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Transcrição:

A região da baía da Ilha Grande foi descoberta em l502 por Gonçalo Coelho, na segunda expedição ao Brasil, segundo alguns historiadores. Nesta ocasião vários nomes foram dados a acidentes geográficos para servirem de referência aos futuros navegantes. Assim surgem os nomes: Ilha Grande, Angra dos Reis Magos, Pico do Frade e Ponta Fragosa, que orientarão os novos aventureiros. Mas, o descobrimento desta região não deve ser confundido com o início de seu povoamento por portugueses. Ela começa a ser povoada somente por volta de 1530, quando a Expedição de Martin Afonso de Souza vem ao Brasil em busca do caminho para as Minas de Potosi. Funda ele o povoado de São Vicente e dá porções de terras para que alguns viajantes fiquem morando no Brasil. Estes moradores, os "vicentinos", aos poucos vão se espraiando pelo litoral na direção norte e sul, criando pequenos povoados. Moradores de São Vicente chegam à região de Angra dos Reis em 1556, quando Antonio de Oliveira e sua mulher Da. Genebra Leitão de Vasconcelos recebem uma sesmaria na Ilha Grande. Esta região era muito visitada por navios franceses em comércio com os índios tamoios. Já 1 / 6

haviam estado na região, entre outros, o aventureiro e cronista alemão Hans Staden e o Pe. José de Anchieta. Hans Staden conta em livro a sua permanência como prisioneiro dos índios tamoios, na aldeia do chefe Cunhambebe, em 1554. Na crônica de suas viagens refere-se, especificamente, às aldeias do Cairuçu (Ocara Açu) do Ariró, Mambucaba e Taquari. Ao Padre José de Anchieta se atribui a denominação de uma enseada na região da Cajaíba, o Pouso, onde teria ele dormido, em 1563, quando viajava como refém dos Tamoios para Iperoig, na região de Ubatuba. Vindos de São Vicente ou da Ilha Grande aqui chegam os primeiros povoadores, no final do século XVI. Mas, não existe, ou pelo menos não se conhece, qualquer documento que informe a data destes acontecimentos, por isso não se sabe a data de fundação de Paraty. Outros escritores, porém, informam que a fundação do povoado, sob a proteção de São Roque, aconteceu quando da passagem da expedição de Martim Afonso de Souza, em sua viagem do Rio de janeiro a São Vicente, pela costa, em 1531, no dia 16 de Agosto, dia de São Roque. A primeira citação do nome Paraty, somente vai aparecer em 1596, quando por aqui passou a expedição de Martim Corrêa de Sá que, vinda do Rio de Janeiro, daqui partiu com mais de 2.700 homens entre índios e soldados, para a região do Vale do Paraíba buscando aprisionar índios para escravizá-los. Para atingir as terras do vale a expedição utilizou-se de uma antiqüíssima trilha de índios que cortava a Serra do Mar, a "Trilha dos Guaianás". Na descrição de suas aventuras, Anthony Knivet, um aventureiro inglês e participante da expedição, diz que no porto de Paraty viviam os índios Guaianás, amigos dos portugueses, com quem faziam negócios. Não fala, porém da presença de portugueses aqui. O certo é que a partir de então este lugar passa a ser um ponto de entrada e passagem obrigatória para os que buscavam o sertão, subindo o caminho da serra. Vindos do Rio de Janeiro, em barcos, daqui subiam a serra até atingir São Paulo e o interior e por aqui entravam as mercadorias vindas da Europa. Em virtude da movimentação existente nesta região, do desenvolvimento do comércio de gêneros alimentícios, tecidos e especiarias, enriqueceu o povoado. Da antiga situação, sobre o Morro do Forte, mudou-se o povoado para a várzea entre os rios Paraty-Guaçu e Patitiba, parte de uma sesmaria de Maria Jácome de Melo e por ela doada para a construção do novo povoado. Junto ao Rio Paraty-guaçu construiu-se uma pequena capela dedicada a N. S. dos Remédios, atendendo a uma exigência da