Carta Pastoral 2013-2014



Documentos relacionados
CARTA INTERNACIONAL. Indice:

Elementos da Vida da Pequena Comunidade

MISSÕES - A ESTRATÉGIA DE CRISTO PARA A SUA IGREJA

Reunião dos Bispos da região da África Caritas sobre a identidade e missão da Caritas

Carta de Paulo aos romanos:

Lição 07 A COMUNIDADE DO REI

CELEBRAÇÃO DA FESTA DA PALAVRA

ESCOLA ARQUIDIOCESANA BÍBLICO-CATEQUÉTICA

Entre 18 e 20 de fevereiro será celebrado em Sassone (Itália) a XXIV Assembleia Nacional da Federação Italiana de Exercícios Espirituais (FIES).

MARIA, ESTRELA E MÃE DA NOVA EVANGELIZAÇÃO

Igreja em estado permanente de missão

Apresentação de Abril 2015: Seminário para Formadores/ as de Setembro 2015: Congresso para jovens consagrados/as

PLANO ESTRATÉGICO (REVISTO) VALORIZAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA, ATRAVÉS DE UMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL

Começando pela realidade da assembléia, antes de mais nada é preciso perguntar-se: Qual a realidade desta comunidade reunida?

(DO LIVRO AS FESTAS DA CATEQUESE PEDROSA FERREIRA) Material a preparar: -Um grande coração de cartolina. -Marcadores de várias cores

COMO E ONDE OS DONS DE PODER SE MANIFESTAM

Encontro de Revitalização da Pastoral Juvenil LUZES DOS DOCUMENTOS

O que a Bíblia diz sobre o dinheiro

COMUNIDADE QUE VIVE A FÉ EM DEUS MENINO

UMA IGREJA FORTE, SE FAZ COM MINISTÉRIOS FORTES

agora a algumas questões Quem pode receber o

Plano Pedagógico do Catecismo 6

COLÉGIO INTERNATO DOS CARVALHOS Equipa de Animação Pastoral

Pastoral Vocacional/ Serviço de Animação Vocacional

ASSEMBLEIA DO RENOVAMENTO CARISMÁTICO DA DIOCESE DO PORTO 21 de Abril de 2012

Técnicas de sobrevivência em meio à cultura contemporânea

Desafio para a família

Lição 1 - Apresentando o Evangelho Texto Bíblico Romanos 1.16,17

A OFERTA DE UM REI (I Crônicas 29:1-9). 5 - Quem, pois, está disposto a encher a sua mão, para oferecer hoje voluntariamente ao SENHOR?

Encontro a propósito do inquérito do Sínodo dos Bispos sobre a família

Preparar o ambiente com Bíblia, Cruz, velas, fotos e símbolos missionários. 1. ACOLHIDA

Objetivo e proposta evangelizadora

RITUAL DO BATISMO DE CRIANÇAS

Núcleo Fé & Cultura PUC-SP. A encíclica. Caritas in veritate. de Bento XVI

INSTITUTO SECULAR PEQUENAS APOSTOLAS DA CARIDADE

Eu vim para Servir (Mc 10,45) Campanha da Fraternidade 2015

Tema ASCENSÃO DO SENHOR

2015 O ANO DE COLHER ABRIL - 1 A RUA E O CAMINHO

CONCURSO PARA LETRA DO HINO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2012

XIIIº PLANO DIOCESANO DE PASTORAL Diocese de Inhambane TEMA: JUNTOS CRESCENDO FIRMES NA FÉ

Apostila 2 - Carismas

Retiro de Revisão de Metas do Querigma

Preparação de uma Equipa CPM

A iniciação à fé cristã das crianças de hoje - da teologia à pedagogia

A Santa Sé VISITA PASTORAL À PARÓQUIA ROMANA DE SÃO BARNABÉ HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II. Domingo, 30 de Janeiro de 1983

A relação de amor entre Deus e a humanidade

LIÇÃO 1 - COMEÇANDO A VIDA CRISTÃ

TRADIÇÃO. Patriarcado de Lisboa JUAN AMBROSIO / PAULO PAIVA 2º SEMESTRE ANO LETIVO TRADIÇÃO E TRADIÇÕES 2.

Documento do MEJ Internacional. O coração do Movimento Eucarístico Juvenil

A PRÁTICA DO PRECEITO: AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

A Santa Sé ENCONTRO COM OS JOVENS DE ROMA E DO LÁCIO EM PREPARAÇÃO À JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE DIÁLOGO DO PAPA BENTO XVI COM OS JOVENS

Boa sorte e que Deus abençoe muito seu esforço.

Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede


PASTORAL É O HOJE DA IGREJA

27 de dezembro de 2015 JUBILEU DA FAMILIA SUBSIDIOS PARA A PASSAGEM DA PORTA SANTA

Estes 20 dons mencionados por Paulo não são os únicos existentes, há outros dons que você pode descobrir em sua vida ou em sua igreja.

Prof. José Joaquim Fundador da Sociedade das Comunidades Catequéticas. Aprendendo com Jesus

ESTUDO 1 - ESTE É JESUS

Reunião de Seção DEVERES PARA COM DEUS

NORMATIVAS PARA A CELEBRAÇÃO DE CERIMÔNIAS DO RITUAL E OUTRAS

III MODELOS DE ORAÇÃO UNIVERSAL

COMUNIDADE TRANSFORMADORA UM OLHAR PARA FRENTE

Toda bíblia é comunicação

Conclusões do Encontro do Laicato Dominicano

Mosaicos #7 Escolhendo o caminho a seguir Hb 13:8-9. I A primeira ideia do texto é o apelo à firmeza da fé.

Classe Adultos. Esperança e Glória para os Salvos

MENSAGEM DE NATAL PM

A escola de Jesus Cristo

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 9, 10-17)

Entrada da Palavra: Comentário da Palavra: Permaneçamos em pé para acolher o Livro Santo de Nossa Fé, a Palavra de Deus, cantando.

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II PARA A XXXI JORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

Catequese sobre José O pai adoptivo de Jesus

Estamos começando um novo ano. É bom refletir sobre a natureza do nosso ministério.

HOMILIA: A CARIDADE PASTORAL A SERVIÇO DO POVO DE DEUS (1 Pd 5,1-4; Sl 22; Mc 10, 41-45) Amados irmãos e irmãs na graça do Batismo!

Jesus declarou: Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo. (João 3:3).

Vogal de Caridade Cadernos de Serviços

TIPOS DE RELACIONAMENTOS

REACENDENDO A ESPERANÇA CRISTÃ

Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira

COMO PREPARAR E COMUNICAR SEU TESTEMUNHO PESSOAL

BOM DIA DIÁRIO. Guia: Em nome do Pai

S.Tomé,19 de Fevereiro de Estimados irmãos, Intercessores e Mantenedores, Saudações em Cristo Jesus!

Compartilhando a Sua Fé

Felizes os puros de coração porque verão a Deus (Mt 5, 8)

UNIDADE 2: APRENDENDO A BRILHAR REVISÃO E CELEBRAÇÃO PARA PEQUENOS GRUPOS

PERGUNTAS & RESPOSTAS - FONTE ESTUDOS BÍBLICOS 2015

Tema 6: Vocação - nova relação Deus nos brindou com um coração marista

Onde bate hoje o coração da paz?

Módulo I O que é a Catequese?

Servidores da Caridade

GUIA DE BOAS PRÁTICAS

Lição. outros. Versículo Bíblico Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações Mateus 28:19

Orações da noite junto a um recém-nascido

ESBOÇO REFLEXÃO SOBRE O ARREBATAMENTO DA IGREJA

Discipulado Pastor Emanuel Adriano (Mano) DISCIPULADO

JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO PLANO DE AÇÃO

Transcrição:

Carta Pastoral 2013-2014 O Sínodo Diocesano. Em Comunhão para a Missão: participar e testemunhar Estamos no momento decisivo do Sínodo da nossa diocese de Viseu. Pela sua importância, para o presente e o futuro desta nossa Igreja, venho pedir o maior interesse, empenho e dedicação de todos os cristãos, nestes dois próximos anos. Na verdade, o Sínodo não se faz à margem dos cristãos leigos, religiosos e sacerdotes nem pode dispensar o seu contributo. Todos somos essenciais para que o Sínodo realize os efeitos que persegue e conduza aos frutos que, desde o seu início, programa, anuncia e deseja. Depois de termos sido chamados a olhar o Concílio Vaticano II como ponto de partida e referência para a renovação desta nossa Igreja de Viseu (tendo em conta as 4 Constituições fundamentais), estamos no momento certo para, nos próximos 2 anos e nos vários momentos da Assembleia Sinodal, elaborarmos e aprovarmos as orientações a seguir. Estas terão em conta a análise feita no percurso realizado e as inspirações que nos surgiram, em todo o caminho feito, à luz de cada uma das Constituições: Lumen Gentium, Dei Verbum, Sacrosanctum Concilium e Gaudium et Spes. Não queremos copiar referências, exemplos e respostas concretas de há 50 anos, pois a Igreja, na Sociedade, é fermento, intérprete, orientadora e libertadora no caminho que nos ensina e ajuda a percorrer, sendo sempre nova e anunciando sempre o novo... Porém, se estes 4 Documentos foram, há 50 anos, a chave de leitura da Igreja, eles são, ainda hoje, sinais dos tempos para o período pós-conciliar e luz para os desafios que a sociedade pós-moderna quase pós-cristã nos apresenta. Uns e outros desafiam-nos a tecer as linhas para construir e viver a Igreja que, caminhando com Jesus e seguindo-o fielmente, O apresente como Amigo, Próximo e Libertador a todas as pessoas e em todas as situações do nosso tempo. Enquanto vamos fazendo e percorrendo o caminho que nos está a ser oferecido preparando, reflectindo e aprovando propostas a apresentar à Assembleia Sinodal iremos, também, unidos como Igreja em missão no século XXI, viver, anunciar e testemunhar a Fé, fazendo-o sempre em comunhão para a missão. Propostas e pressupostos para o Caminho Desde o início deste percurso, contámos com a presença, ajuda e inspiração de Deus Pai, do Seu Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo. Este, prometido por Jesus e enviado pelo Pai para ser presença e alma da Igreja, é Guia e Mestre da nossa vida, em caminho de conversão permanente.

O século XXI será o século da interioridade e do discernimento das opções mais válidas, acolhendo-as e assumindo-as na vida pessoal, eclesial e comunitária ou não será tempo decisivo de crescimento da paz e da verdade, numa Sociedade cheia de experiências dúbias de valor e muito vazias de esperança. Os cristãos são chamados a discernir os tempos actuais e a fazer opções a partir da alma das pessoas e dos povos e do cerne das estruturas e dos critérios de decisão. Com a organização social aberta porque sem fronteiras ou limites de qualquer espécie urge viver e testemunhar valores que sejam inquestionáveis para os (tantas vezes dúbios) critérios das sondagens, das maiorias ou das estatísticas. Urge respeitar e afirmar o ser, o acreditar e o viver, não com slogans de fidelização dúbia e insegura mas com valores de experiências de vida afirmada, vivida e provada. Assim, de acordo com o Plano Pastoral para a diocese de Viseu, a viver em Sínodo, e em comunhão com os princípios de fé, de esperança e de confiança, agora reafirmados, propomo-nos: a) Fomentar um tempo de oração e de adoração semanal em cada Unidade Pastoral. Propõe-se que, semanalmente em cada Unidade Pastoral ou num conjunto de paróquias mais próximas e contemplando as diversas paróquias da mesma, se organizem tempos de oração e adoração. A programação e realização de actividades deve assentar, começar e rever-se na oração e na comunhão com o Senhor, o Bom Pastor. Esta firme comunhão com Jesus é a base para a vivência, o anúncio e o testemunho alegre e confiante dos valores da Fé, da Esperança e do Amor, vivendo, testemunhando e ensinando o Evangelho como Caminho, Verdade e Vida de cada cristão. Sabemos, todos nós, que Jesus é a fonte de vida das comunidades cristãs e só n Ele radicam as melhores e mais definitivas esperanças humanas. Ninguém chega ao Pai se não passar por Ele, pois só Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida para todos os que vêm a este mundo. Importa que tenhamos presentes estes princípios que são do próprio Senhor Jesus e importa que estejam bem visíveis nas nossas programações acreditando que, sem Ele, nada podemos fazer e só n Ele, com Ele e por Ele nós encontraremos a vida e a salvação. É Jesus a Cabeça e, ao mesmo tempo, a Fonte da Vida da Igreja. É Ele Quem prepara o coração dos que ouvem o chamamento ao apostolado, seja no sacerdócio, na vida religiosa ou na construção de uma família. É Ele o Mestre e o Pastor que forma os que vêm para os nossos Seminários.

