ESTUDO DA MORFODINÂMICA DA MICROBACIA DO CÓRREGO DO CHAFARIZ NA ÁREA URBANA DE ALFENAS- MG: PROPOSTA DE RECUPERAÇÃO Aluno - Laura Milani da Silva Dias - Unifal-MG Orientadora - Profa. Dra. Marta Felícia Marujo Ferreira Unifal-MG Palavras chave: Microbacia,morfodinâmica, recuperação. 1. Introdução A microbacia é uma área que possibilita visualizar mudanças introduzidas pelo homem e as respectivas respostas da natureza. As abordagens de análise e gestão que utilizam microbacias como unidades básicas de trabalho adequam a produção com a preservação ambiental A ocupação e a atividade agrícola são fatores que provocam desmatamento total ou parcial da vegetação natural. Consequentemente aumentam o grau de suscetibilidade e fragilidade das vertentes e dos recursos hídricos porque não respeitam a sua capacidade de resiliência lenta, e exploram sem qualquer controle, planejamento ou conhecimento das reais possibilidades da área. Por serem altamente sensíveis às chuvas de alta intensidade e ao uso do solo, as microbacias hidrográficas são extremamente dependentes das matas ciliares. O projeto apresentado tem como finalidade o estudo da morfodinâmica da microbacia do córrego do Chafariz. Esta microbacia está localizada na área urbana de Alfenas e apresenta problemas típicos das cidades implantadas às margens de rios. Os problemas observados na área são: ausência da mata ciliar, impermeabilização do solo, esgoto sanitário lançado em seu curso, além de processos erosivos ao longo de suas margens e ao longo das encostas de seu vale fluvial. 1
2. Justificativa Com a urbanização, as áreas de preservação permanente (APP s) que se localizam ás margens dos cursos d água são frequentemente degradadas, delas são retiradas grande parte da vegetação que deveria ser mantida numa faixa de no mínimo 30 metros de cada margem para garantir a proteção dos solos e dos recursos hídricos. Essas intervenções irregulares comprometem significativamente a qualidade de vida das pessoas. Para analisar essas intervenções, a microbacia é a menor unidade de estudo a ser adotada quando se trabalha com corpos d água e erosão. Desse modo, a microbacia merece atenção pela fragilidade criada na interação entre a rede de drenagem e a urbanização. Também pela falta de informações locais, o que constitui uma barreira na confecção de programas governamentais e entendimento das necessidades e deficiências da área. 3. Objetivos 3.1. Geral - analisar a morfodinâmica da microbacia do córrego do Chafariz e indicar alternativas de recuperação ás áreas identificadas como degradadas ou em processo de degradação. 3.2. Específicos - Elaborar mapa de uso e ocupação do solo da microbacia; - Mapear o comportamento morfodinâmico da área; - Mapear áreas degradadas ou em processo de degradação; - Determinar, de acordo com a situação atual de cada uma das áreas, quais as ações de restauração a serem empregadas em cada caso; 4. Revisão da Literatura Para fundamentar o uso da análise morfodinâmica e do mapeamento de uso do solo, aplicados a microbacias é necessário entender alguns conceitos. O conceito de bacia hidrográfica é o primeiro deles. Assim, bacia hidrográfica é um conjunto de terras 2
drenadas por um rio e seus afluentes, formadas nas regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde as águas ou escoam superficialmente formando rios e riachos ou infiltram no solo para formação de nascentes e do lençol freático (BARELLA, 2001). A conceitualização de uma microbacia também é indispensável. Esta possui toda sua área com drenagem direta ao curso principal da sub-bacia, são as menores unidades da paisagem capazes de integrar componentes relacionados à disponibilidade e quantidade de água (MOLDAN e CERNY, 1996). Para Lima (1976), o comportamento hidrológico de uma bacia é função de suas características geomorfológicas (forma, relevo, área, geologia, rede de drenagem, solo, etc) e do tipo de cobertura vegetal existente sendo também afetado por