DESACELERAÇÃO GRADUAL DO CRESCIMENTO GLOBAL E EXPANSÃO DE INVESTIMENTOS NOS NEGÓCIOS FLORESTAIS BRASILEIROS

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Transcrição:

DESACELERAÇÃO GRADUAL DO CRESCIMENTO GLOBAL E EXPANSÃO DE INVESTIMENTOS NOS NEGÓCIOS FLORESTAIS BRASILEIROS O mercado internacional tem sido surpreendido, nos últimos meses, por uma inesperada e consistente desacelação do crescimento industrial nas maiores economias do mundo, como China, Estados Unidos, Reino Unido, Índia, França, Itália, Áustria, Japão, dentre outras. Ainda que seja cedo afirmar que uma recessão tenha se instalado, segundo os analistas, essa desaceleração já vem provocando mudanças nas políticas econômicas dos países envolvidos. Até recentemente, o aumento dos preços das commodities era o principal problema enfrentado por esses governantes, levandoos a estabelecer estratégias de controle da inflação, principalmente através do aumento das suas taxas de juros bancárias. Agora, em vista da desaceleração visível da produção industrial, esses países veem-se diante duas opções, ou seja, estimular a produção industrial com juros menores e, consequentemente, promover um maior estímulo aos investimentos e à produção, ou, desestimular os preços com maiores taxas de juros e, consequentemente, promover menores investimentos e menor produção - um dilema difícil de ser resolvido. De acordo com Shamim Adam and Simone Meier (www.bloomberg.com), o índice de crescimento da indústria chinesa teria caído ao mais baixo nível deste fevereiro de 2009, enquanto os índices das 17 nações da Zona do Euro apresentaram 18 meses de queda consecutivas. A indústria alemã tem se expandido, porém, numa das mais fracas taxas em 17 meses, enquanto, Itália, Irlanda, Espanha e Grécia contraíram sua produção industrial. O Reino Unido e a Índia também tiveram a produção reduzida. Ainda, segundo Simone Meier, os gastos dos consumidores, outro indicador importante para mostrar o nível de crescimento das economias, vem também revelando sinais de desaceleração do crescimento industrial nas principais potências econômicas. Nos Estados Unidos, os gastos dos consumidores praticamente se estagnaram em maio de 2011, quando a perspectiva de emprego diminuiu e o aumento da inflação levou os americanos a feriarem o consumo. Enquanto, o cenário mundial aponta para uma desaceleração no crescimento, ao contrário, no Brasil, o setor florestal, de modo geral, tem apresentado uma expansão de forma consistente, ainda que desigual para diferentes segmentos. Neste 1

contexto, a conjuntura de julho do Centro de Inteligência em Florestas procura avaliar o rumo que os investimentos do setor florestal vêm tomando no país. Segmento de Celulose e Papel Atualmente, o fenômeno que tem se destacado neste segmento é a sua considerável expansão na região centro-oeste do Brasil. A concretização do Projeto Horizonte, que contemplou a instalação da fábrica de celulose VCP, hoje Fibria, e da fábrica de papel International Paper em Três Lagoas, abriu o caminho para novos investimentos do segmento no estado do Mato Grosso do Sul. O Mato Grosso do Sul espera a inauguração da segunda fábrica de celulose, também em Três Lagoas, prevista para setembro de 2012 - a Eldorado Celulose e Papel, que conseguiu junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um financiamento de R$ 2,7 bilhões para a construção da fábrica, que terá uma produção de 1,5 milhões de toneladas de celulose branqueada de eucalipto por ano. A unidade deverá entrar em operação em novembro de 2012 e criará mil empregos diretos e 4 mil indiretos. Além disso, estão prevista para o segundo semestre desse ano, as obras de ampliação da Fibria em Três Lagoas. Os investimentos, incluindo maquinário e equipamentos, superam os R$ 3,6 bilhões, sem contar os R$ 1,8 bilhão de investimentos na expansão florestal de eucaliptos. O projeto prevê a duplicação de equipamentos e aumento de produção em mais de 1,75 milhões de toneladas de celulose. Com isso, a produção da Fibria, vai superar 3,05 milhões de toneladas/ano de celulose. A indústria passará a ter capacidade máxima de quase 5 milhões de toneladas/ano, após esta expansão industrial. Cerca de 3 mil trabalhadores devem atuar durante a obra, que tem previsão para o segundo semestre de 2012. Para o período de pico das obras estão previstos 7 mil trabalhadores. Dentre os instrumentos julgados estratégicos para atração de novos investimentos e conseqüente expansão florestal no Mato Grosso do Sul estão os incentivos fiscais concedidos pelo governo do Estado; os financiamentos por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO); topografia, solo e clima favoráveis; e uma legislação estadual moderna e eficiente. Consequentemente, a 2

