Madalena. a mais" Cascais Tomé Temos caixas multi banco

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Transcrição:

A VIDA DO DINHEIRO Madalena Cascais Tomé Temos caixas multi banco a mais" A CEO da SIBS espera que desapareçam mais caixas multibanco. Quanto à nova diretiva de pagamentos, é uma oportunidade. Texto: Elisabete Tavares e Vítor Rodrigues Oliveira Criada há mais de 30 anos, a SIBS é detida pela banca e gere a rede multibanco, liderando o sistema de pagamentos em Portugal. As suas soluções chegam a mais de 300 milhões de utilizadores em vários países. Numa entrevista rara, Madalena Cascais Tomé, presidente executiva dafintech portuguesa, afirma que a revolução digital em curso no setor financeiro é uma oportunidade, que a empresa quer crescer no exterior e que continua a analisar uma parceria estratégica, com a potencial entrada de um novo acionista. Foi aprovada a lei que obriga os bancos a partilhar os dados dos clientes com as empresas concorrentes. Reconhece que estas novas regras europeias trazem perigos adicionais? Esta é uma diretiva sem precedentes em qualquer indústria. Desde logo, pelos bancos, que vão ter de abrir os dados dos seus clientes a outros setores mas terão, a bem dos clientes, de manter todas as questões de risco e segurança precavidas. Desde logo, também pelas

fintechs e por todas as empresas tecnológicas, que podem querer aceder a estes dados para introduzir novas experiências para os clientes finais. Mas esses riscos existem? Existem, e é curioso que ao mesmo tempo a Europa está a discutir setores a proteção de dados, que acaba por ser uma regulação que vem complementar essa componente de segurança. É uma diretiva que vemos como uma enorme oportunidade para contribuir para a digitalização dos pagamentos e dos vários setores, mas que também vemos que é algo que tem de ser feito com muita responsabilidade. Vai ser muito importante perceber, com a sua plena entrada em vigor, como é que os vários vão evoluir neste novo enquadramento. É a SIBS que vai facilitar o acesso aos dados àsfintechs? Sim. Estamos a trabalhar em Portugal numa plataforma que vai apoiar os bancos. A própria implementação desta diretiva, e porque estas API [interface de programação de aplicações) têm de ser partilhadas com acessos com um nível de segurança muito elevados, têm esforço de implementação por parte dos próprios bancos, e é esse esforço que estamos a facilitar com uma plataforma de API que vai servir os vários bancos em Portugal e que vai servir os TPP [third party provider] ou as entidades que se queiram ligar, para que as TPP possam aceder de forma fácil, prática, com acesso a um sandbox que possa facilitar o desenvolvimento e o teste de novos casos de uso e, no fundo, contribuindo para dinamizar este novo ecossistema. Estará tudo operacional guando a lei entrar em vigor? A plataforma já está operacional, estamos a começar alguns testes com alguns TPP e os testes mais abrangentes já com API vão come-