ações antrópicas. O mapeamento do uso e ocupação do solo em uma área, ajuda-nos a compreender a dinâmica de organização do espaço, que está sendo alterada pelo homem e pelo desenvolvimento tecnológico numa classificação que pode ser: redes de drenagem, vegetação local, pastagem, solo exposto, usos agrícolas, ocupação urbana, rede viária. Em se tratando da morfodinâmica, são levados em consideração os agentes capazes de modificar a dinâmica atual da área. Esses agentes na maioria das vezes, relacionam-se a ação antrópica, resultando no desmatamento, nas atividades agropecuárias e nas modificações da morfologia, típicas das áreas urbanas. No que tange ao conceito de áreas degradadas comumente este relaciona-se aos efeitos negativos causados pela intervenção humana. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a degradação é apontada como sendo a alteração adversa das características do solo em relação a seus diversos usos possíveis. Os processos erosivos são o desgaste e a conseqüente modificação da superfície (rochas, solos), sendo influenciada pela água, ventos, cobertura vegetal (mata ciliar), topografia e tipo de solo. Sua principal causa é o manejo inadequado dos recursos naturais como os desmatamentos, cultivos intensivos e ausência de planejamento do uso e de práticas conservacionistas. Por esses motivos, a recuperação de áreas degradadas torna-se indispensável, conceitualizando-se num conjunto de ações que visam restabelecer as condições de equilíbrio e sustentabilidade existentes anteriormente no sistema natural modificado. As 3
soluções são pensadas a partir de um diagnóstico da área degradada, direcionando ações mecânicas, vegetativas e em alguns casos até obras de engenharia. (Embrapa, 2008). 5. Material e Métodos Os materiais cartográficos disponíveis sobre a área de estudo estão relacionados na Tabela 1. Tabela 1 Material cartográfico para a área de estudo Material Cartográfico Escala Ano Executor Carta Topográfica de Alfenas 1:50.000 1973 IBGE Planta cadastral de Alfenas 1:1.000 2009 Prefeitura Municipal de Alfenas Fotografias aéreas 1:6.000 2006 Base Aerofoto A metodologia a ser adotada é a proposta por Ab Saber (1969), que aborda três níveis: compartimentação do relevo, estrutura superficial e fisiologia da paisagem. Será realizada a compartimentação da microbacia, considerando os três setores: montante, média e a jusante. Em cada setor, será realizada fotointerpretação e mapeados: - áreas de topos, média encosta e fundos de vales; - mapeamento de feições deposicionais tais como: depósitos provenientes da encosta, como colúvios, tálus, leques aluviais e a planície fluvial. - mapeamento das feições erosivas tais como: escoamento superficial, concentrado, ravinas, processos de rastejo e movimentos de massa. Para verificar a veracidade das informações serão feitas visitas de campo á área de estudo. 6. Resultados esperados A partir do desenvolvimento da pesquisa, espera-se obter os seguintes resultados: - Mapa de Uso e Ocupação do solo da microbacia do córrego Chafariz, Alfenas (MG); - Análise e mapeamento da morfodinâmica da microbacia; 4
- Identificação das áreas degradadas ou em processo de degradação; - Indicação de técnicas de recuperação de áreas degradadas para cada área mapeada. 8. Bibliografia Christofoletti, A. Geomorfologia. 2ª. ed., São Paulo: Edgard Blücher, 1980..Moreira, D.S. Análise ambiental através do comportamento morfodinâmico: novos estudos da região de confluência dos Córregos Merlo e Moscado,Maringá-PR. Anais do Congresso de Ecologia do Brasil, 13 a 17 de setembro de 2009. Terres, C.A. Muller, M.M.L. Proposta de recuperação de área degradada ás margens do Arroio do Engenho na Vila Concórdia, Guarapuava- PR. UNICENTRO, Revista Eletrônica Lato Sensu, Ed.5, 2008. Curso de Recuperação de Áreas Degradadas. A visão do solo no contexto de diagnóstico, manejo, indicadores de monitoramento e estratégias de recuperação. Embrapa Solos,Rio de Janeiro,RJ,2008. 5