REGULAÇÃO, CONCORRÊNCIA E INTERNET



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REGULAÇÃO, CONCORRÊNCIA E INTERNET Perspectivas acerca da neutralidade de redes a partir dos aportes da sociologia econômica e da teoria das múltiplas funcionalidades do direito. VICTOR OLIVEIRA FERNANDES

Introdução Revisão da Literatura Especializada Aspectos sociológicos e jurídicos da estabilização da concorrência no mercado Conclusão Mapa da Apresentação 2

Introdução Fenômeno OTT e Quality of Services (QoS) Over The Top Services (OTT) Whatsapp Forte tendência à verticalização Serviços tradicionais de telecomunicações Infraestrutura essencial 3

Introdução Exemplo de Cobrança Diferenciada por Conteúdo BÁSICO COMPLETO AVANÇADO $ 10 / Month $ 100 / Month $ 50 / Month Internet Móvel Internet Fixa Internet Móvel Whatsapp 4

96% Introdução Dados da Internet Brasileira 78% Brasileiros usuários da Internet: 51% da população 50% Preço da Internet Fixa /pib percapita: 2,0% Posição mundial: 55 18% A B C D,E Usuários de Internet por Classes Sociais Brasileiras em 2013 Fonte: http://www.teleco.com.br/internet_usu.asp Preço Internet Móvel /pib percapita: 4,0% Posição mundial:75 Fonte: International Communication Union (ITU). Mensuring the Information Society 2012. Disponível em: http://www.itu.int/itu-d/ict/publications/idi/ 5

Os defensores da neutralidade de rede no Brasil têm invocado as teorias desenvolvidas por Tim Wu e Lawrence Lessig, compartilhando uma visão utópica da tecnologia e míope em relação à ordem econômica privada nacional (SIDAK, J. G. The fallacy of equal tratment in Brazil s bill of right for internet users. Revista Direito GV, v. 8, n. 2, 2012, p. 653). 6

Introdução Pergunta e hipótese de pesquisa pergunta de pesquisa: de que forma a literatura econômica e regulatória sobre neutralidade de redes dialoga com os aspectos jurídicos, sociais e culturais da internet e que parâmetros objetivos essas teorias fornecem para uma regulação de discriminação de tráfego? Como a literatura especializada incorpora aspectos sociais e culturais da internet em parâmetros objetivos para uma regulação de discriminação de tráfego? Tais abordagens teóricas (i) buscam analisar o desenvolvimento da internet sem considerar aspectos locais relevantes dos mercados e (ii) se propõem a idealizar um modelo pretensamente neutro e universal de intervenção regulatória, baseado primordialmente na definição de direitos contratuais privados, refletindo um produto de endowment perspective. 7

Introdução Em que sentidos a expressão neutralidade de redes é empregada? Não interferência no conteúdo Liberdade usuários finais Política de gestão de dados Proibição de cobrança Não diferenciação de pacotes e não bloqueio CLOUD COMPANY WWW.CLOUDCOMPANY.COM 8

Agentes de Mercado Envolvidos Core-centred architecture End-to-end architecture Provedores de Internet Usuários Finais Prestadores de Serviço de Telecomunicações com PSCI integrante de seu grupo econômico (SCM ou SMP) Conteúdos e Aplicativos 9

Literatura Especializada Uma análise do mercado de duas pontas Plataforma de Internet Consumidores Finais Conteúdos e Aplicativos Economides, Nicholas and Tag, Joacim,. Network neutrality on the Internet: A two-sided market analysis, Information Economics and Policy, Elsevier, vol. 24(2), 2012, pages 91-104. 10

Literatura Especializada Aspectos Positivos e Negativos da Discriminação de Pactoes Price squeeze e diminuição da oferta de aplicativos e de conteúdo Eficiência no uso da rede pela discriminação de preços (melhor uso da infraestrutura) Fechamento de mercado (blocking) em determinados serviços Provedores não teriam estímulo para bloquear o acesso. O incentivo à inovação e à qualidade não atingiria as pequenas firmas Aumento da competição por de inovação e qualidade dos serviços (QoS) Faulhaber, Gerald R., Economics of Net Neutrality: A Review (June 9, 2011). Communications CLOUD COMPANY & Convergence WWW.CLOUDCOMPANY.COM Review, Vol. 3, No. 1, pp. 53-64, 2011. 11

