RECOMENDAÇÃO Nº 13, de 21 março de 2012 (Art. 6 º, XX, da Lei Complementar 75/93)

Documentos relacionados
O patrimônio cultural brasileiro e o licenciamento ambiental. Fernando Figali A LASCA ARQUEOLOGIA

CONSELHO DIRETOR ATO DO PRESIDENTE RESOLUÇÃO INEA Nº 142 DE 06 DE SETEMBRO DE 2016.

A obrigatoriedade do estudo arqueológico

LICENCIAMENTO AMBIENTAL - TENDÊNCIAS - Perspectivas para os Seguros Ambientais

Considerando que as usinas de açúcar e álcool podem contemplar a atividade de co-geração de energia;

Referência: Inquérito Civil n /

Usina Termoelétrica (UTE) Nossa Senhora de Fátima

PORTARIA Nº 55, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2014

Deliberação Normativa COPAM n.º 58, de 28 de Novembro de (Publicação - Diário do Executivo - "Minas Gerais" - 04/12/2002)

CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 148 DE 30 DE ABRIL DE 2010

Licenciamento Ambiental: Mudanças no Processo de Avaliação de Impacto aos Bens Culturais Acautelados

RPPN MEANDROS I, II E II Segunda Manifestação Emissão da Licença Prévia

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado da Bahia RECOMENDAÇÃO Nº 01/2006

RECOMENDAÇÃO N. 09/2016

RECOMENDAÇÃO Nº 01/2017. Procuradores da República que assinam ao final, no exercício de suas

RECOMENDAÇÃO Nº /2017

Instrução Normativa SEMA nº 1 DE 11/01/2017

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DE SÃO PAULO

Estado do Rio Grande do Sul

A interface com a comunidade e partes interessadas no licenciamento ambiental

RECOMENDAÇÃO n 1/2016

LOC Licença de Operação Corretiva Cooperativa dos Micromineradores do Centro Oeste de Minas Gerais Ltda Lavra e extração de Calcário PARECER

Edição Número 176 de 13/09/2004

Os Impactos dos Estudos Arqueológicos na Aprovação de Empreendimentos Imobiliários

RECOMENDAÇÃO N 07/2016

Licenciamento Ambiental: Transformações no Processo de Avaliação de Impacto aos Bens Culturais Acautelados

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 279, DE 27 DE JUNHO DE 2001

RESOLUÇÃO Nº 19/01 DE 25 DE SETEMBRO DE 2001

Congresso Ambiental. O Licenciamento Ambiental no IPHAN. Carlúcio Baima. Avaliação de Impacto aos Bens Culturais Acautelados

Legislação Ambiental / EIA RIMA Legislação

Congresso Ambiental. Regime Jurídico das APPs no Código Florestal de 2012 Entendimentos técnicos e jurídicos do IBAMA

Resolução SMA nº 49 DE 28/05/2014 Norma Estadual - São Paulo Publicado no DOE em 29 mai 2014

PREFEITURA MUNICIPAL DE BROTAS CNPJ /

Prefeitura Municipal de Coronel João Sá publica:

MPF e Licenciamento Ambiental

A Aplicabilidade do Nível IV da I.N 01/2015

Propostas para o Licenciamento Ambiental Por: Julio Cesar Nery Ferreira, Eng. de Minas - Sindiextra Paula Aguiar Advogada Ambiental - FIEMG

RESOLUÇÃO N 005, DE 26 DE FEVEREIRO DE Revoga Instrução Normativa 11, de

Art. 3º A Fundação Estadual de Meio Ambiente-Pantanal, expedirá as seguintes Licenças Ambientais:

PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO E CONTROLE DE IMPACTOS AMBIENTAIS

DECISÃO DE ARQUIVAMENTO

Sistema Integrado de Normas Jurídicas do Distrito Federal SINJ-DF

ORIGEM E DIFUSÃO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

Prefeitura Municipal de Coronel João Sá publica:

LICENCIAMENTO AMBIENTAL FUNDAMENTAÇÃO LEGAL:

P ORTARIA Nº. 10/2010

Análise da manifestação do Iphan sobre os projetos de loteamento no estado de SP

Lorena Abduani 1, Daniella Sette Abrantes Silveira 2

INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º01/2010

RECOMENDAÇÃO Nº 2/2019

GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA SUDEMA Superintendência de Administração do Meio Ambiente

o MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, pelos Pracuradores da Republica

