ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM NO BRASIL: O CASO DO TRANSPORTE DE MINÉRIO DE FERRO PARA A SIDERÚRGICA DO PECÉM



Documentos relacionados
Intermodal 2015 CABOTAGEM NO BRASIL

1 Introdução 1.1. A necessidade de se reforçar os solos

Resultados do teste com o ônibus elétrico na cidade do Rio de Janeiro.

ANTAQ SUPERINTENDÊNCIA DE NAVEGAÇÃO SNA ANA MARIA PINTO CANELLAS

Sistema de Informações da Mobilidade Urbana. Relatório Geral 2012

ENERGIA SOLAR VS. ENERGIAS SUJAS. Danielle Beatriz de Sousa Borges Isadora M. Carvalho A. Menezes

Unidade: Transporte Multimodal. Revisor Textual: Profa. Esp. Márcia Ota

Desenvolvimento Sustentável para controlo da população humana.

FONTES E FORMAS DE ENERGIA

Potencial de Geração de Energia Utilizando Biomassa de Resíduos no Estado do Pará

Energia Eólica. Atividade de Aprendizagem 3. Eixo(s) temático(s) Ciência e tecnologia / vida e ambiente

Considerações sobre redimensionamento de motores elétricos de indução

8 Cálculo da Opção de Conversão

Artigo publicado. na edição Assine a revista através do nosso site. maio e junho de 2013

INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA CORPORATIVAS UNIMED CUIABÁ

ESTUDO DE INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICAS ISOLADAS E CONECTADAS À REDE ELÉTRICA. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

FAQ - PROGRAMA REDUZA E COMPENSE CO2

Questões ambientais do Brasil

Balanço do Transporte Ferroviário de Cargas

Energia Elétrica: Previsão da Carga dos Sistemas Interligados 2 a Revisão Quadrimestral de 2004

PROJETO DE LEI N.º, DE 2011 (Do Sr. Deputado Marcelo Matos)

Os rumos dos investimentos. da infraestrutura. 17 nov 2006

Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro. Ano de Referência 2013

ANEXO 2 - DIRETRIZES TÉCNICAS E PARÂMETROS DO ARRENDAMENTO

Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Relatório de Atividades em Evento de Sustentabilidade FIESC 2012

Oportunidades no Mercado de Biocombustíveis

INDICADORES EM ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE PARA A CADEIA PRODUTIVA DE GÁS NATURAL

Análise: Pesquisa Qualidade de Vida º fase

ANÁLISE DAS EMISSÕES DE GASES DO EFEITO ESTUFA POR USINAS TERMELÉTRICAS

ANEXO 2 - DIRETRIZES TÉCNICAS E PARÂMETROS DO ARRENDAMENTO

2º Workshop Alternativas Energéticas

PROCEDIMENTO GERAL. Identificação e Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais

BIODIESEL COMO FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA ELÉTRICA: ESTUDO DO ÓLEO DE DENDÊ

NOTA CEMEC 07/2015 FATORES DA DECISÃO DE INVESTIR DAS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS UM MODELO SIMPLES

Câmara Temática de Infraestrutura e Logística CTLOG 10 de junho de 2015 Brasília - DF

Estudo comparativo dos limites legais de Emissões Atmosféricas no Brasil, EUA e Alemanha.

XVIII Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica

5.1 Modelo de uma rede óptica com conversores de comprimento de onda

A Importância de Inventários de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) em Governos Locais

Balanço Energético Nacional Manual do Sistema de Coleta de Dados para o BEN 2012

Tecnologia nacional potencia sustentabilidade

Gestão Ambiental PADRÃO DE RESPOSTA

1.6 Têxtil e Confecções. Diagnóstico

A POLUIÇÃO DO AR NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO: IMPACTOS À SAÚDE HUMANA

Soluções Energéticas para o seu negócio

Auditoria como ferramenta de gestão de fornecedores durante o desenvolvimento de produtos

Aterro Sanitário. Gersina N. da R. Carmo Junior

TERMO DE REFERÊNCIA. Contrato por Produto Nacional

7 etapas para construir um Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis de sucesso

Questionário de Levantamento de Informações

PLANEJAR, ELABORAR E CUMPRIR METAS

Dosagem de Concreto INTRODUÇÃO OBJETIVO. Materiais Naturais e Artificiais

PASSO 8 IMPLANTANDO OS CONTROLES

Eixo Temático ET Gestão de Resíduos Sólidos VANTAGENS DA LOGÍSTICA REVERSA NOS EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS

Anexo Diretrizes Técnicas e Parâmetros do Arrendamento

Modelos de Gestão Novas Demandas e Ambientes para o Gestor Contemporâneo

MECÂNICA PREVENTIVA E CORRETIVA EM VEÍCULOS PESADOS

Utilização do óleo vegetal em motores diesel

O homem transforma o ambiente

CUSTOS DO ABATIMENTO DE EMISSÕES AÉREAS NA GERAÇÃO TERMELÉTRICA A CARVÃO MINERAL

EXERCÍCIOS ON LINE DE CIÊNCIAS - 9 ANO

LIXO ELETRÔNICO: UMA QUESTÃO AMBIENTAL

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio. Balança Comercial do Agronegócio Agosto/2015

Poluição atmosférica decorrente das emissões de material particulado na atividade de coprocessamento de resíduos industriais em fornos de cimento.

