LINHA DE PESQUISA: PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO



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Transcrição:

Redes urbanas, cidades médias e dinâmicas territoriais Eliseu Savério Sposito Arthur Magon Whitacker Maria Encarnação Beltrão Sposito O projeto parte da diversidade de cidades que serão estudadas, seja em função de seus tamanhos demográficos, situações geográficas, complexidade funcional e nível maior ou menor de articulação às lógicas contemporâneas do capitalismo, no caso brasileiro e do socialismo, no caso cubano, é a base que justifica o projeto de pesquisa que articula duas equipes internacionais. No Brasil, serão estudadas as cidades dos Estados de São Paulo (Presidente Prudente, Marília e São José do Rio Preto), Rio Grande do Sul (Passo Fundo) e Mato Grosso do Sul (Dourados) e, em Cuba, Santiago de Cuba, Camaguey, Cienfuegos e Matanzas. O principal objetivo deste projeto é ampliar os meios de cooperação acadêmico-científica entre pesquisadores e instituições do Brasil e de Cuba, com a intervenção e cooperação de diferentes pesquisadores de outras instituições que desenvolvem pesquisas em seus grupos de pesquisa, visando aprofundar o diálogo, atualizar e divulgar as pesquisas e trabalhos realizados sobre cidades médias e seus entornos. Esse objetivo desdobra-se em outros mais específicos: 1) Contribuir para a fundamentação teórico-conceitual da noção de cidade média, propondo novos parâmetros metodológicos para sua compreensão, tendo em vista a escassez de investigações comparativas entre os dois países, em particular nesta temática e área do conhecimento; 2) Analisar o comportamento histórico das cidades selecionadas segundo períodos de desenvolvimento do país; 3) Analisar a estruturação urbana e regional das cidades médias, a partir da ação de novos agentes econômicos nos últimos vinte anos (no caso particular de Cuba, será estudado como se projetaram no per[iodo 1959-2009); 4) Analisar a dinâmica socioespacial das cidades médias selecionadas para a pesquisa, a partir de sucessivas e articuladas escalas (locais, estaduais, nacional e supranacional); 5) Comparar as cidades estudadas nos dois países, a partir de metodologia a se organizar, considerando-se as redefinições dos papéis urbanos.

Cidades médias: agentes econômicos, reestruturação urbana e regional. Maria Encarnação Beltrão Sposito Arthur Magon Whitacker Eliseu Savério Sposito Este projeto vem sendo desenvolvido pela Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias (ReCiMe) que reúne pesquisadores do Brasil, Argentina e Chile. Essa rede volta-se à realização de pesquisa que procura adensar a reflexão teórica sobre a noção de cidade média e ampliar os conhecimentos sobre cidades assim denominadas, em diferentes regiões desses países. Os principais temas norteadores dessa pesquisa são: a) Difusão da agricultura científica e do agronegócio b) Descentralização da produção industrial c) Difusão do comércio e dos serviços especializados d) Aprofundamento das desigualdades socioespaciais Do ponto de vista metodológico, a pesquisa organiza-se em quatro eixos, segundo os quais as variáveis objeto de investigação estão agrupadas: Eixo I: Ramos de atividades econômicas representativas da atuação dos novos agentes econômicos Eixo II: Dinâmica populacional e mercado de trabalho Eixo III: Equipamentos e infra-estruturas Eixo IV: Condições da moradia Atualmente, as cidades que estão sendo estudadas no âmbito dessa pesquisa, no Brasil, são: Campina Grande, Chapecó, Dourados, Itajaí, Ituitaba, Londrina, Marabá, Marília, Mossoró, Passo Fundo, Resende, São José do Rio Preto, Tefé, Teófilo Otoni e Uberlândia Na Argentina e no Chile, a mesma pesquisa começa a se desenvolver, voltando-se, ao estudo das cidades de: Tandil, Chillan e Los Angeles. Pós-graduandos interessados em estudar outras cidades médias, poderão integrar-se a este projeto, a partir de subprojeto a ser submetido ao processo seletivo.