Aspectos Regulatórios e Concorrenciais Tim Wu vs. Christopher Yoo Debate Escrutínio Regulatório - Regulação ex ante das hipóteses de discriminação de tráfego - Controle e sanção do comportamento dos provedores de internet - Vantagem: possibilita maior segurança quanto à proibição de bloqueio (Tim Wu) Escrutínio Antitruste - Controle ex post dos atos anticompetitivos com base na regra da razão (rule of reason) - Controle Hard prévio de concentrações entre agentes do setor - Vantagem: valoriza as situações de eficiência a partir de uma análise caso a caso (Christopher Yoo) YOO, C. and WU, T. Keeping the Internet neutral? Christopher S. Yoo and CLOUD COMPANY Timothy Wu debate. WWW.CLOUDCOMPANY.COM Vanderbilt Public Law Research Paper. 12

Literatura Especializada Modelos institucionais disponíveis Ban Discrimination That Is Anticompetitive or Harms Users All or nothing regulation Modelos Institucionais Ban Discrimination That Is Unreasonable Ban Discrimination That Violates an Antitrust Framework Van Schewick, Barbara. Towards an economic framework for network neutrality. Journal of Telecommunications and High Technology Law, 2007. 13

Os primeiros trabalhos sobre neutralidade de redes foram elaborados por juristas (como Lessig, Speta, Wu e Yoo), na maioria das vezes baseados na tradição de law and economics. Embora o tópico desde então venha sendo abordado por várias perspectivas, a maioria da literatura especializada tem sido composta por abordagens jurídicas que analisam os aspectos econômicos do tema, avaliando as repercussões econômicas da discriminação de tráfego e propondo soluções regulatórias. O núcleo dessa literatura opera, na maioria das vezes de forma implícita, com os confins da tradicional teoria do interesse púbico da regulação econômica (tradução livre). COOPER, A. How Regulation and Competition Influence Discrimination in Broadband Traffic Management: A Comparative Study of Net Neutrality in the United States and the United Kingdom. Tese de Doutoramento, University of Oxford, 2013.p. 23. 14

CLOUD COMPANY WWW.CLOUDCOMPANY.COM 15

Aspectos Sociológicos Uma análise a partir da Teoria de Campos (Fligstein) Sociologia econômica: desenvolvimento do fenômeno econômico e as suas relações com determinadas estruturas sociais, com base em métodos de pesquisa típicos sociologia. Harrison White e Neil Fligstein: o comportamento das firmas é orientado não apenas pelo ideal de maximização de lucros, como pressupunha a economia neoclássica. Há, na realidade, diversos fatores sociais e culturais que influenciam no agir desses agentes e que contribuem significativamente na formação e crescimento dos mercados. Os agentes de mercado buscam coletivamente institucionalizar uma cultura local apta a pré-estabelecer como serão desenvolvidas as relações sociais entre produtores, consumidores e Estado, afastando as inseguranças de um mercado extremamente competitivo CLOUD COMPANY WWW.CLOUDCOMPANY.COM 16

Aspectos Sociológicos Uma análise a partir da Teoria decampos (Fligstein) Teoria de Campos: um grupo pequeno de firmas (Incumbents) domina o mercado e consegue se reproduzir por um determinado período (period-to-period basis), criando relações sociais estáveis com outros produtores, fornecedores e com o próprio governo. Essa dominação, todavia, pode ser constantemente ameaçada pelo surgimento de novos entrantes (Challengers) que tentam introduzir novas tecnologias e reestruturar as relações sociais no mercado. Fligstein: os agentes econômicos dependem totalmente de acordos sociais (social agreements) para poderem lucrar Escopo dos acordos sociais: property rights ; governance structures ; rules of exchange e conceptions of control CLOUD COMPANY WWW.CLOUDCOMPANY.COM 17

