EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL Nº 700.966-7/01, DE PONTA GROSSA- 4ª VARA CÍVEL RELATOR : DES. GAMALIEL SEME SCAFF EMBARGANTE : INSOL INTERTRADING DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A E OUTROS EMBARGADO : BPN BRASIL BANCO MÚLTIPLO S/A EMBARGOS DE DECLARAÇÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO NOTA PROMISSÓRIA VINCULADA À CONTRATO DE CÂMBIO INAPLICABILIDADE DO INSTITUTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ARTS. 49, 4º E 86, II, DA LEI Nº 11.101/2005 PRECEDENTES DESTA CORTE. EXECUÇÃO EXTRA JUDICIAL DECISÃO MANTIDA. -Embargos de declaração. Ausência dos requisitos sine qua non. Inadmissibilidade: o artigo 535 do CPC de forma taxativa elenca os possíveis vícios que um decisum pode apresentar, para que se torne pertinente o manejo dos embargos de declaração. Assim, se a decisão objurgada não for omissa, contraditória ou obscura a oposição dos embargos declaratórios não ultrapassa o requisito da admissibilidade recursal. EMBARGOS REJEITADOS. Página 1 de 5
VISTOS ETC. I. RELATÓRIO. Trata-se de Embargos de Declaração Cível nº 700.966-7/01, de Ponta Grossa - 4ª Vara Cível, em que é Embargante INSOL INTERTRADING DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A E OUTROS e Embargado BPN BRASIL BANCO MÚLTIPLO S/A. Contam os autos ter o agente financeiro BPN Brasil Banco Múltiplo S/A se insurgido contra o despacho de primeiro grau que havia suspendido o processo por 180 dias, porquanto estaria a empresa devedora em procedimento de recuperação judicial. Tal decisão fora reformada por esta Corte, visto que, com base no art. 49, 4º,e 86, II, da Lei nº 11.101/2005, tal pretensão seria indevida. Diante disso, pelas portas do art. 535, CPC, volta Intertrading do Brasil, asseverando que avença em tela não seria antecipação de câmbio, mas sim mero repasse de crédito internacional. Assim, com base nos arts. 1º, 47, da Lei nº 11.101/2005, bem como, arts. 1º, IV, 3º, I, 5º, 170, III e 193 da CF, bem como, art. 7º, II da LC 95/1998, seria possível a inclusão do contrato em tela na recuperação judicial em tela. É o relatório. II. VOTO. Tempestivos os presentes Embargos de Declaração. No tocante ao mérito, não assiste razão ao embargante, não havendo inclusive que se dizer em negativa de vigência ou ofensa aos arts. 1º, Página 2 de 5
47, da Lei nº 11.101/2005, bem como, arts. 1º, IV, 3º, I, 5º, 170, III e 193 da CF, bem como, art. 7º, II da LC 95/1998. Conforme já dito anteriormente, a despeito do nomem juris dado à presente avença, trata-se de execução que se embasa em uma Nota Promissória (fls. 93-TJ) oriunda de Contrato de Adiantamento de Câmbio (fls. 61). Como já dito, as avenças de concessão de adiantamento de crédito para financiamentos à exportação não ficam sujeitos à recuperação judicial, em razão das exceções impostas pela própria Lei 11.101/05 em seus arts. 49, 4º e 86, II. Inclusive, segundo já apontado anteriormente, FÁBIO ULHOA COELHO explica que os bancos credores da antecipação de crédito derivado de contrato de câmbio (ACC) não se sujeitam aos efeitos da recuperação judicial... para poderem praticar juros menores (com spreads não impactados pelo risco associado à recuperação judicial), contribuindo a lei, desse modo, com a criação do ambiente propício à retomada do desenvolvimento econômico. i Por derradeiro, vale novamente acrescentar que a parte, sem prejuízo do presente articulado, submeta ao juízo próprio Juízo da Recuperação Judicial a questão acerca da natureza jurídica do contrato em execução e sua eventual submissão às regra de recuperação, juízo aquele, efetivamente competente para conhecer dessa matéria. À luz do exposto, inegável que os fundamentos elencados pela nobre embargante não se tratam de omissão, contradição ou mesmo obscuridade. Assim, rejeito os presentes Embargos de Declaração, a rigor do que determina o art. 535 do CPC. É como voto. Página 3 de 5
CONCLUSÃO Em conclusão, inexistindo qualquer omissão, obscuridade ou contradição, rejeito os Embargos Declaratórios opostos. Página 4 de 5
III. DISPOSITIVO: ACORDAM os Senhores Desembargadores integrantes da 13ª Câmara Cível, por unanimidade, em rejeitar os Embargos de Declaração, nos termos do voto do Relator. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Senhores Desembargadores LUIZ TARO OYAMA e ROSANA ANDRIGUETTO DE CARVALHO. Curitiba, XV. IV. MMXI. (DRP) Des. Gamaliel Seme Scaff i COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à Nova Lei de Falências e de Recuperação de Empresas. (Lei n. 11.101, de 9-2-2005). 3a ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 131. Página 5 de 5