O USO DA TECNOLOGIA DE SIMULAÇÃO NA PRÁTICA DOCENTE DO ENSINO SUPERIOR



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Transcrição:

1 O USO DA TECNOLOGIA DE SIMULAÇÃO NA PRÁTICA DOCENTE DO ENSINO SUPERIOR Renato Fares Khalil (Universidade Católica de Santos UNISANTOS) (Mestrado em Educação renato.khalil@unisantos.br) Orientadora: Profa. Dra. Irene Jeanete Lemos Gilberto Resumo: O uso da informática como ferramenta pedagógica está cada vez mais presente nas práticas docentes, possibilitando uma dinâmica de ensino capaz de promover um aprendizado mais significativo, além de motivar o aluno para a construção de novos conhecimentos. Partindo do pressuposto de que a participação, a integração e o envolvimento do aluno são fundamentais no processo de aprendizagem e na produção do conhecimento, o presente trabalho tem por objetivo trazer reflexões sobre a prática docente com a utilização de softwares de simulação. Trata-se de uma pesquisa em andamento, de abordagem qualitativa, que está sendo realizada com os professores do ensino superior na área de Engenharia, cujo objetivo é conhecer as reflexões dos professores sobre a prática docente com a utilização do software de simulação ARENA. A pesquisa tomou como fundamentos teóricos os estudos de Freire (2009) sobre autonomia e de Pimenta e Anastasiou (2002), Pimenta e Ghedin (2002), entre outros, para a discussão sobre o ensino superior e a prática docente. Para a coleta dos dados foram utilizadas técnicas de grupo focal, cujos dados foram colhidos em reuniões realizadas com professores universitários, participantes da pesquisa, tendo como foco as reflexões dos professores sobre as possibilidades e os desafios do processo na dinâmica e participação dos alunos com a utilização de tecnologias. Os resultados parciais mostraram que o uso da simulação como ferramenta pedagógica no contexto atual é bastante positivo e necessário, proporcionando ao professor e ao aluno uma visão mais real e mais rápida da realidade. A tecnologia, com o uso de softwares, pode contribuir para o desenvolvimento da pratica dos professores dos cursos do ensino superior, de forma dinâmica e interativa, porém, os docentes ainda não estão suficientemente adaptados e de forma mais abrangente para construir e utilizar o software para esses fins. Palavras- chave: prática docente; tecnologias de simulação; ensino superior; ensino de Engenharia. Justificativa Temos observado, como professor do ensino superior nas áreas de engenharia e administração que, com a maior interatividade dos jovens com o computador, o aluno prefere um modelo mais dinâmico de aula, que possibilite uma participação mais ativa na construção do conhecimento. Este trabalho toma como pressuposto que a inclusão de Livro 3 - p.006790

2 dinâmicas como a prática de simulação, pode ser um auxiliar, em determinadas situações pedagógicas, a prática docente do professor de ensino superior. A simulação é uma ferramenta amplamente utilizada em práticas empresariais, em países como os Estados Unidos e a Grã Bretanha. No Brasil, entretanto, a simulação ainda é pouco utilizada, apesar de já existir desde a década de 50 (ARENO, 2003). O computador, por sua vez, é uma ferramenta que possui inúmeros recursos e que está se tornando útil para expressar a realidade com grande similaridade, o que permite que o aluno tenha uma visão dessa realidade virtual através da tela de um computador. Com base no pressuposto de que o processo de aprendizagem envolve a produção do conhecimento, o presente trabalho tem como foco a questão de como a tecnologia, especificamente o software de simulação, pode contribuir para o desenvolvimento da prática dos professores dos cursos de Engenharia e de Administração, de forma dinâmica e interativa. O uso do computador através do software de simulação procura criar condições de aprendizagem para o aluno, considerando que a simulação envolve a criação de modelos dinâmicos e simplificados do mundo real, os quais procuram se aproximar da realidade, para que possamos estudar os processos reais de forma mais confortável e previsível. A simulação possibilita ao aluno o desenvolvimento de cenários, que podem ser testados e cujos resultados podem ser analisados. Essa prática, que não está dissociada da reflexão do aluno visto que não se trata de implantar uma técnica, mas de analisar as possibilidades que a ferramenta oferece, poderá ser de grande utilidade para maior interatividade do aluno na compreensão dos conceitos e propiciar maior dinamismo na sala de aula. Isso porque a simulação envolve decisões, embora seu uso para o aprendizado, ainda encontre resistências, possivelmente devido ao desconhecimento dos sistemas informatizados e de simulação por parte dos professores. O problema aparente é a construção do modelo didático proposto de forma eficiente e eficaz para aplicação em sala de aula, com a utilização do computador como máquina de ensinar ou de criar condições de aprendizado. Com base nos pressupostos acima, a pesquisa buscou conhecer se o uso de software de simulação pode contribuir para uma prática docente transformadora. Para tal, a pesquisa, em sua fase inicial, buscou conhecer trabalhos sobre a temática, tendo Livro 3 - p.006791