PROJETO: Grandes Infraestruturas Urbanas, Ensino Superior e Desenvolvimento Regional: Reconfigurando as relações entre as cidades médias, as cidades pequenas e o campo Maria Encarnação Beltrão Sposito Eduardo Paulon Girardi Eliseu Savério Sposito Marcio José Catelan A presente proposta de pesquisa visa estudar de que modo, com que intensidade e qualidade, a implantação de infraestrutura urbana, associada ao Programa Minha Casa Minha Vida, e a instalação de instituições de ensino superior em cidades médias e pequenas que exercem centralidade interurbana, têm tido peso importante na redefinição das relações entre estes núcleos urbanos e o campo. Esta análise contempla as dimensões econômicas e sociais que as mudanças em curso representam em termos de desenvolvimento regional, bem como oferece elementos para se avaliar, de um lado, desigualdades no que se refere a oportunidades e, de outro, diferenças no tocante às distintas formações socioespaciais em que se inserem as cidades estudadas. No último período intercensitário foi relativamente grande a interiorização da ocupação do território. Houve a complexificação da estrutura da rede urbana, não apenas em termos demográficos, mas em decorrência da redefinição dos papéis de cidades médias, em todo país, e de cidades pequenas, nas parcelas do território em que a densidade urbana é baixa e tais assentamentos urbanos desempenham funções sociais importantes para o campo, nas regiões em que exercem polarização. A implantação de grandes conjuntos habitacionais/empreendimentos imobiliários, a partir do Programa Minha Casa Minha Vida, tem produzido uma nova dinâmica urbana e regional. Ela produz impactos visíveis tanto nas cidades médias como nas pequenas cidades de todo território brasileiro, seja do ponto de vista das mudanças na atuação e articulações entre os agentes que concorrem para sua produção, seja ainda em relação aos perfis dos extratos sociais que concorrem para seu consumo. Entretanto, há diferenças que merecem ser avaliadas, para além dos esforços do Ministério das Cidades, uma vez que as repercussões vão além da questão habitacional. Tais diversidades se revelam, de forma especial, quando se observam realidades do Nordeste e do Sudeste brasileiro, daí elegerem-se, nesta pesquisa, realidades das Unidades Federativas: São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraíba. A instalação de novos cursos e novos campi de Ensino Superior tem provocado fortes alterações na dinâmica econômica e social das cidades pequenas e médias. Nestas, os investimentos feitos constituem-se numa nova injeção no papel já desempenhado por estas cidades enquanto centralidades regionais pautadas em serviços, entre estes, a educação superior. Tais incrementos vieram desde os Projetos Reuni quando foram criados novos cursos e novos campi nestas cidades reafirmando e intensificando a centralidade regional.

A produção econômica do espaço urbano em cidades de porte médio: uma análise comparativa da dinâmica imobiliária recente. Este projeto de pesquisa, intitulado: A produção econômica do espaço urbano em cidades médias: uma análise comparativa da dinâmica imobiliária recente, integra-se a um conjunto maior de investigações que tem como foco a pesquisa empírica e a análise, comparação e discussão conceitual sobre cidades médias no Brasil. Trata-se do projeto financiado pelo CNPq denominado Cidades médias brasileiras: agentes econômicos, reestruturação urbana e regional, através da ReCiMe. A questão central a ser aqui investigada, nas cidades selecionadas, é o papel que vêm desempenhando os negócios fundiários e imobiliários nas dinâmicas de produção do espaço urbano em duas escalas de análise específicas, porém articuladas. A primeira refere-se à compreensão dos negócios imobiliários como ramo específico da atividade econômica que atrai e imobiliza capitais. A produção e o consumo do espaço urbano se configura, assim, como atividade relevante no próprio processo de geração e apropriação da riqueza social. Busca-se, portanto, os vínculos entre a acumulação urbana e os mercados fundiários/imobiliários. É possível aventar, inclusive, a hipótese de que em muitos casos, a intensidade dos negócios imobiliários frente a outros segmentos econômicos produz impactos que extrapolam o âmbito local, configurando regiões de influencia das cidades médias. A segunda diz respeito à dimensão intra-urbana de tais processos. A produção do espaço urbano na lógica da valorização fundiária, da diferenciação de áreas/bairros ou produtos, na seletividade de investimentos privados seja em loteamentos, na verticalização, oferta de condomínios/loteamentos fechados, aumento de preços da terra e da habitação etc., produzem processos de ampliação das desigualdades sociais. Em muitos casos, a fragmentação do tecido urbano e o avanço de processos de segregação redesenham o urbano como um mosaico de espaços da inclusão e da exclusão social. É a partir dessas considerações que propomos o presente projeto. A análise do mercado imobiliário é assumida, aqui, como estratégia de compreensão dos processos de produção e consumo do espaço urbano sob a lógica do modo capitalista de produção e a análise de tais dinâmicas em seis cidades de porte médio deverá permitir comparações entre elas, buscando-se elementos comuns em suas dinâmicas imobiliárias/fundiárias, sem perder de vista suas particularidades.

