O CÉU NOTURNO: CONSTELAÇÕES E AFINS

Ensino de Astronomia no ABC O CÉU NOTURNO: CONSTELAÇÕES E AFINS Profª Fernanda Siniscalchi

Há um milhão e meio de anos, o homem está em pé. Há um milhão e meio de anos, ele eleva os olhos para o céu. Jean-Pierre Verdet

Observação celeste Para encontrar certo local na superfície da Terra, usamos algumas linhas imaginárias, como paralelos, meridianos, a linha do Equador e conceitos como latitude e longitude. O mesmo acontece na observação celeste, existem algumas linhas imaginárias que nos ajudam a encontrar objetos no céu.

A esfera celeste

A esfera celeste Horizonte: plano tangente à Terra, perpendicular à vertical do lugar em que está o observador. Zênite: ponto no qual a vertical do lugar intercepta a esfera celeste, acima do observador. Nadir: ponto diametralmente oposto ao Zênite.

A esfera celeste Equador celeste: prolongamento do Equador da Terra até a esfera celeste. Polo celeste: ponto em que o prolongamento do eixo de rotação da Terra intercepta a esfera. Ponto geográfico (Norte ou Sul): é o ponto da esfera celeste em que o círculo vertical que passa pelo Polo Celeste intercepta o Horizonte.

A esfera celeste

Coordenadas astronômicas Sistema horizontal: utiliza como plano fundamental o Horizonte celeste. O sistema horizontal é um sistema local (fixo na Terra). As coordenadas (azimute e altura) dependem do lugar e do instante da observação e não são características do astro.

Sistema horizontal Azimute: é o ângulo medido sobre o horizonte, no sentido horário (NLSO), com origem no Norte e fim no círculo vertical (semicírculo que vai do zênite ao nadir) do astro. Varia entre 0º a 360º. Altura: é o ângulo medido sobre o círculo vertical do astro, com origem no horizonte e fim no astro. Varia entre -90º e +90º.

Sistema horizontal

A latitude (geográfica) de um lugar é igual à altura do polo elevado. Sistema horizontal

Coordenadas astronômicas Sistema equatorial celeste: usa como plano fundamental o Equador celeste. O sistema equatorial celeste é fixo na esfera celeste, suas coordenadas não dependem do lugar e instante de observação. As coordenadas (ascensão reta e declinação) permanecem praticamente constantes.

Sistema equatorial celeste Ascensão reta: ângulo medido sobre o equador. Origem no meridiano que passa pelo ponto de Áries e fim no meridiano do astro. Varia entre 0h e 24h (ou 0º e 360º), aumenta para Leste. Declinação: ângulo medido sobre o meridiano do astro, com origem no equador e extremidade no astro. Varia entre -90º e +90º.

Sistema equatorial celeste

Constelações Grupos de estrelas aparentemente próximas.

Constelações Associação da posição dos astros com objetos das culturas dos astrônomos antigos. Os antigos dividiam o céu em partes para facilitar o seu reconhecimento. Identificar estações do ano, horário, direções.

Constelações Existem 88 constelações oficiais adotadas pela União Astronômica Internacional. Grande parte dessas constelações possui influência histórica das culturas greco-romana e islâmica e parte dos nomes das estrelas possuem influência árabe.

Delimitações das Constelações

Cultura celeste Diversas culturas possuem constelações diferentes das oficiais. Como forma de homenagear as divindades ou para lembrar a localização, muitas culturas criavam mitos em torno das constelações, os mais conhecidos são os greco-romanos.

Eclíptica A eclíptica é a projeção da trajetória aparente do Sol, da Lua e dos outros planetas.

Zodíaco O zodíaco é o conjunto das constelações que se encontram na eclíptica. Ao longo do ano, devido ao movimento aparente do Sol, ele atinge cada uma das constelações do zodíaco (mas não conseguimos ver, já que a luz do Sol ofusca as outras estrelas).

Zodíaco No total, o zodíaco possui 13 constelações: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer (Caranguejo), Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Ofiúco (Serpentário), Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes.

Eclíptica e parte do zodíaco

Zodíaco Céu hoje: Sol entrando na constelação de Peixes.

Constelação de Touro Touro está entre as constelações mais brilhantes, foi uma das primeiras a ser criada. Aldebaran, uma estrela vermelha, representa o olho do Touro. Está entre as estrelas mais brilhantes (13ª). No chifre do Touro, está a Nebulosa do Caranguejo.