celulose tende a ser o principal produto de exportação do Mato Grosso do Sul no futuro. A Suzano também anunciou novos projetos no Nordeste no início de setembro do ano passado. Cada unidade - Maranhão e Piauí - produzirá 1,5 milhões de toneladas anuais de celulose, e não mais 1,3 milhões de toneladas anuais, como previsto inicialmente. O investimento previsto no projeto industrial de cada nova unidade foi ampliado de US$ 1,8 bilhão para US$ 2,3 bilhões, em virtude da nova capacidade prevista e dos novos patamares de preços na economia mundial (Quadro 1). Quadro 1 Preços da celulose de fibra curta no Brasil e no exterior, de abril a junho de 2011, em US$/t. Período (Mês) São Paulo Europa Estados Unidos China Abr./2011 866,00 601,79 849,43 744,00 Mai./2011 881,00 606,27 876,27 761,00 Jun./2011 894,42 614,5 876,58 746,35 Fonte: Foex (2011), CEPEA (2011). Acredita-se que esses projetos serão bem sucedidos, tanto em termos econômicos, quanto em termos sociais e ambientais, devido à crescente demanda de celulose e à preocupação das autoridades políticas e das empresas em amenizar os impactos ambientais e sociais que os municípios irão sofrer com a chegada de novos trabalhadores para a construção e expansão das fábricas de celulose. Além dos novos projetos anunciados, a Suzano, em setembro de 2010, concluiu a aquisição da Futuragene, companhia britânica especializada na pesquisa e desenvolvimento de biotecnologia direcionada aos mercados de culturas florestais e biocombustíveis, e anunciou a criação da Suzano Energia Renovável. O investimento anunciado para esse último empreendimento foi de US$ 800 milhões para a construção de três fábricas de pellets de madeira, entre 2013 e 2014. Em uma segunda etapa, prevista para 2018 a 2019, outros US$ 500 milhões devem ser investidos na construção de outras duas fábricas. Embora os sinais emitidos pelas empresas sejam de franca expansão e investimentos no segmento, essas tendências podem sofrer reajustes e reduções em função das recentes mudanças do cenário econômico mundial. 3

Segmento de Produtos Florestais Não Madeireiros O crescimento da demanda de produtos florestais não-madeireiros (PFNM) tem mantido os preços desses produtos em patamares elevados, fazendo com que outras regiões brasileiras se interessem pela expansão dessas culturas (Quadro 2). Quadro 2 - Preço dos produtos florestais não-madeireiros, de abril a julho de 2011. Período (Mês) Borracha Natural (SP) R$/kg Palmito (ES) - R$/kg Palmito (SP) - R$/ lata de 300 gramas Resina Tropical Fot-Fazenda (R$/t.) Abr./2011 3,97 1,25 10,13 2.906,00 Mai./2011 3,97 0,89 10,06 2.322,00 Jun./2011 3,39 0,83 9,98 2.138,20 Fonte: APABOR (2011), IEA (2011), ARESB (2011), CEASA/ES (2011). O Estado de Goiás, por exemplo, começa a se interessar mais pelo cultivo da seringueira. A empresa Hevea Suporte apresentou ao governo goiano o Projeto Seringueiras, expondo as vantagens da cultura da borracha para o Estado. Situação semelhante acontece no Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. A seringueira está sendo implantada em ritmo acelerado nos municípios de Cassilândia, Aparecida do Taboado e Paranaíba (MS) e Prata e Frutal (MG). Impulsionados pelos altos preços das terras paulistas, os empresários tem buscado investir nos estados vizinhos de São Paulo, nas regiões próximas ao Pólo da Borracha, onde se concentra o maior número de árvores de seringueira e de usinas de beneficiamento. Com base no know how paulista e na experiência obtida em outras regiões produtoras, as novas plantações vêm sendo estabelecidas seguindo-se as melhores práticas de cultivo. O Brasil tem potencial para se tornar um produtor expressivo de borracha natural, passando a opinar sobre os rumos do setor heveícola. Hoje, projeta-se um déficit superior a 400 mil toneladas do produto para 2020. Com as importações do elastômero aumentando ano-a-ano, seguindo a tendência de crescimento da indústria nacional, e os preços internacionais elevados, a borracha natural ganha forte relevância no déficit da balança comercial brasileira. 4