04 Aspectos Sociológicos Uma análise a partir da Teoria de Campos (Fligstein) Challengers Prestadores de serviços OTT visam estabelecer um campo (field) em que normas sociais e culturais estabilizem a concorrência no segmento de aplicativos e conteúdo 01 02 Elaboração de regras Esses agentes demandam a elaboração de regras de Property Rights e Rules of Exchange que garatam a não discriminação de tráfego Incumbents 03 Acordos Sociais Os maiores produtores A sociedade civil busca dominam o mercado em garantir a liberdade de uma period-to-period expressão e a de basis. informação por meio de regras de neutralidade CLOUD de rede COMPANY WWW.CLOUDCOMPANY.COM 18

Aspectos Sociológicos Multiples fuctions of Law (Milhaupt and Pistor) - Law and Finance: institutos jurídicos equivaleriam a estruturas fixas capazes de conduzir de forma determinante ao sucesso ou ao fracasso econômico das nações. (endownment perspective) - Milhaupt and Pistor: tais abordagens tradicionais são excessivamente reducionistas, pois tratam o ordenamento jurídico como uma estrutura politicamente neutra e materialmente estática. - O ordenamento jurídico assume funcionalidades outras além da mera definição de direitos de propriedade e de regras de enforcement contratual. As autoras destacam pelo menos outras 3 (três) funcionalidades, além da protetiva, quais sejam as (i) de coordenação; (ii) sinalização e (iii) garantia de credibilidade a estruturas de governança MILHAUPT, C. e PISTOR, K. Law & Capitalism. What Corporate Crises Reveal About Legal Systems and Economic Development Around the World. Chicago: The University of Chicago Press, 2008. 19

Aspectos Sociológicos Multiples fuctions of Law (Milhaupt and Pistor) - Endowment perspective: as teorias apresentadas buscam uma regra universal de neutralidade que levaria ao melhor aproveitamento de redes (como a fórmula do mercado de dois lados, por exemplo). - As análises regulatórias e econômicas, em geral, não levam em conta as especificidades locais dos mercados. - Elasticidade das teorias econômicas: as teorias de restrições verticais podem servir para fundamentar qualquer posição que se queria defender sobre a discriminação de tráfego (Faulhaber) - Os modelos idealizados (slide 13) desenham uma estrutura institucional controlada inteiramente pelo Estado e que antecipadamente pretende solucionar os conflitos entre os agentes de mercado. - Milhaupt and Pistor: A growth in economic complexity increases demand for law that provides flexibility and adaptability at the expense of predictability. 20

Conclusão Idéias para um modelo alternativo de neutralidade - A literatura especializada tem se preocupado quase que exclusivamente em analisar os efeitos econômicos da discriminação de tráfego, prescrevendo soluções regulatórias pretensamente neutras que permitam alcançar a maior eficiência possível no uso das redes. - Deficiências da análise econômica unilateral desses mercados. 21

Apêndice Lei n. 12.965/14 (Marco Civil da Internet) CAPÍTULO III Da Neutralidade de Rede Art. 9 o O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação. 1 o A discriminação ou degradação do tráfego será regulamentada nos termos das atribuições privativas do Presidente da República previstas no inciso IV do art. 84 da Constituição Federal, para a fiel execução desta Lei, ouvidos o Comitê Gestor da Internet e a Agência Nacional de Telecomunicações, e somente poderá decorrer de: I - requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada dos serviços e aplicações; e II - priorização de serviços de emergência. 2 o Na hipótese de discriminação ou degradação do tráfego prevista no 1 o, o responsável mencionado no caput deve: I - abster-se de causar dano aos usuários, na forma do art. 927 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil; II - agir com proporcionalidade, transparência e isonomia; III - informar previamente de modo transparente, claro e suficientemente descritivo aos seus usuários sobre as práticas de gerenciamento e mitigação de tráfego adotadas, inclusive as relacionadas à segurança da rede; e IV - oferecer serviços em condições comerciais não discriminatórias e abster-se de praticar condutas anticoncorrenciais. 3 o Na provisão de conexão à internet, onerosa ou gratuita, bem como na transmissão, comutação ou roteamento, é vedado bloquear, monitorar, filtrar ou analisar o conteúdo dos pacotes de dados, respeitado o disposto neste artigo. 22

Obrigado pela atenção