Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso



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Transcrição:

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso A influência do jogo e desenvolvimento cognitivo, motor e social da criança: análise dos Trabalhos de Conclusão de Curso da Universidade Católica de Brasília. Autor: Filipe Domingos do Carmo Orientador: Profa. Dra. Laila Cândida de Jesus Lima Nome do autor Brasília - DF 2014

4 FILIPE DOMINGOS DO CARMO A influência do jogo e desenvolvimento cognitivo, motor e social da criança: análise dos Trabalhos de Conclusão de Curso da Universidade Católica de Brasília. Artigo apresentado ao curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de licenciado em Educação Física. Orientador: Prof. Dra. Laila Cândida de Jesus Lima Brasília 2014

5 Artigo de autoria de Filipe Domingos do Carmo, intitulada A influência do jogo e desenvolvimento cognitivo, motor e social da criança: análise dos Trabalhos de Conclusão de Curso da Universidade Católica de Brasília., apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, em 11 de junho de 2014, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: Profa. Dra. Laila Cândida de Jesus Lima Orientador Educação Física UCB Profa. MSc. Mônica Vieira de Souza Educação Física UCB Brasília 2014

3 RESUMO CARMO, Filipe Domingos do. A influência do jogo e desenvolvimento cognitivo, motor e social da criança: análise dos Trabalhos de Conclusão de Curso da Universidade Católica de Brasília. 2014. 14 f. Trabalho de Conclusão de Curso, graduação em Educação Física Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2014. Os estudos de investigação sobre o jogo tenha ganhado destaque nas últimas décadas pela comunidade científica. Este trabalho buscou verificar nos trabalhos de conclusão de curso da Universidade Católica de Brasília o que de relevante o jogo pode influenciar no desenvolvimento cognitivo, social e motor de crianças. Trazendo um aporte teórico em artigos clássicos e comparando-os com os Trabalhos de conclusão de curso da Universidade Católica de Brasília entre os anos de 2010 a 2013. Palavras-chave: criança, desenvolvimento cognitivo, jogo, motor, social.

4 INTRODUÇÃO A notoriedade de que atividade física é uma importante aliada para o ser humano em seu processo de envelhecimento ganha força à medida que os estudos evoluem, seja para o ganho de saúde, seja para a manutenção da mesma, sendo ela física ou mental ocorrendo desde a infância e até a vida adulta (MATSUDO, 2000). Entretanto, a aderência a um estilo de vida ativo deve ser estimulada desde a infância e neste sentido, torna-se importante investigar a contribuição do jogo para o desenvolvimento da criança. Segundo Froebel (1912 citado por ARCE 2004), o jogo é uma maneira privilegiada de expressão infantil. Para Huizinga, o jogo é uma forma antiga de expressão, interligado com a cultura e a sociedade de determinadas civilizações, não perdendo a sua essência primordial de regras e utilizando-se da imaginação ou ludicidade. O jogo por si só é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana (HUIZINGA, 1938). Para Froebel (1912 citado por ARCE, 2004) o jogo seria também a principal fonte do desenvolvimento na primeira infância, que para ele é o período mais importante da vida humana, um período que constitui a fonte de tudo que caracteriza o individuo, toda sua personalidade. O jogo é antes de tudo uma atividade, isto é uma ação humana pautada por uma intenção que se justifica por si mesma, sob o pano de fundo do universo imaginário balizado por regras. Se diferencia do exercício na medida em que não é uma repetição mecânica, destituída de sentido imaginário e cujo objetivo visa sempre uma finalidade prática e imediata (RETONDAR, 2007). Muitos conceitos são atribuídos ao jogo. Devido a seu caráter polissêmico, a nomenclatura jogo admite diversos sentidos (RETONDAR, 2007). Observando como o jogo é uma grande manifestação por si só, a presente pesquisa vai se orientar pelos conceitos de Huizinga (1938), Froebe (1912), Neto (2001 e 2007) e Retondar (2007). De acordo com Neto (2001), o jogo é uma das formas mais importantes do comportamento humano, desde o nascimento até a morte, sendo essencial na formação da sobrevivência e no processo de desenvolvimento do homem.

