DIREITOS HUMANOS. Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos: Instituições. Comissão Interamericana de Direitos Humanos Parte 2.

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Transcrição:

DIREITOS HUMANOS Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos: Instituições Parte 2. Profª. Liz Rodrigues

- Petições: ao contrário do que ocorre no sistema global, a possibilidade de encaminhamento de petições individuais à Comissão não precisa de aceitação específica dos Estados. - Art. 44, CADH: qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade nãogovernamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção.

- Requisitos: esgotamento dos recursos internos, prazo de seis meses contados a partir da decisão definitiva e ausência de litispendência internacional. - Os dois primeiros requisitos podem ser dispensados quando não existir o devido processo legal para a proteção do direito violado, quando o prejudicado não tiver tido acesso a estes recursos ou quando houver demora injustificada na decisão da demanda.

- A petição deve conter o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição. Não é necessário ter advogado. - Estados também podem apresentar comunicações em que denunciam outros Estados à Comissão, mas este mecanismo demanda aceitação específica (veja o art. 45).

- A responsabilidade pode se dar por ação, omissão ou por aquiescência (consentimento tácito do Estado ou seus agentes). - A Comissão não tem competência para analisar responsabilidades individuais, apenas a responsabilidade internacional de um Estado.

- Informações necessárias: a petição deve incluir os dados para identificação das vítimas e seus familiares, os dados do peticionário, a descrição completa, clara e detalhada dos fatos alegados (como, quando e onde ocorreram) e a indicação do Estado responsável. - Devem ser indicadas as autoridades supostamente responsáveis, os direitos violados, as instancias judiciais ou autoridades a quem se recorreu (e suas respostas).

- Se possível, cópia dos principais recursos e decisões judiciais, rol de testemunhas, documentos anexos e a indicação de se a petição foi encaminhada a outro organismo internacional competente para o caso (não se admite a litispendência internacional).

- Recebida a petição, será feita uma avaliação preliminar dos fatos e documentos apresentados. Após, a Comissão pode: - Arquivar; - Solicitar informações adicionais; - Iniciar a tramitação.

- Se houver a tramitação, começa a etapa de admissibilidade os requisitos necessários para o início da análise foram cumpridos, mas ainda não há análise de mérito. - A seguir, o Estado será convidado a prestar informações.

- Considerando as informações apresentadas, a Comissão irá decidir se a petição é admissível ou inadmissível (neste caso, o procedimento será arquivado). - Se a petição for considerada admissível, a Comissão irá analisar as alegações e as provas apresentadas pelas partes, podendo pedir novas informações, provas e documentos. Se necessário, pode ser marcada uma audiência ou reunião de trabalho.

- Solução amistosa: pode ser alcançada, sem necessidade de conclusão do processo litigioso. - Se não houver solução amistosa, a Comissão irá decidir o mérito (se o Estado é ou não responsável pelas violações). - Se a Comissão entender que o Estado é responsável pelas violações de direitos humanos, fará um relatório sobre o mérito, que pode conter recomendações para o Estado.

- As recomendações podem ser para o Estado: - Fazer cessar os atos que violam direitos humanos; - Esclarecer os fatos e realizar uma investigação oficial; - Reparar os danos ocasionados; - Introduzir mudanças no ordenamento jurídico; - Ou outras medidas que pareçam adequadas.

- Se o Estado não cumprir as recomendações contidas no relatório em até três meses, a Comissão pode decidir se publica ou não o relatório do caso ou se submete a controvérsia à Corte Interamericana. - Medidas cautelares: em caso de gravidade e urgência, a pedido ou por iniciativa própria, a Comissão pode solicitar ao Estado que adote as medidas necessárias para prevenir danos irreparáveis às pessoas ou ao objeto do processo em avaliação.

- É possível, também, que a Comissão solicite à Corte a adoção de medidas cautelares, nos termos do art. 63.2: Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se fizer necessário evitar danos irreparáveis às pessoas, a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as medidas provisórias que considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem submetidos ao seu conhecimento, poderá atuar a pedido da Comissão.

- O Brasil já foi alvo de inúmeras denúncias na Comissão, mas o caso mais conhecido é o de Maria da Penha Maia Fernandes, que resultou na Lei n. 11.340/06. - Recomendações: completar o processamento penal do responsável pelas tentativas de homicídio, analisar os motivos do atraso na prestação jurisdicional, adotar medidas de reparação simbólica da vítima e medidas específicas e efetivas para evitar a tolerância estatal e o tratamento discriminatório de mulheres vítimas de violência doméstica.

- Além da Declaração Americana e da Convenção Americana, a Comissão pode receber denúncias relativas ao descumprimento do Protocolo de San Salvador, do Protocolo Relativo à Abolição da Pena de Morte, da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, da Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher.

Petição Análise preliminar Arquivamento Mais info Arquivamento Recebimento Recebimento Pedido de info ao Estado Análise de Admissibilidade Arquivamento Admitida e analisada

Petição admitida Aceita Acompanhamento Audiência/ Reunião Proposta de solução amistosa Não aceita Comissão decide o mérito Comissão decide o mérito Responsável: relatório com recomendações Estado não é responsável: Arquivamento Estado cumpre Estado não cumpre Arquivamento Publica o relatório Remete à Corte