No Estado do Mato Grosso, a cultura de palmito está surgindo para diversificar a agricultura familiar, uma vez que a cultura da pupunha é rentável, de fácil manejo e tem mercado garantido. Isso está sendo possível devido à união de esforços entre o Governo do Estado e a Assembléia Legislativa que alterou a lei do palmito passando-o de produto florestal, o que impedia a sua comercialização por ser um produto da floresta, para produto agrícola. No segmento dos produtos florestais não-madeireiros, a expansão dos investimentos esta mais ligada ao suprimento da demanda do mercado interno, não sendo, portanto, totalmente afetada por eventuais quedas de consumo no mercado global. Segmento de Madeira Processada Em junho, as exportações de madeira e derivados foram de US$164.813 mil e as importações foram de US$14.045 mil, gerando um saldo na balança comercial de junho de US$150.767 mil. Os três indicadores citados tiveram queda de 6% em relação ao mês anterior, demonstrando uma redução do ritmo de crescimento neste último mês. Quando comparado com o mês de junho do ano passado, as exportações, importações e o saldo da balança aumentaram 3%, 18% e 2%, respectivamente. Neste ano de 2011, de janeiro a junho, a balança comercial acumulou um saldo de US$875.442 mil, representando um aumento de 2% comparado ao igual período do ano passado (Tabela 1). Tabela 1 Balança comercial brasileira para madeira e derivados (capítulo 44) de janeiro a junho de 2011 e 2010, em 1000 US$ 2011 2010 Variação % Mês Exportação Importação Saldo Exportação Importação Saldo Exp. Imp. Saldo JAN 138.946 10.651 128.295 115.079 7.350 107.729 20,7 44,9 19,1 FEV 151.265 13.293 137.972 141.550 8.239 133.311 6,9 61,3 3,5 MAR 173.645 13.110 160.535 169.801 11.759 158.042 2,3 11,5 1,6 ABR 150.836 13.292 137.545 159.113 10.498 148.615-5,2 26,6-7,4 MAI 175.258 14.930 160.328 173.477 9.640 163.837 1 54,9-2,1 JUN 164.813 14.045 150.767 159.807 11.912 147.895 3 18 2 Total 954.763 79.321 875.442 918.827 59.398 859.429 4 34 2 Fonte: MDIC, elaborado pela equipe do CI Florestas. 5

Segundo Alexandre Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa), nos últimos anos, os investimentos realizados e em curso, da ordem de US$ 2,5 bilhões, proporcionaram um aumento da capacidade nominal instalada de 6,3 milhões/m³, em 2008, para 9 milhões/m³, em 2010, com a projeção de chegar a 10 milhões/m³, em 2012. Estamos aptos para atender o crescimento da demanda no mercado interno e nas exportações para os mercados já conquistados, e aqueles que a entidade vem trabalhando no Ministério do Desenvolvimento com a participação em missões empresariais. A Duratex, maior fabricante de painéis de madeira industrializada do hemisfério sul, vai construir duas fábricas de painéis MDF nos próximos cinco anos, em investimentos próprios e de terceiros, da ordem de 1,2 bilhões de reais. "Esta significativa expansão está alinhada à perspectiva de crescimento do país e de seus reflexos positivos em termos de geração de renda e criação de empregos", afirma a Duratex em comunicado ao mercado. Com relação a expansão da base florestal, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Produtos de Florestas Plantadas (ABRAF), em 2010, o Mato Grosso do Sul aumentou em 30% sua área de florestas plantadas, seguido pelo Maranhão que cresceu 10,2% e o promissor Tocantins com 7,2%. O Mato Grosso do Sul, que tem tradição na produção de carne e soja, vem consolidando sua posição no cenário florestal, alcançando aproximadamente 400 mil hectares de florestas plantadas. Como conseqüência desta expansão florestal, novos arranjos produtivos estão sendo definidos baseados na madeira. Como já dito, a celulose tem se tornado um importante produto de exportação do Mato Grosso do Sul e espera-se a inauguração de uma segunda fábrica de celulose para 2012, também em Três Lagoas. Já em outras regiões do estado, como em Ribas do Rio Pardo e Nova Andradina, o foco das florestas plantadas esta voltado para produção de madeiras serradas e carvão vegetal, e para indústria moveleira. Por sua vez, o Tocantins vem atraindo grandes grupos investidores, com suas terras abundantes e relativamente baratas. A criação da Associação dos Reflorestadores do Tocantins (ARETINS) também vem contribuindo muito com o fortalecimento do setor, divulgando o potencial florestal do estado. Com relação aos preços praticados no mercado de madeiras processadas, na Zona da Mata Mineira, em junho de 2011, os preços do metro cúbico de madeira serrada permaneceram estáveis, a saber: Angelim Margoso (R$1744,00), Jatobá 6