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS

WORKSHOP FOMENTO A ECONOMIA DE BAIXO CARBONO E CRESCIMENTO VERDE NA INDÚSTRIA NACIONAL

Renda Variável ETF de Ações. Renda Variável. ETF de Ações

Copyright Proibida Reprodução. Prof. Éder Clementino dos Santos

COMPARAÇÃO ECONÔMICA ENTRE O TRANSPORTE DE GÁS E LINHA DE TRANSMISSÃO

Gerencie adequadamente os custos da sua frota

Andrade Gutierrez Experiência em Contratos EPC

Câmara dos Deputados Comissão de Viação e Transportes

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

Projeto CASE Outubro/ 2006

Mudanças Climáticas e Economia. Secretaria de Acompanhamento Econômico SEAE

Micro-Química Produtos para Laboratórios Ltda.

Balanço de energia útil no Brasil Eficiência Energética no setor de transportes

Capítulo 12 Simulador LOGSIM

SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO ALL-WEATHER PARA TERMINAIS DE GRANÉIS AGRÍCOLAS NO PORTO DE SANTOS

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 672, DE 2015

O maior portfólio de serviços logísticos do Brasil. Impacto da Idade Média da Frota de Veículos no Brasil

SUMÁRIO. Daniel Bortolin02/02/2015 ÍNDICE: ÁREA. Número 80 Título. Aprovação comunicada para Cintia Kikuchi/BRA/VERITAS; Fernando Cianci/BRA/VERITAS

Anexo Diretrizes Técnicas e Parâmetros do Arrendamento

7 Transporte e Logística

Eixo Temático ET Meio Ambiente e Recursos Naturais

Dimensão Mudanças Climáticas

Unidade 8. Ciclos Biogeoquímicos e Interferências Humanas

GESTÃO AMBIENTAL. Aplicação da ecologia na engenharia civil ... Camila Regina Eberle

NORTE DO ES: ARACRUZ E ÁREAS DE INFLUÊNCIA

METODOLOGIA DE PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE PELO GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Figura Ar sangrado do compressor da APU

Perfis. de Investimento

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE REDE SEMIPÚBLICA DE TRANSPORTE COLETIVO EM UBERLÂNDIA, MG

CIÊNCIAS PROVA 3º BIMESTRE 9 º ANO

Capítulo 2 Objetivos e benefícios de um Sistema de Informação

Identificação e análise de gargalos produtivos: impactos potenciais sobre a rentabilidade empresarial

ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS PROGRAMAS DE APOIO ÀS PMEs NO BRASIL Resumo Executivo PARA BAIXAR A AVALIAÇÃO COMPLETA:

Dimensão Mudanças Climáticas

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O ENFRENTAMENTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM ÁREAS URBANAS: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE BELÉM, PARÁ, BRASIL

INVENTÁRIO: Completo Preliminar. INVENTÁRIO VERIFICADO POR: Ninguém Primeira parte 1 Terceira parte Terceira parte acreditada

Transcrição:

ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM NO BRASIL: O CASO DO TRANSPORTE DE MINÉRIO DE FERRO PARA A SIDERÚRGICA DO PECÉM Vito Longhi Rodrigues Márcio de Almeida D Agosto Universidade Federal do Rio de Janeiro Programa de Engenharia de Transportes RESUMO Este estudo trata da análise dos impactos ambientais marítimos da navegação de cabotagem no Brasil sendo utilizado um estudo de caso do transporte de minério de ferro para a Siderúrgica do Pecém para mensurar e identificar a frota ideal do ponto de vista ambiental. Foram definidas, por meio de pesquisas bibliográficas, as características da navegação de cabotagem no Brasil. Outro ponto fundamental foi a identificação do consumo de combustíveis dos navios mineraleiros. Foram determinados, a partir de amplas pesquisas, os conceitos ambientais voltados para a navegação, o que proporciona um embasamento teórico bem específico referente aos principais impactos ambientais causados pelo transporte marítimo. Em seguida, foram inseridos os indicadores de impactos ambientais marítimos em um estudo de caso de alguns cenários com diferentes tipos de frota. Com os resultados os cenários foram ranqueados, podendo assim ser identificada a frota de menor impacto ambiental marítimo para o estudo de caso. ABSTRACT This study is about the analysis of the environmental impacts of maritime cabotage in Brazil are using a case study of the transport of iron ore to the Steel Plant of Pecém to measure and identify the optimal fleet of environmental viewpoint. Were defined through literature searches, the characteristics of coastal shipping in Brazil. Another key point was the identification of the fuel consumption of ships transporting iron ore. Were determined from extensive research, environmental concepts focused on navigation, which provides a theoretical and specific references to the main environmental impacts caused by shipping. Then were inserted indicators of maritime environmental impacts in a case study of few scenarios with different fleet. With the results of the scenarios were ranked and can therefore be identified fleet with less environmental impact for the maritime case study. 1. INTRODUÇÃO Segundo IMO (2009), estima-se que transporte marítimo tenha emitido 1,046 milhões de toneladas de CO 2, dióxido de carbono, em 2007, o que equivale a 3,3% de todas as emissões globais daquele ano. As previsões da Organização Marítima Internacional (IMO) mostram que em 2050, na ausência de novas políticas, as emissões totais do setor do transporte marítimo podem crescer de 150% (em comparação com os níveis de 2007) a 250%, dependendo do crescimento da indústria. Medidas técnicas e operacionais podem aumentar a eficiência energética do setor, ajudando assim a reduzir as emissões de gases de efeito estufa entre 25% e 75% em g/t-km, abaixo dos níveis atuais (IMO, 2009). Em função da economia de escala, a navegação de cabotagem é a melhor alternativa, por representar menor custo e menor impacto ambiental, para o transporte de minério de ferro, produto de baixo valor agregado a ser transportado em grande volume por grande distância. No âmbito empresarial cabe apoiar as diretrizes do poder público no sentido de estabelecer políticas de transporte que privilegiem o transporte menos degradante ao meio ambiente, seguindo na direção da priorização dos transportes de grande capacidade e de baixo custo ambiental. Este trabalho tem como objetivo estabelecer um procedimento que apoie a definição de um conjunto de indicadores de impactos ambientais para avaliar o desempenho de alternativas de transporte marítimo de cabotagem de minério de ferro, bem como a frota marítima de menor