Touro - mitologia Na mitologia grega, a constelação de Touro representa o mito de Zeus e Europa. Zeus (Júpiter na mitologia romana), um deus que apesar de casado, costumava seduzir humanas, se transformou em Touro para seduzir Europa, filha do rei de Tiro. Europa dá nome a uma das luas de Júpiter.

Áries, Touro e Gêmeos

Plêiades

Mitologia Caranguejo (Câncer) e Leão são constelações do zodíaco e se encontram lado a lado. Próximo a eles está a Hidra (monstro mitológico com corpo de dragão e várias cabeças de serpente). As três constelações representam seres derrotados por Hércules, um semideus filho de Zeus. A Hidra não faz parte do zodíaco.

Câncer e Leão

Câncer, Leão e Hidra

Virgem e Libra

Constelação de Escorpião Escorpião está entre as constelações mais brilhantes do céu, é facilmente identificável, principalmente no inverno. Antares é uma gigante vermelha, conhecida também como o coração do escorpião, é a 16ª estrela mais brilhante.

Constelação de Escorpião O nome da estrela vermelha vem da expressão Anti-Ares. Marte, o planeta vermelho, é chamado de Ares na mitologia romana. Quando estão próximos, os brilhos dos dois objetos rivalizam, por isso Ares e Anti-Ares (Antares). Entre as constelações de Escorpião e Sagitário, se encontra o centro da Via Láctea.

Escorpião, Ofiúco e Sagitário

Centro da Via Láctea

Capricórnio, Aquário e Peixes

Estações do ano Devido ao movimento aparente das estrelas ao longo do ano, cada estação é marcada por uma constelação, que se destaca no céu desta época.

Constelação de Órion Órion é uma das mais brilhantes constelações. Possui uma estrela gigante azul (Rigel) e uma gigante vermelha (Betelgeuse). O cinturão de Órion são três estrelas alinhadas, também conhecidas como Três Marias. Perto de Órion, na constelação Cão Maior, está a estrela Sirius, a mais brilhante do céu.

Órion - mitologia Órion, na mitologia grega, foi um gigante caçador. Acompanhando-o, estão seus cães de caça, as constelações Cão Maior e Cão Menor. Segundo a lenda, Órion perseguiu e tentou atacar as sete filhas de Atlas, conhecidas como Plêiades. Para ajudá-las, Zeus apontou um caminho no céu para elas. Órion é representado perseguindo-as.

Verão - Órion

Verão Órion

Nebulosa de Órion

Nebulosa da Chama e Cabeça de Cavalo

Outono - Leão

Escorpião - mitologia Diz a lenda que, devido a uma história de amor entre Órion e Ártemis, deusa da caça, foi enviado um escorpião para perseguir e matar o caçador. O Escorpião é representado no céu do lado oposto a Órion (o primeiro representa o inverno e o segundo, o verão).

Inverno - Escorpião

Primavera - Pégaso

Galáxia Andrômeda

Dicas de observação - Tentar se localizar geograficamente no lugar (pontos cardeais); - Procurar primeiro as estrelas mais brilhantes, para associar com a constelação; - Procurar primeiro constelações mais fáceis (Cruzeiro do Sul, Órion); - Localizar os objetos maiores (Lua e planetas);

Dicas de observação - Planetas terão brilho mais forte que as estrelas (Obs.: planetas não têm luz própria); - Os planetas não cintilam (não piscam), apenas quando há muita turbulência na atmosfera; - Planetas estão sempre próximos à eclíptica (trajetória aparente do Sol e da Lua).

Dicas de observação

Céu de Céu hoje de hoje: Oeste 20h 18h

Cruzeiro Céu do de Sul, hoje Nuvens de Magalhães

Centauro

Aglomerado Caixinha de Joias

Nebulosas Running Chicken e Carina

Ômega Centauri

Céu de hoje Noroeste 18:44 A ISS (Estação Espacial Internacional) passará pelo céu de Santo André. Visível a olho nu.

Sites úteis https://www.heavens-above.com/ http://www.skymaps.com/ http://stellarium.org/pt/

Referências BULFINCH, T.; O livro de ouro da mitologia, ed. Ediouro, 2006 CARROL, B. W.; OSTILE, D. A. An Introduction to Modern Astrophysics (2nd editon), editora Pearson / Addison Wesley, 2007 National Aeronautics and Space Administration. Disponível em: <https://www.nasa.gov/> OLIVEIRA, K; SARAIVA, M. F. Astronomia e Astrofísica, ed. Livraria da Física, 2014