Exmo(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito da 1ª Secção de Comércio da Instância Central de Guimarães J2 Processo 54/15.5T8GMR V/Referência: Data: Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº 206 013 876, Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E., bem como o respectivo anexo (inventário). Mais informo que não foi elaborada a lista provisória de créditos prevista no artigo 154º do CIRE, uma vez que vai ser junto aos autos a relação de credores a que alude o artigo 129º do CIRE. P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 26 de fevereiro de 2015 Página 1 de 1
I Identificação do Devedor Tiadri - Comércio de Vestuário, Unipessoal, Lda., sociedade comercial unipessoal por quotas com sede na Rua João de Deus, nº 29, freguesia e concelho de Vieira do Minho, com o NIPC 509 595 103, tendo por objecto social o comércio, importação e exportação de artigos de vestuário, calçado, têxteis e têxteis-lar, artigos de marroquinaria e bijuteria. A sociedade, constituída em 13 de Outubro de 2010, encontra-se matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Guimarães sob o número 509595103 e tem actualmente a seguinte estrutura societária: Sócio Valor da Quota António Macedo Ribeiro 5.000,00 Total 5.000,00 A gerência da sociedade está atribuída em exclusivo ao sócio António Macedo Ribeiro desde a sua data de constituição. A sociedade obriga-se pela intervenção de um gerente. Código da Certidão Permanente: 2714-3067-5352 II Actividade do devedor nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) O estabelecimento da sociedade insolvente, que corresponde à morada da sua sede, não é sua propriedade. A sociedade insolvente explorou diversas lojas comerciais ao longo da sua actividade, nomeadamente em: a) S. João de Ponte (Guimarães): desde a sua constituição até 2014; b) Vizela e Corvite: desde 2011 a 2014; c) Póvoa de Lanhoso e Cabeceira de Bastos: desde 2011 a 2013; d) Mesão Frio (Guimarães): desde 2012 a 2014; 1 Página
e) Vieira do Minho (actual sede da sociedade): desde o primeiro semestre de 2013 a finais de 2014. As razões dadas pela sociedade para a sua situação de insolvência, e que constam da petição inicial, são: a) Forte retracção no sector têxtil, sector onde a sociedade exerce a sua actividade; b) Redução na procura, reflexo da crise a nível nacional e internacional; c) Inspecção tributária, durante o ano de 2013, que originou a liquidação adicional de IVA em cerca de Euros 34.000,00 recorrendo a métodos indirectos Observemos a informação contabilística disponível para os exercícios de 2011 a 2013, a qual sustenta a explicação apresentada pela sociedade insolvente para as razões que a conduziram à sua situação de insolvência: Rubricas 2011 2012 Variação 2012/2011 2013 Variação 2013/2012 Variação 2013/2011 Vendas e serviços prestados 10 176,42 35 272,19 25 095,77 246,61% 31 409,80-3 862,39-10,95% 21 233,38 208,65% CMVeMC 4 342,73 29 399,63 25 056,90 576,98% 19 925,52-9 474,11-32,23% 15 582,79 358,82% Fornecimentos e serviços externos 0.00 885,00 885,00 #DIV/0! 4 263,24 3 378,24 381,72% 4 263,24 #DIV/0! Gastos com pessoal 51 482,99 46 068,02-5 414,97-10,52% 69 228,53 23 160,51 50,27% 17 745,54 34,47% Outros gastos e perdas 19,11 1 902,50 1 883,39 9855,52% 423,26-1 479,24-77,75% 404,15 2114,86% Resultado Operacional -45 668,41-42 982,96 2 685,45-5,88% -62 430,75-19 447,79 45,25% -16 762,34 36,70% Resultado antes de impostos -45 668,41-42 982,96 2 685,45-5,88% -62 602,73-19 619,77 45,65% -16 934,32 37,08% Resultado Líquido do Período -45 668,41-42 982,96 2 685,45-5,88% -62 602,73-19 619,77 45,65% -16 934,32 37,08% Activo 7 878,00 6 845,50-1 032,50-13,11% 6 430,00-415,50-6,07% -1 448,00-18,38% Inventários 7 500,00 6 805,90-694,10-9,25% 5 805,00-1 000,90-14,71% -1 695,00-22,60% Estado e outros Entes Públicos 378,00 39,60-338,40-89,52% 625,00 585,40 1478,28% 247,00 65,34% Passivo 12 067,12 94 172,85 82 105,73 680,41% 156 360,08 62 187,23 66,04% 144 292,96 1195,75% Fornecedores 11 816,30 5 911,26-5 905,04-49,97% 30 890,47 24 979,21 422,57% 19 074,17 161,42% Estado e outros Entes Públicos 250,82 2 110,55 1 859,73 741,46% 1 310,48-800,07-37,91% 1 059,66 422,48% Outros passivos correntes 0,00 86 151,04 86 151,04 #DIV/0! 124 159,13 38 008,09 44,12% 124 159,13 #DIV/0! Capital Próprio -4 189,12-87 327,35-83 138,23 1984,62% -149 930,08-62 602,73 71,69% -145 740,96 3479,04% Resultados transitados -3 675,98-49 344,39-45 668,41 1242,35% -92 327,35-42 982,96 87,11% -88 651,37 2411,64% Como se pode constatar pelos números do quadro anterior, a contabilidade evidencia que a sociedade nunca chegou a obter um volume de negócios adequado para 2 Página
