EFEITO DE DIFERENTES GRAUS DE MATURAÇÃO DO CAFÉ (Coffea arábica L.) E DIFERENTES TEMPERATURAS DE SECAGEM NA QUALIDADE*

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Transcrição:

EFEITO DE DIFERENTES GRAUS DE MATURAÇÃO DO CAFÉ (Coffea arábica L.) E DIFERENTES TEERATURAS DE SECAGEM NA QUALIDADE* OLIVEIRA, G.A. 1 ; VILELA, E.R. 2 ; BORÉM, F.M. 3 ; PEREIRA, R.G.F.A 4 e ANDRADE, E.T. 5 * Pesquisa financiada pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café 1 Engª.-Agrícola, Doutoranda - DCA/UFLA- Lavras-MG, <vaninha@ufla.br>; 2 Prof. Titular, aposentado, bolsista do CNPq- Produtividade- DCA/UFLA-Lavras, MG, <ervilela@ufla.br>; 3 DS. Prof. Adjunto, Departamento de Engenharia Agrícola, UFLA-Lavras-MG, <borém@ufla.br>; 4 DS. Prof. Adjunto, Departamento de Ciência dos Alimentos, UFLA Lavras-MG, <rosegfap@ufla.br>; 5 Eng o -Agrícola, DS - DCA/UFLA- Lavras-MG, <ednilton@ufla.br> RESUMO: Os objetivos desta pesquisa foram estudar, física e quimicamente, a qualidade do café com diferentes graus de maturação e secos em diferentes temperaturas. O trabalho foi realizado nos Departamentos de Ciência dos Alimentos e de Agricultura da Universidade Federal de Lavras e na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG). Foram utilizados cafés cereja, bóia/seco e mistura (derriça no pano) como matéria-prima para secagem e armazenamento. A secagem foi feita em terreiro e em secador experimental de camada fixa, utilizando temperaturas, na massa de café, de 45 o C, 50 o C e 55 o C para cada estádio de maturação. O café foi armazenado em sacos de aniagem por seis meses, em condições ambientais, com monitoramento das condições de temperatura e umidade relativa do ar. As análises (classificação por tipo e bebida, umidade, índice de coloração e atividade enzimática da polifenoloxidase) foram realizadas nos meses de setembro/1999, novembro/1999, janeiro/2000 e março/2000. Pelos resultados obtidos, concluímos que a prova de xícara é um pouco subjetiva, pois todas as amostras se classificaram como bebida dura. Todas as análises feitas tiveram diferenças significativas entre as amostras de café bóia, cereja e mistura, com melhores resultados, de modo geral, para a secagem em terreiro, para a secagem em secador utilizando temperaturas de 45 o C e 50 o C e para o café cereja. Palavras-chave: café, secagem, qualidade, armazenamento. EFFECT OF DIFFERENT DEGREES OF MATURATION AND DIFFERENT DRYING TEERATURES IN THE COFFEE (Coffea arabica L.) QUALITY ABSTRACT: The objectives of that research went to study, physics and chemically, the quality of the coffee with different maturation degrees and dry in different temperatures. The drying was made at yard and in experimental dryer of layer it fastens, using temperatures, in the mass of coffee, of 45 o C, 50 o C and 55 o C to each maturation stadium. The coffee was stored in burlap sacks by 6 months, in environmental 864

