UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN) CAMPUS AVANÇADO PROFA. MARIA ELISA DE A. MAIA (CAMEAM) HORTÊNCIA PESSOA RÊGO GOMES

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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN) CAMPUS AVANÇADO PROFA. MARIA ELISA DE A. MAIA (CAMEAM) HORTÊNCIA PESSOA RÊGO GOMES EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONCEITOS E PRÁTICAS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PAU DOS FERROS PAU DOS FERROS 2016

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN) CAMPUS AVANÇADO PROF.ª MARIA ELISA DE A. MAIA (CAMEAM) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO (PPGE) CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ENSINO (CMAE) INSTITUIÇÕES PARCEIRAS: Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) HORTÊNCIA PESSOA RÊGO GOMES EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONCEITOS E PRÁTICAS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PAU DOS FERROS PAU DOS FERROS/RN 2016

HORTÊNCIA PESSOA RÊGO GOMES EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONCEPÇÕES E PRÁTICAS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PAU DOS FERROS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ensino PPGE da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN, como requisito para obtenção do título de Mestre em Ensino, área de concentração: Educação Básica, linha de pesquisa: Ensino de Ciências Humanas e Sociais. Orientador: Dr. Cícero Nilton Moreira da Silva. PAU DOS FERROS/RN 2016

A dissertação EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Concepções e práticas em escolas públicas de Pau dos Ferros, de autoria de Hortência Pessoa Rêgo Gomes, foi submetida à Banca Examinadora, constituída pelo PPGE/UERN, como requisito parcial necessário à obtenção do grau de Mestre em Ensino, outorgado pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN. Dissertação defendida e aprovada em 14 de abril de 2016. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Cícero Nilton Moreira da Silva (Presidente/ UERN) Prof. Dr. Ivanilson de Souza Maia (1º Examinador/UFERSA) Profª. Drª Francileide Batista de Almeida Vieira (2º Examinador/UERN) Profª. Drª Maria do Socorro Batista (Suplente/UERN) PAU DOS FERROS - RN 2016

Dedico este trabalho primeiramente а Deus, pоr ser essencial еm minha vida, autor dе mеu destino, mеu guia, socorro presente nа hora dа angústia. Aоs mеus pais Nazinha e Antonio, aos meus irmãos e demais familiares que sempre torceram e deram apoio na minha vida. Aos meus filhos, Camila e Caio, pela compreensão da minha constante ausência. Ao professor Cícero, pela paciência na orientação е incentivo qυе tornaram possível а conclusão deste trabalho. Aos colegas de Curso e de Trabalho, que me incentivam a crescer sempre. A todos aqueles quе, dе alguma forma, estiveram е estão próximos a mim, fazendo esta vida valer cada vez mais а pena.

O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis." José de Alencar

AGRADECIMENTOS A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. Ao CAMEAM/ UERN, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram desenvolver a minha vida acadêmica na minha cidade de origem, sem a necessidade de sair dela para isso. Ao meu orientador Cícero Nilton Moreira da Silva, pelo suporte, pelas suas correções e incentivos. Aos meus pais e demais familiares, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu: Muito obrigada!

RESUMO O presente trabalho relata uma pesquisa desenvolvida em escolas públicas estaduais de Pau dos Ferros, RN com o objetivo de analisar as práticas desenvolvidas pelos professores, no que se refere à Educação Ambiental, a concepção de Educação Ambiental dos educadores e os referenciais utilizados para essas ações. Para isso, buscamos os principais autores que abordam o tema como Reigota (1994, 2008, 2011) Genebaldo Dias (1992) e Mauro Guimarães (1995, 2000, 2011, 2013), principalmente na definição do conceito de Educação Ambiental e os referenciais que norteiam a Educação Ambiental no Brasil. Fizemos uma caracterização do objeto de estudo, para compreensão da realidade social em que estão inseridas e da clientela atendida. Foram analisados documentos oficiais dessas escolas, tais como Projeto Pedagógico, relatórios de encontros de formação docente, dada a importância desses documentos e necessidade de formação para a constante melhoria da performance docente. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: entrevista; questionários semiestruturados; visitação; pesquisa bibliográfica. O crescimento e a difusão da EA no contexto escolar são, ainda, incipientes. Muitas dificuldades e desafios no desenvolvimento de ações de EA são relatados por professores e equipe pedagógica das escolas pesquisadas. A maioria destes está consciente da importância de trabalhar as questões socioambientais no ambiente escolar. No entanto, apresentam alguns obstáculos para efetivar ações sobre a temática. Entre elas: a própria falta de formação específica na área; a ausência de infraestrutura como espaço físico, materiais didáticos adequados e a falta de participação da comunidade escolar como um todo (além de professores e alunos), também são apresentadas como desafios. Os referenciais teóricos mencionados como orientadores no desenvolvimento das ações, como os PCN e os livros didáticos dos componentes curriculares servem como norteadores para estas ações. Por último, tecemos considerações acerca do trabalho desenvolvido e do tema abordado. Palavras-chave: Educação Ambiental. Escola. Crítica.

