A Ação Controlada na Lei de Drogas e na Lei de Organização Criminosa. Um possível conflito de normas.



Documentos relacionados
ENUNCIADOS ELABORADOS PELA ASSESSORIA DE RECURSOS CONSTITUCIONAIS

ARTIGO 14 da Lei nº 6368/76: CRIME HEDIONDO!

COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DE DEFESA NACIONAL. MENSAGEM N o 479, DE 2008

MATERIAL DE AULA DOS DOCUMENTOS. Art Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo.

Atendimento Policial a Vítimas de Violência Doméstica

PRINCIPAIS JULGAMENTOS DE 2015 STF E STJ DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

Aliás, ainda em âmbito ministerial, no I Encontro Criminal de 2004, a conclusão, nas ementas 73 e 84, havia sido de que:

MATERIAL DE AULA LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996.

O COLÉGIO DE PROCURADORES DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais; e

Superior Tribunal de Justiça

O Novo Regime das Medidas Cautelares no Processo Penal

Autores: Bruno Shimizu, Patrick Lemos Cacicedo, Verônica dos Santos Sionti e Bruno Girade Parise

Supremo Tribunal Federal

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES PREVISTOS EM LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE. ESTATUTO

336 TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PROCESSO PENAL COMNENTÁRIOS RECURSOS PREZADOS, SEGUEM OS COMENTÁRIOS E RAZÕES PARA RECURSOS DAS QUESTÕES DE PROCESSO PENAL.

Supremo Tribunal Federal

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL 8ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE BELO HORIZONTE APELAÇÃO

PROVIMENTO CONJUNTO Nº 27/2013 (Alterado pelo Provimento Conjunto nº 38/2014)

Supremo Tribunal Federal

A Norma Penal em Branco e a Abolitio Criminis.

A PRISÃO PREVENTIVA E AS SUAS HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 313 DO CPP, CONFORME A LEI Nº , DE 2011.

Supremo Tribunal Federal

PROJETO DE LEI N O, DE (Do Sr. Ivo José) O Congresso Nacional decreta:

sem necessidade de transcrição. quando for de sua preferência pessoal

O acórdão em análise é oriundo do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento de um agravo regimental em Recurso Especial e assim dispõe:

MANUAL DO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA MNPJ

SENTENÇA Procedimento Ordinário - Anulação de Débito Fiscal L Fazenda Publica do Estado de São Paulo

Faz os seguintes questionamentos:

TRABALHO 1 COMENTÁRIOS A ACÓRDÃO(STF)

Supremo Tribunal Federal

O PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, no uso de suas atribuições legais,

VI Exame OAB 2ª FASE Padrão de correção Direito Penal

Direito Processual Penal - Inquérito Policial

PROJETO DE LEI N O, DE 2004

PROJETO DE LEI Nº, DE 2012

Supremo Tribunal Federal

pena pode chegar a 5 (cinco) anos de detenção, mas são destituídos de periculosidade e, em geral, recaindo na modalidade culposa.

PADRÃO DE RESPOSTA PEÇA PROFISSIONAL

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

Conselho da Justiça Federal

REGIME PRISIONAL FECHADO NO DELITO DE TRÁFICO DE ENTORPECENTES. Autor: Fábio Soares Valera. Promotor de Justiça. Comarca de Araxá.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

ESTADO DE ALAGOAS PROCURADORIA GERAL DO ESTADO CORREGEDORIA-GERAL TÓPICOS DA NOTA TÉCNICA

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO TOCANTINS TRIBUNAL DE JUSTIÇA Juiz Convocado HELVÉCIO DE BRITO MAIA NETO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

Apostila Exclusiva Direitos Autorais Reservados 1

DIREITO PENAL. Exame de Ordem Prova Prático-Profissional 1 PEÇA PROFISSIONAL

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

PROGRAMA DE CATIVEIRO DE ESPÉCIES AMEAÇADAS

PLANTÃO JUDICIAL. HABEAS CORPUS N.º Plantão Judicial Portaria n.º 357/2015

LUIZ ANTONIO SOARES DESEMBARGADOR FEDERAL RELATOR

MELTON ADMINISTRADORA DE BENS LTDA

Superior Tribunal de Justiça

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador PAULO PAIM

15/05/2013 MODELO DE RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO EMENTA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIãO Gabinete do Desembargador Federal Marcelo Navarro

Excelentíssima Senhora Presidente da Comissão Permanente de Direito Penal do Instituto dos Advogados Brasileiros, Dra.