suportar os seus custos fixos de funcionamento, nomeadamente os gastos com pessoal, acumulando avultados prejuízos para o período objecto de análise o prejuízo foi superior a Euros 150.000,00 evidenciando uma actividade manifestamente deficitária, atendendo também à sua reduzida dimensão. Repare-se na completa desproporção entre os gastos com pessoal e as vendas feitas pela sociedade: Rubricas 2011 2012 2013 Vendas e serviços prestados 10 176,42 35 272,19 31 409,80 Gastos com pessoal 51 482,99 46 068,02 69 228,53 Contudo, a informação contabilística existente não corresponderá à realidade, pois a própria Autoridade Tributária na sequência de uma acção inspectiva liquidou adicionalmente IVA no valor de cerca de Euros 33.000,00, o que pressupõe a existência de vendas não declaradas de cerca de Euros 143.000,00. Não é nem razoável nem credível que alguém mantenha estabelecimentos em funcionamento durante três anos com tais grandezas de valores. Perante a falta de liquidez, a incapacidade de honrar todos os compromissos assumidos, nomeadamente junto da Autoridade Tributária e da Segurança Social, a gerência da sociedade foi gradualmente encerrado as várias lojas, chegando ao ano de 2014 com apenas uma única loja em actividade, a situada em Vieira do Minho, a qual também acabou por encerrar no final desse ano. A informação contabilística para o ano de 2014 também não é credível, pois apenas existe informação de que o volume de vendas atingiu o valor de Euros 3.006,45. Sem perspectivas de melhoria da situação e sem capacidade para financiar a sociedade, o gerente acabou por tomar a decisão de encerrar o estabelecimento no final do ano de 2014 e cessar a sua actividade para efeitos de IVA em 3 de Janeiro de 2015. 3 Página
III Estado da contabilidade do devedor (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) A contabilidade da sociedade encontra-se processada até ao fecho do ano de 2014, tendo sido cumpridas as obrigações declarativas daí emergentes. Pela análise que foi feita da contabilidade, tudo indica que esta não reflecte uma imagem verdadeira e apropriada da sua situação patrimonial e financeira, pelas razões atrás referidas. Pelas informações recolhidas, deu para perceber que o incumprimento em termos substanciais da contabilidade não pode ser imputado ao Técnico Oficial de Contas, uma vez que estes se limitou a processar os documentos que foram sendo entregues (de forma tardia, em algumas das situações) pelo gerente da sociedade insolvente. IV Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) É evidente que a sociedade apenas tem existência no plano formal, já que, pelo menos desde 3 de Janeiro de 2015 que não exerce qualquer tipo de actividade, tendo inclusive cessado a sua actividade para efeitos de IVA. Perante o que acima foi referido, deverão os credores deliberar no sentido do encerramento (meramente formal) do estabelecimento da sociedade insolvente bem como pelo encerramento do processo de insolvência dada a situação de insuficiência da massa insolvente (o valor estimado dos bens é inferior a Euros 5.000,00). Castelões, 26 de Fevereiro de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) 4 Página
Inventário (Artigo 153ºdo C.I.R.E.)
Inventário (artigo 153º do C.I.R.E.) Relação dos bens e direitos passíveis de integrarem a massa insolvente: Verba Descrição da Verba Valor 1 Cerca de 800 pares de calças de diversos tamanhos e feitios 1 040,00 2 Cerca de 600 peças de vestuário de diversos tamanhos e feitios 600,00 3 4 manequins; 2 estantes em dexion; 3 estantes 160,00 4 1 sistema POS com : 1 PC; 1 monitor LCD da marca LG; 1 gaveta; 1 leitor de códigos de barras; 1 impressora de talões da marca XPRINTER 300,00 Total dos bens 2 100,00 Os bens acima inventariados encontram-se na sede da sociedade insolvente. Castelões, 26 de Fevereiro de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) 1 Página