b) Criar oportunidades e momentos específicos de graça como é um Retiro Espiritual. A Igreja é uma Comunidade específica, centrada na vida de Jesus e na Sua mensagem. É chamada a alimentar-se desta vida e a transmiti-la a todos, como vida gratuita e abundante que realiza, na plenitude da esperança e da alegria, todos os que dela e por ela vivem. De forma visível e explícita, nem todos sentem fome desta vida que Jesus é e dá. Porém, devemos anunciá-la, propô-la e distribuí-la, tornando-a acessível de forma abundante, e não somente pela Eucaristia. O acesso e a oportunidade do encontro, da conversão e da vivência da Eucaristia passam pela intimidade de conversa e de proximidade com a oração. Todos nós somos convidados a acreditar que Jesus tem os Seus planos e cria, Ele próprio, oportunidades para Se fazer próximo e companheiro no caminho dos que ama e chama e a quem quer falar, comunicando-lhes planos e projectos a viver, pessoal e eclesialmente. Por opções de vida e por circunstâncias e consequências que marcam as mesmas opções, nem todos os cristãos podem viver, da mesma forma, a participação na comunhão eucarística. A comunhão espiritual, realizada na proximidade e na relação possíveis, permite a intimidade orante de quem, com amor e fé, se aproxima e procura viver em coerência. Para todos os que o desejem, somos convidados a provocar felizes experiências de oração pessoal, ajudadas por orientadores que estimulem, ajudem e provoquem o encontro e a relação orante. Sejam jovens, adultos ou crianças; individualmente ou em grupo; em casal ou em família; ligados a movimentos ou membros de grupos, serviços e/ou ministérios eclesiais, na unidade pastoral e no arciprestado; seja organizando experiências locais ou aderindo a propostas de movimentos e/ou de outros serviços diocesanos... Tudo deve fazer parte de um projecto/programa pastoral, nas Unidades Pastorais, nas Paróquias e nos Arciprestados, de forma especial no plano dos próximos anos. Tenhamos bem presente: o serviço missionário nas periferias da nossa missão pastoral necessário e urgente somente resulta se não descuidamos o poder e a capacidade do fermento activo na acção com todos os que são chamados a vir e a ver o testemunho dos que crêem. c) Constituir uma oportunidade de Iniciação Cristã que seja Escola de Fé na Unidade Pastoral. Na Diocese têm sido feitas algumas experiências de formação cristã, em paróquias e em arciprestados, que têm ajudado a iniciar na vida cristã e a aprofundar as opções de vida eclesial e comunitária. Por vezes, a proposta

não tem muita adesão e, quando apresentada, é vista como desinteressante. Porém, para os que aderem, torna-se uma experiência humanamente rica e espiritualmente fecunda. O cristianismo passa a ser visto como vida e não como fria doutrina. Ser cristão aparece, então, como mais-valia para a vida, aumentando a auto-estima pessoal de seguidor de Jesus e de membro da Igreja, enquanto Comunidade cristã. Distinguindo o livremente proposto do obrigatório como acesso aos Sacramentos e a outros momentos de vivência e de celebração da Fé devemos propor, sempre e a todos os que nos vêm pedir alguma coisa, um caminho de aprofundamento da fé e da vida cristã. Importa ter presente deixando bem claro a quem nos procura que ser cristão não é cumprir leis e sujeitar-se a imposições, apresentadas e vistas como algo frio, exterior e legalista... Ser cristão e fazer parte da Igreja é aderir a uma Pessoa e ser membro de uma Comunidade. É escolher Jesus como o Salvador e aderir à Igreja como a Comunidade dos que seguem Jesus os cristãos. Em conclusão: ser cristão e fazer parte da Igreja é aderir a Jesus Cristo numa Comunidade, conhecer Quem Ele é e o que Ele propõe. Ser cristão e fazer parte da Igreja é conhecer, também, o que a Igreja é, faz e propõe para dela fazer parte e, em conjunto com todos os outros cristãos, ser Povo de Deus. Pode haver quem queira conhecer Jesus e aderir a Ele sem aceitar fazer parte da Igreja e cumprir o que a Igreja propõe... Pode haver quem se sinta atraído por Jesus Cristo e pelo Evangelho e não aceite a Igreja e as suas regras... Deve haver oportunidade de se fazer este caminho... Porém, quem o quer fazer sem aderir à Igreja, não pode exigir da Igreja os Sacramentos que a Ela foram confiados e dos quais Ela é garantia, guarda, juiz e responsável pela sua vivência e distribuição... É bom e desejável que qualquer pessoa possa aprofundar a sua relação com Jesus e aperceber-se do modo de acreditar e de viver dos cristãos que fazem parte da Igreja, na Comunidade concreta. Só ouvindo, vendo e privando com testemunhas próximas de Jesus se pode conhecer a vida dos cristãos... Perguntemo-nos então: nós, os cristãos, estamos preparados para passar nesta prova de verdade e de autenticidade? As nossas Comunidades pelo que dizem, fazem e vivem são testemunhas autênticas de Jesus e do Seu Evangelho? As nossas Eucaristias celebram, anunciam e apresentam Jesus Ressuscitado? Na nossa vida está patente o Evangelho da verdade, da fraternidade e do amor? Tenhamos bem presente: somente quem aceita ser parte da Igreja pode compreender e viver os Sacramentos e outros momentos e dimensões da Comunidade cristã. Somente quem aceita ser e fazer parte da Igreja pode assumir tarefas e responsabilidades que a visibilizam e a tornam referência