ABSTRACT This paper reports a research developed in public schools of Pau dos Ferros,RN in order to analyze the practices developed by teachers in regard to environmental education, the concept of environmental education of educators and references used for these actions. For this, we seek the main authors approached the subject as Reigota (1994, 2008, 2011) Genebaldo Dias (1992) and Mauro Guimarães (1995, 2000, 2011, 2013), especially in the definition of Environmental Education and the references that guide environmental education in Brazil. We did a characterization of the object of study, to understand the social reality in which they live and clientele. official documents were analyzed these schools, such as pedagogical project, teacher training meetings reports, given the importance of these documents and training need for constant improvement of the teaching performance. The instruments used for data collection were: interviews; semi-structured questionnaires; visitation; bibliographic research. The growth and spread of EA in the school context are still incipient. Many difficulties and challenges in the development of EA actions are reported by teachers and teaching staff of the schools surveyed. Most of these are aware of the importance of working social and environmental issues at school. However, present some obstacles to carry out actions on the subject. Among them: the very lack of specific training in the area; the lack of infrastructure such as physical space, adequate learning materials and the lack of participation of the school community as a whole (as well as teachers and students), are also presented as challenges. The theoretical framework mentioned as advisors in the development of actions, such as the PCN and the textbooks of curriculum components serve as guides for these last ações. Lastly, weave considerations about the work and the topic discussed. Keywords: Environmental Education. School. Critical

SUMÁRIO Lista de quadros.....08 Lista de gráficos..09 Lista de figuras... 10 Abreviaturas e Siglas... 11 1 INTRODUÇÃO... 12 1.2 A importância das visitas exploratórias de campo. 16 2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONCEITO E BASE LEGAL 26 2.1 Afinal, o que é educação ambiental (EA)?... 26 2.2 Educação ambiental no Brasil. 30 2.3 Educação ambiental, múltiplas abordagens... 33 2.4 Educação ambiental crítica (EAC) e o despertar de uma consciência ambiental... 41 3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS COMUNIDADES ESCOLARES PESQUISADAS. 46 3.1 Educação ambiental nos projetos político-pedagógicos das escolas... 46 3.2 Educação Ambiental nas escolas pesquisadas 50 3.3 Concepções de Educação Ambiental na visão dos professores.. 54 3.3.1 Os referenciais teóricos mencionados. 58 3.3.2 Possibilidades e dificuldades nas ações desenvolvidas... 59 4. ENTORNO DE UMA LEITURA SOBRE EA A PARTIR DA REALIDADE ESTUDADA 62 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 74 REFERÊNCIAS... 78 APÊNDICES... 81

LISTA DE QUADROS Quadro 1 Escolas, número de professores, de alunos, níveis e modalidades de ensino 14 Quadro 2 Quadro 3 Livros sobre Educação Ambiental ou sugestões de atividades em Educação Ambiental disponíveis nos acervos das escolas pesquisadas Publicações do Ministério da Educação e Ministério do Meio Ambiente sobre Educação Ambiental: Quadro 4 Educação Ambiental nos PPP das escolas pesquisadas 23 Quadro 5 Conceito de Educação Ambiental em documentos oficiais e autores 26 Quadro 6 Menção à EA nos PPP das Escolas de acordo com os professores da Escola A 52 Quadro 7 Menção à EA nos PPP das Escolas de acordo com os professores da Escola B 52 Quadro 8 Menção à EA nos PPP das Escolas de acordo com os professores da Escola C 53 Quadro 9 Conceito de Educação Ambiental na visão dos professores escola A 55 Quadro 10 Conceito de Educação Ambiental na visão dos professores escola B 55 Quadro 11 Conceito de Educação Ambiental na visão dos professores escola C 55 Quadro 12 Objetivos de desenvolver ações de EA na visão dos professores escola A 56 Quadro 13 Objetivos de desenvolver ações de EA na visão dos professores escola B 57 Quadro 14 Objetivos de desenvolver ações de EA na visão dos professores escola C. 57 Quadro 15 Referenciais teóricos mencionados pelos professores da Escola A 58 Quadro 16 Referenciais teóricos mencionados pelos professores da Escola B. 58 Quadro 17 Referenciais teóricos mencionados pelos professores da Escola C 58 Quadro 18 Possibilidades oferecidas pela escola, segundo professores da Escola A. 59 Quadro 19 Possibilidades oferecidas pela escola, segundo professores da Escola B. 60 Quadro 20 Possibilidades oferecidas pela escola, segundo professores da Escola C. 60 Quadro 21 Dificuldades encontradas na escola, segundo professores da Escola A. 60 Quadro 22 Dificuldades encontradas na escola, segundo professores da Escola B. 61 Quadro 23 Dificuldades encontradas na escola, segundo professores da Escola C. 61 20 22

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Número de professores que abordam as temáticas ambientais em sala de aula e se as temáticas ambientais fazem parte dos currículos das disciplinas que lecionam... 51 Gráfico 2: Respostas dos professores sobre a menção à EA nos PPP das Escolas.... 52

LISTA DE FIGURAS Figura 1: Livros disponíveis nos acervos das escolas pesquisadas...21

ABREVIATURAS E SIGLAS EA- Educação Ambiental PNEA- Política Nacional de Educação Ambiental MEC- Ministério da Educação PPP- Projeto Político Pedagógico LD- Livro Didático EaD- Educação à Distância