çar já a partir do final do primeiro trimestre e em setembro estaremos operacionais para disponibilizar a plataforma. A Autoridade da Concorrência identificou barreiras à entrada dasfíntechs. Não partilhamos dessa visão. Porque, na prática, esta diretiva vem normalizar o acesso não só do lado dos bancos - ao facilitarem o acesso -, mas também do lado áasfintechs. Porque já existem várias entidades que acedem a dados bancários de uma forma não regulada, através de screen scmping [recolha de dados para os disponibilizar numa aplicação, por exemplo], que é uma forma menos segura de aceder às contas bancárias. Esta diretiva traz esta preocupação adicional e vem garantir que estes TPP têm também de se registar. Deixa de ser possível que qualquer entidade sem qualquer tipo de registo deixe de aceder às contas bancárias e deixa de ser possível que o faça através de uma acesso menos seguro. A preocupação que a Comissão Europeia e o legislador europeu tiveram foi de garantir que há também uma normalização do acesso pelos TPP. Para a SIBS, que tem uma posição confortável no sistema de pagamentos em Portugal, o que é que vai mudar na prática? Para a SIBS nada vai mudar. Na prática, trabalhamos já num ecossistema que incorpora não só as entidades financeiras mas também um conjunto defintechs - muitas das principais a operar em Portugal trabalham com soluções da SIBS. Vemos este caminho de parceria e colaboração como muito positivo e estamos a trilhá-lo ainda antes desta diretiva. Lançámos em 2015 aquele que foi o primeiro programa de aceleração defintechs em Portugal na área dos pagamentos e na área da automatização. Não teme uma perda de influência no sistema de pagamentos? Pelo contrário. Os pagamentos eletrónicos e a digitalização são uma tendência que está em permanente aceleração. A tecnologia é multivariada e acreditamos que um ecossistema vibrante de novas experiências, casos de uso e serviços não só para clientes finais muitas destas fintechs, trazem soluções para as próprias empresas, para a SIBS por exemplo. Na Web Summit tivemos no nosso stand a demonstração de soluções que desenvolvemos em parceria com algumas fintechs, por exemplo uma vending machine com uma fintech que colaborou com o nosso programa de aceleração. Achamos que o importante é o estímulo à digitalização, aos pagamentos eletrónicos e contribuir para termos uma cashless society em Portugal em pleno. A SIBS desenvolveu a app MB Way, mas tem recebido algumas críticas de estar a tentar condicionar a concorrência. O Banco Central Europeu veio dizer que os esforços devem ser concentrados em soluções europeias. Reconhece alguma razão nestas críticas? De todo. Desde logo, porque o MB Way foi lançado no final de 2015, quando a Europa ainda não falava em pagamentos instantâneos. À data de hoje, passados três anos, fomos pioneiros em Portugal a lançar uma solução de pagamentos instantâneos e em dotar os portugueses de uma forma de pagar entre pessoas muito ágil e em tempo real. Prova disso é que hoje estamos prestes a atingir um milhão de utilizadores e cerca de 85% das transferências feitas são abaixo dos 50 euros, que é muito significativo se pensarmos que geralmente estas transações são feitas em cash. Hoje, 70% das movimentações ainda são feitas em dinheiro. Sim, esta percentagem aumenta nestes pagamentos de baixo valor e, portanto, é obviamente muito interessante. O facto de um milhão de portugueses, que é quase a totalidade dos mobile bankingusers e um sexto da população bancarizada, já escolher o MB Way como a sua forma de pagamento preferida. E ouvirmos constantemente que as pessoas podem andar sem carteira, podem fazer compras, transferências e levantar dinheiro é o melhor elogio que podemos ouvir. Agora, no advento do esquema europeu de instant payments, vamos evoluir para criar mecanismos de interoperabilidade, mas que só são possíveis à medida que outros países vão avançando e desenvolvendo as suas soluções de instant payment. A concorrência à SIBS não vem apenas das fintechs mas também através dos pagamentos tradicionais. Esta concorrência obriga a SIBS a internacionalizar-se ainda mais? Não, de todo. Como disse há pouco, há ainda um peso importante de transações em cash e, portanto, vemos a concorrência com bons olhos na medida em que vem estimular meios eletrónicos de pagamento. Não vem daí um estímulo extra para a internacionalização? Vem, como sempre, um estímulo para sermos cada vez melhores no que fazemos. Somos uma referência a nível mundial em eficiência, conveniência, segurança e inovação. Temos inúmeros casos de uso em que fomos os primeiros a lançar soluções de pagamento, como o caso do MB Way, e a nossa missão é continuarmos a ser um processador de referência. É óbvio que estando numa atividade de escala, como os pagamentos, e sendo o mercado europeu, o nosso desígnio é crescer, que é uma tendência também no resto da Europa. Portanto, temos a ambição de crescer internacionalmente. Estamos

