AULA Conteúdo da aula: Direitos Fundamentais (cont.). Direito de Nacionalidade e Direitos Políticos.

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Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Direito Constitucional / Aula 24 Professor: Marcelo Leonardo Tavares Monitora: Mariana Simas de Oliveira AULA 24 1 Conteúdo da aula: Direitos Fundamentais (cont.). Direito de Nacionalidade e Direitos Políticos. DIREITOS FUNDAMENTAIS Direito da Nacionalidade A nacionalidade é uma relação jurídica especial de direito público que vincula o indivíduo a um determinado Estado, gerando direitos e obrigações. Essa relação de vinculação faz com o individuo passe a integrar o coletivo da nação ou do povo (sem a conotação política; eleitoral, mas como conjunto de nacionais e não como cidadãos politicamente ativos). A pessoa passa a ter direito de proteção por parte do Estado mesmo em ambiente internacional, com uma identidade internacional da vinculação, que é o passaporte, permitindo que o indivíduo transite em outros Estados com os quais o seu país tenha relação. O Brasil, nos últimos dez, quinze anos, em vários momentos protegeu internacionalmente os seus nacionais: mandou às vésperas da invasão americana ao Iraque aviões da FAB para retirar brasileiros; encaminhou para a Bolívia aviões para retirar nacionais; na queda das Torres Gêmeas auxiliou a encontrar nacionais que estariam no local. Existem, além de direitos, obrigações. Na maioria dos países, por exemplo, há a obrigação de prestação do serviço militar. Para os países que adotam a eleição de comparecimento obrigatório, como é o caso do Brasil, o indivíduo é obrigado a comparecer ao voto. 1 Aula ministrada em 07\07\2014.

O ato de reconhecimento da relação jurídica é um ato de soberania. Cada país escolhe adotar determinadas regras jurídicas que podem ser constitucionais ou legais de reconhecimento da nacionalidade, variando. Diante dessa variação existe sempre o risco de, um lado, a pessoa ter várias nacionalidades ou de não ter nacionalidade nenhuma (apátrida). A situação de apátrida pode ocorrer tanto pelo fato de a pessoa não ter nascido em lugar nenhum, como ocorreu com o atacante francês Benzema, que nasceu no mar internacional quando os pais saiam de um país africano de colonização francesa para a França. Ele só teve o reconhecimento da cidadania francesa em 2005, até então ele era apátrida. A situação de apátrida por surgir, também, de uma combinação que faça com que a pessoa caia num limbo normativo. O Brasil é signatário de um tratado para evitar a existência de apátrida e para protegê-los, na medida do possível. Por consequência disso, o Brasil expede passaporte brasileiro para menores que potencialmente podem optar pela nacionalidade brasileira quanto atingirem a maioridade. O vínculo de nacionalidade pode ser originário, quando surge com o nascimento. Ou pode ser derivado ou secundário, quando surge de uma opção, um ato voluntário. A nacionalidade originária gera o nacional nato enquanto a derivada o nacional naturalizado. É da tradição da maioria dos países conferirem mais direitos ao nacional nato, mas isso pode variar. A Constituição impede que a lei discrimine o brasileiro naturalizado. A discriminação, todavia, é feita pela Constituição nos seguintes casos: (i) O art.5º, LI, CF, possibilita a extradição do brasileiro naturalizado em duas hipóteses: em relação a fatos imputados a ele anteriores a naturalização ou por tráfico internacional de entorpecentes anterior ou posterior a naturalização. O brasileiro nato não pode ser extraditado em hipótese alguma, a não ser que venha a perder a nacionalidade. Art.5º. LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. (ii) O art.12 da Constituição traz algumas hipóteses de cargos próprios de brasileiro natos:

Presidência da República; Vice-presidência; Presidência da Câmara; Presidência do Senado; Ministro do Supremo; Oficial das Forças Armadas - o brasileiro naturalizado pode ser praça (soldado, marinheiro, cabo, sargento e até suboficial e subtenente) Integrante da carreira diplomática; Ministro da Defesa (chefia das Forças Armadas). (iii) Além disso, os seis cargos do art.89, VII, da CF, para integração do Conselho da República são exclusivos para brasileiros natos (art.89, VII). (iv) Outra discriminação está prevista no art.222 da CF. Note-se que ela não é absoluta e pode cessar com o passar do tempo: Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. (v) A última previsão de discriminação da Constituição está no art.12, 4º: Art.12. 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. Prosseguindo, toda rega de nacionalidade originária parte de dois critérios: (i) Critério territorial jus solis. Nacional é aquele que nasce no território do país. (ii) Critério de descendência jus sanguinis. Nacional é o filho do nacional, independentemente de onde nasça. Países que têm tradição de emigração tendem a dar prevalência ao critério de descendência. Já os países que têm tradição de imigração, como o Brasil, tendem a dar preferência ao critério territorial para pacificar o seu tecido social.

O Brasil adota três critérios sobre a nacionalidade originária (um critério de jus solis temperado e dois critérios jus sanguinis temperados): Art.12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; Critério territorial. A jurisprudência tempera essa disposição: se um dos pais estiver a serviço de seu país, mas o outro for brasileiro será o filho brasileiro também. A Constituição pressupõe que os pais sejam estrangeiros e um, pelo menos, esteja a serviço do seu país e isso é quebrado pelo fato do outro ser brasileiro. b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; Estar a serviço do Brasil significa que pode ser tanto da administração pública direta como da indireta, mesmo empresa pública ou sociedade de economia mista. Exemplo: se o BB encaminha um empregado para ser gerente de uma agência na França. O filho desse empregado, nascido na França, será brasileiro. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) Requisitos: nascer no estrangeiro + ser filho de pai ou mãe brasileiros + (ser registrado em repartição competente ou vir a residir no Brasil) + optar pela nacionalidade brasileira. Essa opção é feita por ação judicial de jurisdição voluntária à livre distribuição para as Varas Cíveis na Justiça Federal. A sentença é declaratória. Para evitar a situação de apátrida, se o menor de 18 anos tiver sido registrado em repartição brasileira ou residir em território nacional, o Brasil expede passaporte brasileiro com data de término no seu aniversário de 18 anos. modelos: A nacionalidade derivada, que dará origem ao nacional naturalizado, tem dois Art.12. São brasileiros: II - naturalizados: a) os que, na forma da lei (Lei 6815/80 Estatuto do Estrangeiro), adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

Naturalização ordinária: (i) Observância dos requisitos da Lei 6815/80; (ii) Originários dos países de língua portuguesa (língua oficial Portugal, Angola, Moçambique): um ano de residência e idoneidade moral. Não há direito subjetivo, pois a naturalização é um ato de soberania. Sequer cabe recurso. b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) Nacionalidade extraordinária: (i) Residência ininterrupta por mais de 15 anos e ausência de condenação criminal. Ao contrário do que ocorre na naturalização ordinária, aqui o estrangeiro tem direito subjetivo. Se o Brasil não quiser que um estrangeiro invoque a naturalização extraordinária basta não renovar o visto de residência dele quando se aproximar dos 15 anos. A Constituição prevê, ainda, a situação de quase nacionalidade no caso do português, desde que se mantenha o tratado bilateral existente entre Brasil e Portugal em que se garantem direitos recíprocos entre os brasileiros lá residentes e os portugueses aqui residentes. Exemplo: um português residente no Brasil que tenha cursado faculdade de Direito pode fazer a prova da OAB e advogar. Pode, inclusive, vir a exercer direitos políticos, mas apenas em um país (Brasil ou Portugal), diferentemente da situação de quem tem dupla nacionalidade que pode votar nos dois países. A naturalização é um ato administrativo. Existe um processo administrativo que corre no Ministério da Justiça (há uma Secretaria própria para isso). Com a decisão favorável pela naturalização, expede-se um certificado que tem validade de uma certidão de nascimento. Cabe ao Juiz Federal da 1ª Vara Cível; entregar o certificado de naturalização. No caso da nacionalidade originária da letra c o pedido vai à livre distribuição a uma das Varas Cíveis da Justiça Federal. Já o ato de entrega do certificado de naturalização é de competência exclusiva da 1ª Vara Cível da Justiça Federal. Essa previsão está na Lei 6815/80. A perda de nacionalidade está prevista no 4º do art.12 da Constituição: Art.12. 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; Só ocorre com o naturalizado.