1 INTRODUÇÃO Vivemos uma crise ambiental nunca vista na História. Sentimos na pele, em nosso cotidiano, as consequências do uso inadequado dos recursos naturais no Planeta. Desse modo, faz-se necessária uma nova concepção acerca do tratamento dado ao meio ambiente e aos seres humanos, vistos como objetos de exploração e de consumo, respectivamente. Os efeitos dessa visão, muitas vezes, escapam à nossa percepção imediata e ao nosso controle. Podem atingir a dinâmica da Natureza e comunidades que estão afastadas das áreas de interferência direta, comprometendo as espécies e gerações futuras. A Educação Ambiental surge, assim, como um instrumento de enfrentamento dessa crise, buscando a mudança de valores, sentimentos e atitudes e comportamentos ambientalmente saudáveis junto à totalidade dos habitantes do Planeta, de forma permanente, contínua e para todos, propondo-se a fomentar processos que possibilitem o respeito à diversidade biológica, cultural, étnica com respeito às relações entre os seres humanos e destes com o meio ambiente. Para atuarem na educação escolar, em todos os níveis e modalidades de ensino, a formação de educadores ambientais é a base para o desenvolvimento de ações voltadas para uma leitura crítica da realidade, permitindo a formação de educadores atuantes em processos de busca de conhecimentos integrados, contínuos e transversais a todas as disciplinas. Esse objetivo requer dos educadores um aprofundamento teórico e conhecimento de modos de interagir com os educandos, que permitam a compreensão da realidade ambiental do Planeta e conduzam a uma mudança de atitude em relação ao meio ambiente. Nesse tocante, a leitura de um referencial teórico sobre determinado assunto é indispensável para a análise de todo e qualquer tema. Compreender os conceitos básicos sobre a temática, a análise dos conhecimentos já acumulados ajuda a formular hipóteses sobre a forma adequada de tratar o assunto e buscar soluções para os problemas detectados. O referencial bibliográfico existente deve ser analisado e servir como embasamento para novas ideias. Por isso, a demanda por recursos naturais, fruto do modelo econômico vigente, cuja base é a produção e o consumo em larga escala, é responsável por problemas ambientais que atingem de forma direta ou indireta todos os habitantes do planeta. O rápido avanço tecnológico viabiliza a intensificação da ação humana na natureza, colocando em risco a renovabilidade da mesma. Em todos os espaços, os recursos naturais e o meio ambiente como um todo são vistos como fatores estratégicos do ponto de vista econômico e político. 12

A mudança de mentalidade, conscientização dos grupos humanos de adotar novos pontos de vista e novas posturas diante dessa realidade é indispensável para a garantia de sobrevivência das atuais e futuras gerações, não apenas dos seres humanos, mas de todas as espécies do planeta. Nessa perspectiva, a educação ambiental apresenta-se como um meio indispensável para conseguir despertar atitudes e valores que busquem construir relações sustentáveis de interação sociedade/natureza e na busca de soluções para os problemas ambientais. Evidentemente, a educação sozinha não é o suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente é condição necessária para isso (BRASIL, 1998, p. 181). A escola como ambiente formal de ensino e por ser uma instituição social que exerce intervenção na realidade, deve estar conectada com os problemas mais amplos da sociedade, buscando desenvolver ações que possibilitem a conscientização dos indivíduos para a compreensão da realidade e a participação social. Assim, a educação ambiental deve ter um caráter permanente, dinâmica, variando apenas no que diz respeito ao seu conteúdo e à metodologia, procurando adequá-las às faixas etárias a que se destina (REIGOTA, 1994, p. 24). Assim, a educação ambiental mostra-se presente em todas as disciplinas, quando analisa as relações entre os seres humanos, o meio natural e as relações sociais. A separação tradicional entre as áreas do conhecimento em humanas, exatas, naturais perde sentido, já que o que se busca é a compreensão dos problemas ambientais, integrando os conhecimentos de todas as áreas do conhecimento, de forma interdisciplinar. Assim, o caráter de interdisciplinaridade da educação ambiental apresenta-se, Por exemplo, ainda que a programação desenvolvida não se refira diretamente à questão ambiental e que a escola não tenha nenhum trabalho nesse sentido, a Literatura, a Geografia, a História e as Ciências Naturais sempre veiculam alguma concepção de ambiente, valorizam ou desvalorizam determinadas ideias e ações, explicitam ou não determinadas questões, tratam de determinados conteúdos; e, nesse sentido, efetivam uma certa educação ambiental. A questão ambiental não é compreensível apenas a partir das contribuições da Geografia. Necessita de conhecimentos históricos, das Ciências Naturais, da Sociologia, da Demografia, da Economia, entre outros (BRASIL, 1998, p. 27). Com base nos referenciais conceituais, metodológicos e legais existentes, cabe às escolas desenvolver formas de organização curricular e atividades organizadas, direcionadas para alcançar metas estabelecidas pela comunidade escolar, visando atender às demandas dessa comunidade, baseadas nas propostas dos referenciais teóricos que tratam da Educação Ambiental no Brasil. Apesar de a Educação Ambiental (EA) ser uma ideia relativamente nova, a partir da década de 80, a disponibilidade de referencial teórico sobre o tema para as escolas é consideravelmente grande, conforme material disponível para consulta nos sites do Ministério 13

da Educação e do Ministério do Meio Ambiente, além de publicações distribuídas às escolas. Nas páginas oficiais dos Ministérios da Educação, do Meio Ambiente e outros sites de instituições relacionadas ao meio ambiente e pesquisas na área de educação é possível ter acesso a várias publicações sobre o tema. Sobre as publicações disponíveis nestes sites e acervo disponível nas escolas, veremos um tópico específico sobre o tema mais adiante. Assim, os objetivos dessa pesquisa são: analisar as relações entre referenciais e ações desenvolvidas em escolas públicas de Pau dos Ferros sobre a EA; analisar as concepções de EA e sua relação com as ações desenvolvidas pelos professores nas escolas estudadas; identificar os referenciais teórico-metodológicos estudados pelas escolas para sistematizar o tema Educação Ambiemntal em sua proposta curricular. A Pesquisa foi desenvolvida na cidade de Pau dos Ferros, RN, especificamente em escolas do Ensino Médio e do Ensino Fundamental, da Rede Estadual de Educação, que serão identificadas no corpo do trabalho pelas denominações: Escola A, Escola B e Escola C, respectivamente, para garantir o anonimato das mesmas e dos dados obtidos. Além de professores, participaram da pesquisa os gestores e os coordenadores pedagógicos de cada unidade de ensino. Os coordenadores e gestores responderam, dentre outras questões, a perguntas sobre as reuniões para planejamento pedagógico e encontros de formação sobre a temática pesquisada. Quadro 1: Escolas, número de professores, de alunos, níveis e modalidades de ensino. Escola Número de alunos Número de Níveis e modalidades professores de ensino A 366 18 6º ao 9ª Anos Ensino Fundamental Educação de Jovens e Adultos B 698 21 6º ao 9ª Anos Ensino Fundamental Ensino Médio Educação de Jovens e Adultos C 673 19 ( Cinco Ensino Médio professores com carga horária de 60 14

