NATAÇÃO: TREINAMENTO DE BASE EM CRIANÇAS E JOVENS *



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NATAÇÃO: TREINAMENTO DE BASE EM CRIANÇAS E JOVENS * Néstor Aldo García (Argentina) Associação de Instrutores, Professores e Treinadores de Natação A.I.P.E.N. - RESUMO O desenvolvimento do treinamento das crianças e jovens nadadores deve estar em correlação com as idades de máximo rendimento do esporte. Nos primeiros anos devemos construir uma base sólida, em que se possam apoiar no futuro. A mesma deve ser fundamentada com o desenvolvimento da capacidade aeróbica, através do trabalho de volume e ritmo. A velocidade se deve melhorar através de uma boa técnica e ritmos parecidos, por isso. É contraproducente o abuso com as distâncias e tempos de treinamento que lhes deve dedicar as crianças. Palavras chave: Natação. Treinamento. Treinamento de base. 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento do treinamento das crianças e jovens nadadores deve estar em correlação com as idades de máximo rendimento do esporte, de tal forma que o aumento progressivo no rendimento o leve a que alcance seus máximos resultados à idade ótima que corresponda a cada esporte. Em natação pouco a pouco foram subindo as idades médias dos finalistas Olímpicos, na atualidade isto nos permite estabelecer que a idade do máximo rendimento em rapazes está por cima dos vinte anos, sendo mais alta para os velocistas que para os fundistas. As mulheres chegam um pouco antes, devido a seu desenvolvimento é anterior ao dos rapazes. Também é coincidente em todo mundo que uma boa idade para o início dentro do esporte é ao redor dos 8 anos. Isto nos dá uma margem de trabalho de mais de dez anos, portanto não devemos apurar os passos. Todos concordam que nos primeiros anos devemos construir uma base sólida, em que se possam apoiar no futuro. A mesma deve ser fundamentalmente com o desenvolvimento da capacidade aeróbica, através do trabalho de volume e ritmo. Todos sabem que o desenvolvimento da capacidade aeróbica através do melhoramento de todas seus variáveis, permitirá-nos desenvolver no futuro os treinamentos de maior intensidade. Virtualmente todo mundo coincide nos treinamentos de volume nos nadadores jovens, aos efeitos de construir a base que lhe permita realizar em sua etapa específica os treinamentos de maior intensidade. Muitos treinadores de nível mundial acreditam nos treinamentos de larga distância, e estão convencidos que os nadadores treinados em largas distâncias nas idades tempranas estão em condições de competir em todas as provas. Um bom nadador é bom em todas as distâncias. Eles provaram que * Artigo disponível on line via: http://www.efdeportes.com/efd11/agarcia.htm

quanto mais grande é a base da pirâmide construída através de todos os anos de desenvolvimento, major será a altura alcançada nos resultados. Em 1963, em seu livro Natação, Forbes Carlile dizia Até certo ponto os velocistas mais acostumados podem concentrar-se mais nas distâncias curtas, mas, em geral observamos que ainda eles devem treinar-se nos 400 e 1500 metros, e que enquanto são jovens todos os nadadores devem treinar-se como se o fizessem para competências de 400 e 1500. Aqueles que tivessem aptidões especiais se farão velocistas ao seu devido tempo, mas, por meio de um cedo treinamento a distância, terão desenvolvido coração e pulmões resistentes. Sem ir em retaguarda de outras qualidades que fazem ao campeão. Virtualmente todos os velocistas campeões de estilo livre da Austrália começaram como nadadores de 400 e 1500 metros. Sabia você, por exemplo que Jan Henricks (ganhador Olímpico de 100 metros em 1956) até a idade de 15 anos foi nadador de 1500 metros e que em 1953 ganhou o campeonato Australiano dessa distância". Em um época atual um exemplo são as declarações do Alexandr Popov (Swimming World, Vol 37, julho de 1996). O possui o recorde mundial de 100 livre. Podemo-lo definir como um velocista nato. Entretanto o diz " eu nado 5.000 metros e um pouco mais em meu trabalho principal como treinamento de larga distância. Alguns dias realizo uma entrada em calor, logo um exercício principal de cinco km. depois disso uma ou duas séries de 25 metros, ou sprints mais curtos, logo uma volta à calma e isso é tudo. Geralmente treino 11 a 13 sessões semanais. Quando preciso treinar mais duro, realizo três sessões semanais. Usualmente médio 60 km. Semanais. Quando vou me aproximando da competência, começo competindo primeiro em 400 e 200, para logo passar aos 100 metros. Desta forma me é muito mais fácil. Em nosso meio todos os grandes nadadores de 100 e 200 metros de nossa época foram aqueles que trabalharam muito volume em sua etapa formativa (Fabián Ferrari, Conrado Leva, Alicia Boscatto, Sebastián Lasave, Daniel Garimaldi, as irmãos Juncos, Carlos Rava, Laura Pigliacampo, as irmãs Pinheiro, Valeria Alvarez, Virginia Sachero), enfim a lista é larga. Se observarmos atentamente os finalistas dos Campeonatos Argentino dos últimos dez anos, veremos que o 85 aos 90 % foram ocupados pelos nadadores cujos treinadores trabalham volúmenes importantes nas idades formativas, com programas orientados para a criação de uma base aeróbica importante. 2 FUNDAMENTOS FISIOLÓGICOS DO TREINAMENTO DE LONGA DURAÇÃO Que obtemos com os trabalhos de largas distâncias a moderada velocidade? Tudo o que tem que ver com a ingesta, transporte e utilização do Oxigeno. As mais importantes são: melhorar o volume inspiratório, a velocidade de intercâmbio gasoso, o acondicionamento do músculo cardíaco, com um aumento importante no volume sistólico, e menor volume residual..