3 sido realizado um mapeamento em sites da Internet, entre eles o da ANPED, em relação a trabalhos similares com o uso do computador na educação, especificamente a simulação como ferramenta de prática docente. Do estudo prévio realizado, foram selecionados quatro trabalhos (KIOKI, 2008; OLIVEIRA et al., 2006; VASCONCELOS et al., 2004; MIRANDA, et al., 2004). Uma análise dos artigos revelou o interesse dos pesquisadores em estudar o software de simulação para criar condições de aprendizagem, em relação à fixação do conteúdo da disciplina e ao desenvolvimento de inter-relações com o sistema. Da análise dos artigos selecionados resulta a ideia do desenvolvimento da prática pedagógica baseada na educação sistêmica, em que os alunos possam complementar o processo de assimilação do conhecimento dos conceitos transmitidos pelo método tradicional, com a prática de experimentação por meio de simuladores, com objetivo de tomarem decisões, e verificar seus resultados, construindo seu conhecimento. Reflexões sobre a prática docente Pimenta e Ghedin (2002, p. 19) trazem, em seu estudo, uma reflexão a respeito da necessidade de reformas curriculares nos cursos e formação de profissionais professores, tendo em vista que a prática docente atual é preponderantemente de caráter expositivo. Observa-se, no entanto, que também em relação a outras áreas, o ensino superior é baseado em transmissão de conhecimento aos alunos, com ausência de aulas efetivamente práticas, o que gera, em muitas situações, a falta de interesse de grande parte dos alunos, que são de uma geração habituada com o uso das ferramentas computacionais e com as possibilidades de desenvolvimento que a internet oferece para obtenção de novos conhecimentos. Pimenta e Ghedin (2002, p.39), ao referir-se às diferenças existentes entre informação e conhecimento, mostram que: Conhecer é mais do que obter as informações. Conhecer significa trabalhar as informações. Ou seja, analisar, organizar, identificar suas fontes, estabelecer as diferenças destas na produção da informação, contextualizar, relacionar as informações e a organização da sociedade, como são utilizadas para perpetuar a desigualdade social. Trabalhar as informações na perspectiva de transformá-las em conhecimento é uma tarefa primordialmente da escola. Realizar o trabalho de análise crítica da informação relacionada à constituição da sociedade e seus valores, é trabalho para o professor e não para o monitor. Ou seja, para um profissional preparado científico, técnica, tecnológica, pedagógica, cultural e humanamente. Um profissional Livro 3 - p.006792

