TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO MARANHÃO. Sessão do dia 11 de dezembro de APELAÇÃO CÍVEL N.º /2007 BALSAS APELANTE: COMPANHIA EXCELSIOR DE SEGUROS.

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Transcrição:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO MARANHÃO PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL Sessão do dia 11 de dezembro de 2008. APELAÇÃO CÍVEL N.º 15.078/2007 BALSAS APELANTE: COMPANHIA EXCELSIOR DE SEGUROS. ADVOGADO(S): ANA CECÍLIA DELAVY E OUTROS. APELADO(S): KAIO SOARES DE SOUSA E OUTROS. ADVOGADO(S): DEBORA RODRIGUES LEITE E OUTRAS. RELATORA: DESA. MARIA DAS GRAÇAS DE CASTRO DUARTE MENDES. ACÓRDÃO N.º 78.153/2008 1 / 19

EMENTA PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. ILEGITIMIDADE PASSIVA E ATIVA AD CAUSAM. CARÊNCIA DE AÇÃO. PRELIMINARES. REJEITADAS. INDENIZAÇÃO. SALÁRIO MÍNIMO. INCONSTITUCIONALIDADE. INOCORRÊNCIA. APLICAÇÃO DA LEI N. 11.482/2007. IMPOSSIBILIDADE. OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I Qualquer seguradora que componha o sistema protetivo instituído pela Lei n. 6.194/74 possui legitimidade para figurar no pólo passivo da demanda em que se objetive o pagamento do prêmio de Seguro Obrigatório DPVAT. II - Tendo a companheira do de cujus falecido anteriormente à ocorrência do sinistro, seus filhos são os beneficiários do Seguro Obrigatório DPVAT, não restando dúvida quanto a legitimidade destes para figurarem no pólo ativo da demanda, devidamente representados pela sua tutora, a avó materna, eis que nos autos contam as cópias da certidão de óbito de seus genitores, das respectivas certidões de nascimento dos Autores e do termo de compromisso de tutor prestado pela avó materna dos Apelados. 2 / 19

III - A proibição constitucional da vinculação do salário-mínimo (art. 7, inciso IV, da CF/88), só incide quando se pretende impor as variações futuras do salário-mínimo como índice de atualização da verba indenizatória, ou seja, o que é vedado pela norma Constitucional é a utilização do salário-mínimo como fator de correção monetária. IV - No caso dos autos o acidente ocorreu antes da entrada em vigor da Lei n. 11.482/2007, devendo, portanto, ser aplicado na espécie o art. 3, alínea a da Lei n. 6.194/74, o qual estabelecia o valor de 40 (quarenta salários) mínimos para os casos de morte, posto que ainda se encontrava em vigor na época do sinistro, com fulcro no princípio tempus regit actum. V - O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que a partir da citação da Seguradora é que se dá o termo inicial para a contagem dos juros de mora decorrentes da indenização do Seguro Obrigatório DPVAT, momento em que a seguradora e constituída em mora, e à correção monetária é aplicável o disposto no 2 do art. 1, da Lei n. 6.899/1981, que determina a aplicação da correção monetária dos débitos oriundos de decisão judicial a partir do ajuizamento da ação. VI Apelação parcialmente provida. ACÓRDÃO 3 / 19

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Senhores Desembargadores integrantes da Primeira Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, por unanimidade e de acordo em parte com o parecer Ministerial, em conhecer e dar parcial provimento a Apelação, nos termos do voto da Desembargadora Relatora. Participaram do julgamento os Senhores Desembargadores Maria das Graças de Castro Duarte Mendes, Jorge Rachid Mubárack Maluf e Anildes de Jesus Bernardes Chaves Cruz. Funcionou pela Procuradoria de Justiça, Dr. Francisco das Chagas Barros de Sousa. São Luís, 11 de dezembro de 2008. Desa. Maria das Graças de Castro Duarte Mendes 4 / 19

Presidenta e Relatora RELATÓRIO Trata-se de recurso de Apelação Cível interposto por COMPANHIA EXCELSIOR DE SEGUROS, em face da sentença prolatada pelo MM. Juiz de Direito da 2ª Vara da Comarca de Bacabal, nos autos da Ação de Cobrança de Seguro DPVAT com Pedido de Tutela Antecipada n.º 579/2006, proposta por KAIO SOARES DE SOUSA E OUTROS, ora Apelados. Colhe-se dos autos que o magistrado singular julgou procedente o pedido inicial, condenando a Companhia Excelsior de Seguros a pagar aos Autores a totalidade do seguro que têm direito, ou seja, 40 (quarenta) salários mínimos corrigidos monetariamente e acrescido de juros de 6% (seis por cento) ao ano, nos termos do art. 3, alínea a c/c o art. 5, 1 da Lei n. 6.194/74, bem como condenou ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios no patamar de 15% (quinze por cento) do valor da causa. Inconformada com essa decisão a Companhia Excelsior de Seguros, interpôs o presente recurso de Apelação, objetivando a reforma da decisão recorrida, para que seja extinto o processo sem resolução de mérito ou seja julgada improcedente a demanda. 5 / 19