impacto ambiental para o estudo de caso, o transporte de minério de ferro para a Siderúrgica do Pecém. Inicialmente, foi realizada uma revisão bibliográfica/documental nacional e internacional sobre a navegação de cabotagem na costa brasileira. No item 2 foram incluídas suas principais características, vantagens e a movimentação da navegação de cabotagem. Também foi realizada uma revisão bibliográfica/documental nacional e internacional no item 3, sobre indicadores ambientais causados no transporte marítimo para oferecer dados para suportar as análises do estudo de caso. Por fim no item 4, apresenta-se o estudo de caso para o fornecimento de minério de ferro para a Siderúrgica do Pecém. Para isso foi necessária visita de campo aos portos de Tubarão, Ponta da Madeira e Pecém, com a finalidade de aprimorar a obtenção das informações portuárias e marítimas. Foram escolhidos oito cenários, com diferentes tipos de frotas e embarcações para identificação do dimensionamento da frota adequado a demanda. Após a rodada da simulação dinâmica computacional, os resultados foram cruzados com os indicadores ambientais chegando a frota de menor impacto ambiental. 2. NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM NO BRASIL Segundo a ANTAQ (2012), navegação de cabotagem é aquela realizada entre portos do território brasileiro, utilizando exclusivamente a via marítima ou esta e as vias navegáveis de interior. O mercado de navegação de cabotagem no Brasil, por vários anos, sofreu com escassez quanto aos investimentos públicos e privados em infraestrutura dos portos e em frota de navios, bem como deficiência na regulamentação e forte ideologia rodoviarista. Se comparado ao transporte rodoviário de cargas, o mais usado no Brasil, as vantagem da navegação de cabotagem, destaca-se: elevada capacidade de transporte, fretes mais baratos, custos variáreis mais baratos, permite a intermodalidade, alta eficiência energética, economia de escala, baixa emissões de GEE Gases de Efeito Estufa, não apresenta limites sobre o tipo de produto que pode transportar. Como desvantagens pode-se destacar: baixa velocidade, rotas fixas, necessita de portos bem equipados e baixa frequência e disponibilidade. De acordo com a ANTAQ (2011), a movimentação de cargas nos diversos portos do Brasil pela navegação de cabotagem vem crescendo significativamente. De 2002 a 2011 o setor da navegação de cabotagem cresceu 38,3%, sendo que em 2010 teve a maior contribuição para esse número, 28%, e no ano de 2011 foram movimentadas 18,30 milhões de toneladas por ano de granéis sólidos, conforme Tabela 1. A Tabela 1 demonstra que os três maiores mercados para a navegação de cabotagem no Brasil são os combustíveis (granéis líquidos), a bauxita, da família dos minerais, e o contêiner. O minério de ferro tem pouca representatividade, por ter maior comercialização nos países orientais e europeus devido à concentração de parques siderúrgicos. Segundo a ISSB (2012), o Brasil é o segundo maior exportador do mundo de minério de ferro, totalizando em 2011 331 Mtpa (Milhões de toneladas por ano) e perdendo apenas para Austrália, com 466 Mtpa. Os dois maiores portos exportadores do Brasil são Terminais de Uso Privativos (TUP), o TUP de Tubarão - ES e o TUP de Ponta da Madeira - MA, ambos da mesma companhia, a Vale S.A. O somatório da exportação destes terminais passa dos 200 milhões de toneladas por ano.

