Ofício ABTAER 156/2017, de 16 de outubro de 2017 Ao Exmo. Sr. Vicentinho Alves Presidente da Comissão Especial COMISSÃO ESPECIAL CAERO PLS nº 258/2016/CAERO Referências: A ABTAER e o novo CBA Código Brasileiro de Aeronáutica Sr. Presidente, como é do seu conhecimento o Direito Aeronáutico no Brasil ordena juridicamente o sistema de aviação civil brasileiro como um todo, desde a navegação aérea, o transporte aéreo doméstico, a infraestrutura aeronáutica, a investigação de acidentes aeronáuticos, além de prever os acordos internacionais os quais o Brasil é signatário, e, neste entendimento, toda a matéria aeronáutica está prevista na Lei 7565, de 19 de dezembro de 1986, que é o conhecido CBA Código Brasileiro de Aeronáutica, legislação esta que é anterior a Constituição de 1988, ao Código Civil, e ao Código de Defesa do Consumidor. Neste ínterim de mais de 30 anos, a aviação civil passou por grandes mudanças, desde a criação da ANAC-Agência Nacional de Aviação Civil e da SAC-Secretaria de Aviação Civil, até mesmo a criação da autoridade de aviação civil, e, para tanto as empresas de táxi aéreo aqui representadas pela ABTAER Associação Brasileira das Empresas de Táxi Aéreo e Manutenção de Produtos Aeronáuticos, têm buscado participar ativamente na redação deste novo Marco Regulatório do CBA, aqui apresentado como PLS nº 258/2016. Ao exposto, a ABTAER acredita que o novo CBA tende a modernizar e melhorar as condições da aviação civil brasileira, bem como ampliar a segurança jurídica das empresas e agentes econômicos do transporte aéreo, buscando garantias para o equilíbrio do ordenamento jurídico brasileiro e as práticas internacionais, motivo pelo qual ainda apresentamos no Senado Federal as 2 propostas de ajuste de redação, a saber: 1.2.10 Título X 1- SUGESTÃO - ARTIGO COMENTADO: O Título X Das Sanções compreende 45 artigos (art. 317 ao art. 361), enquanto o CBA tratou do tema em 28 artigos. Enquanto o CBA vigente prevê 5 tipos de providências administrativas em resposta às infrações, o PLS relaciona 11 sanções possíveis. Acrescentam-se as seguintes sanções: advertência, caducidade, suspensão temporária, embargo de obra ou atividade, demolição de construção, e perdimento de aeronave. Os arts. 355 a 359 especificam sanções penais para cinco condutas, matéria que inexiste no CBA vigente. TÍTULO X DAS SANÇÕES (...) CAPÍTULO II Das Sanções Penais
REDAÇÃO ORIGINAL (PLS/258): TÍTULO X - DAS SANÇÕES CAPÍTULO I - Das Sanções Administrativas SEÇÃO I - Disposições Gerais REDAÇÃO PROPOSTA: TÍTULO X DOS CRIMES E DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS (...) CAPÍTULO II DOS CRIMES, SANÇÕES E DAS PENAS COMENTÁRIO: Sob a ótica do entendimento da gravidade estabelecidas em todos os Códigos que tratam os atos delituosos que atentam contra a integridade da pessoa e do sistema regulador o CTB Código de Trânsito Brasileiro Lei 13.146 de 2015 no seu CAPÍTULO XIX, estabelece de maneira clara e direta: DOS CRIMES DE TRÂNSITO e da mesma maneira o Código Eleitoral no seu CAPÍTULO II DOS CRIMES ELEITORAIS, Lei 4737 de 1965, dentre outros, e, da mesma maneira, também o CP- Código Penal estabelece penas ao se atentar contra a Segurança do Transporte Aéreo estabelecida. Por analogia, o estado deve ter uma visão muito mais conservativa e rigorosa em se colaborar com a segurança do transporte aéreo de maneira clara, direta e segura, à medida que se deixe claro que a pessoa (tripulantes aeronaves e proprietários de aeronaves) que utilizarem aeronaves para emprego em transporte público sem que esteja autorizada pela autoridade de aviação civil incorre em crime, e para tanto, o ato gravoso esteja apresentado de maneira clara e direta. O ato de utilizar uma aeronave sem que esteja autorizada, claramente tem um cunho doloso e deve ser tratado sob a ótica dos rigores da lei, e não da maneira branda como está apresentada, apenas como o título atual sugere: a Sanção. Aumento no valor da multa (pecúnia). 2- SUGESTÃO ARTIGO COMENTADO: Art. 352 REDAÇÃO ORIGINAL (PLS/258): Art. 355. Explorar serviço de transporte aéreo público de passageiro ou carga, regular ou não regular, doméstico ou internacional, sem a devida certificação operacional da Autoridade de Aviação Civil ou em desacordo com os limites constantes no título autorizativo do cessionário e/ou autorizatário. Pena reclusão, de um a três, e pagamento de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) dias-multa.
