizado em túnel de vento, com sal de amônio, sal de isopropilamina e sal de potássio isolado ou em mistura com o adjuvante LI 700, na taxa de aplicação de 50 L ha -1. A aplicação foi realizada com pontas de pulverização TTI 110015 e AXI 110015 com pressão de 386 kpa (56 psi). Foi utilizado o marcador Azul Brilhante a 0,6%, m v -1 e a deriva foi coletada em fios de polietileno posicionados transversalmente ao fluxo de ar, à distância de 5, 10 e 15 m em relação à barra de pulverização e 0,3; 0,5; 0,7; 0,9 e 1,1 m de altura em relação ao piso do túnel. A ponta de pulverização de jato plano com indução de ar modelo TTI 110015, proporciona menor risco do potencial de deriva e espectro de gotas mais uniforme quando comparada com a AXI 110015.O adjuvante LI700 minimiza o risco potencial de deriva para as três formulações estudas, porém foi mais eficiente quando utilizado em associação com a ponta AXI 110015. Introdução A demanda sobre a produção agrícola cresce desenfreadamente levando o setor a incorporar mais tecnologia para abastecimento do mercado. A escolha inadequada da tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários, principalmente relacionados às pontas de pulverização resulta diretamente em um maior risco de deriva. Em estudo para quantificar a deriva proporcionada por pontas de pulverização com e sem indução de ar em aplicações de glyphosate mostrou que a ponta de jato plano com indução de ar (AVI 110-015) proporcionou menor deriva em relação à ponta jato plano padrão (AXI 110-015), para todas as caldas avaliadas (GANDOLFO et al., 2013). As pesquisas sobre a eficácia dos adjuvantes são crescentes em virtude de surgimento de novos produtos. Entretanto, no Brasil, ainda são escassos os estudos em túnel de vento para avaliação dos adjuvantes associados aos agroquímicos visando à redução de deriva nas pulverizações (OLIVEIRA, 2011). A medição do risco de deriva pode ser realizada satisfatoriamente por meio de ensaios realizados em túnel de vento (MOREIRA JÚNIOR & ANTUNIASSI, 2010). Embora valores sob condições reais de deriva somente possam ser obtidos em experimentos de campo, os experimentos de deriva em túnel de vento apresentam uma grande vantagem em relação aos experimentos de campo, pelo fato de que, túneis de vento permitem a determinação do potencial risco de deriva de diferentes
sistemas de aplicações, os quais não poderiam ser repetidos e comparados em condições de campo devido às variações climáticas (DERKSEN et al., 1999; FIETSAM et al., 2004; NUYTTENS et al., 2009). Por isolar os fatores ambientais, experimentos realizados em túnel de vento mostraram que a deriva depende do tipo de ponta de pulverização, da pressão utilizada e do produto aplicado, já que esses fatores influenciam diretamente no tamanho da gota pulverizada (COSTA et al., 2006). Material e métodos O trabalho foi realizado no Núcleo de Investigação em Tecnologia de Aplicação de Agroquímicos e Máquinas Agrícolas NITEC, da Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP- Campus Luiz Meneghel - Bandeirantes PR. As aplicações das caldas contendo diferentes formulações foram realizadas por um sistema de pulverização com princípio de funcionamento (controle de pressão, circuito hidráulico, retorno) similar a uma barra de pulverização das máquinas agrícolas utilizadas em campo. As condições de umidade do ar, temperatura e velocidade do vento foram registradas em todos os momentos de pulverização, e os depósitos dos produtos foram coletados em diferentes distâncias horizontais e verticais dentro do túnel de vento, visando avaliar o potencial risco de deriva proporcionado pelos diferentes tipos de pontas e formulações do herbicida glyphosate com associação ou não de adjuvante. As pulverizações foram realizadas com seis caldas obtidas da combinação das formulações do herbicida glyphosate e adjuvante, conforme descritas na Tabela 1. Tabela 1. Descrição dos tratamentos que foram avaliados no experimento. Tratamentos Herbicidas (L ha -1 ) Adjuvantes (v v -1 ) 1 Sal