Tabela 1: Distribuição do volume transportado pela navegação de cabotagem em 2010. Natureza da Carga Quantidade Transportada (Mtpa) OUTROS 1,45 1,09% PRODUTOS SIDERÚRGICOS 0,43 0,32% CARVÃO MINERAL 0,53 0,40% MINÉRIO DE FERRO 0,72 0,54% SAL 0,90 0,68% CELULOSE 1,00 0,75% SODA CÁUSTICA 1,09 0,82% REATORES, CALDEIRAS, MÁQUINAS 1,21 0,91% PRODUTOS QUÍMICOS ORGÂNICOS 1,22 0,92% MADEIRA 1,95 1,46% CONTÊINERES 5,70 4,28% BAUXITA 14,81 11,11% COMBUSTÍVEL E ÓLEOS MINERAIS E PRODUTOS 102,27 76,73% TOTAL 133,28 100% Fonte: elaboração própria a partir de ANTAQ (2011) 3. IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO TRANSPORTE MARÍTIMO E SEUS INDICADORES A IMO, há muitos, anos vem estudando os impactos ambientais causados pelo transporte marítimo no mundo e, cada vez mais, o assunto tem se tornado mais relevante e mais preocupante. A organização, com todos os seus acordos e tratados, sugere que alguns impactos ambientais sejam considerados de maior relevância para o transporte marítimo internacional, porque implicam um reflexo negativo à natureza. Se não houver planejamento e gestão para minimizar tais impactos, corre-se risco de colapso do ecossistema, levando a riscos socioeconômicos e ambientais, situação quando o ser humano será o mais prejudicado. Os principais impactos ambientais causados pelo transporte marítimo são: esgoto, águas residuais, águas pluviais (as mesmas ao lavar o deck do navio poderá contaminar-se com borras de óleo ou outros tipos de resíduos), resíduos sólidos, gases de efeito estufa (GEE) e gases de escape dos motores (poluentes locais) e outros ainda como, tintas anti-incrustantes, água de lastro, hidrocarbonetos e águas oleosas. (NSBW, 2012), (IMO, 2012), (GloBallast/IMO, 2012) e (PACPOL, 2002). Navios de grandes companhias e grandes armadores não jogam lixo e esgoto no mar sem tratamento, porém são gerados a bordo, sendo assim serão avaliados. 3.1. Características dos navios graneleiros e seu consumo de combustível O graneleiro é um navio especializado no transporte de mercadorias a granel (açúcar, soja, milho, trigo, minério de ferro e carvão). Subdivide-se em alguns tipos como graneleiros convencionais e mineraleiros. A principal diferença entre eles é a forma de arranjo dos seus porões. Os navios graneleiros se subdividem nas seguintes classes: Handysize, Handymax, Panamax, Capesize e VLOC (Very Large Ore Carrier). Algumas outras classes são criadas para o intermédio entre as classes, como Pós-Panamax, SmallCape e LargeCape. A maior classe de navios mineraleiros construída no mundo são os navios Chinamax ou Valemax, navios mineraleiros encomendados em estaleiros orientais, pela Vale S.A., com capacidade de transportar até 400.000 DWT (toneladas de porte bruto). Na Tabela 2 estão as informações referentes ao consumo médio de combustível por dia por embarcação conforme sua classe. %

Fonte NTUA Fontes² Classe Tabela 2: Informações sofre as classes de navios mineraleiros. Tamanho (DWT) Velocidade Média (Nós) Consumo IFO Navegando (t/dia)¹ Consumo MDO navegando (t/dia)¹ Consumo IFO no Porto (t/dia) Consumo MDO no Porto (t/dia) Handysize 27.000,00 13,00 24,00 1,50 4,50 1,50 Handymax 50.000,00 14,00 28,00 1,50 3,50 1,50 Panamax 67.230,00 14,00 32,00 1,50 3,00 1,50 Pós-Panamax 90.000,00 15,00 38,00 1,50 3,50 1,50 Capesize 136.000,00 13,50 40,00 1,50 5,00 1,50 Handysize 28.968,00 14,00 26,00 2,00 2,00 0,50 Handymax 52.454,00 14,00 30,00 0,20 1,50 1,50 Panamax 74.000,00 14,00 33,50 0,40 2,23 1,50 SmallCape 116.104,00 12,50 46,00 0,10 3,00 0,50 Capesize 172.036,00 14,50 65,00 0,10 3,50 0,10 ¹ - Considerar o mesmo consumo para navegação vazio em ballast ² - Média do consumo entre registros dos navios Fonte: Próprio autor baseado em NTUA (2012), Baltic (2012), RightShip (2012), Clarksons (2012) e Lloyd's List Intelligence (2012). 3.2. Emissões de GEE e poluentes atmosféricos locais As emissões de GEE nos navios são geradas a partir da queima de combustível principalmente em função da unidade de potência propulsora, chamado de motor principal, ou motor de propulsão, outras emissões são provenientes dos motores auxiliares, utilizados para gerar energia para o sistema de iluminação, o sistema de segurança, o sistema de radar e outros. Sua fonte geradora é o óleo combustível para navio, também chamado de bunker. Existem alguns tipos desse óleo, tais como a família FO - Fuel oil (óleo combustível); IFO - Intermediate Fuel Oil (óleo combustível intermediário); MFO - Marine Fuel Oil (óleo combustível marítimo) e HFO - Heavy Fuel Oil (óleo combustível pesado). Segundo a IMO (2009), após a combustão são liberados os gases de efeito estufa (GEE), conhecidos como CO 2, mais importante GEE emitido por navios, CH 4, N 2 O e outros de menor volume, como: HFCs, PFCs e SF 6. Ainda nessa queima são liberados os poluentes atmosféricos locais: NO x, NMVOC, CO, PM e SO x. Ainda de acordo com a IMO (2009), o transporte marítimo foi o responsável pela emissão de 1,046 milhões de toneladas de CO 2 no ano de 2007, o equivalente a 3,3% das emissões globais de CO 2. Na estimativa da Shipping Efficiency (2013), em 2012 a emissão de CO 2 de toda a frota marítima no mundo ultrapassou a marca de 1,18 milhões de toneladas de CO 2. A IMO (2009) apurou através de um levantamento, utilizando metodologia para a medição de emissões de GEE e outros gases de escape, um fator de emissão, em kg por tonelada de combustível queimado, demonstrado na Tabela 3. Segundo o ICBE (2012) cada GEE tem radiativo ativo, ou retêm o calor. Para comparar os GEE, utiliza-se o seu Potencial de Aquecimento Global (GWP) que é a quantidade de CO 2 que causaria o mesmo forçamento radiativo que uma quantidade emitida do GEE na forma de (CO 2 -eq), levando-se em conta os diferentes tempos em que permanecem na atmosfera (IPCC, 1995). Neste sentido, o dióxido de carbono (CO 2 ) assume o valor de um (1), para 21 de CH 4 e 310 de N 2 O.