4 que reflete sobre o seu fazer, pesquisando-o nos contextos nos quais ocorre. Esse aspecto nos faz refletir sobre o papel do professor nesses novos tempos e a importância de refletir sobre sua própria prática para desenvolver novos saberes pedagógicos. Segundo Franco (2008, p.129) para fundamentar a existência dos saberes pedagógicos é preciso verificar inicialmente que prática educativa e prática pedagógica são instancias complementares, mas não sinônimas. Ou seja, como o professor poderá atuar como orientador dos alunos, de modo que ele possa compreender e assimilar as informações, transformando-as em conhecimento? Na perspectiva dos autores citados acima, formar profissionais significa dar a eles condições de saber como transformar as informações em conhecimento. Isso significa refletir sobre as teorias que lhe são ensinadas e, mais que isso, praticar essas teorias para assimilar mais profundamente o conteúdo e, através de experimentos, transformar a informação em conhecimento. Conforme afirma Franco (2008, p. 129), A pratica educativa, ao existir sem o fundamento da prática pedagógica, é uma mera influência educacional sob forma espontaneísta, fragmentada, às vezes até produtiva, outras vezes não. Aquilo que transforma uma prática educativa em uma prática compromissada (práxis), intencional, relevante será o filtro e a ação dos saberes pedagógicos, transformados pedagogicamente em conhecimentos. Trazida a questão para a utilização da simulação como ferramenta da aprendizagem, parte-se do pressuposto de que contribui para levar o aluno a construir sua pratica, associando-a à teoria para produzir resultados. Isso porque a simulação procura representar no computador as condições da realidade prática, e, com isso, o aluno poderá investigar praticamente, através do simulador, as ações que ocorrem na realidade das empresas, interagindo e modificando parâmetros do sistema que levarão a diferentes situações e resultados para atender os requisitos desejados. Entre as inúmeras possibilidades da simulação, pode-se indicar a criação de novas situações e alternativas que representam a prática, e a construção do conhecimento prático por meio de ações, com base em um conhecimento teórico adquirido nas aulas expositivas. Tal experiência é intensiva na produção do conhecimento, face às inúmeras situações que poderão ser criadas com a utilização do simulador. Livro 3 - p.006793

5 A produção de conhecimento pelo aluno pressupõe o desenvolvimento da reflexão e da análise para a busca de soluções e de alternativas para a solução de problemas, o que poderá contribuir para a melhoria da aprendizagem, considerando que encontramos, atualmente, um baixo nível de reflexão e de análise por parte dos nossos alunos. Considerando Pimenta (2002, p.41), no que tange às políticas públicas neoliberais, isso nos remete a dizer que a aplicação de um sistema de simulação como ferramenta de aprendizagem na atividade docente, passa também pela adaptação do professor a esse novo recurso, tanto no aspecto de utilização de um software, o que hoje em dia está cada vez mais comum, como também em relação à prática docente com a utilização do software. Isso vai exigir do professor a superação de paradigmas tradicionais, que privilegiam a transmissão de saberes aos alunos. Consideramos, assim, que o docente precisa ter formação para utilização das tecnologias que podem oferecer novas perspectivas em relação à dinâmica das práticas. A formação docente, sob esse aspecto, faz-se necessária, para melhor compreensão do significado pedagógico das tecnologias. Ao incorporar na sua prática o conhecimento para a utilização da tecnologia de simulação, o professor poderá melhor supervisionar e orientar os alunos na produção do conhecimento por meio do software de simulação específico. A simulação poderá também colaborar na prática do professor pesquisador, a medida de que ele estará utilizando o software de simulação para ensinar os alunos e com isso estará simulando situações novas e aprendendo com elas. Estamos à volta com situações reais de perda de emprego e de novas demandas de trabalho, resultantes do sistema capitalista vigente na sociedade contemporânea. Isso leva à maior concorrência profissional em todos os níveis, a ponto das empresas exigirem dos profissionais inúmeras competências, cujo conceito está substituindo o dos saberes e conhecimentos e da qualificação. De acordo com Pimenta (2002, p. 42), [..] ter competência é diferente de ter conhecimento e informação sobre o trabalho, sobre aquilo que se faz (visão de totalidade; consciência ampla das raízes, dos desdobramentos e implicações do que se faz para além da situação; das origens; dos porquês e dos para quê). Portanto, competência pode significar ação imediata, refinamento do individual e ausência do político, diferentemente da valorização do conhecimento em situação, a partir do qual o professor constrói conhecimento. Livro 3 - p.006794