horas) Fonte: Quadro organizado pela autora com base em dados fornecidos pelos diretores das escolas pesquisadas. As referidas escolas foram selecionadas para a pesquisa por serem as três maiores escolas estaduais da região, com maior número de alunos matriculados anualmente. São jurisdicionadas à 15ª Diretoria Regional de Ensino e Cultura (DIREC), com sede em Pau dos Ferros. Dentro desse contexto, apesar de haver encontros de formação continuada de professores e planejamento bimestrais e anuais de atividades, em cada uma dessas unidades escolares, a 15ª DIREC é responsável pelas orientações de formação dos professores das escolas estaduais subordinadas a ela. Assim, em geral, essas seguem as mesmas diretrizes de formação. Considerando o caráter interdisciplinar da EA, os educadores que participaram da pesquisa possuem formação em diferentes áreas, tais como Pedagogia, Geografia, Letras, História, Biologia e Matemática. Em relação às escolas selecionadas, estas atendem diferentes níveis e modalidades de ensino o que, a priori poderia vir a representar certo comprometimento da aplicação do trabalho de campo, devido ao alcance dos objetivos. Entretanto, não comprometem a pesquisa pois, segunda a Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999), essa deve ser componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente de forma articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. Para esta pesquisa, nesse sentido, optou-se por realizar uma pesquisa descritiva. Segundo Gil (2002, p. 42), Pesquisas descritivas - as pesquisas deste tipo têm como objetivo a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. Nesse trabalho, as variáveis serão abordadas de forma qualitativa e quantitativa (pesquisa quantiqualitativa), que consistiu no levantamento de informações e estudo a respeito dos parâmetros que norteiam às ações em EA, desenvolvidas nas referidas escolas. Por conseguinte, os instrumentos de coleta de dados utilizados foram: entrevista, observação, questionários com perguntas semiabertas, visitação, pesquisa bibliográfica. Destacando a entrevista e a observação, pois valorizam a presença do pesquisador e permitem ao sujeito 15

investigado a liberdade de participar e enriquecer a investigação. Por pesquisa bibliográfica entende-se um apanhado geral sobre os principais trabalhos realizados, capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados ao tema. Assim, foi feito um levantamento dos referenciais teóricos e aportes conceituais de Educação Ambiental existentes e disponibilizados para as escolas delimitadas, sejam em materiais impressos, material em formato digital ou vídeos. A pesquisa bibliográfica é básica e obrigatória em qualquer modalidade de pesquisa. É desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos (GIL, 2002, p.44). Os livros publicados por autores que possuem pesquisa consolidada sobre a temática são as principais fontes de referências bibliográficas e os artigos científicos costumam apresentar pesquisas mais recentes. Nesta pesquisa foram consultados autores com reconhecida contribuição no que se referem à temática da pesquisa, tais como Reigota (1994, 2008, 2011) Genebaldo Dias (1992) e Mauro Guimarães (1995, 2000, 2011, 2013), dentre outros. Para dar maior rigor ao trabalho, houve o levantamento de Leis (base legal) relacionadas, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96); a Lei Nº 9.795/99, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA); o Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA, 2014), que apresenta diretrizes, princípios e objetivos da Educação Ambiental; a Resolução do Conselho Nacional de Educação nº 2, de 15 de junho de 2012, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, entre outros dispositivos legais que orientam as ações em Educação Ambiental. Também, utilizamos publicações de livros, artigos, manuais e outros materiais disponibilizados nos sites do Ministério da Educação e do Ministério do Meio Ambiente possibilitam o acesso a importantes referenciais sobre o tema. Também, foram consultados documentos oficiais das escolas pesquisadas, como Projeto Político Pedagógico (PPP), relatórios de encontros de formação docente, dada a importância desse documento e necessidade de formação para a constante melhoria do desempenho docente. 1.2 A IMPORTÂNCIA DAS VISITAS EXPLORATÓRIAS DE CAMPO Considerando o universo escolar como eixo-condutor de nossa investigação acadêmico-científica, durante as primeiras visitas às Escolas, foram feitas a apresentação dos objetivos da pesquisa aos gestores das escolas, apresentação, leitura e assinatura dos termos de solicitação de autorização para pesquisa acadêmico-científica; visita à biblioteca para 16