Tabela 3: Fatores de emissão de GEE e gases de escape por tonelada queimada de bunker. Emissão Fator de Emissão (kg emitido/tonelada de combustível) Emissões de GEE CO2 MDO Bunker 3.130,00 IFO Bunker 3.190,00 CH4 0,30 N2O 0,08 Emissões de Gases de Escape CO 7,40 NMVOC 2,40 SO2 MDO Bunker 54,00 IFO Bunker 10,00 NOx* velocidade média dos motores diesel 56,00 PM10 MDO Bunker 6,70 IFO Bunker 1,10 Fonte: IMO (2009) 3.3. Geração de resíduos sólidos Resíduos sólidos são todos os resíduos gerados a bordo, sendo lixo doméstico ou lixo operacional. Segundo a ANTAQ (2012), a geração dos resíduos sólidos pode ser considerada um dos principais impactos ambientais relacionados às atividades aquaviárias. Eles são gerados pela operação do porto ou pelas próprias embarcações. Segundo o PACPOL (2002), cada classe de navio mercante apresenta seus próprios desafios de gestão de resíduos, porém a estimativa média de geração/produção de resíduo sólido por tripulante por dia é de 1,5 kg/tripulante. Segundo Drewry (2009), um navio tipo Pós-Panamax ou Smallcape possui cerca de 20 tripulantes, que estão todos os dias, 24h, morando e trabalhando dentro das embarcações, gerando lixo doméstico e de trabalho dentro do mesmo ambiente. 3.4. Geração de esgoto Águas residuais são provenientes de esgotos e ralos, entre outros. Segundo a IMO (2009), sua geração a bordo de um navio tem as mesmas características da geração doméstica das grandes cidades e, se jogadas de qualquer forma no meio ambiente, podem trazer vários danos à sociedade e ao ecossistema. Ainda de acordo com a IMO (2012), a descarga de esgoto no mar pode representar um risco à saúde da fauna e da flora marinhas e à saúde humana, além de trazer uma poluição visual em áreas costeiras e praias. A geração dessas águas, varia conforme a quantidade de tripulantes a bordo. Segundo o PACPOL (2002), um navio tipo cargueiro gera em torno de 70 litros por tripulante/dia. Considerando-se um navio com 20 tripulantes, tem-se geração de resíduos de esgotos e águas cinza em torno de 1.400 litros por dia e 511 mil litros por ano nesse navio. 4. ESTUDO DE CASO O estudo de caso trata do abastecimento de minério de ferro para a Siderúrgica do Pecém. Os insumos (minério de ferro) que abastecem essa siderúrgica serão movimentados pelo Porto do Pecém através da navegação de cabotagem. Segundo a própria Companhia Siderúrgica do Pecém - CSP (2012), ela será a primeira

siderúrgica do nordeste. Quando estiver concluída, irá impulsionar o crescimento econômico do Ceará. A previsão inicial de produção é de 3,0 milhões de toneladas de placas de aço por ano (CSP, 2012). O presente estudo considerará os portos de Ponta da Madeira-MA e de Tubarão-ES como portos de origem. O porto de recebimento e destino será o Porto do Pecém-CE. Estima-se que o Porto de Ponta da Madeira terá um volume na navegação de cabotagem de 3,54 milhões de toneladas de minério de ferro por ano (70%) e o Porto de Tubarão, 1,52 milhões de toneladas por ano (30%), total transportado de 5,06 Mtpa de minério de ferro. Para o dimensionamento da frota de navios dedicados na navegação de cabotagem conforme a demanda do projeto serão considerados os principais tempos e movimentos desempenhados pela frota ideal. Após o resultado do dimensionamento de frota serão considerados os aspectos ambientais, resultando na frota de menor impacto ambiental para o estudo de caso, conforme fluxograma do procedimento adotado, ilustrado na Figura 1. Figura 1: Fluxograma do procedimento adotado O método de simulação dinâmica computacional, utilizando de distribuição exponencial, foi escolhido por permitir a obtenção de resultados mais próximos à realidade. O estudo de caso não abordará as interfaces da simulação dinâmica, mas apenas os resultados alcançados. 4.1. Resultado do dimensionamento de frota A escolha dos cenários foi realizada através de uma combinação de capacidade dos navios para atender a demanda. Para combinação dos cenários foram elaboradas simulações estáticas prévias para saber um possível número de cenários a serem executados no simulador dinâmico. Sendo assim chegando a algumas combinações de frota de navios, sempre utilizando os três tipos de classes de navios, Smallcape, Panamax e Handymax. Navios selecionados após avaliação dos portos de origem e destinos, identificadas as restrições portuárias máximas dos portos, como limitantes das dimensões das embarcações. Nessa análise foram consideradas as restrições técnicas quanto à infraestrutura e à superestrutura e

