RESUMO DO RELATÓRIO DE PROGRESSO DA ÁFRICA Equidade nas Indústrias Extrativas DEPARTAMENTO DE ESTUDOS E ANÁLISES

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Transcrição:

RESUMO DO RELATÓRIO DE PROGRESSO DA ÁFRICA 2013 Equidade nas Indústrias Extrativas DEPARTAMENTO DE ESTUDOS E ANÁLISES 2013

A África Progress Panel (APP) 1 publicou, em Abril de 2013, o relatório anual sobre de progresso em África 2013. Segundo o documento, o mesmo baseia-se nas melhores análises disponíveis sobre o continente. Através deste relatório, a APP faz recomendações de políticas e acções aos líderes africanos, que têm a responsabilidade primária de realizar o progresso o continente, bem como aos parceiros internacionais e a sociedade civil. O relatório Africa Progress 2013 está repartido em cinco capítulos, para além da Introdução e dos Anexos. O capítulo 1 aborda o Paradoxo dos Recursos Naturais, através do estabelecimento de uma relação entre riqueza de recursos e desenvolvimento humano em África na última década. A análise co concentra-se em 20 países 2 identificados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como "ricos em recursos." O capítulo 1 está repartido em três secções. Secção 1: descreve uma década de crescimento sem precedentes acompanhado de um desenvolvimento desigual. Refere-se aí que a situação económica da África mudou drasticamente na última década, tendo o crescimento económico registado na maior dos países da região contribuído fortemente na recuperação da recessão global. Os Países ricos em recursos naturais contribuíram determinantemente para os recordes históricos de crescimento do continente, entretanto, registaram, ao mesmo tempo, ritmos de desenvolvimento humano muito baixos. Secção 2: reporta uma grande divergência entre riqueza e bem-estar nos países ricos em recursos naturais, em África. Constata-se nesta secção que o aumento da riqueza baseada em recursos naturais é uma das forças transformadoras da paisagem social e económica em muitos países de África, com efeitos visíveis: surgimento de uma classe média, aumento significativo do número de shopping-centers, boom imobiliário e empreendimentos de infra-estrutura. Entretanto, constata também que, ao mesmo tempo, continua a haver um enorme abismo entre a riqueza económica e o bem-estar humano na maior parte do continente. Coloca-se assim a questão: Porque o robusto crescimento económico de muitos países reduziu a pobreza em tão pouco? Não obstante as diferenças constatadas entre os diferentes países, constatou-se recorrentemente o seguinte: o Distribuição desigual dos gastos públicos a desfavor das regiões e sectores com maior concentração de pobreza, fraca capacidade de cobrança de impostos, fraca ligação entre o sector produtor do recurso natural dominante e o resto da economia com efeitos negativos sobre os níveis de emprego. 1 A África Progress Painel (APP) é composto por dez indivíduos distintos do sector privado e público que defendem para a responsabilidade compartilhada entre líderes africanos e seus parceiros internacionais para promover um desenvolvimento equitativo e sustentável para a África. Kofi Annan, ex-secretário-geral das Nações Unidas e vencedor do Prémio Nobel, preside a APP e está intimamente envolvido no seu trabalho do dia-a-dia. 2 Angola, Republica Centro Africano, Guiné Equatorial, Gabão, Botswana, África do Sul, Chad, e Nigéria, Zimbabwe, Tanzânia, Mali, Namíbia, Guinea, Níger, Serra Leoa, Republica Democrático do Congo, Congo, Camarões e Zâmbia. 2

Secção 3: aborda impactos ambientais negativos da indústria extractiva como, mineração em grande escala, corte florestal, remoção de solo e introdução de máquinas pesadas em ambientes frágeis, parte central do tecido social e económico de uma sociedade com altos níveis de pobreza e desigualdade. O capítulo 2 do Relatório aborda o super ciclo do preço das Commodities e o seu impacto sobre o crescimento. Este está estruturado pelas secções seguintes: Secção 1: Descrever a contribuição das exportações de recursos para o crescimento económico nas últimas décadas, bem como a importância que teve o super-ciclo do preço das Commodities. O desempenho das economias de África é apontado como sendo extraordinária nas últimas décadas. A maioria dos países registou um crescimento sustentado, tendo se recuperado rapidamente da crise económica global de 2008, agravada pelo aumento dos preços dos alimentos e, em alguns países, pela seca. Muitos factores são apontados como tendo fortalecido o desempenho de crescimento de África, entre estes, melhores políticas macroeconómicas, aumento de investimento em infra-estrutura, desenvolvimento institucional, aprofundamento dos sistemas financeiros e aumento da produtividade. Secção 2: fornece uma visão geral da riqueza em recursos de África, deduzindo destes os potenciais fluxos de receitas, destacando ainda o papel potencialmente transformador das novas descobertas. África ocupa um lugar significativo nos mercados globais de vários minerais. O Relatório estima que o este continente abriga 30% das reservas minerais do mundo, e uma proporção ainda maior de depósitos de ouro, platina, diamantes e manganésio. Acredita-se, no entanto, que grande parte da riqueza de África ainda está inexplorada. O Relatório refere que, adicionando-se as receitas com a exportação de recursos, os altos preços das commodities tem permitido aos governos africanos aceder a outras fontes de capital privado por via da colocação de títulos de dívida soberana. Em 2012, terão sido mobilizados cerca de USD 7 mil milhões por meio de fluxos de títulos. Secção 3: analisa o papel do investimento estrangeiro nas indústrias extractivas em África. Constata o Relatório que África tem sido palco de disputa de nível global dos investidores estrangeiros no sector extractivo. Enquanto a região é responsável por uma parcela muito baixa do investimento global em energia, a sua quota de investimento em mineração atingiu os 15%, em 2011. A actividade de investimento das grandes empresas multinacionais de petróleo e mineração aumentou em todo o Continente, assim como a de empresas multinacionais de segunda linha e de pequenas empresas com uma especialização regional. o Entretanto, constata-se que os investidores estrangeiros que marcam presença nas indústrias extractivas de África operam através de jurisdições e de estruturas de empresa extremamente complexas. Estas operacionalizam a sua actividade financeira e comercial em África através de subsidiárias locais, afiliadas e uma serie de empresas offshore. A assimetria de informação, a combinação de complexidade, requisitos de divulgação e capacidade reguladora limitada, está no centro de muitos dos problemas discutidos neste relatório por facilitar a evasão fiscal, a corrupção e a subvalorização dos recursos naturais de África. 3