5 O jogo promove o desenvolvimento cognitivo em muitos aspectos: descoberta, capacidade verbal, produção divergente, habilidades manipulativas, resolução de problemas, processos mentais, capacidade de processar informações (RUBIN, FEIN & VANDENBERG 1983). Tendo essas bases como referência, pode-se deduzir que o jogo influencia de maneira positiva os aspectos de desenvolvimento de uma criança. O desenvolvimento na visão biológica é o processo pelo qual a criança, feto ou ser vivo em geral cresce e altera o seu curso de vida (VALE, 2005). Em uma visão biopsicossocial trata das evoluções das capacidades cognitivas, sociais, motoras e entre outras ocorre de maneira gradual quantitativamente cumulativa e aditiva (VALE, 2005). Tomaremos por base norteadora da pesquisa o desenvolvimento cognitivo, social e motor. Processo de desenvolvimento motor aqui abordado será de forma a investigar o comportamento motor, (habilidades motoras básicas, generalizações motoras e capacidades físicas). Desde o nascimento até os dois anos, segundo a classificação genética elaborada por Piaget (1975 citado por PÁDUA, 2009) é considerada a fase sensóriomotora, em que a criança vive ludicamente sem a utilização das regras e sozinha. Enquanto tiver motivação dos participantes a brincadeira acontece, ou seja, não tem um desenvolvimento formal e nem um fim predeterminado. Froebel antecipando as ideias de Piaget também diz que na primeira infância a jogo tem caráter mais solitário que na infância, para ele as brincadeiras não são apenas diversão é a primeira forma de aprendizagem brincar é a fase mais importante da infância. Froebel, (1912 por ARCE, 2004). Cognitivo é uma expressão que está relacionada com o processo de aquisição de conhecimento. A cognição envolve diversos fatores como: O pensamento, linguagem, percepção, memória e o raciocínio PIAGET (1978 citado por PÁDUA, 2009). Segundo ele o desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas mudanças qualitativas e quantitativas das estruturas cognitivas derivando cada estrutura precedentes. Portanto, o individuo constrói e reconstrói continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio. Os autores Rubin, Fein & Vandenberg (1993 citado por NETO, 2001) mostram em seus estudos científicos que o jogo estimula o desenvolvimento cognitivo,

6 habilidades manipulativas, processos mentais, produção divergente, resolução de problemas, capacidade de processar informações. A criança elabora representações do jogo a fim de entendê-lo através da ludicidade. Embora a jogo seja uma atividade universal entre as crianças de diferentes populações, cada cultura possui uma forma peculiar de expressão que é reflexo das características ambientais específicas (NETO, 2001). As condições culturais, econômicas, sociais, históricas influenciam nas nos jogos fazendo-os serem diversificados. O desenvolvimento social será abordado de maneira entendida como o processo de socialização, interação e adequação dos indivíduos em relação a convivências proporcionadas pelo jogo. O jogo busca um vencedor e para isso precisa de regras, o jogo sempre terá regras, tornando-o predeterminado, tendo um começo um meio e o fim. No jogo a criança começa a entender as regras feitas pelo grupo e ela também começa a estabelecê-las. Dessa forma ela desenvolve a capacidade de se socializar, entendendo o ponto de vista dos outros e é no jogo onde a criança expressa sua visão de mundo. Por isso Froebel (diz que através do jogo podemos compreender o nível de desenvolvimento da criança). Ele também observou que o jogo só funciona se as regras foram bem entendidas. O jogo, segundo CHATEAU (1975, citado por Neto 2007) oportuniza a criança uma escapatória do mundo real. Apesar de ser uma atividade lúdica ela tem características sérias que é justamente o abandono da realidade que está ao seu redor. Todas as crianças desenvolvem atividades lúdicas desde os primeiros anos de vida e elas podem brincar sem se cansar por horas o mesmo jogo, e por conta disso alguns adultos não entendem que o jogo é a realidade da criança e que é a razão do seu viver. Piaget (1978 citado por PÁDUA, 2009) classifica o jogo em três categorias. A primeira é a do jogo do exercício que começa no nascimento e vai até aproximadamente os dois anos, é a repetição de gestos e movimentos simples, ou seja, é a atividade natural do ser humano, esses exercícios consistem em exercitar a função em si como saltar, correr e andar. Esse jogo também esta presente na vida adulta como o exercício de andar de bicicleta e dirigir. A segunda categoria é jogo simbólico que funciona em um esquema de assimilação, é onde a criança dos 2 aos 6 anos reproduz a realidade de forma lúdica de acordo com seus desejos. Através dela a criança se auto expressa revelando medos, alegrias e aliviando tensões.

