CONSEIHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDENCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIzAcAO - CRSNSP 228Sessâo Recurso no 6760 Processo Susep no 15414.000648/2012-33 RECORRENTE: ACE SEGURADORA S.A. RECORRIDA: SUPERINTENDENCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP EMENTA: RECURSO ADMIN ISTRATIVO. Representacão. Celebrar contrato de seguro sem a assinatura de proposta pelo segurado. Recurso conhecido e provido parcialmente. PENALIDADE ORIGINAL: Multa no valor de R$ 13.000,00. BASE NORMATIVA: Art. 62 da Resoluço CNSP n2 107/2004 c/c art. 19 da Circular Susep n9 251/2004. ACORDAO/CRSNSP N2 5801/16. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decidem os membros do Conseiho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdéncia Privada Aberta e de Capitalizacão, (i) por maioria, afastar a ocorrência de prescrição da pretenso punitiva da Administração, nos termos do voto da Relatora, vencidos os Consetheiros André Leal Faoro e Paulo Antonio Costa de Almeida Penido, que votaram pelo reconhecimento da prescricão; e (ii) por unanimidade, nos termos do voto da Relatora, dar provimento parcial ao recurso da Ace Seguradora S/A, para reenquadrar a capitulaço da penalidade, a fim de que seja aplicada a penalidade prevista no art. 5, inciso II, ailnea "n" da Resolução CNSP n9 60/2001. Presente o advogado Dr. Jural Alves Monteiro, que sustentou oralmente em favor da recorrente, intervindo, nos termos do Regimento Interno deste Conseiho, O Senhor Representante da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dr. José Eduardo de Araüjo Dua rte. Participaram do julgamento os Conseiheiros Ana Maria MeIo Netto Oliveira, Paulo Antonio Costa de Almeida Penido, Thompson da Gama Moret Santos, Dorival Alves de Sousa, Washington Luis Bezerra da Silva e André Leal Faoro. Presentes o Senhor Representante da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dr. José Eduardo de Araüjo Duarte, a Secretária- Executiva, Senhora Cecilia Vescovi de Aragäo Brandâo, e a Secretâria-Executiva Adjunta, Senhora Theresa Christina Cunha Martins. Sala das Sessöes (Ri), 5 de maio de 2016. (, & /, 'ANA MARIA MELO NETR) OLIVEIRA Presidente e Relatora
L MINISTERLO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDENCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAcAO RECURSO CRSNSP No 6760 PROCESSO SUSEP No 15414.000648/2012-33 RECORRENTE: ACE SEGURADORA S.A RELATORA: ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA EMENTA Representacäo. Celebrar contrato de seguro scm a assinatura de proposta pelo segurado. Recurso conhecido e parcialmente provido. VOTO conheco. 0 recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, pelo que dde A ACE Seguradora S/A insurge-se contra a decisão da SUSEP que ihe aplicou multa de R$ 13.000,00 pela conduta irregular consistente em celebrar contrato de seguro scm a assinatura da proposta de seguro pelo segurado, corn infraco ao art. 6 da Resolução CNSP n 107, de 2004, c/c o art. 10 da Circular SUSEP n 251, de 2004. Preliminarmente, entendo que nao se ha de falar de prescricäo da pretensào punitiva no presente processo. Estivéssemos diante de urn caso clássico de contratação de seguro scm preenchirnento de cartâo proposta, poder-se-ia cogitar de que, tendo a contratacão se aperfeicoado em 2005, ainda que corn vicio de forma decorrente da falta de proposta, haveria prescricäo da pretensâo punitiva, constituindo a data de contratacâo do seguro o marco para inicio do curso do prazo prescricional quinquenal. No entanto, não é este o caso dos autos. A reclamante jamais buscou ou