doadora. A outra exigência da doadora era que não se molestassem os índios que aqui viviam, o que não se cumpriu. Aqui instalado mais rápido cresceu o povoado que era parte integrante da Vila de N. S. da Conceição da Ilha Grande. Em l644, por vontade de seus moradores, investiu-se no título de vila, mas aos 26 de julho do mesmo ano o Ouvidor Geral João Velho de Azevedo a fez retornar à jurisdição da Ilha Grande. Logo depois, em 1660, outra revolta popular liderada pelo Primeiro Capitão Domingos Gonçalves d'abreu separa Paraty da Ilha Grande. Duraram sete anos as desavenças entre as duas vilas: Ilha Grande defendia o retorno da subordinação do povoado, alegando ser Paraty um couto de malfeitores, sem Justiça e Câmara formada; Paraty buscava sua emancipação falando do movimento do porto e de sua posição estratégica na entrada do caminho para o sertão. Em Carta Régia de 28 de Fevereiro de l667, Dom Afonso VI reconheceu a nova vila com o nome de Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty. Em Outubro do mesmo ano instalou-se a primeira Câmara Municipal e nomearam-se os Juízes e autoridades da nova vila. Estes acontecimentos aceleraram o desenvolvimento comercial, o plantio de cana-de-açúcar e 2 / 6

fabricação de aguardente e açúcar. A descoberta de ouro no interior das Minas Gerais, no final do século XVII transformou a Vila de Paraty na porta de entrada para os que, aos milhares, buscavam enriquecer no "eldorado" brasileiro. Seu porto passa a ser então o porto de embarque do ouro e pedras preciosas para a cidade do Rio de Janeiro, de onde seguia para Lisboa. Grande quantidade de ouro e riquezas passou por este porto, protegido por suas muitas fortificações ao longo da baía e pela Milícia da Vila. Seu porto passa a ter intenso movimento com a entrada de tecidos, ferramentas, gêneros alimentícios e escravos para abastecer São Paulo e as minas. A isso se soma a grande produção de aguardente, embarcada para a Europa como aperitivo, levada como dinheiro para a compra de escravos na África e transportada para a minas para "alimentar" os escravos. No início dos Setecentos estes fatos fazem surgir na vila casas de alvenaria de pedra; duas novas igrejas; a complementação do traçado urbano com a abertura de novas ruas e sua ocupação; a construção de fortalezas; duas Casas de Registro de Ouro, uma na Estrada da Serra, a da Cachoeirinha e na estrada de Ubatuba a do Curralinho. Paróquia desde a criação da vila, em 1725 foi elevada à condição de Paróquia Colativa. Em 1720, quando foi criada a Província de São Paulo, independente das Minas Gerais, Paraty ficou incorporada a ela, mas, a Carta Régia de 16 de Janeiro de 1726 anexa esta vila à Província do Rio de Janeiro. Em 1711, quando o corsário francês Duguay-Trouin invadiu a cidade do Rio de Janeiro e exigiu resgate para sua libertação, o Capitão Francisco do Amaral Gurgel levou daqui 580 homens armados para defender aquela cidade. A utilização cada vez mais crescente de uma nova estrada do Rio de Janeiro para as Minas Gerais, através da Serra dos Órgãos, não causou na vila grande impacto porque o porto continuava a receber as mercadorias destinadas a São Paulo e ao sul de Minas Gerais. Havia aumentado significativamente a produção dos 100 engenhos de aguardente e 2 de açúcar, além do cultivo de gengibre e mandioca, que se comerciava com o resto do país. O plantio do café, no início do século XIX, trouxe grandes modificações aos engenhos. Diante do alto preço deste produto, muitos abandonaram a produção de aguardente e passaram a cultivar café. O porto passou então a receber do alto Vale do Paraíba a produção do café lá plantado e conduzido até aqui, serra abaixo, em grandes tropas de burros. O progresso ainda era imenso: construiu-se mais uma igreja, continuaram as obras