Aumento do nível de hemoglobina, aumento em número e tamanho dos capilares, aumento em número e tamanho das mitocondrias, aumento da atividade enzimática aeróbica. Investigações realizadas demonstraram que o treinamento controlado de larga distância a velocidade moderada por comprido tempo é a melhor forma de obter esse acondicionamento. Por outro lado o treinamento de muito alta velocidade, é muito intenso para que nos permita realizar o trabalho suficiente para conseguir desenvolver a capacidade aeróbica.. Isto não quer dizer que o treinamento de resistência aeróbica não constrói força e potência muscular. Se o fizer. Mas o processo é muito mais lento e está marcado por um gradual incremento na intensidade do trabalho. Também devemos ter em conta o desenvolvimento da força e potência muscular pelo crescimento do nadador, o desenvolvimento sexual e a aparição da testosterona, que elevam o nível de força, sobre tudo no varão. 2.1 Benefícios técnicos do treinamento de longa duração Não esqueçamos que antes que pensar em treinar devemos obter uma boa técnica, portanto os meninos devem começar a treinar largas distâncias quando obtêm uma boa base técnica de seu estilo. Quando a criança não tem uma técnica correta automatizada, devemos ter em conta que as constantes repetições realizadas a baixa velocidade são ideais para construir os corretos patrões técnicos. Enquanto que as curtas distâncias executadas a máxima velocidade provocam deteriorações na técnica. As altas velocidades é muito difícil detectar corretamente os enganos, mas a baixas velocidades estes enganos se vêem magnificados e são muito mais fáceis de detectar, portanto de corrigir. Por último não esqueçamos que os meninos não têm suficiente potencializa muscular para desenvolver corretamente altas velocidades, por isso é mais adequado o trabalho de largas distâncias a velocidades moderadas. Enganos que muitas vezes se cometem no treinamento dos meninos Apesar de todo o anteriormente mencionado, dos benefícios de criar uma boa base de trabalho a idades tempranas, em nosso país, entretanto, expõem-se uma série de problemas nessas idades, sobretudo na orientação que dão a alguns planos de treinamento. As idades conflitivas, são as que precedem à puberdade. Muitas vezes o desenvolvimento precoce, estatura elevada para a idade e musculatura superior à média da idade cronológica, põe-nos adiante um menino - nadador que por essas características desenvolve uma velocidade superior ao resto em distâncias curtas. Muitos treinadores, entusiasmados, pressionados ou vá ou seja por que motivos, cometem o muito grave engano de trabalhar duramente a zona láctica nessa idade, esquecendo do treinamento aeróbico. Obtivessem