levantamento do material disponível sobre Educação Ambiental no acervo; entrevista com a equipe pedagógica sobre as reuniões de formação e planejamento pedagógico; solicitação dos Projetos Políticos Pedagógicos das mesmas. O contato com os professores ocorreu em variados momentos, durante todo o processo de aplicação dos trabalhos de campo nas comunidades escolares supracitadas: antes do início das aulas, nos intervalos, nas reuniões para planejamento pedagógico. O questionário foi entregue a todos os professores que se disponibilizaram a respondê-lo, independente da área de formação e atuação, dado o caráter interdisciplinar da EA, após a apresentação dos objetivos da pesquisa. Foram desconsiderados os professores que não quiseram participar da pesquisa. O recebimento dos questionários dependeu da disponibilidade destes. Ao optar pelo uso do questionário como instrumento de coleta de dados, nos baseamos em Marconi e Lakatos (1999, p. 103), para quem o Questionário: uma série de perguntas que devem ser respondidas por escrito, sem a presença do pesquisador. Podem ser classificados em três categorias: de perguntas fechadas, de perguntas abertas e que combinam ambos os tipos. O questionário apresentado foi composto por questões abertas e fechadas. As questões abertas permitem ao informante responder livremente, usando linguagem própria e emitir opiniões, As questões fechadas são aquelas em que o informante escolhe sua resposta entre duas opções, tais como: sim e/ou não (Marconi e Lakatos, 1999, p.103). As questões abordaram aspectos como a formação, atuação, concepção de EA, desenvolvimento de ações relativas a este tema na escola, proposta pedagógica da escola e condições e possibilidades de desenvolvimento de ações. As perguntas foram elaboradas visando verificar a concepção de EA dos professores e os referenciais teórico-metodológicos consultados por estes na realização de ações de EA nas escolas. Buscou-se elaborar perguntas claras e compreensíveis para os respondentes, não causando desconforto ou dúvidas, tentando não induzir respostas, abordando um aspecto de cada vez (Ver apêndice 2). É responsabilidade do pesquisador determinar o tamanho, a natureza e o conteúdo do questionário, de acordo com o problema pesquisado. Visto que não existem normas claras para adequação de questionários a clientelas ou objetos de pesquisa específicos. No entanto, é recomendado que o questionário não seja muito longo e que inclua diferentes aspectos de um problema. Junto ao questionário, estava o termo de consentimento, documento que autoriza a publicação dos dados obtidos e garantia de não publicação de informações consideradas sigilosas. Estava impresso no cabeçalho do questionário, o qual garantia a confidencialidade dos dados coletados e a não publicidade das informações e nomes sem a prévia autorização, para que as pessoas se sentissem com maior liberdade de expressar suas opiniões. 17

O termo de consentimento é uma proteção legal para os voluntários na pesquisa, que fornecem informações que serão publicadas, e para o pesquisador, que pode vir a receber informações que não devem ser publicadas sem a prévia autorização do pesquisado e manter o sigilo da identidade dos sujeitos pesquisados. Este documento deve apresentar, de forma resumida e clara, os dados mais importantes da pesquisa. Deve apresentar ainda uma linguagem que seja acessível aos sujeitos da pesquisa. Para que os mesmos compreendam o objetivo da pesquisa e como as informações dadas serão usadas, evitando assim, possíveis desconfortos por parte dos sujeitos e problemas jurídicos com a publicação dos resultados da pesquisa. No caso dessa Pesquisa, foram entregues dois modelos de termos de consentimento: um para os gestores das escolas pesquisadas e outro para os professores participantes da pesquisa. O primeiro, entregue aos gestores em duas vias, uma ficou com a escola, outra com o pesquisador, apresentava a proposta de pesquisa e a solicitação de autorização para desenvolver a pesquisa no ambiente escolar. Além disso, o referido termo garantia que as informações e os nomes dos participantes somente seriam publicados com a prévia autorização dos participantes (Ver apêndice 01). O outro modelo de termo de consentimento foi entregue aos professores participantes da pesquisa. Neste, foi apresentada a proposta de pesquisa e o pesquisador se comprometia a não divulgar os nomes dos participantes. Também constava neste termo um agradecimento pela colaboração no desenvolvimento da pesquisa (Ver apêndice 2). Após a coleta dos dados, os mesmos foram classificados de forma sistemática através de seleção, codificação e tabulação. Esta classificação possibilitou maior clareza e organização na última etapa desta pesquisa, que foi a elaboração do texto dissertativo. Os dados coletados passaram por um diagnóstico inicial. Nesta fase, cada pesquisador organiza o seu próprio procedimento, organizando o material a ser analisado, elaborando o esquema de análise, atribuindo significado aos dados coletados. Bardin (1977) propõe a análise de dados em três fases: uma pré-análise, que é a organização do material obtido; exploração do material, que é a escolha das unidades de análise e o tratamento dos resultados, que é a elaboração das categorias de análise, que podem ser feitas a priori (definidas previamente) ou a posteriori (emergem do discurso). Assim, em linhas gerais, propomos uma análise sobre o perfil dos professores, o conceito de educação ambiental destes, os referenciais teórico-metodológicos citados, as possibilidades e dificuldades das ações desenvolvidas nas escolas e a abordagem da Educação Ambiental nos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas. O questionário foi aplicado entre todos os professores que estavam em exercício de sala de aula no momento da pesquisa, e que aceitaram desta fazer parte. Profissionais estes que 18

atuam em diferentes áreas do conhecimento. Desconsideramos os que estavam de licença, em exercício de apoio pedagógico ou outras atividades que não diretamente ligadas à sala de aula. Foram aplicados, portanto, 08 (oito) questionários na Escola A, 06 (seis) na Escola B e 07 (sete) na Escola C. Para fazer uma seleção dos questionários e respectivas respostas que levaríamos em consideração na pesquisa, fizemos a porcentagem mínima de questionários respondidos. Ou seja, de acordo com o número total de professores por escola, e chegamos ao percentual de 20%, conforme o total de professores efetivos em cada escola. Sendo que este número foi arredondado para cima, quando resultasse em um número decimal. Assim, chegamos aos seguintes números: Escola A, 04 (quatro) questionários; Escola B, 05 (cinco) questionários e Escola C, 04 (quatro) questionários aplicados. Quanto à seleção dos questionários que seriam analisados, levando em consideração a área de formação dos professores, selecionamos aqueles que tem área de formação em comum nas 03 (três) escolas pesquisadas, dentre aqueles que responderam aos questionários aplicados. Assim, tivemos a seguinte distribuição: 05 (cinco) professores com Licenciatura em Geografia 01 (um) na Escola A, 02 (dois) na Escola B e 02 (dois) na Escola C; 03 (três) com Licenciatura em Pedagogia (01 (um) na Escola A, 01 (um) na Escola B e 01 (um) na Escola C); 03 (três) com Licenciatura em Letras (01 (um) na Escola A, 01 (um) na Escola B e 01 (um) na Escola C); e 02 (dois) com Licenciatura em Biologia (01 (um) na Escola B e 01 (um) na Escola C). Ao final, totalizando 13 (treze) questionários. O perfil dos professores que responderam à pesquisa é bem variado em alguns aspectos e comuns em relação a outros. Os 03 (três) professores com licenciatura em Letras possuem mestrado em Letras. Os 03 (três) professores com Licenciatura em pedagogia possuem especialização em sua área de formação. Os de Biologia, 01 (um) tem especialização e o outro, apenas graduação. Os professores de Geografia possuem especialização em sua área de formação. Quanto à área de atuação, encontramos algumas características distintas. Os professores com formação em Letras, além de sua área de formação, completam a carga horária com disciplinas de outras áreas, como Ensino Religioso, Artes e Filosofia, com carga horária de 30 (trinta) e 60 (sessenta) horas. 02 (dois) professores com licenciatura em Pedagogia atuam em áreas diferentes de sua área de formação: Química e Artes. O outro atua como polivalente, na Educação de Jovens e Adultos. Os 03 (três) com trinta horas de atuação nas respectivas escolas. Os 02 (dois) licenciados em Biologia atuam em sua área de formação. 01 (um) tem especialização na área de formação e o outro, graduação. Ambos têm 30 (trinta) horas na escola em que trabalham. Os licenciados em Geografia têm especialização em sua área de formação. 02 (dois) trabalham exclusivamente em sua área de formação e 03 (três) completam carga 19