pretendeu a contrataçâo do seguro. Esta foi feita a sua revelia, mediante cobrança na sua fatura telefônica. A contratação irregular e indesejada permaneceu, comprovadamente, ate junho de 2007, como atesta a fatura juntada aos autos as fis. 2/3. Além do mais, conforme se nota do documento de fis. 44/45 a contrataçâo e a cobranca irregular perdurou pelo menos ate a data da reclamaçao formulada por Isolde Pottker perante o órgão de protecao ao consurnidor, em setembro de 2010. Dessa forma, entendo que nâo ha que se falar em ocorréncia de prescricäo da pretensão punitiva da Administraçâo. Consta do processo documentação que comprova a cobrança de valores pertinentes ao prémio de seguro nos vencimentos de 9/6/2007 (fls. 2/3), 9/1/2006 (fis. 3/4), 9/11/2005 (fis. 6/7) e 9/5/2007 (ft 8). Essas cobranças cram feitasjuntamente corn a conta telefônica da Brasil Telecom, corno se pode ver da análise dos extratos de conta relativos as faturas de serviços de telecomunicacoes, constantes nos autos conforme ja mencionado. Ou V
CRSNSP RECURSO No 6760 seja, era uma cobrança automática, feita juntarnente corn a conta telefônica. Esse fato est devidamente evidenciado nos docurnentos aqui mencionados. Conforme se extrai dos documentos dos autos, a cobrança irregular vinha desde 2005 e perdurou pelo menos ate 2007. E certo que essa cobrança era feita de forma automática na conta de telefone de Isolde Pottker, como flcou claro do contedo de reclamaçâo que eta levou ao Procon. De fato, a questâo por provocação da interessada, Isolde Pottker, fol tratada no âmbito da Coordenadoria Executiva Procon Municipal Panambi, e esse órgâo levou o tema ao conhecimento, da Ol/Brasil Telecom S/A - Atendimento ao Proncon, da ACE Seguradora S/A, da QBE Brasil Seguros e da SUSEP, conforme se veritica de fis. 44/45, para manifestacäo e providéncias. Ha no referido documento o relato sucinto da matéria envolvendo a Ol/Brasil Telecon S/A, ACE Seguradora S/A e QBE Brasil Seguros, especificando a cobrança de prémios de seguros na conta telefônica de Isolde Pottker. Assim é que, conforme consta daquele documento, desde 2007, Isolde Pottker vinha percebendo em suas faturas telefônicas a cobrança de parcela referente a prêmio de seguro, como servico designado como Diversas Outras Empresas - Super Seg Premiado Individual - ACE Seguradora, med iante a cobranca do valor de R$ 10,90, pertinente ao prêmio de seguro. A recorrente não fez prova de que houvesse nem contrato de seguro e muito menos a proposta. E o que e pior as cobranças vinham sendo feitas na conta telefônica de Isolde Pottker sem que eta tivesse manifestado qualquer interesse na aquisicao do produto, ate porque eta, a reclamante, teve de recorrer ao Procon, informando que por diversas vezes manifestou o interesse de evitar a cobrança dos valores e, pelo se nota, scm qualquer sucesso. Ora, nâo se pode falar, na hipótese retratada nos autos, de renovação espontânea de contrato de seguro, como quis dar a entender a recorrente, tanto mais porque a reclamante teve de recorrer ao órgâo de defesa do consumidor e também a Autarquia supervisora da atividade de seguros, para se ver livre da cobranca indesejável que the foi imposta de maneira unilateral e automática na conta telefônica. Vejo, portanto, configurada a materialidade da conduta irregular. Entendo, no entanto, que é procedente a ategaçào de que deve ser modificada a capitulacao da penalidade. 0 CRSNSP examina corn recorrência infracoes tipificadas como no assinatura de carto proposta, e, nesses casos, tern a SUSEP capitulado a penalidade no art. 5, inc. II, atinea "n", da Resoluçâo CNSP n 60/200 1. Diante do exposto, dou provirnento parcial ao recurso, para que seja aplicada penalidade prevista no art. 5, inc. II, alinea 'sn", da Resolucao CNSP n 60/2001. E como voto. s.1t 1U 1 Q ) JA MARII MELO NETTO OLIIEA Relatora Representante do MinistCrio da Fazenda Em 05 de malo de 2016. SE/CRSNSP/ MF RECEBIDOEM_'J..( / c Marncua-krL