de amônio (1 kg/ha) - 2 Sal de isopropilamina (2 L/ha) - 3 Sal de potássio (1,4 L/ha) - 4 Sal de amônio (1 kg/ha) LI 700 (0,15%) 5 Sal de isopropilamina (2 L/ha) LI 700 (0,15%) 6 Sal de potássio (1,4 L/ha) LI 700 (0,15%) As pulverizações foram realizadas com as pontas TTI 110015 e AXI 110015 com pressão de 386 kpa (56 psi) e simulando uma taxa de aplicação de 50 L/ha. O potencial risco de deriva proporcionado pelos diferentes tipos de pontas e formulações com e sem adjuvante, foi quantificado pela análise de um marcador de calda na concentração de 0,6% (m.v - ¹) coletado em fios de nylon de 2 mm no interior do túnel de vento, nas distâncias horizontais de 5, 10 e 15 m e verticais de 0,3; 0,5; 0,7; 0,9 e 1,1 m de distância do piso do túnel de vento. A velocidade do vento foi de 2,0 m.s - ¹ aferida por anemômetro de ventoinha instalado no centro da secção quadrada do túnel, em cada posição de coleta. Após as pulverizações, os fios correspondentes a cada amostra foram colocados dentro de tubos de PVC de 0,50 m de comprimento, com 25 ml de água destilada para lavagem por meio de agitação manual por tempo constante, e em seguida armazenado em potes plásticos identificados para cada tratamento. As soluções provenientes das amostras foram analisadas por um espectrofotômetro para quantificar os valores de absorbância na faixa espectral de 630 nm.
O trabalho foi executado num delineamento inteiramente casualizado (sorteio das caldas) com quatro repetições. Resultados e Discussão Conforme a analise da figura 1 não houve diferença significativa entre as pontas TTI 110015 e AXI 110015 na distancia de 5m, mas pode-se observar que nesta distância ocorreu o maior potencial de risco de deriva. Madureira (2013) avaliou o risco de deriva com adjuvantes e pontas de pulverização em túnel de vento de 5,3 m de comprimento, onde a maior porcentagem de deriva coletada foi na primeira distância estudada (1,5 m) nos alvos localizados mais próximos à barra de pulverização. Porém em contra partida todas as caldas se diferenciaram estatisticamente nas distâncias de 10m e 15m, mostrando a eficiência da ponta TTI 110015 em reduzir deriva nestas distâncias. A utilização de gotas com maior diâmetro diminui o risco de deriva, porém devido ao seu peso elas podem não aderir às superfícies das folhas e terminarem no solo (TEIXEIRA, 1997). Pontas com indução de ar produzem gotas de tamanho maior, por introduzir ar em seu interior, de maneira que produza massa de baixa densidade, combinação importante para a redução da deriva, sendo indicada para herbicidas sistêmicos (VIANA et al., 2007). Nesta mesma figura observou-se que todas as caldas em associação do adjuvante, se diferenciaram significativamente nas distancia de 10m e 15m, mostrando a eficiência do mesmo na redução da deriva, com este resultado o adjuvante se torna uma alternativa segura em melhorar a qualidade de aplicação. De acordo com, Oliveira (2011), apresentou resultados em que se testou 18 adjuvantes com diferentes concentrações, onde o adjuvante LI 700 apresentou a segunda menor deriva, sendo maior apenas que o adjuvante à base de polímero vegetal. Os adjuvantes são especialmente eficazes na melhoria da atividade biológica de herbicidas, alterando solução de pulverização, a tensão superficial, densidade, ph, viscosidade, tamanho de gota e distribuição (VERDE & CAFfILL, 2003). Na figura 2 observou-se que todas as formulações, com a ausência da Calda composta por sal de amônia + LI 700 se diferenciaram estatisticamente nas distâncias de 0,5m, 0,7m e 0,9m verticalmente, cofirmando também a eficiência em redução de deriva da ponta TTI 110015 no plano vertical. Também foi possível perceber quanto maior a altura dos coletores em relação ao piso do túnel, menor foi o potencial de risco de deriva. Lund (2000) e (Costa et al., 2006) relataram o mesmo comportamento em pesquisas realizadas em túnel de vento, mostrando que a deriva tende a ser maior nos fios coletores mais próximos do piso do túnel e da barra de pulverização.