grandes resultados em um lapso muito curto de tempo, marcas surpreendentes em 50 e 100 metros, mas geralmente existe um grande desequilíbrio nas marcas de 400, 800 e 1500 (se é que os corre), índice eloqüente de que seu trabalho de base é muito pobre. Nestes casos são nadadores que em juvenis B encontram seu estancamento e não podem progredir mais, porque não têm base para suportar treinamentos mais duros, o que os faz afastar rapidamente do esporte. Há muitos exemplos em nosso meio, somente observem o ranking ou os recordes nacionais de Infantis, de 10 anos a esta parte, em distâncias curtas, e vejam até onde chegaram esses nadadores. Por outro lado se encontram aqueles treinadores que submetem aos nadadores a cargas ou volumes muito alto, ou treinamentos sem nenhuma razão técnica nem fisiológica. Vi através dos anos que tenho dentro deste esporte muitas barbaridades. Infantis A que nadam 9.000 metros por sessão e que treinam dobro turno durante todo o ano. Pre infantis, infantis A e B treinando com sobrecarga, vestidos, com remadora calça comprido e sapatilhas, esquecendo-se da técnica. Realizar uma tiragem de três horas a nadadores infantis B como se fossem donos de hospedaria de águas abertas, enfim, muitas mais que seria muito comprido enumerar. Encontram a justificação nos rápidos resultados obtidos, ou o que é pior, os bons resultados de alguns meninos que possuem grandes condicione, e que chegariam igual com trabalhos muito mais coerentes. Mas é possível que estes excessos os afastem também rapidamente do esporte, por aborrecimento, fadiga, etc. Não esqueçamos que o treinamento é um processo de contínua adaptação. Se nós utilizarmos todas as armas a idades tempranas, como ou com que provocamos as modificações necessárias para o progresso quando os nadadores cheguem a idades adultas (se chegarem). No outro extremo se encontram os treinadores que os fazem nadar muito pouco, trabalhos muito curtos para construir uma base que nos permita um bom desenvolvimento das outras capacidades. Além disso se aos 12 ou 13 anos não aprende o que significa treinar, (disciplina, continuidade, esforço, sacrifício, etc.) é muito difícil que mais adiante se meta dentro dessa disciplina esportiva. 2.2 Como treinar a base nas idades menores Deve estar fundamentado em formas de trabalho aeróbicas, baixa a média intensidade e volumes importantes. Por sua vez o treinamento de base deve responder às seguintes regras: - Formação básica polivalente com aprendizagem e domínio das quatro técnicas de nado. - Deve-se recorrer a formas e métodos de treinamento múltiplos e de formação geral. - Aquisição de habilidades técnicas básicas estabelecendo uma ampla base motora.

O objetivo é ir aprendendo gradualmente a nadar pouco a pouco mais rápido cada dia, enquanto se aperfeiçoa a técnica e se desenvolve o conceito de ritmo. É conveniente que aos nadadores lhes peça que nadem o mais rápido que possam mantendo um ritmo parecido e estável, com a menor quantidade de braçadas possíveis. Um dos fatores fundamentais neste momento é a TÉCNICA, na qual devemos fazer insistência constantemente. Um dos problemas é o volume em metros a treinar por dia ou sessão. Entendo que devemos nos esquecer do mesmo, e tomar o conceito de tempo de trabalho. Dentro desse tempo estabelecido realizar a maior quantidade de metros possíveis.. À medida que a criança vai progredindo ira aumentando a quantidade de metros que nada em uma sessão. Mas o tempo que lhe leva o mesmo, sempre e quando for o adequado à idade, permite-lhe finalizar sem um grande esgotamento psíquico, realizar volumes importantes, e acostumar-se a ir melhorando seus ritmos de nado. Como uma idéia orientadora e aos efeitos de não cair em algum dos enganos mencionados anteriormente podemos estabelecer que os tempos de trabalho para cada idade seriam: Desde 8 a 9 anos.de 1 hora. Desde 10 a 11 anos.de 1.15 a 1.30 hs. Desde 12 a 13 anos de 1.30 a 2 hs. É obvio que isto não pretende estabelecer tempos fixos e rígidos, "TREINAR NÃO É MATEMÁTICA", não sempre dois mais dois são quatro. Cada um adaptará a idéia a seu critério, possibilidades, capacidade do grupo, horários, etc. A organização e distribuição dos tempos de treinamento devem obedecer mais ou menos ao seguinte: MENINOS DE 8 A 9 ANOS. 1 hora - 10 minutos de entrada em calor - 30 minutos de trabalho principal - 15 minutos de perna ou trabalho técnico - 5 minutos de volta à calma. MENINOS DE 10 A 11 ANOS. 1 HORA E MEIA - 10 minutos de entrada em calor - 40 a 45 minutos de trabalho principal - 15 minutos de perna ou exercícios corretivos - 15 minutos de braços ou trabalho de estilos - 5 minutos de volta à calma MENINOS DE 12 A 13 ANOS. de 1 hora 45 a 2 horas - 10 minutos de entrada em calor - 50 minutos de trabalho principal - 20 minutos de trabalho de perna ou drills - 20 minutos de trabalho de braços ou estilo