conditions, with evaluate of the temperature conditions and relative humidity of the air. The analyses (classification for type and drink, humidity, coloration index and enzymatic activity of the polifenoloxidase) they were accomplished in the months of september/1999, november/1999, january/2000 and march/2000. For the obtained results, we concluded that the cup proof is a little subjective, because all the samples were classified as drink it lasts. All the done analyses had significant differences among the samples of coffee it floats, cherry and it mixes, with better results, in the general, for the drying in yard, for the drying in dryer using temperatures of 45 o C and 50 o C and for the cherrycolored coffee. Key words: coffee, drying, quality, storage. INTRODUÇÃO Por possuir mais de uma floração, o café apresenta diferentes características em relação a maturação, cor, densidade e teor de umidade, com maiores quantidades de frutos cereja e verde no início da colheita e maiores quantidades de frutos passa e bóia ao final da colheita, conforme Carvalho e Chalfoun (1985). Essa desuniformidade dos frutos, aliada a uma secagem mal feita, prejudica a qualidade do café. Pimenta (1995) estudou a influência da fase de maturação dos frutos na qualidade. O autor relata que os frutos no estádio cereja apresentaram maior atividade da polifenoloxidase e peso de grãos, baixos teores de fenólicos totais, cafeína, lixiviação de potássio e teores mais elevados de açúcares. O estádio de maturação verde mostrou teores mais elevados de fenólicos totais, cinza, potássio, proteína bruta, fibra bruta, cafeína e lixiviação de potássio. A secagem é uma das mais importantes fases no processamento do café, tanto no aspecto de consumo de energia como na influência que essa operação tem sobre a qualidade final do produto (Lacerda Filho,1986). A correlação entre temperaturas de secagem e diferentes estádios de maturação e a relação desses parâmetros com a qualidade do café não têm sido muito pesquisadas. Há um consenso na literatura e entre os produtores de que a temperatura na massa de café não pode ultrapassar 45 o C. Não encontramos nenhum trabalho que nos desse uma base científica para esse problema. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar a qualidade, através de parâmetros físicos e químicos, de café com diferentes estádios de maturação e secos em diferentes temperaturas. 865

MATERIAL E MÉTODOS Esta pesquisa foi realizada nas instalações de Processamento de Sementes da Universidade Federal de Lavras, no Laboratório de Grãos e Cereais do Departamento de Ciência dos Alimentos e no Laboratório de Qualidade do Café da EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), no campus da UFLA. O café, da variedade Mundo Novo, foi colhido em 1999 nas lavouras das fazendas experimentais Vitorinha e Palmital, pertencentes à FAEPE (Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão), em Ijaci, MG. Após a colheita, o café foi passado pelo lavador para a separação dos frutos. Foram utilizados cafés cereja, bóia/seco e mistura (derriça no pano) como matéria-prima para secagem e armazenamento. A secagem foi feita em terreiro e em secador experimental de camada fixa, utilizando temperaturas, na massa de café, de 45 o C, 50 o C e 55 0 C para cada estádio de maturação. O fluxo de ar foi fixado em 21 m 3 /min/m 2. As secagens foram acompanhadas com registros das temperaturas no interior da massa de grãos, em quatro pontos da câmara de secagem, e foram feitas determinações de umidade inicial e porcentagens de frutos cereja, verde, passa e seco. Depois da secagem, as amostras foram beneficiadas e parte delas colocada em recipientes fechados, para as análises iniciais. O restante foi armazenado em sacos de aniagem por seis meses, em condições ambientais, com monitoramento das condições de temperatura e umidade relativa do ar. As análises físicas e químicas foram realizadas nos laboratórios anteriormente especificados, sendo feitas classificações por tipo e bebida em cooperativas da região, por provadores credenciados. Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado, com parcela subdividida no tempo, com três matérias-primas (bóia, cereja e mistura), três temperaturas de secagem e seis meses de armazenamento. Os tipos de secagem (terreiro e secador) foram analisados separadamente, pois para terreiro foram consideradas três épocas de colheita. As análises, feitas de dois em dois meses (set./99, nov./99, jan./00 e mar./00), foram: 1. Classificação por tipo e bebida Feita por provadores credenciados da cooperativa de Três Pontas, em Minas Gerais. 2. Umidade Determinada pela perda de peso em estufa regulada a 105 C por 24 horas, com circulação de ar até obtenção do peso constante. 3. Índice de coloração 866