Trajetórias do mercado imobiliário em cidades médias: A produção imobiliária do PMCMV, seus agentes e a diferenciação e desigualdades socioespaciais intraurbanas. Este projeto tem como objetivo principal analisar os projetos habitacionais inseridos no Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), implantados e em fase de análise em cidades médias brasileiras frente às dinâmicas do mercado imobiliário em cada uma das cidades. Os marcos teóricos fundamentais que guiam a presente proposta partem da necessidade compreender e analisar as particularidades das chamadas cidades médias, frente à diversidade urbana brasileira; a compreensão do papel dos mercados fundiários e imobiliários no contexto da dinâmica econômica e social brasileira, seja historicamente, seja no momento atual e analisar a dimensão espacial do mercado imobiliário frente às diferenciações e desigualdades socioespaciais presentes nas cidades em questão. Do ponto de vista dos procedimentos metodológicos o projeto lidará com a reunião e análise conjunta de diferentes bases de dados: os anúncios das ofertas imobiliárias em cada cidade a partir do ano de 1995, para a elaboração de um quadro de referência das principais características dos produtos imobiliários (o que, onde e a que preço?); os dados e informações censitários (IBGE 2000 e 2010) para a análise de indicadores socioeconômicos espacializados e as informações completas de cada um dos empreendimentos habitacionais do PMCMV. Para além do conhecimento das interações acima sugeridas entre os resultados do Programa, as desigualdades socioespaciais e o funcionamento do mercado imobiliário, espera-se gerar subsídios à formulação e reformulação de políticas públicas habitacionais e urbanas. O projeto de pesquisa, formulado no âmbito de grupos de pesquisa consolidados e programa de pós-graduação em geografia da FCT-Unesp conta, ainda, com as sinergias geradas a partir da ReCiMe Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias.

Fragmentação socioespacial, espaço público e insegurança urbana Eda Maria Góes Maria Encarnação Beltrão Sposito Necio Turra Neto Este projeto de pesquisa propõe-se a análise de cidades médias paulistas, a partir da articulação entre três de suas dimensões constitutivas mais significativas para compreender a vida urbana contemporânea: fragmentação socioespacial, espaços públicos e insegurança urbana As novas formas de produção do espaço urbano têm alterado as morfologias urbanas, por meio da expansão territorial em descontínuo, gerando uma urbanização difusa, marcada por elevado nível de integração espacial para os que podem se locomover por transporte automotivo particular e baixo nível de mobilidade espacial para os segmentos que não dispõem dessa condição. A partir desta dinâmica têm se constituído novos habitats urbanos, tanto nas áreas de expansão recente como nas áreas de urbanização consolidada, que são caracterizados por comporem espaços fechados e/ou vigiados acentuando a tendência de segregação socioespacial e gerando uma nova estruturação que tem sido analisada pelo conceito de fragmentação socioespacial. Este processo redefine as relações entre o público e o privado, na cidade atual, alterando as práticas socioespaciais, os tempos e os espaços de sociabilidade, dos citadinos, tanto os que moram nestes espaços, como aqueles que continuam a viver na cidade aberta. A necessidade de segurança ou, em outras palavras, a insegurança urbana tem sido o discurso que justifica a opção por esses novos habitats urbanos, bem como o ideário que sustenta o marketing que oferece esses produtos imobiliários no mercado. Considerando este quadro de determinações, a pesquisa pretende articular as novas formas (cidade dispersa) a novos conteúdos (espaço público) e novos valores (insegurança urbana) que orientam a produção e o consumo do espaço urbano, revelando-se por meio da fragmentação socioespacial e a determinando.