horária com outras disciplinas, tais como História, Formação para o Trabalho, Física e Química. 03 (três) trabalham em apenas uma escola e 02 (dois) trabalham em duas escolas. No entanto, esses resultados não comprometem os resultados de nossa pesquisa, dado o caráter interdisciplinar da Educação Ambiental, nosso objeto de estudo. Antes de aplicarmos os questionários, fizemos algumas visitas às escolas pesquisadas. Primeiro, com o objetivo de conseguir a autorização para a pesquisa. Depois, fizemos entrevistas com a equipe pedagógica das Escolas para saber como acontecem os encontros de formação docente e planejamento e como poderíamos encontrar os professores reunidos para fazermos a aplicação dos questionários. Nas visitas seguintes, solicitamos realizar uma consulta ao acervo bibliográfico das escolas, seja nas bibliotecas ou acervos disponibilizados apenas aos professores e equipes pedagógicas destas. Encontramos os seguintes livros: Quadro 2: Livros sobre Educação Ambiental ou sugestões de atividades em Educação Ambiental disponíveis nos acervos das escolas pesquisadas. Escola A B Acervo A geografia em projetos curriculares: ler e compreender o mundo; A docência em Ciências naturais: construindo um currículo para o aluno e para a vida; Educação Ambiental da teoria à prática; Meio Ambiente em cena; Educar para a sustentabilidade; Ensino de Ciência e Cidadania. Ciência no Ensino Fundamental; Atividades para aulas de Ciências; Mais Ciências no Ensino Fundamental; Ensino de Ciências e Cidadania; A aprendizagem e o ensino de Ciências; Atividades para as aulas de Geografia; Meio Ambiente em cena; Atividades com temas transversais; A organização do currículo por projetos de trabalho. C Educação Ambiental: da teoria à prática; Educação Ambiental: documentos e legislação de Educação Ambiental; Educação Ambiental: Gestão de recursos hídricos em bacias hidrográficas sob a ótica da Educação Ambiental; Educação Ambiental: guia do aluno e caderno de atividades; Valores: ética e poder; A radioatividade e o lixo nuclear; Ecologia Geral; Temas Transversais em Educação: bases para uma formação integral; Em algum lugar do lixão; No ninho ao lixo; Ecologia e Cidadania; Amazônia Para salvar o mundo; A consciência ecológica na Administração; Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. Fonte: Quadro organizado pela autora com base nos resultados da pesquisa. Não é objetivo deste trabalho analisar o acervo disponibilizado. Apenas, saber se há um acervo disponível aos professores que trata da EA, seus conceitos, legislação pertinente e/ou outros materiais que possam auxiliar os professores no desenvolvimento de ações, sugerindo 20

métodos e abordagens para tratar deste tema nas escolas. Figura 1: Livros disponíveis nos acervos das escolas pesquisadas: Fonte: Acervo da autora, 2015. Também foi nosso objetivo consultar as publicações disponíveis nos sites do Ministério da Educação e Ministério do Meio Ambiente referentes ao tema, disponíveis aos professores ou qualquer pessoa que queira consultá-las. Assim, consultamos os sites dos referidos ministérios e encontramos os seguintes resultados: Quadro 3: Publicações do Ministério da Educação e Ministério do Meio Ambiente sobre Educação Ambiental: Ministério da Educação 1) ProNEA Programa Nacional de Educação Ambiental 2) Educação ambiental: aprendizes de sustentabilidade 3) Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola 4) Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental 5) O que fazem as escolas que dizem que fazem educação 21