6 ECOINFRA - WORKSHOP ARQUEOLOGIA E EMPREENDIMENTOS DE INFRAESTRUTURA ARQUEOLOGIA NO METRÔ DE SÃO PAULO

Regularização ambiental na suinocultura

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO LEOPOLDO Estado do Rio Grande do Sul Secretaria Municipal de Gestão e Governo. Prezado Senhor,

Decisão de Diretoria CETESB nº 153 DE 28/05/2014 Norma Estadual - São Paulo Publicado no DOE em 29 mai 2014

Licenciamento Ambiental para Fotovoltaica em Geração Distribuída. Palestrante: Ricardo Araújo Superintendente da SEMACE.

PORTARIA SMS Nº 459, DE

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Ambiental CERT - 6ª fase. Período

3. IEMA 4. PANORAMA IEMA 5. IN

Módulo Órgãos Ambientais Competentes Procedimentos do licenciamento ambiental Exercícios.

DECISÃO SINGULAR DS2 TC 00006/18

RECOMENDAÇÃO 3/2017/PFDC/MPF

RECOMENDAÇÃO CONJUNTA Nº 73/2018

Procedimentos de licenciamento ambiental para implantação de Empreendimentos Hidrelétricos no Paraná

ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE EXTRAÇÃO DE MINERAIS DE EMPREGO DIRETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

LASE As vantagens da classificação do empreendimento como Nível IV para a avaliação de impacto sobre o patrimônio arqueológico

AUDIÊNCIA PÚBLICA. AUDIÊNCIA PÚBLICA CONAMA nº 09/87 ÓRGÃO LICENCIADOR MINISTÉRIO PÚBLICO AUDIÊNCIA PÚBLICA 50 OU MAIS CIDADÃOS 01/08/2016

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 9, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2019

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DE MERITI-RJ

RECOMENDAÇÃO Nº 01/2016

Prefeitura Municipal de Riachão das Neves publica:

Arqueologia e Patrimônio

DECRETO Nº , de 2 de março de Dispõe sobre a Comissão de Análise Urbanística e Gerenciamento - CAUGE, e dá outras providências.

Procedimentos para apresentação de documentação para licenciamento municipal ambiental.

Metodologia Pressão Estado Impacto Resposta

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL EIA

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NA LEI ESTADUAL DE PARCELAMENTO DO SOLO. Lei nº , de 22 de janeiro de 2018, revogou a Lei Estadual n 6.

RECOMENDAÇÃO MPF/PRRJ n. o 02/2017

CAVIDADES E MINERAÇÃO: QUESTÕES CONTROVERTIDAS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. Ricardo Carneiro

DECRETO Nº 1.832, DE 30 DE ABRIL DE 2008.

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE UBAÍRA GABINETE DO PREFEITO

Lei de Compensação do Estado de Goiás

Câmara Municipal de São Paulo Gabinete do Vereador José Américo PT

Prof. Mariana M Neves DIREITO AMBIENTAL

O Conselho Estadual de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo Decreto Estadual n , de 25/04/2007,

L E I n.º /

LICENCIAMENTO AMBIENTAL E OS ÓRGÃOS INTERVENIENTES. Vítor Ferreira Alves de Brito

INSTRUÇÃO NORMATIVA ICMBIO Nº 30, DE 19 DE SETEMBRO DE 2012

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA Secretaria Executiva. Assessoria Especial em Gestão Socioambiental (AESA) FÓRUM OS DESAFIOS DA TRANSMISSÃO

LICENCIAMENTO AMBIENTAL


Licenciamento e Compensação Ambiental em âmbito Federal. Escritório Regional de Santos IBAMA/SUPES/SP

1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE NOVA LIMA/MG CURADORIA DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA HABITAÇÃO E URBANISMO

ANEXO I REGULAMENTO DE APOIO INSTITUCIONAL À PARTICIPAÇÃO DE DOCENTES EM EVENTOS CIENTÍFICOS TÍTULO I DA NATUREZA E DA FINALIDADE

INSTRUÇÃO NORMATIVA N 1, DE 23 DE FEVEREIRO DE 2015

PREFEITURA MUNICIPAL DE JAGUAQUARA

DIREITO AMBIENTAL PATRIMÔNIO CULTURAL

Transcrição:

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO CEARÁ RECOMENDAÇÃO Nº 13, de 21 março de 2012 (Art. 6 º, XX, da Lei Complementar 75/93) O Ministério Público Federal, por seus legítimos representantes ao final assinado, nos termos do art. 6º, XX, da Lei Complementar nº 75/93, visando a melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover e, Considerando que tramita na Procuradoria da República no Estado do Ceará, procedimento administrativo que tem por objeto a aferição de todos os aspectos de legalidade relacionados com a instalação do equipamento público denominado Aquário do Ceará, cujo empreendedor é o Estado do Ceará através de sua Secretaria Estadual de Turismo; Considerando que o mencionado empreendimento já possui licenças ambientais prévia e de instalação expedidas pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (SEMACE), e que as obras de implantação do equipamento podem ser iniciadas a qualquer momento; Considerando que a Portaria 230, de 17 de dezembro de 2002, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), dispõe sobre as regras de proteção e preservação do patrimônio arqueológico nacional, que devem ser observadas durante os procedimentos de licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente capazes de afetar referido patrimônio; Considerando que a referida Portaria dispõe acerca das imprescindíveis providências a serem adotadas para a expedição de licenças ambientais, em urgência ou não, referentes à apreciação e acompanhamento das pesquisas arqueológicas no país; Considerando que são bens da União os sítios arqueológicos e préhistóricos, nos termo do art. 20. X, da Constituição da República, sendo nítido o interesse da União em proteger, através de sua estrutura administrativa específica (IPHAN), a integridade dos bens de sua titularidade; Considerando que a Resolução CONAMA 001/86, estabelece em seu art.6o. que o Estudo de Impacto ambiental deverá desenvolver, no mínimo, as atividades técnicas de identificação do meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da

água e a sócio-economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. Considerando que a documentação encaminhada pelo IPHAN ao Ministério Público Federal comprova que a SEMACE emitiu licença prévia e licença de instalação para o Aquário do Ceará, sem ter encaminhado ao IPHAN o respectivo EIA- RIMA do empreendimento, constando no IPHAN/CE apenas o protocolo, do empreendedor, de pedido de análise do Estudo não-formal de arqueologia. Que foi desconsiderado pelo IPHAN/CE por conta de não se tratar da versão oficial do EIA-RIMA do empreendimento; Considerando que nos termos da Resolução 001/86 do CONAMA, o EIA-RIMA do empreendimento deveria ter incorporado, obrigatoriamente, estes estudos arqueológicos e que a licença prévia somente poderia ter sido concedida pela SEMACE após o IPHAN/CE ter emitido a respectiva anuência após a análise técnica, neste particular, do EIA-RIMA, procedimento este não realizado no presente caso; Considerando que a concessão de licenças ambientais, bem como o início de qualquer atividade administrativa, notadamente de implantação do equipamento em referência, sem a superação destas pendências junto ao IPHAN/CE poderá constituir grave ilegalidade e violação do princípio constitucional da precaução, configurando, assim, ato de improbidade administrativa e, em tese, crime contra o meio ambiente; Resolve: Recomendar à Secretaria de Turismo do Estado do Ceará: que, em face da comprovação da inexistência de manifestação do IPHAN/CE sobre a viabilidade ambiental do empreendimento Aquário do Ceará, suspenda qualquer ato de instalação do referido equipamento, até que o IPHAN/CE se pronuncie formalmente, dentro do procedimento de licenciamento ambiental e nos termos da regulamentação própria, sobre a possibilidade ou não de concessão das licenças ambientais para a obra em comento. Salientamos, por oportuno, que a recomendação acima efetivada configura-se instrumento legal de atuação do Ministério Público, que tem por finalidade instar a SETUR/CE para que desempenhe sua competência legal, não sendo, no entanto, obrigatório o seu atendimento, sujeitando-se, por sua vez, o possível comportamento indevido inclusive omissivo - a uma correção de natureza jurisdicional, seja da pessoa jurídica e/ou da pessoa física responsável, com repercussões civis, administrativas e/ou criminais.