Conclusões A ponta de pulverização de jato plano com indução de ar modelo TTI 110015, proporciona menor risco do potencial de deriva e espectro de gotas mais uniforme quando comparada com a AXI 110015. O adjuvante LI700 minimiza o risco potencial de deriva para as três formulações estudas, porém foi mais eficiente quando utilizado em associação com a ponta AXI 110015. Agradecimentos A CNPQ pela concessão da bolsa e proporcionar a realização do trabalho. Referências COSTA, A. G. F.; MILLER, P. C. H.; TUCK, C. R. The development of wind tunnel protocols for spray drift risk assessment. Aspects of Applied Biology, Wellesbourne, v. 77, p. 289-294, 2006. DERKSEN, R. C.; OZEKAN, H. E.; FOX, R. D.; BRAZEE, R.D. Droplet spectra and wind tunnel evaluation of venturi and pre-orifice nozzles. ASABE, St. Joseph, v. 42, n. 6, 1573-1580, 1999. FIETSAM, J. F. W.; YOUNG, B. G.; STEFFEN, R. W. Herbicide drift reduction to drift control agents with glyphosate. ASABE, St. Joseph, v. 47, n. 5, p. 1405-1411, 2004. GANDOLFO, M. A.; CHECHETTO, R. G.; CARVALHO, F. K.; GANDOLFO, U. D.; MORAES, E. D. Influência de pontas de pulverização e adjuvantes na deriva em caldas com glyphosate. Revista Ciência Agronômica, v. 44, n. 3, p. 474-480, 2013. LUND, I. Nozzles for drift reduction. Aspects of Applied Biology, v. 57, p. 97-102, 2000. MADUREIRA, P. R. Pontas e adjuvantes no potencial risco de deriva em pulverizações de produtos fitossanitários. 2013. 68 f. Tese de Mestrado em Agronomia (Proteção de Plantas). UNESP, Botucatu, 2013. MOREIRA JÚNIOR, O.; ANTUNIASSI, U. R. Construção e validação de um túnel de vento para ensaios de estimativa da deriva em pulverizações agrícolas. Revista Engenharia na Agricultura. v. 25, n.3, p.118-136. 2010. NUYTTENS, D.; TAYLOR, W.A.; SCHAMPHELEIRE, M.; VERBOVEN, P.; DEKEYSER D. Influence of nozzle type and size on drift potential by means of different wind tunnel evaluation methods. Biosystems Engineering, London, n. 3, p. 271-280, 2009. OLIVEIRA, R. B. Caracterização funcional de adjuvantes em soluções aquosas. 2011. 134 f. Tese (Doutorado em Agronomia/Energia na Agricultura) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2011. TEIXEIRA, M.M. Influencia del volumen de caldo y de la uniformidad de distribución transversal sobre la eficacia de la pulverización hidráulica. 310 f. Tese (Doutorado em Agronomia) Escuela Técnica Superior de Ingenieros Agrônomos, Universidad Politécnica de Madrid, Madrid, 1997.
VERDE, JM; CAFflLL, WR aumentar a atividade biológica de nicossulfurão com ajustadores de ph. Weed Sei., v. 17, n. 2, p. 338-345,2003. VIANA, R. G.; FERREIRA, L.R.; TEIXEIRA, M.M; CECON, P.R.; FREITAS, F.C.L.; QUIRINO, A.L.S.; SANTOS, M.V. Características técnicas de pontas de pulverização LA-1JC e SR-1. Planta Daninha, v. 25, n. 1, p. 211-218, 2007.