Ministério do Meio Ambiente ambiental 6) Um retrato da presença da EA no ensino fundamental 7) Com-Vida / Agenda 21 na Escola 8) Consumo sustentável 9) Coletivos Jovens de Meio Ambiente Manual Orientador 10) Juventude, cidadania e meio ambiente 11) Políticas públicas de EA 12) Viveiros educadores 13) Proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental 14) PCN - Meio Ambiente 15) Horta escolar 16) Tratado de Educação Ambiental 17) Carta das Responsabilidades para o Enfrentamento das Mudanças Ambiental Globais 18) Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental Resolução CNE/CP nº 02/2012 19) Mudanças Ambientais Globais - Cadernos Temáticos: Terra, Fogo, Água e Ar 20) Vamos cuidar do Brasil com Escolas Sustentáveis 21) Cartilha turma da Mônica 22) Passo a passo para a Conferência de Meio Ambiente na Escola + Educomunicação 1) Periódico Coleciona ( Série com 13 publicações sobre EA ) 2) Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar (Série com 15 publicações sobre EA ) 3) ProNEA (Série com 4 publicações sobre EA ) 4) Publicações Especiais (Série com 5 publicações sobre EA ) 5) Série "Desafios da EA" (Série com 9 publicações sobre EA ) 6) Série "Documentos Técnicos" (Série com 15 publicações sobre EA ) 7) Série "Repertórios da EA" (Série com 9 publicações sobre EA) 8) Série Educação Ambiental e Comunicação em Unidades de Conservação (Série com 5 publicações sobre EA) Fonte: Quadro elaborado pela autora com base em dados pesquisados nos sites do Ministério da Educação e Ministério do Meio Ambiente. Também não foi nosso objetivo analisar a fundo estes documentos. Apenas identificar a existência e disponibilidade destes nos sites dos ministérios citados acima e se os professores e escolas pesquisadas citam algum deles em suas respostas ou usam como referencial para elaboração de suas propostas curriculares. Como abordaremos as propostas pedagógicas das mesmas, propomos a consulta aos Projetos Político-Pedagógicos das escolas para ver como estas tratam, ou não, da EA nestes 22

documentos. Os referidos documentos foram disponibilizados pelos gestores e componentes das equipes pedagógicas das escolas. Após a leitura destes, encontramos os seguintes resultados: Quadro 4: Educação Ambiental nos PPP das escolas pesquisadas. Escola Menção à Educação Ambiental A De acordo com as orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, as escolas deverão organizar suas propostas curriculares de forma que possam contribuir para um projeto de nação, em que aspectos da Vida Cidadã, expressos nos Temas Transversais (Ética, Pluralidade, Cultura, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo), se articulem com os conteúdos mínimos das áreas de conhecimentos. (p.18) No âmbito dos componentes curriculares permearão temas abrangentes e contemporâneos tais como: saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e social, assim como os direitos das crianças e adolescentes, preservação do meio ambiente, educação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia e diversidade cultural (BRASIL, 2013). (p. 23) B A Escola B visa promover formação pautada numa visão humanística e ancorada nos seguintes princípios: Justiça social, com igualdade, cidadania, emancipação, ética e sustentabilidade ambiental; (p.8) Enquanto alternativa metodológica, o trabalho com projetos pode ser desenvolvido de forma disciplinar ou interdisciplinar, sendo concebida como um componente organizador do currículo. No entanto, salienta-se que os projetos interdisciplinares possibilitam a integração entre os conteúdos, as disciplinas e entre diferentes áreas do conhecimento. (p. 9) C Missão: Formar cidadãos críticos capazes de compreender o mundo de uma visão holística fundamentada nos valores morais e na consciência ambiental que assegure a preparação para o trabalho e o efetivo exercício da cidadania. (p. 13 ) 23

Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, preconizam os seguintes temas sociais a serem trabalhados na forma transversal e integrados, permeando todo o currículo, no âmbito dos componentes curriculares: a Educação Ambiental (Lei Nº 9.75/99 Política nacional de Educação Ambiental) (p. 20) Objetivos educacionais: Desenvolver ações que despertem a conscientização ambiental em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. (p. 15) Fonte: Quadro elaborado pela autora com base nos resultados da pesquisa. Como podemos ver no quadro acima, a EA é mencionada nos Projetos Políticos Pedagógicos das Escolas A e C. No Projeto Político Pedagógico da Escola B, e EA é mencionada de forma indireta, quando menciona sustentabilidade ambiental e o trabalho com projetos como alternativa metodológica de trabalho. Quando conversamos com a equipe pedagógica da Escola, foi mencionado que alguns dos projetos desenvolvidos na Escola tratam de temas relacionados à Educação Ambiental, tais como: água, meio ambiente e reciclagem. Os documentos das escolas fazem referência aos Parâmetros Curriculares Nacionais Temas Transversais e às Diretrizes Curriculares Nacionais como orientadores dessa organização curricular. Por ser o mais recente, buscamos este último documento para ver quais as diretrizes apontadas no que se refere à inserção da temática da EA no Projeto Político Pedagógico das Escolas. Encontramos, em seu Artigo 15, que o compromisso da instituição educacional, o papel socioeducativo, ambiental, as ações educativas, a organização e a gestão curricular são componentes integrantes dos projetos institucionais e pedagógicos da Educação Básica e da Educação Superior. No Artigo 16, traz que a inserção dos conhecimentos concernentes à EA nos currículos da Educação Básica, pode ocorrer: pela transversalidade, mediante temas relacionados com o meio ambiente e a sustentabilidade socioambiental; como conteúdo dos componentes já constantes do currículo; pela combinação de transversalidade e de tratamento nos componentes curriculares. Assim, podemos dizer que os projetos político pedagógicos das escolas pesquisadas abordam a temática ambiental como componente curricular transversal. A transversalidade é entendida como uma forma de organizar o trabalho didático-pedagógico em que temas, eixos temáticos são integrados às disciplinas, às áreas ditas convencionais de forma a estarem presentes em todas elas (BRASIL, 2013, p. 67). Até aqui vimos um pouco sobre a pesquisa desenvolvida, seus objetivos, metodologia e seu objeto de estudo. Agora, veremos um pouco sobre o conceito de Educação Ambiental e 24

quais os referenciais que orientam o desenvolvimento de suas ações nas escolas brasileiras. 25