PROCESSO SELETIVO PARA CONCESSÃO DE BOLSAS ESTUDOS DA CAPES MESTRADO e DOUTORADO EDITAL 1º/2013

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E BAIXA DE SOCIEDADE

Sumário. Lista de abreviaturas 25. Apresentação 31. Introdução Origens e precedentes históricos do instituto. A legislação comparada 41

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XVI EXAME DE ORDEM UNIFICADO

R E L A T Ó R I O. O Sr. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI: Trata-se de. habeas corpus, com pedido de medida liminar, impetrado por

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. RESOLUÇÃO Nº 36, DE 6 DE ABRIL DE 2009 (Alterada pela Resolução nº 51, de 09 de março de 2010)

Gabinete do Procurador-Geral de Justiça ATO PGJ Nº 571/2016

As interceptações telefônicas como prova cautelar e os princípios do contraditório e da ampla defesa

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROJETO DE LEI Nº 182/2013 A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

SENTENÇA ESTRANGEIRA DE DIVÓRCIO CONSENSUAL NÃO MAIS NECESSITA SER HOMOLOGADA PELO STJ APÓS NOVO CPC

RESOLUÇÃO CRP-16 Nº 005/2012

PORTARIA Nº 133/2011-GS/SET, DE 19 DE OUTUBRO DE 2011.

REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº F DE O CONGRESSO NACIONAL decreta:

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARANÁ Conselho Superior

A APLICAÇÃO DA JURIMETRIA NOS INQUÉRITOS POLICIAIS DA LEI MARIA DA PENHA

MANUAL DE PREENCHIMENTO DOS QUADROS DO FIP REFERENTES AO CAPITAL ADICIONAL PARA COBERTURA DO RISCO DE CRÉDITO meses de referência: jan a maio/11

UNESC Faculdades Integradas de Cacoal Mantidas pela Associação Educacional de Rondônia - Internet:

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL OAB XIII EXAME DE ORDEM C006 DIREITO TRIBUTÁRIO

A violação do direito ao sigilo das conversas telefônicas

Regulamento do Estágio Curricular Supervisionado

CAPÍTULO I DA FUNÇÃO CORRECIONAL

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO Conselho da Magistratura PROVIMENTO N 01/2007 (DOE 18/05/07)

PROJETO DE LEI N.º 1.939, DE 2015 (Do Sr. Weverton Rocha)

PROJETO DE LEI N.º 6.375, DE 2013 (Do Sr. Arnaldo Faria de Sá)

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ASSESSORIA JURÍDICA

CONCORRÊNCIA N.º 01/2015 BNDES ATA DE JULGAMENTO DOS DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO

MINUTA DE CONVÊNIO PADRÃO

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

REQUERIMENTO ( DO Sr. Deputado RENATO COZZOLINO)

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

CÓDIGO CRÉDITOS PERÍODO PRÉ-REQUISITO TURMA ANO INTRODUÇÃO

Superior Tribunal de Justiça

APRESENTAÇÃO. Alexandre Mesquita Presidente da AOJUS-DF

Ato nº 99/GP/TRT 19ª, de 16 de junho de 2015.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL RESOLUÇÃO No,DE DE DE 2002

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

DECISÕES ATUAIS CONTRA O EXAME DE SUFICIÊNCIA DO CFC, EM DETERMINADOS CASOS (2013)

PROVA DE NOÇÕES DE DIREITO

Transcrição:

A Ação Controlada na Lei de Drogas e na Lei de Organização Criminosa. Um possível conflito de normas. Gabriel Habib(*) Também conhecida como flagrante retardado, flagrante diferido ou flagrante postergado, a ação controlada consiste em um permissivo legal para que Autoridade Policial deixe de efetuar a prisão em flagrante do agente, para concretizar tal prisão no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações. Assim, embora o agente esteja em flagrante delito, a Autoridade Policial poderá esperar o momento mais oportuno para a efetivação da prisão em flagrante. Não é de se confundir o instituto da ação controlada com o instituto do flagrante esperado. Com efeito, na ação controlada, o agente já está em flagrante da prática do crime. No flagrante esperado, o agente ainda não está em flagrante da prática do delito, e a Autoridade Policial fica na expectativa da sua ocorrência para efetivar a prisão. Ação controlada Flagrante esperado O agente já está em flagrante da prática do crime. O agente ainda não está em flagrante da prática do delito. A Autoridade Policial fica na expectativa da sua ocorrência para efetivar a prisão. Questão relevante versa sobre o possível conflito aparente de normas entre o instituto da ação controlada prevista na lei de drogas e na lei de Organização Criminosa. Explica-se. A lei de drogas (lei 11.343/2006) prevê, no art. 53, II, a ação 1

controlada, permitindo a não-atuação policial em relação aos portadores de drogas, desde que haja autorização judicial, com a seguinte redação: Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:..ii - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.. De outro giro, a lei de Organização Criminosa (lei 9.034/95) dispõe, no art. 2º, II, a ação controlada, permitindo a não-atuação policial, independentemente de autorização judicial, in verbis: em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas II - a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações. legais mencionados: Para uma melhor visualização comparativa, eis os dispositivos Lei de Drogas (lei 11.343/2006) Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e Lei de Organização Criminosa (lei 9.034/95) Art. 2º, II: em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas II - 2

ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:..ii - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.. a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações. Como se pode deduzir da leitura dos dispositivos legais citados, a diferença existente entre a ação controlada na lei de crime organizado e na lei de drogas reside na necessidade de autorização judicial, exigida pela última. A questão relevante a ser analisada é a influência da lei de drogas na lei de crime organizado, por se tratar de lei posterior. Em outras palavras, será que a lei de drogas, por prever a necessidade de autorização judicial para a efetivação da ação controlada, teria alterado a lei de crime organizado, passando, essa, a exigir, também, a autorização judicial? A questão deve ser resolvida pelo princípio da especialidade, impondo-se a resposta negativa. Assim, a nosso juízo, a autorização judicial somente deve ser exigida na ação controlada para a investigação com base na 3

lei de drogas, uma vez que apenas essa lei exige a autorização judicial, não sendo ela, portanto, exigida, para a efetivação da ação controlada com base na lei de Organização Criminosa. Ademais, deve ser também buscada a mens legislatoris, para saber qual foi a intenção do legislador ao criar o mencionado instituto. Com efeito, se o legislador não exigiu a autorização judicial para a ação controlada na lei de Organização Criminosa, foi porque entendeu que, nos crimes praticados nesses moldes, a Autoridade Policial tem a plena discricionariedade para determinar a ação controlada com instrumento investigatório, independentemente da intervenção do Poder Judiciário. Exigir um requisito que o legislador não exigiu seria flagrante violação à vontade do legislador. A dúvida que se impõe, nesse momento, é a seguinte: e se se tratar de ação controlada com meio investigatório para se apurar a prática do delito de tráfico de drogas. Nessa hipótese, deverá prevalecer a lei de drogas e aí, consequentemente, será exigida a autorização judicial ou deverá prevalecer a lei de Organização Criminosa não se exigindo a autorização judicial? Em nossa opinião, a solução que mais se adéqua à dogmática penal é a prevalência da lei de drogas sobre a lei de Organização Criminosa, mais uma vez em homenagem ao princípio da especialidade, devendo ser, portanto, exigida, a autorização judicial. Com efeito, a despeito desse meio investigatório estar positivado também na lei de Organização Criminosa, o delito a ser investigado está previsto na lei de drogas, na qual é exigida a autorização judicial. E nem poderia ser diferente, uma vez que o fim último da investigação é o delito de tráfico de drogas. Ademais, a lei de Organização Criminosa não contém tipos penais, mas apenas estabelece meio investigatórios para a apuração de qualquer delito. Se a lei na qual o delito a ser investigado também não exigir a autorização judicial para a sua investigação, a ação controlada poderá ser efetivada independentemente dela. Entretanto, de forma diversa, se a lei em 4