- 5 minutos de volta à calma Dentro dos tempos estipulados estão os que se demoram para passar de um trabalho ao outro. É importante que este não ultrapasse nunca os 2 minutos. Se os meninos vão progredindo, à medida que vai transcorrendo os anos serão capazes de nadar maior quantidade de metros, em um mesmo tempo, portanto as distintas idades nadam mais metros não somente porque aumenta o tempo de trabalho mas sim porque sua velocidade é maior. Os meninos da mesma idade nadarão mais metros ao final de uma ano, mantendo o seus minutos de treinamento por sessão Um exemplo O plano seria um aquecimento. Repetições de 200 no trabalho principal. Repetições de 50 em perna. Repetições de 100 em braços e volta à calma. TIPO DE TREINAMENTO NADADORES DE BOM NÍVEL NADADORES DE REGULAR NÍVEL Repetições Tempo Repetições Tempo dentro de dentro de Aquecimento 700 9' 10' Trabalho 200 x 18 a 2'45" 49'30" 14 a 3'30" 49' principal Trabalho de 50 x 24 a 55" 20'10" 16 a 1'15" 20' pernas Trabalho de 100 x 14 a 1'30" 21' 10 a 2' 20' braços Volta a calma 400 5'30"' 5'50" TOTAL VOLUME e TEMPO 7.300 1h.45'10" 5.700' 1h.44'50" Vemos nestes dois planos que em um mesmo tempo de treinamento os nadadores de bom nível percorrem 1600 metros mais que aqueles que têm um nível inferior. A idéia não é que os dois realizem o mesmo volume, mas sim paulatinamente o grupo inferior vá entrando nos tempos de trabalho do superior e dessa forma poder realizar o mesmo volume. É obvio que ao outro lhe exigiremos mais, para que percorra major distancia no mesmo tempo. Se este conceito o aplicarmos a todas as formas de trabalho, e além disso tratamos de reduzir ao máximo o tempo de demora entre cada exercício., o grupo nadará muitos mais metros no mesmo tempo 2.3 A periodização na infância Não esqueçamos que o objetivo é alcançar o máximo rendimento na idade adequada. Uma periodização com 2 postas a ponto se chocará com as exigências escolar e leva geralmente a cargas e intensidades inadequadas para a idade.

É mais lógico não trabalhar com postas a ponto definidas. Respeitar os períodos de recessão escolar. Desta forma o menino pode desfrutar das férias necessárias com sua família, e estes períodos de descanso lhe proporcionam a pausa necessária para que o desenvolvimento do treinamento seja adequado (4 semanas no verão, 2 semanas no inverno, 1 semana em abril ou maio e 1 semana em setembro ou outubro.). Os períodos de treinamento relativamente breves, garantem fases suficientes de recuperação e restauração, fundamental no organismo dos meninos. Em infantis A é conveniente treinar ao máximo 6 sessões semanais no inverno, e lhe adicionar um ou dois mais no verão, com alto conteúdo técnico. no verão. Em infantis B. treinar 6 sessões no inverno e lhe adicionar de 3 a 4 Os juvenis A. treinar 8 sessões no inverno, dentro das possibilidades lógicas, e de 10 a 11 no verão. As competências permitem um controle contínuo do efeito das formas e métodos de treinamento, proporcionando uma direção ótima no processo de treinamento. As competências servem sobretudo para diversificar o treinamento e suas exigências, e para manter a motivação. Elas não devem perturbar o processo de treinamento a longo prazo por uma preparação especial. 3 CONCLUSÕES - Treinemos a capacidade aeróbica nas idades tempranas. - Não tratemos de obter a grande marca em 50, matando-o ao menino com treinamentos lácticos. - A técnica deve ter a importância que merece. - Deve-se conseguir melhorar a velocidade através de um boa técnica e ritmos parecidos. - Não cometamos abusos com as distâncias e tempos de treinamento que lhes deve dedicar aos meninos. - Treinemos com o objetivo de dez ou mais anos.

Índice 1 INTRODUÇÃO... 1 2 FUNDAMENTOS FISIOLÓGICOS DO TREINAMENTO DE LONGA DURAÇÃO... 2 2.1 Benefícios técnicos do treinamento de longa duração... 3 2.2 Como treinar a base nas idades menores... 4 2.3 A periodização na infância... 6 3 CONCLUSÕES... 7