2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONCEITO E BASE LEGAL Para uma melhor compreensão da temática abordada, veremos o conceito de EA na obra de alguns autores, como Reigota, Guimarães e Dias; legislação sobre a temática, como a Política Nacional de Educação Ambiental, o Programa Nacional de Educação Ambiental; documentos resultantes de conferências e congressos realizados em variados momentos históricos, como o Congresso de Belgrado, em 1975 e a Conferência de Tbilissi, em 1977. 2.1 AFINAL, O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA)? Para uma compreensão geral do conceito de EA recorremos a alguns autores, tais como: Dias (1992, 2006), Guimarães (1995, 2000, 2012, 2013), Reigota (1994, 2008, 2011), autores com várias obras publicadas sobre EA no Brasil, dentre outros e documentos oficiais que abordaram o tema. Com base em seus trabalhos, buscamos uma definição de Educação Ambiental e como esse conceito é apresentado por esses autores e documentos. Após a leitura dessas fontes, percebemos que há várias definições de Educação ambiental. Quadro 5: Conceito de Educação Ambiental em documentos oficiais e autores. Congresso de Belgrado, promovido pela UNESCO em 1975, um processo que visa: I Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental - Tbilisi, Georgia, 1977. Patrícia Mousinho (2003) (...) desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (...) (CARTA DE BELGRADO, 1975). Educação Ambiental foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da Educação, orientada para a solução dos problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade. ( I CONFERÊNCIA INTERGOVERNAMENTAL SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, 1977) Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, 26

Marcatto (2002) Lei 9.795,de 27 de abril de 1999, Artigo 1º. Mauro Guimarães (2007) Fonte: Quadro organizado pela autora. mas também a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política. (MOUSINHO, 2003) ( ) a Educação Ambiental seja um processo de formação dinâmico, permanente e participativo, no qual as pessoas envolvidas passem a ser agentes transformadores, participando ativamente da busca de alternativas para a redução de impactos ambientais e para o controle social do uso dos recursos naturais. (MARCATTO, 2002 p.14) Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o individuo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (LEI 9.795/99) É transformadora de valores e atitudes através da construção de novos hábitos e conhecimentos, criadora de uma nova ética, É uma educação crítica da realidade vivenciada, formadora da cidadania sensibilizadora e conscientizadora para as relações integradas ser humano/sociedade/natureza objetivando o equilíbrio local e global, corno forma de obtenção da melhoria da qualidade de todos os níveis de vida. (GUIMARÃES, 2007) Percebe-se, assim, uma multiplicidade de conceitos. No entanto, todos propõem uma mudança de atitudes em relação ao meio ambiente, a formação de indivíduos conscientes dos problemas ambientais e capazes de atuar ativamente na resolução dos mesmos. Todos os referenciais apresentam a EA como um processo permanente e contínuo, essencial para a garantia de um futuro mais seguro para as futuras gerações. A busca pelo equilíbrio ambiental, a participação social nas ações voltadas à EA das comunidades e a compreensão das problemáticas socio ambientais como frutos das relações de produção e consumo, somam-se a alguns dos objetivos fundamentais previstos na Política Nacional de Educação Ambiental, que prevê em seu Artigo 5º, o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social, o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente. E em seu Artigo 4º, além de outros princípios, a referida Lei prevê: o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade, a permanente avaliação crítica do processo educativo e o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social. Guimarães (2000, p. 15) diz ainda, que a educação ambiental tem o importante papel 27

de fomentar a percepção da necessária integração do ser humano com o meio ambiente. Uma relação consciente do equilíbrio dinâmico da natureza, possibilitando por meio de novos conhecimentos, valores e atitudes, a inserção do educando e do educador como cidadãos no processo de conscientização e sensibilização do atual quadro ambiental do nosso planeta. Portanto, o principal objetivo da EA seria alcançar o público em geral. Partindo do princípio de que todos os indivíduos devem ter a oportunidade de participar na busca de soluções para os problemas ambientais, seja em ações de educação formal ou informal. Assim, entendemos a educação formal como aquela ofertada em instituições formais de ensino, tais como, escolas e universidades, envolvendo professores, alunos e comunidade escolar. Salientando que esta temática deve ser abordada em todos os níveis e modalidades de ensino. Desta forma, as temáticas relacionadas à EA devem estar presentes na Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Cursos Profissionalizantes e Ensino Superior, seja na modalidade presencial, à distância, ensino regular, Educação de Jovens e Adultos, educação do campo ou outra modalidade qualquer. E a educação informal, aquele que acontece fora dos ambientes formais de ensino e que deve envolver todos os segmentos da população, tais como: sindicatos, associações de moradores e de trabalhadores, grupos religiosos, profissionais liberais, empresas, grupos de jovens, de mulheres, artesãos, dentre outros. Um importante documento de referência, a Agenda 21, no Capítulo 36, define a reorientação do ensino no sentido do desenvolvimento sustentável O ensino, inclusive o ensino formal, a consciência pública e o treinamento devem ser reconhecidos como um processo pelo qual os seres humanos e as sociedades podem desenvolver plenamente suas potencialidades. O ensino tem fundamental importância na promoção do desenvolvimento sustentável e para aumentar a capacidade do povo para abordar questões de meio ambiente e desenvolvimento. Ainda que o ensino básico sirva de fundamento para o ensino em matéria de ambiente e desenvolvimento, este último deve ser incorporado como parte essencial do aprendizado (NAÇÕES UNIDAS, Agenda 21 Global, Capítulo 36,36.3). Assim, a população consciente e preocupada com o meio ambiente e os problemas relacionados a este, teria os conhecimentos, habilidades e competências para trabalhar, individual e coletivamente para resolver os atuais problemas ambientais e impedir que estes se repitam. Partindo dessa premissa, a EA deve ser um processo dinâmico, participativo e permanente, buscando a transformação dos indivíduos em agentes participativos e transformadores em busca de alternativas e soluções para a redução dos impactos ambientais e efetiva participação nas decisões sobre o uso dos recursos naturais. Tanto o ensino formal como o informal são indispensáveis para modificar a atitude 28