6 O nosso objetivo de aproximar a teoria da prática por meio do uso de simuladores em sala de aula, que representam no computador a prática, vai ao encontro das teorias da reflexividade do professor, no sentido de se buscar a relação entre teoria e prática. Segundo Libâneo (2002), a reflexividade está longe de se constituir uma formulação acabada e se caracteriza por tentativas de mapear ou levantar os problemas e se aprofundar nos estudos investigativos a respeito. Para Libâneo (2002, p. 56), a reflexão é entendida como uma relação direta entre a minha reflexividade e as situações práticas. Neste caso, reflexividade não é introspecção, mas algo imanente à minha ação. Ela é um sistema de significados decorrentes de minha experiência, ou melhor, formado no decurso da minha experiência. A utilização de ferramenta de simulação na prática docente Com o objetivo de conhecer se o uso de software de simulação pode contribuir para uma prática docente transformadora, foi realizada uma pesquisa com três professores universitários que atuam em Cursos de Engenharia. Foram feitas reuniões com os participantes da pesquisa, utilizando-se a técnica de Grupo Focal, com objetivo de coletar dados sobre a reflexão dos professores em relação à utilização de softwares de simulação. Da análise das informações coletadas nas reuniões do grupo focal, esperamos extrair conhecimento a respeito das necessidades de formação dos professores para transformar a pratica docente com a utilização dos simuladores. A técnica de pesquisa de Grupo focal, segundo Gatti (2005, p.7), com base em estudos de Powell e Single (1996, p.449), caracteriza-se por um conjunto de pessoas selecionadas e reunidas por pesquisadores para discutir e comentar um tema, que é objeto de pesquisa, a partir de sua experiência pessoal. No grupo focal os participantes precisam ter alguma experiência com o tema a ser debatido, visando contribuir para os resultados da pesquisa. O grupo focal tem a mediação do professor pesquisador o qual deverá fazer encaminhamentos quanto ao tema e intervenções que facilitem a troca de informações entre os participantes, não devendo se posicionar a respeito do conteúdo discutido. O foco do assunto em pauta Livro 3 - p.006795

7 deve ser mantido, mas, sempre procurando um clima aberto ás discussões. Conforme Gatti (2005, p.17): Como técnica de pesquisa, um grupo focal tem sua constituição e desenvolvimento em função do problema de pesquisa. O problema precisa estar claramente exposto, e a questão ou questões a serem levadas ao grupo para discussão dele decorrem. A transformação da pratica docente com o modelo de simulação, constituiu a base da observação da pesquisa em andamento, que pretende investigar a prática docente com a utilização de softwares de simulação. Para isso foi utilizado a técnica do Grupo Focal com reuniões com os docentes que tem vivencia com o tema, com duração de aproximadamente 2 horas, sendo que antes da reunião, os mesmos receberam material do assunto a ser debatido e informados do objetivo da reunião. As reuniões foram gravadas para posterior transcrição escrita. Os participantes se mostraram bastante a vontade para discutir o tema e os resultados colhidos até o momento foram os seguintes: O uso da simulação como ferramenta pedagógica no contexto atual é bastante positiva, proporcionando ao professor e ao aluno uma visão mais real e mais rápida da realidade. A informática é a realidade de hoje e todos já estão utilizando. A academia não pode ficar atrás da tecnologia e sim ser um expoente na aplicação na prática docente. Considera-se que a tecnologia com o uso de softwares pode contribuir para o envolvimento dos alunos dos cursos do ensino superior, de forma dinâmica e interativa, porém, ainda não se tem suficientemente claro a forma de construir e utilizar o software para esses fins, de modo mais abrangente. Alem disso, o aluno deverá ter uma base de fundamentos teóricos do assunto a ser simulado, antes de utilizar o software, para que ele tenha um maior envolvimento com o assunto estudado, objetivando seu aprendizado. A dificuldade que o Grupo vê na aplicação da simulação na prática docente é conscientizar o aluno de que não é somente apertar botões e sim ler as instruções, entender a teoria, entender a lógica da entrada de dados e saber analisar os resultados. Simulação é sinônimo de tomada de decisão. Se souber usar bem o software, o aluno vai tomar boas decisões. Livro 3 - p.006796