para todos, quer nas celebrações que são a sua vida quer nas instituições que a representam. Devem ser preocupações, cada vez maiores, para todos os membros da Comunidade desde o Bispo, ao Padre, a todos os outros agentes da acção pastoral celebrar bem a Eucaristia (sobretudo o Domingo), os Sacramentos e as celebrações da Palavra, preparando bem estes momentos fortes da vida comunitária; acolher e informar bem as pessoas que se dirigem à Comunidade, pedindo qualquer informação; apresentar meios e propostas de informação e de formação às pessoas que querem fazer algum caminho na Comunidade; ter, divulgar e distribuir às pessoas também às ausentes e às que vivem nas periferias propostas que a Comunidade tem, oferece e se propõe viver; ser Comunidade acolhedora e caritativa para todas as pessoas que, mesmo não fazendo parte, estão em situação de carência e de necessidade material, seja de forma habitual ou circunstancial... Ter presente o testemunho de amor dos primeiros cristãos e como este testemunho era fundamental na adesão a Jesus Cristo, na Igreja! d) Ser Igreja missionária e capaz de acolher todas as pessoas que batam à porta da Igreja. Sirvam como boas ilustrações e para vivermos bem este ponto que deve ser muito bem cuidado nas nossas Comunidades tantos exemplos bíblicos, do Antigo e do Novo Testamento. A todo o que bate à porta da Igreja pedindo ou exigindo, por vezes sem condições e sem paciência (...) o acolhimento que se faz e a resposta que se dá são sinais essenciais e decisivos para que, quem bate e vem, se sinta acolhido e com vontade de conhecer melhor a Casa, à qual Jesus convida a todos: Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos e aliviar-vos-ei (Mt 11, 28-30). Devemos imaginar tudo o que pode ter ocasionado a distância, a frieza e a revolta tantas vezes com culpas da própria instituição eclesial para semelhantes reacções. Uma pessoa que acolhe bem (e com o coração), dando uma resposta que inclua e compreenda as razões da distância e frieza ( ), são gestos e atitudes suficientes para fazer um acolhimento integrador na Casa comum, onde Cristo é Senhor e Mestre e nunca Juiz condenador. Todos nós Bispo, Sacerdotes, Leigos e Religiosos somos os maiores beneficiados da misericórdia, compreensão e amor do Bom Pastor. Devemos recordar o espírito de perdão, descrito por S. Mateus e como fazer uso da misericórdia recebida (cf Mt 18, 21-35). À Igreja não pertencem somente pessoas puras e santas... A Parábola da pesca e da rede que acolhe toda a casta de peixes mostra a diversidade da riqueza e da pobreza dos membros da Igreja que todos somos e formamos (cf Mt 13, 47-50). O tempo da Igreja proporciona e oferece

caminhos e oportunidades de purificação, de conversão, de opções de vida, de escolhas de libertação que, seguindo Jesus, trazem e alimentam uma vida nova e feliz. O testemunho e a experiência deste caminho, no bom e fraterno acolhimento a quem está fora, são preciosa ajuda para todos os que, integrando-se ou não na Igreja, experimentam a vida nova oferecida por Jesus a todos os que O conhecem e O seguem. Tenhamos sempre presente: nenhum cristão tem o exclusivo da Lei, do Evangelho, do Coração do Pai. Sabemos como somos convidados a contar com a Misericórdia de Deus a nosso respeito e para as nossas falhas... Não usemos nunca de medida estreita para avaliarmos os critérios de acolhimento e de entrada na Casa do Pai! A Igreja é Casa de Salvação para todos os que A procuram e batem à porta. Demos graças a Deus por nos chamar a ser testemunhas da Sua bondade, do Seu amor e da Sua graça. N Ele, somos intermediários e mediadores para todos os que, através de nós, se aproximam da Igreja e, nela, se encontram com Deus, com o amor e o perdão do Pai. Unido na vivência e concretização do Sínodo na nossa Diocese de Viseu, o bispo e irmão Ilídio Pinto Leandro VISEU, 2 de Setembro de 2013