A Apelante sustenta que os Autores, ora Apelados, alegam na petição inicial que José Carlos Neres de Sousa foi vítima de acidente automobilístico ocorrido em 29.07.2005, razão pela qual entendem ser beneficiários de indenização relativa ao seguro DPVAT no valor equivalente a 40 (quarenta) salários mínimos. Argüi a Apelante preliminar de ilegitimidade ad causam do pólo passivo da demanda, ao argumento de que os Apelados formularam pedido administrativo perante o UNIBANCO AIG SEGUROS E PREVIDÊNCIA, implicando necessariamente na apresentação de toda a documentação exigida e a análise desta documentação deverá ser realizada pela seguradora a quem o pleito administrativo foi dirigido, razão pela qual somente aquela seguradora é responsável pela regulação e conseqüente pagamento da verba indenizatória do Seguro Obrigatório DPVAT. Argüi, igualmente, preliminar de ilegitimidade ad causam do pólo ativo da demanda, posto que os Apelados não comprovaram a qualidade de beneficiários do Seguro Obrigatório DPVAT, eis que não juntaram aos autos nenhuma declaração de que a vítima não era casada ou que não possuía companheira à época do sinistro. Sustenta ainda a carência de ação tendo em vista a ausência de documentos imprescindíveis ao exame da questão, eis que os Apelados deixaram de colacionar nos autos o registro de ocorrência policial e o laudo de exame de corpo de delito, a fim de se verificar a causa mortis. 6 / 19

No mérito sustenta que a atividade seguradora sofre forte intervenção estatal, de forma que as cláusulas contratadas não são estipuladas ao livre arbítrio das seguradoras, ao contrário, são fixadas pela Superintendência de Seguros Privados - SUSEP no exercício da competência que lhe confere o art. 36, alínea b do Decreto-Lei n. 73/66 (dispõe sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados) a prerrogativa de baixar instruções e expedir circulares relativas à regulamentação das operações de seguro, de acordo com as diretrizes CNPS (Conselho Nacional de Seguros Privados). Sustenta que o art. 7, inciso IV da CF/88 e o art. 3, alínea a da Lei n. 6.194/74, revogado pelas Leis ns. 6.205/75 e 6.423/77, vedam a vinculação e a correção baseada no salário mínimo, não se podendo cogitar de indenização no valor equivalente a 40 (quarenta) salários mínimos para pagamento de Seguro Obrigatório DPVAT. Argumenta que o valor da indenização é aquele determinado por meio de cálculos atuariais pelo Conselho Nacional de Seguros Privados CNSP, órgão integrante do Ministério da Fazenda. Alega ainda que na data de 01 de janeiro de 2007 entrou em vigor a Medida Provisória n. 340/2006, posteriormente convertida na Lei n. 11.482/2007 que, por sua vez, alterou a Lei n. 6.194/74, especialmente ao que tange ao limite máximo indenizável, estabelecendo no caso de morte a importância de R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais). 7 / 19

Por último a Apelante insurge-se contra a estipulação dos honorários advocatícios, argumentando que em caso de eventual procedência sejam aqueles fixados no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação e não em 15% (quinze por cento) sobre o valor da causa fixado na sentença, consoante o art. 20, 3 do Código de Processo Civil. Na hipótese de procedência parcial sustenta que deverá ser observada a regra contida no art. 21 do Diploma Processual. Por fim, requer o conhecimento e provimento do presente recurso, para reformar in totum a sentença recorrida julgando extinto o processo sem resolução do mérito ou, subsidiariamente, seja julgada improcedente a demanda. Por sua vez, o Apelado apresentou reposta ao presente recurso às fls. 99/101, rebatendo todos os argumentos expendidos nas razões recursais. A Procuradoria Geral de Justiça em seu parecer de fls. 108/115, opinou pelo conhecimento e improvimento do recurso, para que seja mantida a sentença recorrida. Vieram-me os autos conclusos. 8 / 19

É o relatório. VOTO Verifico estarem presentes os pressupostos recursais de admissibilidade, devendo, de logo ser conhecida a Apelação. Antes de adentrar na análise do mérito recursal, devo me manifestar acerca das preliminares argüidas pela Apelante em suas razões de recurso. A primeira delas atinente a ilegitimidade passiva ad causam para figurar na presente demanda ao argumento de que os Apelados pleitearam junto ao UNIBANCO AIG SEGUROS E PREVIDÊNCIA pedido administrativo para o resgate do Seguro Obrigatório DPVAT, não deve prosperar. 9 / 19