Fortaleza, 21 de março de 2012. NILCE CUNHA RODRIGUES PROCURADORA DA REPÙBLICA ALESSANDER WILCKSON CABRAL SALES PROCURADOR DA REPÚBLICA

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO CEARÁ RECOMENDAÇÃO Nº 12, de 21 março de 2012 (Art. 6 º, XX, da Lei Complementar 75/93) O Ministério Público Federal, por seus legítimos representantes ao final assinado, nos termos do art. 6º, XX, da Lei Complementar nº 75/93, visando a melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover e, Considerando que tramita na Procuradoria da República no Estado do Ceará, procedimento administrativo que tem por objeto a aferição de todos os aspectos de legalidade relacionados com a instalação do equipamento público denominado Aquário do Ceará, cujo empreendedor é o Estado do Ceará através de sua Secretaria Estadual de Turismo; Considerando que o mencionado empreendimento já possui licenças ambientais prévia e de instalação expedidas pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (SEMACE), e que as obras de implantação do equipamento podem ser iniciadas a qualquer momento; Considerando que a Portaria 230, de 17 de dezembro de 2002, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), dispõe sobre as regras de proteção e preservação do patrimônio arqueológico nacional, que devem ser observadas durante os procedimentos de licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente capazes de afetar referido patrimônio; Considerando que a referida Portaria dispõe acerca das imprescindíveis providências a serem adotadas para a expedição de licenças ambientais, em urgência ou não, referentes à apreciação e acompanhamento das pesquisas arqueológicas no país; Considerando que são bens da União os sítios arqueológicos e préhistóricos, nos termo do art. 20. X, da Constituição da República, sendo nítido o interesse da União em proteger, através de sua estrutura administrativa específica (IPHAN), a integridade dos bens de sua titularidade; Considerando que a Resolução CONAMA 001/86, estabelece em seu art.6o. que o Estudo de Impacto ambiental deverá desenvolver, no mínimo, as atividades técnicas de identificação do meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da

água e a sócio-economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. Considerando que a documentação encaminhada pelo IPHAN ao Ministério Público Federal comprova que a SEMACE emitiu licença prévia e licença de instalação para o Aquário do Ceará, sem ter encaminhado ao IPHAN o respectivo EIA- RIMA do empreendimento, constando no IPHAN/CE apenas o protocolo, do empreendedor, de pedido de análise do Estudo não-formal de arqueologia. Que foi desconsiderado pelo IPHAN/CE por conta de não se tratar da versão oficial do EIA-RIMA do empreendimento; Considerando que nos termos da Resolução 001/86 do CONAMA, o EIA-RIMA do empreendimento deveria ter incorporado, obrigatoriamente, estes estudos arqueológicos e que a licença prévia somente poderia ter sido concedida pela SEMACE após o IPHAN/CE ter emitido a respectiva anuência após a análise técnica, neste particular, do EIA-RIMA, procedimento este não realizado no presente caso; Considerando que a concessão de licenças ambientais, bem como o início de qualquer atividade administrativa, notadamente de implantação do equipamento em referência, sem a superação destas pendências junto ao IPHAN/CE poderá constituir grave ilegalidade e violação do princípio constitucional da precaução, configurando, assim, ato de improbidade administrativa e, em tese, crime contra o meio ambiente; Resolve: Recomendar à SEMACE: que, em face da comprovação da inexistência de manifestação do IPHAN/CE sobre a viabilidade ambiental do empreendimento Aquário do Ceará, suspenda a eficácia das licenças ambientais já expedidas, até que o IPHAN/CE se pronuncie formalmente, dentro do procedimento de licenciamento ambiental e nos termos da regulamentação própria, sobre a possibilidade ou não de concessão das referidas licenças ambientais. Salientamos, por oportuno, que a recomendação acima efetivada configura-se instrumento legal de atuação do Ministério Público, que tem por finalidade instar a SEMACE para que desempenhe sua competência legal, não sendo, no entanto, obrigatório o seu atendimento, sujeitando-se, por sua vez, o possível comportamento indevido inclusive omissivo - a uma correção de natureza jurisdicional, seja da pessoa jurídica e/ou da pessoa física responsável, com repercussões civis, administrativas e/ou criminais.