da nova matriz iniciada no século anterior, edificaram um hospital e ensinava-se latim na Cadeira de Gramática Latina. A chegada da Família Real Portuguesa no Rio de Janeiro trouxe o luxo e o bem viver da Europa para o Brasil. E em razão de sua proximidade com corte, a Vila de Paraty se transformou: Companhias Líricas se apresentavam no Casa de Ópera; cadeirinhas de arruar passaram a ser utilizadas ao invés das redes; louças e prataria inglesa e portuguesa enfeitavam as casas e serviam a mesa; tecidos caros sobejavam nos muitos armazéns à disposição da clientela ávida por novidades da Corte. 3 / 6

Novas ruas foram abertas no centro urbano; continuavam a calçar as existentes com pedras irregulares; surgiram novas construções, mais elegantes; casas térreas se transformaram em sobrados e muitos deste tipo foram construídos; fizeram-se novos aterros para avançar a vila sobre o mar e derrubaram-se construções antigas para um melhor e mais perfeito arruamento. Em 1813, por Decreto de 17 de Dezembro, foi a vila enobrecida com o título de Condado, sendo seu primeiro titular Dom Miguel Antonio de Noronha Abranches Castelo Branco. A Lei Provincial nº. 302, de 12.03.1844 elevou a vila à categoria de Cidade, com o nome de Paraty. Mas, o plantio do café não se mostrou rentável na terra exaurida, além disso, as despesas com os numerosos escravos e serviçais aumentavam a cada dia inviabilizando qualquer lucro. Muitas fazendas foram então abandonadas ou vendidas. Poucos engenhos ainda produziam a aguardente, que de tão boa qualidade fizera tanta fama, agregando a si o nome da cidade. No final do século a construção da estrada de ferro ligando o Rio de Janeiro a São Paulo através do Vale do Paraíba levou para aquela região a rota do comércio, isolando Paraty e fazendo cessar o movimento do porto. A este fato somou-se a libertação dos escravos que, retirando a mão-de-obra dos engenhos, das fazendas e do porto, fez com que grande parte da população abandonasse a região em busca de futuro mais promissor. As primeiras décadas do século XX encontraram a cidade fazendo enorme esforço para manter o que restava do progresso, com construção de pontes, instalação de luz elétrica, a publicação de alguns jornais, a exportação para as cidades vizinhas de aguardente, milho, feijão e farinha de mandioca. Mas de pouco adiantou esta tentativa. Algumas décadas depois a cidade contava somente com pouco mais de 500 moradores, o hospital da Santa Casa estava fechado, o comércio era insignificante e poucos os engenhos. Em 1945 o sítio histórico de Paraty foi considerado Monumento Estadual pelo Decreto-Lei nº 1.450, numa visão futurista do então Interventor Ernani do Amaral Peixoto, descendente de raízes paratienses. A década de 50 veio modificar substancialmente a vida de Paraty com a construção de uma estrada de rodagem ligando Paraty à cidade de Cunha, no Estado de São Paulo. Por esta estrada alcançava-se a cidade de Guaratinguetá e a Via Dutra que une as duas grandes metrópoles brasileiras, Rio e São Paulo. A viagem de barco, em dias alternados, para as cidades de Angra dos Reis e Mangaratiba, o único meio de transporte que ligava a cidade ao resto do país continuou a existir. A nova estrada, porém, possibilitava um maior e melhor fluxo de transporte, em menor tempo, com mais segurança e qualidade. Por ela começaram a descer os paulistas que, eternos aventureiros, buscavam o litoral perdido dos sonhos e o encontram nesta cidade abandonada, diferente, com ruas tortas calçadas de pedras irregulares, igrejas simples e despojadas, festas e danças antigas e acima de tudo um povo hospitaleiro e gentil. Apesar de sérios problemas como a constante queda de barreiras, deslizamento da pista e outros menores, eles adquiriram velhas casas, às vezes em ruínas, e