Determinado pelo método descrito por Singleton (1966) e adaptado para o café de acordo com Carvalho et al. (1994). 4. Atividade enzimática da polifenoloxidase (U/minuto/g de amostra) O extrato enzimático foi obtido através da adaptação do processo de extração descrito por Draetta e Lima (1976). Foram pesados 5 g de amostra de café moído, adicionando-se a seguir 40 ml de tampão fosfato de potássio 0,1 M ph 6,0 e agitando-se por cinco minutos. Todo o material utilizado foi mantido gelado. Após a agitação, as amostras foram submetidas à filtração a vácuo, utilizando-se papel Whatman n o 1. A atividade enzimática foi determinada pelo método descrito por Ponting e Joslyng (1948), usando o extrato da amostra sem o Dopa como branco. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta a classificação do café por tipo e bebida. Observamos que o café mistura, seco a 45 o C, obteve melhor classificação por tipo e que os cafés secos com 55 o C, independentemente do tipo de matéria-prima, obtiveram classificação 6/7, demonstrando a influência da maior temperatura de secagem na qualidade física. Os cafés secos em terreiro, no geral, apresentaram melhores resultados, comparados aos secos em secador. Com relação à classificação por bebida, não houve muitas variações, ficando na classificação de bebida dura. Tabela 1 - Classificação do café usando diferentes matérias primas, secas em terreiro e em secador experimental de camada fixa - SAFRA: 99/2000 Terreiro Secador Classif. Bóia Cereja Mistura Bóia Cereja Mistura 45 o C 50 o C 55 o C 45 o C 50 o C 55 o C 45 o C 50 o C 55 o C Tipo 6 5/6 5/6 5/6 6 6/7 6 5/6 6/7 5 6/7 6/7 Bebida d d *, f *, v * d, f, v d d,v d, f, v d d d, f, v d, f, v d,f d,f * d = dura; f = fermentada; v = verde. Nas Tabelas 2 e 3 são mostrados os valores médios de umidade dos diferentes cafés, secos em terreiro e em secador. Não há uma tendência de diferenças nesses teores, seja sob o efeito da época de colheita, tipo de café ou temperatura de secagem. Com relação ao tempo de armazenamento, todos tiveram alto valor de umidade em janeiro, que foi um período chuvoso e com alta umidade relativa do ar. 867

Tabela 2 - Valores médios de umidade (% b.u.) de diferentes matérias-primas (), colhidas em três épocas (1 a época = 10/06/99, 2 a época = 30/06/99 e 3 a época = 20/07/99), secas em terreiro e armazenadas por seis meses 1 a época 2 a época 3 a época Set nov Jan Mar set nov jan Mar set nov jan mar Bóia 11,43 11,30 14,78 13,10 11,08 11,22 14,09 12,79 10,57 11,04 14,59 13,14 Cereja 11,48 11,20 14,28 12,88 11,99 11,63 14,27 13,25 13,56 11,56 14,45 12,90 Mistura 13,46 11,33 14,31 13,00 13,45 11,43 14,80 13,28 13,42 11,03 13,79 13,11 Na Tabela 3 encontram-se as umidades do café seco em secador, em três temperaturas de secagem e durante os meses de setembro, novembro, janeiro e março. Os valores de umidade após a secagem (setembro) para cereja e mistura, secos 50 o C e 55 o C, foram menores do que os do bóia, mas a partir do 2 o mês de armazenamento entraram em equilíbrio com o ar ambiente, obtendo-se valores aproximados de umidade para as três matérias-primas utilizadas. Os valores também foram maiores no período chuvoso. Tabela 3 - Valores médios de umidade (% b.u.) de diferentes matérias-primas (), secas em secador experimental de camada fixa usando três temperaturas de secagem e armazenadas por seis meses 45 o C 50 o C 55 o C Set. Nov. Jan. Mar. Set. Nov. Jan. mar. Set. Nov. Jan. Mar. Bóia 13,20 10,92 13,75 12,87 13,38 10,78 13,77 12,68 13,05 10,64 13,30 12,32 Cereja 12,68 11,21 14,65a 12,70 10,75 10,85 13,32 12,37 10,08 10,01 12,68 12,01 Mistura 11,41 11,13 14,63 13,29 10,97 10,84 13,56 12,81 10,77 10,65 13,60 12,18 As Tabelas 4 e 5 apresentam os valores médios de índice de coloração dos cafés bóia, cereja e mistura, para secagem em terreiro e em secador, respectivamente. Pela Tabela 4, notamos que houve variações significativas nos valores de índice de coloração entre bóia, cereja e mistura, em todas as épocas de colheita e em todos os meses de armazenamento. O café mistura, no geral (para todas as temperaturas e durante todo o armazenamento, com algumas exceções), obteve maiores valores de índice de coloração, conservando melhor a cor. Analisando o café cereja, notamos que após a secagem (setembro) o índice de coloração foi maior do que o de bóia e mistura para 2 a e 3 a épocas e sensivelmente menor para a 1 a época. Durante o 868