as restrições marítimas. Após as combinações possíveis entre os três tipos de navios, foram identificados oito cenários possíveis, conforme o apresentado na Tabela 4. Tabela 4: Cenários avaliados na simulação dinâmica Cenários SmallCape Panamax Handymax Total de Atendimento a Navios Demanda Cenário 1 1 2 3 AD Cenário 2 3 3 AD Cenário 3 3 1 4 AD Cenário 4 2 1 3 AD Cenário 5 2 2 PAD Cenário 6 3 3 PAD Cenário 7 2 2 NAD Cenário 8 1 1 2 NAD Os cenários AD, atendem à demanda, na coluna Atende a Demanda e serão detalhados posteriormente, onde serão imputados os índices de impacto ambientais obtidos na Tabela 4 e será analisado seu comportamento, resultando na melhor frota para o estudo de caso. Os cenários PAD, parcialmente atende a demanda, não atenderam 100% da demanda de minério de ferro, porém como esses dois cenários se aproximaram do atendimento da demanda, pode haver uma contribuição no atendimento da demanda por outros navios, através do atendimento Spot, ou contratação em Voyage Charter. Os cenários NAD, não atenderam à demanda anual de minério de ferro, deixaram de atende entre 30% a 35% da demanda, não podendo ser considerado uma frota ideal. Dessa forma, os cenários NAD foram descartados. Após as rodadas de simulação dinâmica computacional obteve-se os resultados de tempos e movimentos da navegação, conforme Tabela 5. Eles serão utilizados para cálculo de impactos ambientais na navegação. Tabela 5: Resultados da simulação dinâmica Cenários Atendimento da Demanda Tempo Navegando (dias/navio/ano) Tempo Parado (dias/navio/ano) Tempo Offhire (dias/navio/ano) Tempo Docagem (dias/navio/ano) Nº de Navios no Sistema Cenário 1 100% 78,58 264,19 10,89 11,25 3,0 Cenário 2 100% 58,02 284,61 10,89 11,25 3,0 Cenário 3 100% 73,20 269,58 10,89 11,25 4,0 Cenário 4 100% 65,52 277,22 10,89 11,25 3,0 Cenário 5 - Navios Dedicados 94% 81,70 261,10 10,90 11,30 2,0 Cenário 5 - Navio Spot 6% 23,93 76,49 - - 1,0 Cenário 6 - Navios Dedicados 98% 87,90 254,90 10,90 11,00 3,0 Cenário 6 - Navio Spot 2% 6,48 18,80 - - 1,0 Os tempos utilizados para os cálculos de impactos ambientais são obtidos nas colunas, tempo navegando, tempo parado, tempo offhire e tempo de docagem. Tempo navegando é o tempo total em dias por ano que um navio ficou navegando dentro do sistema. Tempo parado representa o tempo total em dias por ano que um navio se encontrou parado ou boiando. O tempo parado pode ocorrer por vários motivos, dentre eles o tempo de espera em fila aguardando no fundeio, ou quando o navio estiver atracado aguardando o carregamento ou o descarregamento.

Tempo total offhire equivale ao tempo em dias por ano que um navio se encontra indisponível para navegação. Essa indisponibilidade pode ocorrer por vários motivos, dentre eles em caso de mal tempo, manutenção corretiva ou preventiva, ou por acidente, ou por qualquer outro tipo de problema de máquina, leme ou tripulação. O tempo de docagem no simulador foi definida da seguinte forma, a docagem é intermediária quando realizada após 30 meses de início da operação dos navios e a docagem é completa quando realizada a cada 30 meses após a docagem intermediária e assim se repetindo até o navio obter 30 anos de idade. Como output da simulação e com a finalidade de calcular os tempos desempenhados pelos navios, o sistema identificou de forma linear 11,25 dias do ano por navio. O tempo será considerado linear por todos os anos. Como parte da premissa assumida, quando a embarcação estiver em docagem, ela não irá consumir combustível IFO e MDO. 4.2. Resultados da geração de lixo e esgoto O cenário que apresentou melhor desempenho quanto à geração de esgoto e lixo por ano, ou seja, o menor índice, foi o Cenário 5 Extra. A Tabela 6 apresenta os resultados obtidos. Tabela 6: Geração de lixo e esgoto Cenários Tripulantes por Tempo de Esgoto Cenário Utilização (l/ano) (quant.) (dias/ano) Cenário 5 - Navios Dedicados 40,00 365,00 Cenário 5 - Navio Spot 19,00 100,42 Variação Lixo (kg/ano) Variação 1.155.559,67 0% 24.761,99 0% Cenário 1 58,00 365,00 1.481.900,00 28,24% 31.755,00 28,24% Cenário 6 - Navios Dedicados 57,00 365,00 Cenário 6 - Navio Spot 19,00 25,28 1.489.971,21 28,94% 31.927,95 28,94% Cenário 4 59,00 365,00 1.507.450,00 30,45% 32.302,50 30,45% Cenário 2 60,00 365,00 1.533.000,00 32,66% 32.850,00 32,66% Cenário 3 72,00 365,00 1.839.600,00 59,20% 39.420,00 59,20% 4.3. Resultado do consumo total de bunker Todos os cálculos sobre o consumo de bunker foram baseados nas premissas adotadas na Tabela 2 e confrontados com os resultados de tempo dos navios obtidos na simulação dinâmica na Tabela 5, resultando na Tabela 7. Cenários Consumo Total IFO (t/ano) Tabela 7: Consumo de bunker por cenário Consumo Total MDO (t/ano) Soma do Consumo Total de Bunker (t/ano) Variação % / Melhor Cenário Cenário 5 Extra 10.055,34 412,64 10.467,98 0% Cenário 2 10.568,08 460,66 11.028,74 5,36% Cenário 4 10.503,77 759,60 11.263,37 7,60% Cenário 1 10.850,84 1.033,51 11.884,36 13,53% Cenário 6 Extra 10.798,30 1.332,37 12.130,66 15,88% Cenário 3 11.760,23 1.785,33 13.545,56 29,40% O resultado do consumo total de bunker foi demonstrado apenas para classificação do cenário que teve o menor consumo. Para o cálculo de emissão de GEE é necessário apurar o consumo