as restauraram com capricho e bom gosto e as utilizavam para veraneio. A cada dia mais aumentava a demanda de turistas não só nas temporadas, mas também nos feriados prolongados. No turismo a cidade encontra seu destino: são abertos hotéis e restaurantes, pequenas lojas passaram a vender o artesanato local: colchas de retalho, crochês, gamelas, cestos e peneiras entre tantos outros. A pesca destinava-se agora aos restaurantes e o excedente podia ser mandado para São Paulo; os barcos, antes destinados somente à pesca, passaram a ser utilizados para passeios pelas praias e ilhas; diante da escassez de quartos em hotéis, alugavam-se casas e empregos novos surgiam a cada dia. 4 / 6

No dia 13 de Fevereiro de 1958, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional inscreveu o centro histórico de Paraty no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, ditando leis e normas para a preservação da arquitetura e do paisagismo da cidade. Finalmente, em 24 de Março de 1966, pelo Decreto nº 58.077 foi todo o Município de Paraty convertido em Monumento Nacional. A construção da Estrada Rio-Santos, BR 101, iniciada em 1970 e aberta ao tráfego em 1976, consolidou a vocação turística de Paraty no momento em que a tornou mais acessível. Paraty deixou de ser um lugar de veraneio e transformou-se em opção de turismo o ano inteiro. Novo interesse imobiliário como o da década de sessenta se fez sentir, agora não mais dirigido a compras e vendas de imóveis no centro e sim em todo o litoral, ilhas e serras. Toda esta movimentação fez com que novos instrumentos de preservação fossem criados, desta vez visando proteger o meio ambiente. Por estes motivos foram criados o Parque Nacional de Serra da Bocaina, em 1972, que abrange a maior parte do município; as Áreas de Proteção Ambiental do Cairoçu e Tamoios e a Reserva Ecológica da Juatinga, para preservação da parte litorânea e insular, além dos santuários de vida marinha lá existentes. Na cidade novos serviços foram implantados como agências e guias de turismo, o passeio de barco passou a ser feito por embarcações especiais, os Saveiros e lanchas, mais confortáveis e rápidas. Na década de 90 instalaram-se junto a cidade as operadoras de mergulho que ensinam mergulho e fazem expedições de exploração marítima. As praias ao longo da estrada começaram a ser freqüentadas e as praias de Trindade transformaram-se no lugar preferido da juventude e dos aventureiros, que lá praticam esportes náuticos. A construção de uma estrada ligando a BR 101 à Trindade transforma de vez aquele povoado: abrem-se bares, restaurantes e pequenas pousadas. Serviços como aluguel de barcos para passeios ao Caixadaço e à Praia Brava estão hoje à disposição dos turistas. O acesso a estas praias facilitou a freqüência a outras, através de trilha na mata: a Praia do Sono, Ponta Negra, Antigos Grande e Pequeno. A região da Cajaíba, acessível de barco, transformou-se agora na mais nova aventura dos turistas. São constantemente visitadas e se fazem acampamentos nas Praias Grande, Deserta, Itaoca, Pouso e Martim de Sá que, mesmo dentro da Reserva Ecológica da Juatinga, vem apresentando grande demanda turística. As trilhas antiqüíssimas existentes na serra são visitadas e percorridas com guias especializados em Ecoturismo, que buscam mostrar, mas não depredar, trilhar mas preservar ou seja, a convivência harmônica do homem com o ambiente que o cerca. No atual momento a cidade de Paraty está providenciando toda a documentação que possibilite sua candidatura a Patrimônio da Humanidade, título concedido pela UNESCO. Fonte: Diuner Mello Anuncie nos Classificados do Jornal Extra Anuncie nos Classificados de O Globo Anuncie nos Classificados do Jornal Expresso 5 / 6

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