O capítulo 3 do Relatório analisa os custos da má gestão das empresas pública, da falta de um correcto planeamento fiscal e de assimetrias e ineficiências nos gastos públicos. O capítulo desenrola-se nas seguintes secções: Secção 1: trata da transparência e da responsabilidade social enquanto pilares da Boa Governança e base para a confiança nos governos. O Relatório considera que o desvio de receitas e outras perdas associadas com práticas comerciais incorrectas são endémicos entre os países ricos em recursos. As somas envolvidas são frequentemente muito altas em relação aos orçamentos nacionais. O quadro dos países africanos ricos em recursos, quando vistos em conjunto, é desanimador. O Índice de Governança de Recursos (RGI) e o Índice de Abertura do Orçamento (OBI) mostram que nenhum país Africano está na categoria de alta performance de gestão e a transparência do orçamento. A fiscalização legislativa e as auditorias são débeis, criando-se um ambiente fértil para o desvios e corrupção, subordinando-se o interesse público aos interesses privados. Secção 2: aborda a forma como os governos africanos realizam a sua planificação fiscal e as situações de evasão fiscal das empresas que operam em África. Segundo o Relatório objecto do nosso resumo, para atrair investidores estrangeiros, muitos governos africanos concedem benefícios fiscais excessivos. Esses mesmos governos têm sido lentos a realinhar os seus sistemas tributários as novas realidades dos mercados mundiais, permitindo as multinacionais que operam nos seus países realizar margens de lucro significativas. Até 2010, a média de pagamento de royalties sobre as exportações de ouro na África Subsaariana era de 3 % - um dos níveis mais baixos do mundo. o A complexidade dos regimes fiscais, refere-se, tem tornado difícil a realização de comparações entre países difícil. Secção 3: reporta as desigualdades acesso aos benefícios dos gastos públicos realizados com receitas dos recursos naturais, bem como a ineficiência na execução dos gastos públicos. Refere o Relatório, os gastos públicos são o principal canal, através do qual, as populações dos países ricos em recursos naturais podem usufruir destes. Assim, recomenda-se, estes recursos deveriam ser prioritariamente canalizados para a saúde, educação, água, saneamento e infraestrutura, permitindo assim a expansão das oportunidades e a sustentabilidade do crescimento. Porém, muitos governos têm feito má gestão das receitas à sua disposição. o Em resultado, refere-se, muitos dos países africanos ricos em recursos naturais estão entre os que apresentam os piores índices de desenvolvimento humano do mundo, têm grande parte da sua população a sofrer de sub-nutrição e de períodos prolongados de doença evitáveis. Esses países respondem por dois-terços das crianças africanas excluídas do sistema escolar, isto é, uma em cada três do total do mundo. No penúltimo capítulo (Capítulo 4) aborda-se a oportunidade que a próxima década constitui para os países africano ricos em recursos naturais, através de uma gestão macroeconómica sólida, impulsionada por fortes parceiras internacionais, parcerias com o sector privado e com ONG s. Este capítulo ainda identifica antídotos para alguns problemas de gestão dos recursos naturais em África. Muitos daqueles, já têm sido aplicados, através de reformas práticas, em alguns dos países em desenvolvimento. O capítulo focaliza três áreas críticas: 4

i. Reforço da transparência por via da prestação de contas e da responsabilização dos gestores públicos e cidadãos da África; ii. Incremento dos benefícios da riqueza mineral através de uma tributação justa, de gastos públicos mais eficiente e equitativos e do desenvolvimento de estratégias de articulação entre os sectores de base extractiva e o resto da economia; e iii. Melhorar a gestão dos impactos sociais e ambientais da exploração de recursos naturais em benefício dos países e dos povos. O último capítulo (capítulo 5) é um guia de orientação e recomendação para os países africanos ricos em recursos naturais, seus parceiros internacionais, sector privado e ONG s que neles operam, de forma a viabilizar a implementação de uma agenda comum orientada para a mudança. Entre as recomendações de carácter imediato encontramos i) aumento da transparência; ii) Melhor Distribuição dos benefícios; ii) Potenciação de transformações económicas que levem a diversificação; iii) Aumento da equidade nas despesas públicas; e, iv) Garantia da sustentabilidade ambiental e social. 5