Cidades médias: forma urbana, estrutura urbana e centralidade. Arthur Magon Whitacker A proposta de pesquisa aqui apresentada centra-se na análise de cidades médias. Estas cidades possuem dinâmicas que demonstram: a) sua importância demográfica; b) a necessidade de se entender os sistemas urbanos nos quais estão inseridas; c) processos espaciais que, apesar de apresentarem similaridades com as realidades metropolitanas, diante da lógica do modo capitalista de produção, tem suas especificidades que não podem ser entendidas apenas a partir da perspectiva da metrópole. São objetivos: Analisar a estruturação urbana e a rede urbana das cidades médias, a partir da ação de novos agentes econômicos. avaliar os elementos que as identificam e aqueles que caracterizam suas especificidades. Analisar a dinâmica socioespacial das cidades médias selecionadas a partir de sucessivas e articuladas escalas (locais, estaduais, nacional e supranacional). Contribuir para a pesquisa sobre cidades médias em âmbito nacional e, se possível, em âmbito internacional, incorporando novos aportes temáticos, teóricos e metodológicos. Contribuir para a análise dos processos recentes de transformação das cidades e para o entendimento da urbanização. Contribuir para a compreensão do significado do papel atual das cidades médias na rede urbana a partir de suas relações com as metrópoles, cidades grandes e cidades pequenas. Contribuir com os estudos sobre estruturação e reestruturação urbana e sobre a morfologia das cidades médias. Contribuir para a pesquisa sobre centralidade e para a definição conceitual deste termo tomando como ponto de partida as pesquisas empíricas empreendidas.

Espaços e Tempos da Vivência e da Apropriação da Cidade: o cotidiano entre o lugar e o mundo. Nécio Turra Neto Eda Maria Góes O conjunto de preocupações que nos move gira em torno das interrelações entre a cidade e as práticas socioespaciais, que a esquadrinham e produzem diferentes formas de experiência, apropriação e conflito. Reconhecemos que as cidades concretas, onde tecemos nossas interações socioespaciais cotidianas, são produzidas em múltiplas conexões com um mundo mais amplo e, portanto, remetem à necessidade de pensarmos criticamente essas relações. Ao mesmo tempo, a cidade assim produzida é apropriada como recurso por diferentes grupos sociais urbanos, cuja própria constituição e experiência de cidade são, também, mediadas e elaboradas em conexões e influências, que extrapolam a escala local e, muitas vezes, contribuem para sua própria produção material. Como tais dinâmicas se encontram no espaço-tempo do lugar, conformando situações específicas, de diálogos e de conflitos, é uma questão que aparece, assim, no centro da problemática. As juventudes urbanas constituem-se na categoria social privilegiada, pela qual perseguimos empiricamente a materialização dessas dinâmicas em contextos específicos, sem abrirmos mão de pensarmos também outras categorias sociais, portadoras de práticas espaciais específicas. E interessa-nos apreender essas interrelações em múltiplos contextos urbanos, desde cidades pequenas às metrópoles, mas também em diversos tempos, sobretudo, considerando o período que se estende da segunda metade do século XX, aos dias atuais. Tomamos como abordagem prioritária a dimensão cultural dos processos, na escala espaço temporal do lugar e do cotidiano, sem, contudo, perdermos de vista que a cidade concreta é resultado, também, de uma sociedade desigual e que reproduz e reforça, no plano do espaço urbano, tais desigualdades. Portanto, trata-se de uma cidade plena de embates, negociações e contradições, apropriada e vivida por grupos sociais e por jovens não apenas diferentes no plano das suas referências culturais e políticas, mas também desigualmente situados socioespacialmente, o que não é sem importância para suas formas de apropriação da cidade. Duas possibilidades de pesquisa têm sido particularmente estimuladas: 1. aquelas que se voltam a culturas juvenis transterritoriais, que se difundem pelo mundo e ganham possibilidades de territorialização em diversos lugares, particularizando-se ao territorializar-se; 2. aquelas que se voltam ao papel do consumo, tanto de bens e referências da cultura de massa, quanto da própria cidade, enquanto dimensão estruturadora de práticas espaciais.