a dar passos nesse sentido. O nosso crescimento internacional começou por ser orgânico, estamos em África em três das top 5 geografias africanas. Estamos na Europa e, recentemente, anunciámos a compra de um acquirer [a PayTel, que processa cartões de pagamento] na Polónia. A SIBS quer aumentar as receitas em 25%, para 200 milhões de euros, em cinco anos e já assumiu que continuará atenta a oportunidades de aquisição na Europa. Exato. Com o desígnio de crescer o peso da nossa atividade internacional de 8% para 15%. Estamos presentes em mercados que estão também em acelerado crescimento e queremos continuar a ser um player relevante e a consolidar a nossa aposição nesses mercados. Tem alvos adicionais na Europa? Temos alvos adicionais, mas a prioridade é crescermos em mercados onde estamos presentes e estudar oportunidades de consolidação nesses mercados. a liderança executiva da SIBS. É licenciada em Matemática Aplicada pelo Instituto Superior de Economia e Gestão e tem uma pós-graduação em Pesquisa de Mercado e CRM-Customer Relationship Management pela Universidade Nova de Lisboa. Perfil Uma gestora com precisão matemática A presidente executiva da SIBS começou a sua carreira na consultora Andersen, em 1999. Na altura, o mundo temia a passagem do milénio e o bugáo ano 2000. Madalena Cascais Tomé ingressou como consultora na Deloitte em 2001 e em 2003 saiu para a McKinsey, onde foi gestora de projetos e associate. Entrou em 2007 na Portugal Telecom, onde ocupou diversos cargos de direção, incluindo o de diretora de operações comerciais do MEO. Saiu do grupo PT em abril de 2015 para abraçar Quanto é que tem disponível para aquisições? Não vou revelar essa informação porque na prática passa muito mais pelo desígnio estratégico e pela oportunidade.

A SIBS procura um novo acionista. Como está esse processo? Estamos a analisar uma potencial parceria estratégia, enquadrada no contexto europeu neste setor e nestes movimentos de consolidação que têm ocorrido na Europa. O processo está a decorrer com naturalidade, sem prazos - estamos a avaliar parceiros industriais -, e está a ser liderado pelo conselho de administração. Temos um plano estratégico ambicioso para os próximos cinco anos e estamos decididos a perseguir essa visão. Como tem corrido o ano em termos de resultados para a SIBS? Muitíssimo bem. As transações e a eletronização dos pagamentos são uma tendência que se continua a verificar. Tipicamente a altura de maior número de transações é no Natal, neste ano atingimos em julho os mesmos níveis que tivemos no Natal do ano anterior. Estamos com um crescimento de cerca de 10% nas compras e a bater recordes de transações. Sobretudo, estamos num ano de grande dinâmica em projetos de inovação. Estamos a fazer um investimento sem precedentes em novas plataformas. Só neste ano lançámos a plataforma de instant payments conta a conta no paradigma europeu. Estamos a lançar a plataforma de open banking API, fizemos um upgrade à nossa plataforma de antifraude e segurança para estar capacitada com as mais recentes tecnologias de deteção de fraude. Quando há um problema no MB não podemos levantar dinheiro, não podemos fazer pagamentos, não há MB Way... O facto de haver esta rede, que traz vantagens, não pode significar também uma vulnerabilidade? Temos uma infraestrutura que preconiza isso, com dois data centers, algo completamente único, que é como ter duas SIBS a funcionar a todo o momento. Essas redes estão geolocalizadas em sítios completamente diferentes, com todas as redundâncias para que algo que aconteça num dos sistemas possa acontecer no outro. Foram eliminadas, desde 2011, 2400 caixas de multibanco. Neste ano há menos 220. Este processo vai continuar? Espero que sim, seria um motivo positivo de que as transações são cada vez mais eletrónicas. Portugal continua a ser o segundo país na Europa com mais ATM per capita e o número de movimentos nas caixas MB não diminuiu, o que significa que temos caixas MB a mais e que, a bem da eficiência, assim como de acompanhar a tendência natural de redução de cash, o fecho da rede de balcões irá manter-se e poderá ser acelerada. Que balanço faz da Web Summit? Um balanço muito positivo. É uma iniciativa muito importante para Portugal.