1º Incorre nas mesmas penas: I o operador que, possuindo certificação operacional expedida pela Autoridade de Aviação Civil para o transporte aéreo público regular ou não, utilizar aeronave não certificada para o transporte aéreo remunerado de passageiro ou carga; II aquele que alugar ou ceder de qualquer forma mediante remuneração, aeronave certificada para o serviço aéreo privado para fins de transporte aéreo público e ou remunerado; III aquele que fretar ou comercializar voos em aeronave não certificada para a realização de transporte aéreo público; IV além dos operadores, também incorrerão na mesma pena a tripulação, seus membros que concorrerem para o crime capitulado neste artigo, o representante legal ou contratual de pessoa jurídica que, de qualquer forma, também concorrer para a prática do tipo previsto no caput; 2º A pena será aumentada pela metade se o crime for praticado em missões de transporte de enfermos ou órgãos para transplantes de órgãos. REDAÇÃO PROPOSTA: Art. 355. Explorar serviço de transporte aéreo público de passageiro ou carga, regular ou não regular, doméstico ou internacional, sem a devida certificação operacional da Autoridade de Aviação Civil. Pena reclusão, de um a três anos, e pagamento de 400 (quatrocentos) a 1.000 (mil) dias multa por operação aérea realizada. 1º Incorre nas mesmas penas: I O proprietário e operador da aeronave, bem como eventuais sócios, administradores ou prepostos em se tratando de pessoa jurídica, que, possuindo certificação operacional expedida pela Autoridade de Aviação Civil para o transporte aéreo público regular ou não, utilizar aeronave não certificada para o transporte aéreo remunerado de passageiro ou carga. II Aquele que alugar ou ceder, ainda que gratuitamente, aeronave certificada para o serviço aéreo privado para fins de transporte aéreo público. III Quem, inclusive por meio de pessoa jurídica, fretar ou comercializar voos em aeronave não certificada para a realização de transporte aéreo público. 2º O tripulante de voo que concorrer ou viabilizar a prática do crime capitulado neste artigo, seja em qualquer modalidade, também responderá criminalmente. Pena - detenção, de um a cinco anos, e pagamento de 100 (cem) a 500 (quinhentos) dias multa por operação aérea realizada.
3º As penas serão aumentadas pela metade se o crime for praticado em missões de transporte de enfermos ou órgãos para transplantes. 4º A multa que se revelar ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada em até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida pelo infrator. COMENTÁRIOS CAPUT Do modo como constava, poderia ser entendido que uma operação com excesso de passageiros ou carga deveria ser abarcada pelo crime. Alteração da pena mínima para se evitar que o criminoso possa fazer uso da suspensão condicional do processo, nos termos do Art. 89 da Lei nº 9.099/95 1. INCISO I do modo como constava, apenas o operador pessoa física seria responsabilizado (já que pessoa jurídica, salvo nos casos previstos na Constituição, não são sujeitos ativos da prática criminosa). INCISO II Os termos de qualquer forma e mediante remuneração poderiam soar antagônicos em determinado contexto de interpretação. Do modo como constava, se o proprietário/operador conscientemente ceder para um parceiro explorar comercialmente sua aeronave privada, sem que ele receba diretamente algum valor, não responderá pelo crime. Seria de alguma forma muito simples criar uma engenharia para tal situação, bastaria, por exemplo, o proprietário malintencionado ceder a aeronave para um laranja de forma gratuita para que este a explore comercialmente e depois, com os lucros auferidos, consuma os produtos ou contrate os serviços da empresa daquele. Tal medida exigirá maior vigilância por parte dos empresários que possuem aeronaves privadas. O termo remunerado que estava ao final do inciso parece ser redundante eis que o transporte aéreo público já é marcado por esta característica. PARÁGRAFO 2º Como as penas não são as mesmas, criou-se um parágrafo próprio para evitar confusão. Adequado ao termo tripulante de voo da nova Lei do Aeronauta. PARÁGRAFO 4º - Deixa-se um gatilho para majoração em casos onde o lucro auferido pelo criminoso for exorbitante. OBSERVAÇÃO EXTRA: 1 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
O Art. 355 do PL, ao expor em seu caput os dizeres ou de qualquer modo expor a perigo a segurança da aeronave parece implicar em sobreposição (e possível revogação parcial no que tange ao transporte aéreo) do crime previsto no Art. 261 2 do Código Penal que, aliás, prevê pena maior. Tal situação se revela confusa pois o Art. 354 do PL faz remissão ao mesmo dispositivo do Código Penal. A sugestão é que todo a parte criminal relativa a aviação civil seja tratada única e exclusivamente no Código Brasileiro de Aeronáutica. Por fim, na certeza do entendimento de V. Exa. quanto ao necessário e importante pleito neste contido para o segmento do Táxi Aéreo no Brasil, agradecemos. Cordialmente, Domingos Afonso Almeida de Deus Diretor Geral 2 Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea: Pena - reclusão, de dois a cinco anos.