7 Liebermann (1977 citado por Neto 2001) também enfatiza que por meio do jogo a criança demonstra os medos e os problemas que enfrentou, ela revive de maneira ativa o que sofreu passivamente. E por fim a terceira categoria jogo das regras que esta presente dos 07 aos 12 anos onde a criança abandona a fase egocêntrica e desenvolve relações sociais e interpessoais possibilitando assim jogos em grupo, segundo Piaget (1978 por PADUA, 2009) as regras vão construindo a moralidade da criança por serem obrigações e elas são a prova do seu desenvolvimento. Essa categoria se estende durante toda a vida da pessoa através de jogos de tabuleiro, esportes, RPG entre outros. O jogo na fase infantil interpretam funções afetivas, psicossociais e intelectuais básicas no processo de desenvolvimento infantil. Segundo Vygotsky (1988) o aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o nascimento, e na escola a criança pode fazer relações com as situações de aprendizado anteriores e pode tirar experiências, grande parte desse desenvolvimento foi dado com os jogos. Froebel (1912 citado por ARCE 2004) afirma isso dizendo que o jogo seria a principal fonte do desenvolvimento na primeira infância e para Piaget a criança evolui junto com o jogo. Vygotsky citado por(alencar apud 2008) considera: ( ) se ignoramos as necessidades da criança e os incentivos que são eficazes para colocá-la em ação, nunca seremos capazes de entender seu avanço de um estádio do desenvolvimento para outro, porque todo avanço está conectado com uma mudança acentuada nas motivações, tendências e incentivos. (Vygotsky, 1991, p.105) O objetivo desta pesquisa foi verificar em trabalhos de conclusão de curso da Universidade Católica de Brasília, o que de relevante o jogo pode influenciar nos desenvolvimentos cognitivos, sociais e motores da criança. Os artigos que compõem este estudo foram encontrados na base de dados do repositório de Trabalhos de Conclusão de Cursos digitalizados da Universidade Católica de Brasília. As palavras-chave utilizadas foram: jogo, criança, desenvolvimento cognitivo, motor, social. Foram incluídos os artigos de TCC s disponíveis na íntegra e publicados entre os anos de 2010 e 2013 que tratasse sobre jogo e criança. Na primeira busca ao acervo da Universidade Católica de Brasília foram encontrados 48 trabalhos de conclusão de curso. Após a aplicação dos critérios de inclusão foram selecionados 12 para análise.

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos trabalhos de conclusão de curso (TCC s) escolhidos para formar a amostra todos foram unânimes quanto à questão de que o jogo é um fator preponderante e positivo para desenvolver os aspectos cognitivos, motores e sociais da criança. O quadro abaixo apresenta os TCC s que compõe a amostra, e os aspectos que cada um abrange. Nome do Artigo Análise do jogo como proposta pedagógica de ensino. Nome do Autor/Ano Assunção, 2010 Cognitivo Motor Social X O jogo e o desporto no desenvolvimento da educação infantil. Correia, 2012 X Influência dos jogos lúdicos no processo do desenvolvimento psicossocial em alunos dos anos iniciais do ensino fundamental. Soares, 2011 X X A importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil. Silva, 2011 X X Jogos e brincadeiras como instrumento pedagógico para alunos do 5º ano. Macedo, 2013 X Jogos pedagógicos nas aulas da educação física: principal recurso de ensino em 6º e 7º ano do ensino fundamental. Mota, 2010 X X X Influência do desenvolvimento motor na alfabetização Rocha, 2012 X X Efeito de dois programas de estimulação psicomotora sobre a coordenação fina ampla e o equilíbrio em escolares se 6 a 10 anos. Borges, 2013 X Perfil do desenvolvimento motor e o equilíbrio em crianças do ensino fundamental. Souza, 2013 X