total, separado em IFO e MDO, pois em alguns dos indicadores de emissão de gases esse fator é diferenciado para ambos os tipos de combustíveis. 4.4. Resultado da emissão de gases de escape por cenário Todos os cálculos sobre a emissão de gases de escape e GEE foram baseados nas premissas adotadas na Tabela 3, confrontados com os resultados de tempo dos navios obtidos na simulação dinâmica na Tabela 5. Os resultados encontram-se apresentados na Tabela 8. Tabela 8: Emissão de Gases por cenário Emissão Total Cenário 1 Total Cenário 2 Total Cenário 3 Total Cenário 4 Total Cenário 5 Extra Total Cenário 6 Extra (t emissão/ano) (t emissão/ano) (t emissão/ano) (t emissão/ano) (t emissão/ano) (t emissão/ano) Emissões de GEE CO2 44.644,22 35.466,78 61.201,32 39.593,31 34.485,39 48.545,84 CH4 5,13 3,34 7,88 4,21 3,37 5,94 N2O 1,37 0,89 2,10 1,12 0,90 1,59 Emissões de Gases de Escape CO 126,51 82,34 194,35 103,89 83,23 146,63 NMVOC 41,03 26,70 63,03 33,70 26,99 47,56 SO2 167,39 131,54 237,42 148,13 123,80 184,01 NOx 33,53 24,88 87,38 384,71 224,29 664,48 PM10 18,88 14,82 26,91 16,71 13,89 20,79 A Tabela 9 apresenta hierarquia dos cenários de menor impacto ambiental por Potencial de Aquecimento Global, GWP Equivalentes de CO 2. Considerando que o estudo de caso esta transportando 5,06 Mtpa de minério de ferro, sendo assim para cada tonelada transportada pelo dimensionamento de menor impacto ambiental o Cenário 5 Extra ter-se-ia, uma contribuição de aquecimento global de 0,00688 GtCO 2 por tonelada transportada de minério. Tabela 9: Equivalência de Dióxido de Carbono (GtCO 2 -eq/ano ) Emissão Variação em % do GtCO2-eq/ano GEE menor cenário Cenário 5 Extra 34.835 0% Cenário 2 35.813 2,81% Cenário 4 40.030 14,91% Cenário 1 45.176 29,68% Cenário 6 Extra 49.162 41,13% Cenário 3 62.018 78,03% A Tabela 10 apresenta hierarquia dos cenários de menor impacto ambiental pelo somatório dos poluentes locais. Considerando o transporte de 5,06 Mtpa de minério de ferro, para cada tonelada transportada no cenário de menor impacto ambiental (Cenário 2) ter-se-ia 0,00006t por tonelada transportada de minério. Tabela 10: Ranking por Poluentes Locais Emissão Poluentes Poluentes Locais ( t/nao) Variação em % do menor cenário Cenário 2 280 0% Cenário 1 387 38,20% Cenário 5 Extra 472 68,48% Cenário 3 609 117,32% Cenário 4 687 145,17% Cenário 6 Extra 1.063 279,44%

4.5. Procedimento de agregação de valores de indicadores Não se obteve a mesma classificação no ranking para os cinco indicadores ambientais selecionados por cenário. Sendo assim, para classificar todos os cenários em um ranking final será aplicado um procedimento de agregação de valores dos indicadores. Na Tabela 11 apresenta os resultados dos cenários referentes aos cinco indicadores ambientais selecionados. Tabela 11: Tabela inicial resultados obtidos Cenários Lixo Esgoto Combustível GtCO2-eq Poluentes Locais (kg/ano) (l/ano) (t/ano) (t/ano) ( t/nao) Cenário 1 31.755,00 1.481.900,00 11.884,36 45.175,90 387,34 Cenário 2 32.850,00 1.533.000,00 11.028,74 35.812,83 280,27 Cenário 3 39.420,00 1.839.600,00 13.545,56 62.018,12 609,09 Cenário 4 32.302,50 1.507.450,00 11.263,37 40.029,95 687,14 Cenário 5 Extra 24.761,99 1.155.559,67 10.467,98 34.835,16 472,20 Cenário 6 Extra 31.927,95 1.489.971,21 12.130,66 49.162,07 1.063,46 Pesos 20% 20% 20% 20% 20% Os resultados grifados de cinza são os melhores índices, os mesmos serão os resultados parametrizadores para gerar a Tabela 12. O peso foi distribuído de forma linear pelos 5 indicadores ambientais, 20% de peso para cada indicador ambiental, que será utilizado para ponderar os resultados na Tabela 13. Os resultados parametrizados da Tabela 12 são indicadores provenientes da divisão do melhor resultado pelo resultado do cenário X e sucessivamente para todos os outros cenários. Tabela 12: Tabela parametrizada Cenários Lixo Esgoto Combustível GtCO2-eq Gases de escape Cenário 1 0,78 0,78 0,88 0,77 0,72 Cenário 2 0,75 0,75 0,95 0,97 1,00 Cenário 3 0,63 0,63 0,77 0,56 0,46 Cenário 4 0,77 0,77 0,93 0,87 0,41 Cenário 5 Extra 1,00 1,00 1,00 1,00 0,59 Cenário 6 Extra 0,78 0,78 0,86 0,71 0,26 Após obtenção dos resultados parametrizados, a Tabela 13 demonstra os resultados ponderados e a classificação dos cenários. Tabela 13: Tabela ponderada e ranking dos resultados Cenários Lixo Esgoto Combustível GtCO2-eq Gases de escape Totais Classidicação Cenário 1 0,16 0,16 0,18 0,15 0,14 0,79 3 Cenário 2 0,15 0,15 0,19 0,19 0,20 0,89 2 Cenário 3 0,13 0,13 0,15 0,11 0,09 0,61 6 Cenário 4 0,15 0,15 0,19 0,17 0,08 0,75 4 Cenário 5 Extra 0,20 0,20 0,20 0,20 0,12 0,92 1º Cenário 6 Extra 0,16 0,16 0,17 0,14 0,05 0,68 5 Foi possível demonstrar e ranquear os seis cenários demonstrados no estudo de caso, utilizando um procedimento de agregação de valores de indicadores. Porém existem dois cenários que se diferenciam por apenas 0,04 (4%) após a ponderação dos impactos ambientais