Direitos políticos A ação é proposta pelo MP que alega o exercício de atividade nociva ao interesse nacional, mas não necessariamente que a pessoa tenha cometido crime. Um crime pode não ser nocivo ao interesse nacional: um homicídio pode não ter essa característica. A sentença que decreta a perda da nacionalidade tem natureza desconstitutiva, com efeito ex nunc. II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) Trata-se do brasileiro nato ou naturalizado. A regra é que ambos perdem a nacionalidade se adquirirem outra. As exceções estão nas alíneas a e b. a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) Essa hipótese é muito aberta. Exemplo: os clubes de futebol europeus têm um número máximo de jogadores estrangeiros que podem contratar. Às vezes um jogador brasileiro, principalmente em Portugal, é pressionado a se naturalizar para que o clube abra a sua cota para outro estrangeiro. Se isso fica evidenciado ele não perde a sua nacionalidade brasileira. Há um parecer no Ministério da Justiça colocando as hipóteses de perda de nacionalidade nesses casos. Quando a pessoa invoca a nacionalidade estrangeira para ter acesso ao mercado de trabalho, para exercer determinado direito, ela não perde a nacionalidade brasileira. Na prática, o brasileiro quase nunca perde a sua nacionalidade, a não ser que alguém peça. O Brasil não decide pela perda de nacionalidade de um brasileiro nesses casos de ofício. Os direitos políticos podem ser divididos em dois tipos: ativos (alistabilidade), passivos (elegibilidade). A alistabilidade pode ser: (i) obrigatória para o maior de 18 anos e menor de 70; (ii) facultativa analfabetos, pessoa menor de 18 anos e maior de 16, e o maior de 70; (iii) vedada para os estrangeiros e conscritos (militares em prestação de serviço militar obrigatório todo fuzileiro vota, pois nenhum deles estará em serviço militar obrigatório).

A elegibilidade exige as condições previstas no 3º do art.14 da Constituição: Art.14. 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; A pessoa pode ficar sem partido durante do mandato, mas a filiação é obrigatória para a eleição. VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador. A inelegibilidade pode ser absoluta nos casos dos inalistáveis e analfabetos: art.14. 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. Existem, por outro lado, condições de inelegibilidades relativas: Art.14. (...) 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) Caso concreto: o Geraldo Alckmin foi vice-governador no primeiro mandato do Mário Covas, que foi reeleito e faleceu em março no primeiro ano da reeleição. Geraldo Alckmin assumiu o governo e se candidatou à reeleição. Houve impugnação dessa reeleição e o TSE decidiu que a sua eleição foi válida. 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito

ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. O TSE também julgou um caso interessante nesse aspecto: uma pessoa que mantinha união homoafetiva com uma prefeita de um Município do Amazonas se candidatou à eleição seguinte ao período da prefeita. Ela sustentava a possibilidade ao argumento de que as condições de inelegibilidades são restritivas de direito, então devem ser interpretadas restritivamente. O TSE manteve a sua inelegibilidade ao argumento de que há um princípio republicano de revezamento no poder e que, apesar de serem restritivas as condições de inelegibilidade, elas atendem a outro princípio constitucional de revezamento. 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. Note-se que, de acordo com o 9 do art.14, lei complementar pode dispor sobre outras condições de inelegibilidade como ocorre nos casos de presidente de agência reguladora, ficha-suja.