armazenamento, o índice de coloração diminuiu nas três matérias-primas e nas três épocas de secagem, mostrando o branqueamento dos grãos. Tabela 4 - Valores médios de índice de coloração (D.O. 425 nm) de diferentes matérias-primas (), colhidas em três épocas (1 a época = 10/06/99, 2 a época = 30/06/99 e 3 a época = 20/07/99), secas em terreiro e armazenadas por seis meses 1 a época 2 a época 3 a época Set. Nov. Jan. mar. set. nov. jan. mar. set. nov. jan. mar. Bóia 1,095b 1,207b 0,673b 0,681b 0,856c 1,314c 0,911b 0,654b 0,980c 1,355c 1,041b 0,791a Cereja 1,021c 1,010c 0,671b 0,628c 1,423a 1,374b 0,771c 0,639c 1,260a 1,379b 0,674c 0,603b Mistura 1,249a 1,444a 0,880a 0,785a 1,138b 1,594a 1,049a 0,843a 1,009b 1,410a 1,277a 0,545c * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si a 5% de significância, lidas na vertical. A Tabela 5 mostra os valores do índice de coloração das amostras submetidas a três temperaturas de secagem. Aqui também houve diferenças significativas entre bóia, cereja e mistura, em todas as épocas de colheita e em todos os meses de armazenamento. O café cereja, nitidamente, foi mais sensível à temperatura de 55 o C, com valor inicial de índice de coloração de 0,592, já característico de branqueamento. Com exceção do café bóia, seco a 55 o C, os valores do índice de coloração diminuíram bruscamente no mês de janeiro, para as demais temperaturas e matérias-primas usadas. Essa diminuição ainda foi maior para as temperaturas de 50 o C e 55 o C, mostrando que a alta temperatura de secagem aliada à mais alta umidade do café no mês de janeiro, prejudicou a cor do café. Tabela 5. Valores médios de índice de coloração (D.O. 425 nm) de diferentes matérias-primas (), secas em secador experimental de camada fixa usando três temperaturas de secagem e armazenadas por seis meses 45 o C 50 o C 55 o C set. nov. jan. mar. set. nov. jan. mar. set. nov. jan. mar. Bóia 0,705c 1,263a 0,695c 0,607c 1,358a 1,519a 0,883a 0,871b 0,878b 0,739b 0,985a 0,633b Cereja 0,851b 1,075c 1,015a 0,813b 0,945c 1,289b 0,446c 0,728c 0,592c 0,720c 0,475c 0,362c Mistura 1,047a 1,249b 0,851b 0,937a 1,138b 1,105c 0,558b 1,040a 1,240a 1,039a 0,773b 0,813a * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de significäncia, lidas na vertical 869