is. J CONSELHO DE RECURSOS SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVI DEN PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAcAO - CRSNSP Rubrica - Recurso 6760 (Processo Susep 15414.000648/2012-33) Recorrente: ACE Seguradora S/A Recorrida: Superintendência de Seguros Privados - SUSEP Relator: WALDIR QUINTILIANO DA SILVA Relatório A SUSEP instaurou o presente processo administrativo contra a ACE Seguradora S/A, pela conduta irregular consistente em celebrar contrato de seguro sern a assinatura da proposta se seguro pelo segurado, corn infração ao art. 62 da Resolução CNSP n9 107, de 2004, c/c o art. 12 da Circular SUSEP n2 251, de 2004, sujeitando a indiciada a pena prevista na alinea "a", inciso III, art. 52 da Resolucäo CNSP n2 60, de 2001. Deviclamente intimada (fi. 10), a ACE Seguradora apresentou defesa, nos termos do documento de fls. 21/32, argumentando que: i) ha descompasso entre os dispositivos tidos por infringidos e a penalidade proposta na intimaçâo, a ensejar nulidade do ato administrativo; isto porque os normativos citados tern como nücleo central a no apresentacâo de proposta, enquanto que a penalidade proposta refere-se a ausência de autorizacão para realizar contratos de seguros; ii) 8 autorizaco mencionada na penalidade proposta refere-se a autorizacão concedida pelo regulador para funcionarnento de seus entes regulados; iii) o nâo envio da proposta no ato da celebração do contrato no é urn requisito sine qua non para a validade e eficácia do contrato de seguro coletivo, tanto é que não raras vezes o segurado tern interesse em contratar os termos do seguro e, mesmo sern a proposta, realiza o pagamento do prêmio. A SUSEP corn base no entendirnento do Parecer SUSEP/DIFIS/CGJUL/COAIP/N2 769/13, de 20/8/2013 (fls. 47/52) e da Nota/PF - SUSEP/SCADM/N9 22/2013, de 17/1/2014 (fls. 54/56), decidiu aplicar a pena de R$ 13.000,00 a indiciada. Inconformada, a ACE Seguradora apresentou recurso contra a decisão condenatória (fls. 73/82), corn argumentos que já forarn trazidos aos autos, ressaltando que: i) deve ser reconhecida a prescrição da acão punitiva, porque a conduta tida por irregular verificou-se em 9/11/2005 e a representaco que originou o presente processo foi lavrada em 24/2/2012, portanto, mais de 6 anos depois; ii) a proposta visa a garantir a rnanifestacão inequivoca do segurado, quanto a sua vontade de contratar os termos do seguro; no entanto, acontece qu f\ nâo raro, o segurado tern interesse em contratar o seguro e mesmo sem a proposta realiza(o pagarnento do seguro; dessa forma, a proposta não 6 urn requisito indispensãvel para a -
(es. validade da eficácia do contrato, jã que ha outros meios de aferir a eficácia do contrato; iiiubrjca penalidade, caso venha a ser confirmada, deve ser substituida pela prevista na ailnea "n" d inciso II do art. 52 da Resolucão CNSP n9 60, de 2001. 4f A SUSEP não viu motivo que justificasse a reconsideraco da decisão condenatória de que se trata (fi. 84). A PG EN, por sua vez, opinou pelo não conhecimento do recurso, por ser intempestivo, e no mérito pela negativa de seu provimento (fls. 87/88). E o rela BrasIlia, 26 de feverei Wadir Quintiliano da RJator de 2016. SE/CRSNSP/MF 7 RECE13IDOEMI-Y_/()3_//t Iva Rubrica e Carimbo I