8 A pratica docente poderá ser transformada com a utilização da simulação, demonstrando de uma forma diferente os conceitos de aula do que se está acostumado a realizar. O aluno irá não só aprender a teoria como vai ver acontecer e interferir na construção dos eventos que traduzem essa teoria na tela do computador, simulando a realidade. Nessa linha, o professor vai ter que se preparar com mais profundidade para solucionar as questões levantadas pelos alunos com o uso da simulação. O processo de simulação poderá transformar a aprendizagem do aluno de meramente informativa para construtiva do conhecimento, partindo do principio que o aluno entendeu bem a teoria transmitida pelo professor. Considerações Finais O software de simulação permite representar a prática no computador com todas, ou quase todas, as variáveis necessárias para que o aluno investigue, em um determinado problema ou situação criada, novos cenários, procurando alternativas que o levem a resultados desejados, combinando suas ações práticas pelo simulador com o seu aprendizado teórico. Neste caso o professor estará orientando o aluno à ação, mas, como prática docente a ser construída, será ele, aluno, que deverá descobrir os caminhos do aprendizado da construção do conhecimento. Isso nos leva a pressupor que a ferramenta proposta aproxima os saberes e conhecimentos teóricos com a prática do local de trabalho, transformando assim a prática docente em prática pedagógica e vice-versa. Os dados iniciais resultantes dessa observação servirão de base para compreender a prática pedagógica baseada em uma análise sistêmica, em que os alunos possam além de assimilar os conceitos pelo método tradicional, experimentar esses conceitos através do simulador, tomar decisões e questionar essas decisões, com um aprendizado efetivo, construindo e reconstruindo modelos de simulação. Esperamos que a pesquisa possa contribuir para a compreensão do processo de aprendizagem dos alunos do ensino superior, especificamente na transformação da prática docente e na interação com o software de simulação. Ainda que, os resultados dos trabalhos analisados sobre o assunto tragam uma visão promissora do uso das tecnologias na aprendizagem, é preciso aprofundar a questão, de modo que possamos conhecer as possibilidades e os desafios desse processo e em que ele auxilia as práticas dos docentes. Livro 3 - p.006797

9 Ao pretender contribuir para a compreensão da multimídia interativa como a simulação no desenvolvimento de modelos que se aproximam do real, a pesquisa buscará conhecer em que medida os modelos podem favorecer a prática docente na orientação ao aluno para exploração do conteúdo de aprendizado. A simulação da realidade poderá ser um caminho para melhor compreensão da prática, considerando as possibilidades de maior compreensão dos sistemas complexos que representam essa realidade. O objetivo da pesquisa da utilização da tecnologia de simulação poderá ser implementada gradativamente na Universidade, como complementação das práticas tradicionais, o que poderá resultar em uma mudança na prática pedagógica do professor e mudança cultural na formação do aluno. Referências Bibliográficas ARENO, Henrique B. Simulação como ferramenta de ensino em Cursos de Engenharia de Produção e Administração. São Paulo: TCC /USP, 2003. FIGUEIREDO, R. S. ET. AL. A Introdução da Simulação como instrumento de ensino e aprendizagem, In, ENEGEP. Anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Salvador, Bahia, 2001. FRANCO, M.A.S. Pedagogia como ciência da educação. 2ª. edição, Editora Cortez. São Paulo, 2008. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 39. ed. Coleção Leitura. São Paulo: Paz e Terra, 2009. 148 p. GATTI, Bernardete Angelina. Grupo Focal na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas. Série Pesquisa V.10. Liber Livro Editora. Brasília, 2005 GHEDIN, E. Questões de método na construção da pesquisa em educação. Evandro Ghedin e Maria Amélia Santoro Franco. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2011. KIOKI, Emily Yuriko et AL. Um simulador didático como ferramenta de apoio ao ensino da disciplina de sistemas operacionais. FAI - Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação, MG, 2008. LIBANEO, José Carlos et AL. Professor Reflexivo no Brasil: gênese e critica de um conceito. São Paulo: Editora Cortez, 2002. MIRANDA, Roberta Martins ET. AL. Uso de Simulações em disciplinas básicas de Mecânica em um Curso de Licenciatura em Física. Instituto de Física Universidade de São Paulo, 2004. OLIVEIRA, Fernando Porfírio Soares de, Msc (FACEX) ET. AL. Aplicação da simulação empresarial no ensino da graduação. Anais do XIII SIMPEP. Bauru, SP, Brasil, 2006. Livro 3 - p.006798

10 PIMENTA, Selma Garrido; ANASTAIOU, Léa das Graças Camargos. Docência no ensino superior. São Paulo: Editora Cortez, 2002. PIMENTA, Selma Garrido; GHEDIN, Evandro. Professor Reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Editora Cortez, 2002. VASCONCELOS, Francisco Herbert Lima ET. AL. Aprendizagem mediada por Computador: Uma experiência de ensino de física com a utilização da simulação computacional. In Anais do XVI Simpósio Nacional de Ensino de Física. Ceará: Universidade Federal do Ceará, 2004. Livro 3 - p.006799