Nas Tabelas 6 e 7 encontram-se os valores da enzima polifenoloxidase para secagem em terreiro e em secador, respectivamente. Para terreiro, as amostras de café bóia, cereja e mistura tiveram variações significativas em todas as épocas de colheita e em todos os meses de armazenamento. Os valores oscilaram muito durante o tempo de armazenamento, sendo o maior valor para bóia, na avaliação inicial e na 1 a época, e o menor valor para mistura, na 3 a época e em novembro. Apesar das diferenças nos valores, eles estão dentro dos padrões encontrados para enzima. Tabela 6 - Valores médios da enzima polifenoloxidase (U/min/g), em base seca, de diferentes matérias primas (), colhidas em três épocas (1 a época = 10/06/99, 2 a época = 30/06/99 e 3 a época = 20/07/99), secas em terreiro e armazenadas por seis meses 1 a época 2 a época 3 a época set. nov. jan. mar. set. nov. jan. mar. set. nov. jan. mar. Bóia 77,62a 76,90 a 72,10c 74,10b 76,09a 73,58 a 74,23a 72,89 b 73,22b 73,00 a 72,67 c 74,54b Cereja 74,14b 70,05 b 74,85a 77,12a 71,30c 70,84 b 74,29a 76,65 a 68,74c 70,34 b 74,08 a 75,67a Mistura 71,63c 69,46 c 72,61b 71,73c 73,50b 69,37 c 72,56b 71,97 c 75,00a 68,18 c 73,52 b 71,83c * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si a 5% de significância, lidas na vertical. Para secador (Tabela 7), observamos que, com exceção da análise inicial na temperatura de 45 o C, houve diferenças significativas nas amostras de café bóia, cereja e mistura, em todos os meses de armazenamento e em todas as temperaturas utilizadas. Analisando a tabela, notamos que, no geral, os valores foram menores na temperatura de 55 o C, para todas as matérias-primas, principalmente no mês de setembro, logo após a secagem. Isso pode mostrar a influência da alta temperatura de secagem na enzima do café. Tabela 7 - Valores médios da enzima polifenoloxidase (U/min/g) de diferentes matérias-primas (), secas em secador experimental de camada fixa usando três temperaturas de secagem e armazenadas por seis meses 45 o C 50 o C 55 o C set. nov. jan. mar. set. nov. jan. mar. set. Nov. jan. mar. Bóia 73,46a 67,22 c 75,29a 75,38 a 72,28c 67,98 b 74,86 a 76,81 a 70,65 b 67,70 c 73,55 a 71,84c Cereja 73,47a 72,70 b 75,17a 70,83 c 74,07b 74,14 a 69,98b 71,22 b 70,48 b 73,46 b 70,80 c 74,24a Mistura 73,30a 75,26 a 73,69b 74,61b 77,13a 73,70 a 74,40 a 69,57 c 71,81 a 73,99 a 72,46 b 73,72b * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si a 5% de significância, lidas na vertical. 870

CONCLUSÕES Nesta pesquisa, concluímos que os índices utilizados, em geral, não foram sensíveis para detectar diferenças definidas de qualidade em função das variáveis utilizadas, como tem acontecido em outros tipos de trabalho. Somente a temperatura de 55 o C mostrou pequeno efeito na cor dos grãos obtidos do café cereja. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIATION 0FFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analyses of the Association of Official Analytical Chemists. 15.ed. Washington, 1990. CARVALHO, V.D. de.; CHALFOUN, S. M. Aspectos qualitativos do café. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.11, n.126, p.79-92. 1985. CARVALHO, V. D. de.; CHAGAS, S. J. de R.; CHALFOUN, S. M.; BOTREL, N.; JUSTE JÚNIOR, E. S. G. Relação entre a composição físico-química e química do grão beneficiado e qualidade da bebida do café. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.29, n. 3, p.449-454, mar. 1994. DRAETTA, L. S.; LIMA, D. C. Isolamento e caracterização das polifenoloxidases do café. Coletânea do Instituto de Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.7, p. 13-28, jun. 1976. LACERDA FILHO, A. F. Avaliação de diferentes sistemas de secagem e suas influências na qualidade do café. (Coffea arabica L). Viçosa, UFV, 1986. 68p. (Tese de mestrado). PIMENTA, C. J. Qualidade do café (Coffea arabica L.) originado de diferentes frutos colhidos em quatro estádios de maturação. Lavras : UFLA, 1995. 94p. (Dissertação - Mestrado em Ciência dos Alimentos). PONTING, J. D.; JOSLING, M. A. Ascorbic acid oxidation and browning in apple tissue extracts. Archives of Biochemistry, New York, v. 19, p.47-63, 1948. SINGLETON, V. L. The total pheneolic content of grape berries during the maturation of several varieties. American Journal of Enology and Viticulture, Davis, v.17, p.126-134, 1966. 871