Lógicas econômicas e práticas espaciais contemporâneas: cidades médias e consumo Maria Encarnação Beltrão Sposito Eda Maria Góes Arthur Magon Whitacker Eliseu Savério Sposito Necio Turra Neto. Este projeto de pesquisa tem como eixo central estudar as relações entre reestruturação urbana e reestruturação da cidade, tomando-se como referência o consumo, compreendido segundo três planos analíticos: 1) as NOVAS LÓGICAS DE LOCALIZAÇÃO DAS EMPRESAS, desenvolvidas como estratégias dos agentes econômicos, orientadas pela ampliação e pela diversificação do consumo, geram NOVAS PRÁTICAS ESPACIAIS entre os que se apropriam do espaço urbano; 2) essas práticas, tanto quanto essas lógicas, redefinem o processo de estruturação urbana, promovem REESTRUTURAÇÃO URBANA e inserem as redes urbanas em escalas mais abrangentes, revelando uma divisão interurbana do trabalho mais complexa, bem como expressam vetores do processo mais amplo de mundialização da economia e de globalização dos valores; 3) elas reorientam o processo de estruturação dos espaços urbanos, podendo-se reconhecer uma REESTRUTURAÇÃO DAS CIDADES, expressando uma nova divisão econômica e social do espaço, que revela aprofundamento das desigualdades socioespaciais, tanto quanto reconstitui as diferenças socioespaciais, agora orientadas, sobretudo, pelas novas formas de consumo. Nesta proposta de pesquisa, esses três planos analíticos só ganham sentido em suas articulações, de modo a contemplar, na análise, as condicionantes subjetivas e objetivas, as dimensões sociais e as econômicas. As práticas espaciais e as lógicas econômicas são tomadas, neste projeto, como possibilidades de se fazer a leitura das transformações urbanas e das cidades, sendo este o foco central da análise. O consumo é considerado como o meio a partir do qual as práticas e as lógicas podem ser apreendidas no período atual, razão pela qual ele foi eleito como importante para esta pesquisa, ainda que não seja o objeto de nossa investigação. O ponto de vista que justifica tomar o consumo como um caminho para compreender as práticas e as lógicas está fortemente apoiado na ideia de Bourdin (2005), para quem o consumo mudou de intensidade e conteúdo, bem como de status, conformando o mundo e se associando à tendência de individualização da experiência e aos processos de diferenciação.

Pobreza urbana e política de saúde: em busca da equidade. Raul Borges Guimarães Encarnita Salas Martin Com base nos estudos desenvolvidos pelo Laboratório de Geografia da Saúde/CEMESPP, a exclusão social tem sido pensada como um processo que envolve uma progressiva perda de autonomia e de sentimento de valor, com repercussões profundas na capacidade de tomada de decisão sobre rumos da própria vida. Por sua vez, tendo em vista que há um componente relacional na exclusão social, a discussão do acesso aos equipamentos e serviços públicos, impõe o debate a respeito da eqüidade. Relacionada à necessidade de tratar desigualmente os desiguais de forma a se alcançar a igualdade de oportunidade de sobrevivência, de desenvolvimento pessoal e social, a temática da eqüidade no presente projeto coloca o grupo diante do desafio de pensar a política de saúde na perspectiva da inclusão social.