Isto porque qualquer seguradora que componha o sistema protetivo instituído pela Lei n. 6.194/74 possui legitimidade para figurar no pólo passivo da demanda em que se objetive o pagamento do prêmio de Seguro Obrigatório DPVAT. Ademais, a Resolução n. 06/86 do Conselho Nacional de Seguros Privados CNSP estabelece que qualquer das seguradoras integrantes do Convênio específico para operacionalização do Seguro DPVAT pagará a reclamação que lhe for apresentada pelo segurado. Nesse sentido o Colendo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 870.091/RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 4ª Turma, julgado em 20.11.2007 e publicado em 11.02.2008, cuja ementa segue abaixo transcrita, verbis: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO QUE NÃO LOGRA INFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. ACIDENTE DE TRÂNSITO. LEGITIMIDADE PASSIVA. SEGURADORA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 211/STJ. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE EXAME NA VIA DO RECURSO ESPECIAL. (...). 2. Qualquer seguradora que opera no sistema pode ser acionada para pagar o valor da 10 / 19

indenização correspondente ao seguro obrigatório, assegurado o direito de regresso. Precedentes. (...). 6. Agravo regimental improvido. Destarte, rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva ad causam. A segunda preliminar argüida refere-se à ilegitimidade ad causam dos Apelados para figurarem no pólo ativo da demanda, sob o fundamento de que não comprovaram a qualidade de beneficiários do seguro reclamado ou se a vítima era casada ou possuía companheira à época do sinistro, nos termos do 1 do art. 4 da Lei n. 6.194/74. Inicialmente vale lembrar que a Lei n. 6.194/74, que dispõe sobre o pagamento do seguro DPVAT, previa no seu art. 4, que a indenização, no caso de morte, deveria ser paga ao cônjuge, durante o casamento, equiparando-se a este o companheiro ou a companheira, ou na sua falta, aos herdeiros legais. 11 / 19

Cabe destacar que a MP n. 340/2006, posteriormente convertida na Lei 11.482/2007, veio a alterar a redação do art. 4 da Lei n. 6.194/74, para a seguinte redação, verbis: Art. 4. A indenização no caso de morte será paga de acordo com o disposto no art. 792 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil. E este art. 792 do Código Civil disciplina que, verbis: Art. 792. Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se por qualquer motivo não prevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação hereditária. Entretanto observo que o óbito do Sr. José Carlos Neres de Sousa ocorreu em 29.07.2005 (certidão de óbito ás fls. 12) antes do advento da MP n. 340/2006, posteriormente convertida na Lei n. 11.842/2007, que alterou a redação do art. 4 da Lei n. 6.194/74, devendo a questão ser regida pela redação anterior do artigo, não se aplicando o disposto no art. 792 do novo código Civil. 12 / 19

Destarte, tendo a companheira do de cujus falecido anteriormente à ocorrência do sinistro em 25.08.2004 (certidão de óbito às fls. 14), seus filhos são os beneficiários do Seguro Obrigatório DPVAT, não restando dúvida quanto a legitimidade destes para figurarem no pólo ativo da demanda, devidamente representados pela sua tutora, a avó materna, a Sra. Maria do Carmo Soares Santos, eis que nos autos contam as cópias da certidão de óbito de seus genitores (fls. 12 e 14), das respectivas certidões de nascimento dos Autores (fls. 09/11) e do termo de compromisso de tutor prestado pela avó materna dos Apelados (fls. 15). Desse modo, rejeito a preliminar de ilegitimidade ativa ad causam. Como última preliminar, argüiu a carência de ação tendo em vista a ausência de documentos imprescindíveis ao exame da questão, ao argumento de que os Apelados deixaram de colacionar aos autos o registro de ocorrência policial e o laudo de exame de corpo de delito, entretanto, esta preliminar igualmente não deve prosperar. Isto porque o art. 5 da Lei n. 6.194/74 estabelece que o pagamento da indenização será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, independentemente da existência de culpa, haja ou não resseguro, abolida qualquer franquia de responsabilidade do segurado. 13 / 19