(R$2295,00) Sucupira (R$1928,00), Eucalipto (R$1000,00) e Pinus (R$800,00) (CI Florestas). Portanto, embora tenha ocorrido uma pequena queda nas exportações (6%), que pode ser um reflexo da desaceleração da economia global, o segmento planeja manter suas expansões, tanto nas plantas industriais, como na base florestal, buscando novas fronteiras para os negócios florestais. Segmento moveleiro A conjuntura do setor moveleiro brasileiro apresenta, neste início de julho de 2011, quadro de relativo pessimismo em contraposição ao que se esperava que viesse a ocorrer. Tanto interna quanto externamente, as estatísticas têm apontado para um declínio no volume de comércio em geral deste importante segmento dos negócios florestais brasileiro. No mercado interno, desde o início do ano, o cenário da produção de móveis tem se apresentado errático ou instável. Segundo IBGE, a produção de móveis apontou variação negativa de 2,6% em abril deste ano em comparação com o mesmo mês de 2010. Até março, o cenário aparentava positivo. As exportações cresciam mês a mês, porém em valores relativamente abaixo dos de 2010 no mesmo período. O setor apresentou a quinta principal queda na categoria de "bens de consumo duráveis", ficando atrás apenas da linha marrom (-18,6%), eletrodomésticos (-12,9%), linha branca (-11,3%) e automóveis (-9,8%). Bens de consumo duráveis, com variação de -10,1%, foi a categoria que mais recuou, segundo o Instituto. No acumulado de 2011 (de janeiro a abril), o setor industrial de móveis também registrou baixa de 3% comparado ao mesmo período do ano passado, enquanto que no acumulado dos últimos 12 meses houve alta de 2,6%. A sondagem industrial, divulgada em junho pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), mostra que o setor moveleiro vem realmente apresentando um quadro negativo. A atividade do setor teria apresentado desempenho abaixo do normal. Em maio, a utilização da capacidade instalada (UCI) efetiva-usual do setor moveleiro ficou em 44,3 pontos, abaixo da linha divisória de 50 e também menor que o resultado da indústria em geral (46,1). A utilização da capacidade do setor ficou em 70%, o mesmo resultado obtido no mês de abril. Este foi o sexto mês consecutivo que o indicador ficou abaixo da linha divisória. De acordo com a pesquisa, as expectativas das empresas foram positivas com relação ao crescimento da demanda (pontuação de 7

61,1 pontos), à compra de matérias-primas (58,5 pontos) e ao aumento do número de empregados (55,3 pontos). No entanto, as expectativas com relação às exportações de mobiliário foram baixas, ou seja, 38,2 pontos. Com relação ao mercado internacional, as exportações do setor moveleiro brasileiro, parecem estar sentindo os impactos da recente redução do ritmo de crescimento que a economia global tem sinalizado a partir de abril. A expectativa de crescimento para o mercado mundial estimada em 4% e para o Brasil, especialmente, de 11%, até então favoráveis, segundo o Prognóstico da Indústria Moveleira Mundial, World Furniture Outlook 2011, do Centro de Estudos Industriais (CSIL), apresenta-se agora diferente. Há uma forte tendência de redução nas taxas de crescimento. Ao que tudo indica, as expectativas de que os fatores de riscos poderiam vir a afetar essas taxas estaria de fato se concretizando a cada mês, apontando para uma possível recessão global num futuro próximo. Segundo dados do MDCI, apresentados no Quadro 3, as exportações brasileiras do setor mobiliário de janeiro a junho de 2011 apresentaram uma queda de 12% em relação ao ano de 2010. O crescimento esperado para todo o ano de 2011 em relação a 2010 é de 10%, um valor, ao que parece, longe de se concretizar. Também, observa-se que nestes cinco primeiros meses de 2011, embora as exportações estejam crescendo, estas estão, no entanto, num patamar menor do que as de 2010, no mesmo período. Quadro 3 - Exportações total de móveis no período de janeiro a junho de 2010 e 2011 em 1.000US$ FOB Meses Total Variação 2010 2011 2011/2010 Jan.11 31.377 29.297-7% Fev.11 40.670 37.020-9% Mar.11 47.249 39.407-17% Abr.11 44.017 35.796-19% Mai.11 48.201 40.410-16% Jun.11 42.312 41.611-2% Total 253826 223.723-12% Fonte: MDCI Elaborada pelos autores 12 Pode-se concluir que o setor moveleiro vem sentindo os impactos negativos das mudanças de rumo do contexto econômico, com quedas nas exportações e no consumo interno, o que pode restringir os investimentos no setor. 8

Equipe Técnica do Centro de Inteligência em Florestas Naisy Silva Soares Economista, D.Sc. Ciência Florestal Alberto Martins Rezende Eng. Agrônomo, M.Sc. Economia Rural Márcio Lopes da Silva Eng. Florestal, D.Sc. Ciência Florestal Altair Dias de Moura Eng. Agrônomo, PhD. Agribusiness Management * Permitida a reprodução desde que citada a fonte. 9