9 A importância da recreação na educação infantil para as crianças de 6 a 7 anos. Santana, 2013 X X Jogos cooperativos uma intenção pedagógica na construção de aprendizagem e valores. Neves, 2010 Quadro 1. Descrição dos artigos de TCC incluídos na amostra. X Dos 12 TCC s, apenas um cita que o jogo influencia o desenvolvimento cognitivo, motor e social das crianças. Dois citam desenvolvimento somente os aspectos cognitivo e social, outros dois falam sobre os aspectos cognitivo e motor, três falam somente do desenvolvimento motor, e três falam somente do desenvolvimento social. Porém, como um todo, os artigos não são claros e objetivos sobre o que melhora efetivamente, mas dão somente uma visão geral e não especificada sobre os benefícios do jogo para a criança. Os estudos também demonstraram que para se alcançar os ganhos, ou seja, uma evolução em relação aos aspectos cognitivos, motores e sociais é preciso utilizar-se de jogos como intervenções pedagógicas. Incorporando essas atividades ao cotidiano dos alunos podem acontecer melhoras de trabalho em equipe, interação social, criatividade, coordenação motora, raciocínio logico, raciocínio rápido. A Educação Física na escola deve, assim, possibilitar aos alunos uma diversidade de conteúdos, oportunizar uma vivência que vai além dos esportes. O jogo é uma ferramenta que pode potencializa essas vivências, porém, utilizar-se do lúdico pelo lúdico pode não ser a forma mais adequada. Deste modo, há de se pensar como ferramenta pedagógica e mais uma maneira de se motivar os alunos e incrementar as aulas. Os resultados ainda apresentam que o aspecto do desenvolvimento motor é o maior afetado por uma aplicação pedagógica correta do jogo. Porém, os estudos não exemplificam como pode se chegar a alcançar esses objetivos. O aspecto social vem logo a seguir como sendo também diretamente influenciado pela participação pedagógica do jogo. Mas novamente, os trabalhos não trazem especificações sobre o quê realmente foi atingindo. O desenvolvimento cognitivo é o menos citado, mas que também pode ser influenciado pelo jogo trabalhado de forma pedagógica.

10 Assim, ao se analisar os resultados dos TCC s percebem-se uma visão superficial e pouco objetiva do que realmente o jogo pode contribuir em relação aos aspectos cognitivos, motores e sociais da criança, uma vez que os estudos são muito abrangentes e pouco focados em responder apenas essas questões. Eles trazem um aporte teórico rico, todavia não são muito claros em dizer quais valências são mais afetadas, utilizando-se muito de subjetividade. Fica também implícito que os estudos tem sido tendenciosos, uma vez que não abordam aspectos negativos do jogo, o que pode ser uma forma equivocada de utilização, como, por exemplo, o jogo livre. Deste modo, os estudos deixam margem, para que outros estudos possam advir e tentar explicar se algo de negativo pode ser detectado por não se usar o jogo como ferramenta pedagógica ou por sua utilização de forma inadequada. Assim se poderá responder a perguntas como será o jogo efetivo somente utilizando-se do lúdico pelo lúdico? Enfim, é necessário que estudos futuros sejam mais aprofundados e que busquem responder a questão de causa e efeito com mais propriedade, visando analisar de que forma o jogo deve ser aplicado para ser uma colaboração efetiva para o desenvolvimento cognitivo, social e motor da criança e quais aspectos deste desenvolvimento são de fato atingidos através do jogo. CONCLUSÃO O que de relevante fica em relação à pesquisa feita é o que o jogo tem que ser utilizado de maneira pedagógica para de alcançar benefícios cognitivos, motores e sociais. Entretanto, os estudos são pouco objetivos e de maneira geral pode-se perceber que o jogo influencia de forma positiva na socialização dos alunos, trabalho em equipe, coordenação motora e pensamento lógico. Nesse contexto o professor precisa ser mais efetivo no manejo e condução das aulas para diversificar e orientar sua interversão de forma a surtir evoluções consistentes.

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