Por sua vez, o art. 5, 1, alínea a da Lei n. 6.194/74, enumera os documentos necessário ao resgate do Seguro Obrigatório DPVAT, sendo estes a certidão de óbito, o registro da ocorrência no órgão policial e a prova da qualidade de beneficiários no caso de morte, sendo que tais documentos se encontram nos autos, e mais, as evidências do sinistro não deixam dúvida acerca da causa mortis do de cujus, sendo o acervo probatório constante nos autos suficiente para a comprovação do acidente e do resultado danoso. Nestes termos, rejeito a preliminar de carência da ação. No mérito, tenho que a proibição constitucional da vinculação do salário-mínimo (art. 7, inciso IV, da CF/88), só incide quando se pretende impor as variações futuras do salário-mínimo como índice de atualização da verba indenizatória, ou seja, o que é vedado pela norma Constitucional é a utilização do salário-mínimo como fator de correção monetária. No caso dos autos, o montante da indenização corresponde em dinheiro aos salários-mínimos, servindo tão-somente para expressar o valor inicial da condenação, sendo, por sua vez, corrigido monetariamente através de índice oficial, razão porque não há violação ao texto Constitucional em comento. 14 / 19

Aliás, tive a oportunidade de me manifestar nessa Egrégia Corte Estadual de Justiça no julgamento da Apelação Cível n. 13.381/2008, concretizado no Acórdão n. 76.352/2008, julgado em 02.10.2008, cuja parte da ementa pertinente a matéria segue transcrita, verbis: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DPVAT. INDENIZAÇÃO. SALÁRIO MÍNIMO. NÃO INDEXAÇÃO. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. PERCENTUAL. MANUTENÇÃO. (...). 2. É pacífico na Jurisprudência desta Corte que o salário mínimo pode ser usado como fator de fixação de indenização de seguro DPVAT, não havendo qualquer contradição com o art. 7º, inciso IV, da Constituição Federal, diferentemente de quando se aplica como vinculação para fins de correção monetária. 4. Apelo conhecido e não provido Por sua vez, quanto a aplicação da Lei n. 11.482/2007, notadamente acerca do valor correspondente a indenização relativa ao Seguro Obrigatório DPVAT limitada à importância de R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) nos casos de morte, observo que sua aplicação deve restringir-se aqueles fatos ocorridos após a sua vigência. 15 / 19

No entanto, no caso dos autos o acidente ocorreu antes da entrada em vigor da referida norma, devendo, portanto, ser aplicado na espécie o art. 3, alínea a da Lei n. 6.194/74, o qual estabelecia o valor de 40 (quarenta salários) mínimos para os casos de morte, posto que ainda se encontrava em vigor na época do sinistro, com fulcro no princípio tempus regit actum. Quanto aos honorários advocatícios, verifico que assiste razão a Apelante, eis que julgado procedente o pedido devem os honorários advocatícios ser calculados sobre o valor da condenação e não sobre o valor da causa como estabelecido na sentença, e tendo em vista os parâmetros constantes no 3, do art. 20 do CPC, fixo os honorários em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Outrossim, vislumbro que a sentença merece reparos quanto ao percentual dos juros aplicáveis à espécie, bem como o termo inicial de incidência destes últimos e da correção monetária. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que a partir da citação da Seguradora é que se dá o termo inicial para a contagem dos juros de mora decorrentes da indenização do Seguro Obrigatório DPVAT, momento em que a seguradora foi constituída em mora, devendo estes ainda ser devidos no patamar de 1% (um por cento) ao mês, tudo nos termos dos arts. 405 e 406 do Código Civil. 16 / 19

Nesse sentido o Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 998.663/PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 4ª Turma, julgado em 07.10.2008 e publicado em 03.11.2008, cuja ementa segue abaixo transcrita, verbis: AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. JUROS MORATÓRIOS. CITAÇÃO. TERMO INICIAL. 1. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a partir da citação da seguradora é que se dá o termo inicial para a contagem dos juros de mora decorrentes da indenização do seguro obrigatório DPVAT. 2. Agravo regimental desprovido. Por sua vez, quanto a incidência da correção monetária, entendo que é aplicável o disposto no 2 do art. 1, da Lei n. 6.899/1981, que determina a aplicação da correção monetária dos débitos oriundos de decisão judicial a partir do ajuizamento da ação. Por fim, consigno de todo modo, que não caracteriza julgamento extra petita ou reformatio in pejus a definição dos critérios para o cálculo dos juros de mora e da correção monetária, eis que se tratam de pedidos implícitos e de matérias de ordem pública, na dicção do art. 293 do Código de Processo Civil. 17 / 19

Do exposto, voto pelo conhecimento e parcial provimento do recurso, para fixar os honorários advocatícios em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, determinando ainda, que os juros de mora sejam de 1% (um por cento) ao mês, contados a partir da citação, devendo a correção monetária incidir a partir do ajuizamento da ação, restando incólume os demais pontos da sentença. É como voto. São Luís, 11 de dezembro de 2008. Desa. Maria das Graças de Castro Duarte Mendes Relatora 18 / 19

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