levantados, o melhor cenário (Cenário 5 Extra) e o 2º melhor (Cenário 2). Sendo que o Cenário 2 representa uma alternativa sem contratação de frete spot, ou seja seria a melhor alternativa de frota dedicada. Assim, existem alternativas razoáveis para qualquer tipo de regime operacional. O cenário com dois navios Smallcape dedicados e um navio Panamax Spot foi o cenário de menor impacto ambiental. Pode ser notado também que a não escolha da frota correta poderia acarretar um acréscimo de até 31% no valor agregado dos índices ambientais calculados para o estudo de caso. 5. CONCLUSÃO Foi possível desenvolver um procedimento capaz de avaliar o desempenho ambiental do transporte marítimo de cabotagem e determinar qual a melhor alternativa de frota, de menor impacto ambiental, que pode ser recomendada para um segmento de operação de navegação de cabotagem. Nesse sentido foi possível verificar que a escolha da frota e as embarcações influencia a produção dos impactos ambientais regionais e globais. Foi visto que para atender a uma mesma demanda, a escolha adequada da frota poderia reduzir até 77% nas emissões de GEE, o que também representaria redução nos gastos com combustível. Como proposição para trabalhos futuros, sugere-se que seja realizada uma análise do triangulo sustentável para o estudo de caso. Ou seja, que considere não apenas uma análise ambiental, mas também uma análise econômica e social. Como um trabalho complementar a este, pode ser sugerido à realização de um estudo identificando, entre os seis cenários propostos, o cenário que tenha o menor índice de preço do transporte marítimo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTAQ (2012) Agência Nacional de Transportes Aquaviário - Disponível em: <http://www.antaq.gov.br> Acesso em: 02 de Junho de 2012. ANTAQ (2011) Estatísticas; Anuários; Anuário Estatístico da Cabotagem - 2011; Raio-x da Frota Brasileira na Navegação de Cabotagem. Disponível em: <http://www.antaq.gov.br>. Acesso em: 04 de Junho de 2012. BALTIC (2012) The Baltic Exchange Freight Derivatives Market - Disponível em: <http://www.balticexchange.com/> Acesso em: 11 de Julho de 2012. CSP (2012) Companhia Siderúrgica do Pecém - Disponível em: <http://www.cspecem.com/> Acesso em: 25 de Agosto de 2012. Clarksons (2012) - Shipping Intelligence Network - Disponível em: <http://www.clarksons.net/> - acesso em 20 de Setembro de 2012. DREWRY (2012) - Drewry Shipping Consultants Ltd ~ The Independent Maritime Adviser - Disponível em: <http://www.drewry.co.uk/> - acesso em 20 de Junho de 2012. Globallast.IMO (2012) GloBallst Partnerships - Disponível em: <http://globallast.imo.org> Acesso em: 12 de Agosto de 2012. ICBE (2012) International Carbon Bank & Exchange - Disponível em: <http://www.icbe.com/emissions/calculate.asp> Acesso em: 12 de Novembro de 2012. IMO (2012) International Maritime Organization - Disponível em: <http://www.imo.org/> Acesso em: 11 de Julho de 2012. IMO (2009) - International Maritime Organization - Second IMO GHG, Study 2009, Published in 2009, by the International Maritime Organization, 4 Albert Embankment, London. IPCC (1995) - IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change Second Assessment Climate Change 1995. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/pdf/climate-changes-1995/ipcc-2nd-assessment/2nd-assessment-

en.pdf> Acesso em: 19 de Agosto de 2012. ISSB (2012) - International Steel Statistics Bureau - Disponível em: <http://www.issb.co.uk/ - acesso em 20 de Junho de 2012. Lloydslist (2012) Lloydslist Intelligence Shipping Just Got Smarter - Disponível em: <http://www.lloydslistintelligence.com/> Acesso em: 11 de Agosto de 2012. NTUA (2012) - National Technical University of Athens Laboratory for Maritime Transport Ship Emissions Calculator - Disponível em: <http://www.martrans.org/emis/> - acesso em 22 de Junho de 2012. NSBW (2012) North Sea Ballast Water - Disponível em: <http://www.northseaballast.eu/> Acesso em: 11 de Julho de 2012. Shippingefficiency (2013) Shipping Efficiency Information for a More eficiente Market - Disponível em: <http://shippingefficiency.org/> Acesso em: 08 de Março de 2013. PACPOL (2002) Pacific Ocean Pollution Prevention Programme - Improving Ships Waste Management in Pacific Islandas Ports - For Cleaner Seas in the Pacific Islans Region Disponível em: <http://www.sprep.org/att/irc/ecopies/pacific_region/87.pdf> Acesso em: 02 de Agosto de 2012. Rightship (2012) Raising Global Marine Standards - Disponível em: <http://site.rightship.com/> Acesso em: 04 de Setembro de 2012. Vito Longhi Rodrigues (vito.longhi@hotmail.com) Márcio de Almeida D Agosto (marcio@pet.coppe.ufrj.br)