Fortaleza, 21 de março de 2012. NILCE CUNHA RODRIGUES PROCURADORA DA REPÙBLICA ALESSANDER WILCKSON CABRAL SALES PROCURADOR DA REPÚBLICA

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO CEARÁ RECOMENDAÇÃO Nº 11, de 21 março de 2012 (Art. 6 º, XX, da Lei Complementar 75/93) O Ministério Público Federal, por seus legítimos representantes ao final assinado, nos termos do art. 6º, XX, da Lei Complementar nº 75/93, visando a melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover e, Considerando que tramita na Procuradoria da República no Estado do Ceará, procedimento administrativo que tem por objeto a aferição de todos os aspectos de legalidade relacionados com a instalação do equipamento público denominado Aquário do Ceará, cujo empreendedor é o Estado do Ceará através de sua Secretaria Estadual de Turismo; Considerando que o mencionado empreendimento já possui licenças ambientais prévia e de instalação expedidas pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (SEMACE), e que as obras de implantação do equipamento podem ser iniciadas a qualquer momento; Considerando que a Portaria 230, de 17 de dezembro de 2002, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), dispõe sobre as regras de proteção e preservação do patrimônio arqueológico nacional, que devem ser observadas durante os procedimentos de licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente capazes de afetar referido patrimônio; Considerando que a referida Portaria dispõe acerca das imprescindíveis providências a serem adotadas para a expedição de licenças ambientais, em urgência ou não, referentes à apreciação e acompanhamento das pesquisas arqueológicas no país; Considerando que são bens da União os sítios arqueológicos e préhistóricos, nos termo do art. 20. X, da Constituição da República, sendo nítido o interesse da União em proteger, através de sua estrutura administrativa específica (IPHAN), a integridade dos bens de sua titularidade; Considerando que a Resolução CONAMA 001/86, estabelece em seu art.6º. que o Estudo de Impacto ambiental deverá desenvolver, no mínimo, as atividades técnicas de identificação do meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da

água e a sócio-economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. Considerando que a documentação encaminhada pelo IPHAN ao Ministério Público Federal comprova que a SEMACE emitiu licença prévia e licença de instalação para o Aquário do Ceará, sem ter encaminhado ao IPHAN o respectivo EIA- RIMA do empreendimento, constando no IPHAN/CE apenas o protocolo, do empreendedor, de pedido de análise do Estudo não-formal de arqueologia. Que foi desconsiderado pelo IPHAN/CE por conta de não se tratar da versão oficial do EIA-RIMA do empreendimento; Considerando que nos termos da Resolução 001/86 do CONAMA, o EIA-RIMA do empreendimento deveria ter incorporado, obrigatoriamente, estes estudos arqueológicos e que a licença prévia somente poderia ter sido concedida pela SEMACE após o IPHAN/CE ter emitido a respectiva anuência após a análise técnica, neste particular, do EIA-RIMA, procedimento este não realizado no presente caso; Considerando que a concessão de licenças ambientais, bem como o início de qualquer atividade administrativa, notadamente de implantação do equipamento em referência, sem a superação destas pendências junto ao IPHAN/CE poderá constituir grave ilegalidade e violação do princípio constitucional da precaução, configurando, assim, ato de improbidade administrativa e, em tese, crime contra o meio ambiente; Considerando que, mantidas estas condições, caso haja início de qualquer atividade de implantação da obra em comento cumprirá ao IPHAN/CE, no exercício de sua competência fiscalizatória, adotar as medidas administrativas necessárias para fazer cessar esta atuação, providenciando inclusive o embargo da atividade, sob pena de, ocorrendo omissão, configurar esta inação ato de improbidade administrativa; Resolve: Recomendar ao IPHAN/CE: que, em face da comprovação da inexistência de manifestação do IPHAN/CE sobre a viabilidade ambiental do empreendimento Aquário do Ceará, caso haja início de qualquer atividade de implantação do referido equipamento sem o cumprimento deste requisito essencial, que proceda, de imediato, o embargo administrativo da atividade, até que o IPHAN/CE se pronuncie formalmente, dentro do procedimento de licenciamento ambiental e nos termos da regulamentação própria, sobre a possibilidade ou não de concessão das licenças ambientais para a obra em comento. Salientamos, por oportuno, que a recomendação acima efetivada configura-se instrumento legal de atuação do Ministério Público, que tem por finalidade instar o IPHAN/CE para que desempenhe sua competência legal, não sendo, no entanto, obrigatório o seu atendimento, sujeitando-se, por sua vez, o possível comportamento indevido inclusive

omissivo - a uma correção de natureza jurisdicional, seja da pessoa jurídica e/ou da pessoa física responsável, com repercussões civis, administrativas e/ou criminais. Fortaleza, 21 de março de 2012. NILCE CUNHA RODRIGUES PROCURADORA DA REPÙBLICA ALESSANDER WILCKSON CABRAL SALES PROCURADOR DA REPÚBLICA