que o delito a ser investigado estiver positivado exigir a autorização judicial como é no delito de tráfico de drogas a ação controlada somente se legitimará enquanto procedimento investigatório se for precedida de autorização judicial. Caso contrário, estar-se-ia negando vigência ao dispositivo legal contido a lei de drogas. Entretanto, recentemente, o STJ, no informativo nº 409, ao julgar a ordem de habeas corpus nº 119.205, entendeu de forma contrária, ao decidir que mesmo que o delito investigado seja o tráfico de drogas, se a investigação for feita com base na lei de organização criminosa, é desnecessária a autorização judicial para a ação controlada, em razão da falta de exigência por parte dessa lei. Eis o julgado: STJ. INFORMATIVO N 409. Quinta Turma AÇÃO POLICIAL CONTROLADA. MP. Pretende-se afastar, por falta de prévia manifestação do MP, a decisão que deferiu a busca e apreensão em sede de investigação requerida pela autoridade policial, bem como reconhecer a ilegalidade do ato praticado pela polícia, que acompanhou o veículo utilizado para o transporte de quase meia tonelada de cocaína, retardando a abordagem. Quanto ao primeiro tema, vê-se que não há dispositivo legal a determinar obrigatoriamente que aquela medida seja precedida da anuência do membro do Parquet. Ademais, a preterição de vista ao MP deu-se em razão da urgência da medida, bem como da ausência, naquele momento, do representante do MP designado para atuar na vara em questão. Já quanto à segunda questão, a ação policial controlada (art. 2º, II, da Lei n. 9.034/1995) não se condiciona à prévia permissão da autoridade judiciária, o que legitima o policial a retardar sua atuação com o fim de 5

buscar o momento mais eficaz para a formação de provas e fornecimento de informações. HC 119.205-MS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 29/9/2009. (grifamos). Permissa venia, não podemos concordar com a solução dada pelo STJ ao caso concreto. Conforme exposto acima, se o delito a ser investigado está previsto na lei de drogas e ela exige a autorização judicial para a efetivação da ação controlada, não pode o Judiciário fechar os olhos para a lei como se ela não existisse, violando a mens legislatoris, como se fosse absolutamente irrelevante a intenção do legislador ao para elaborar a lei. Em face do exposto, em nossa opinião, se o delito a ser investigado está previsto na lei de drogas, com é o caso do tráfico, e ela exige a autorização judicial para a efetivação da ação controlada, deve tal procedimento investigatório ser obrigatoriamente precedido de autorização judicial, sob pena de negativa de vigência e violação da lei de drogas (lei 11.343/2006). *Gabriel Habib é Defensor Público Federal no Rio de Janeiro. Pós graduado pelo Instituto de Direito Penal Econômico e Europeu da Universidade de Coimbra. Professor e Coordenador do CURSO FORUM / RJ. Professor e Coordenador do Curso IDEIA/RJ. Professor do Curso CEJUS Centro de Estudos Jurídicos de Salvador/BA. Professor da EMERJ Escola da Magistratura do Rio de Janeiro. Professor de FESUDEPERJ Fundação Escola da Defensoria Pública do Rio de Janeiro. Professor do Curso CEJUSF/RJ. Professor da pós graduação da Universidade Estácio de Sá. Professor do Curso Jurídico/PR. Professor do Curso CEJJUF/MG. Autor do livro Leis Penais Especiais para Concursos. Editora JusPodivm. 6