Prof. Dr. Vander Ferreira de Andrade

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Transcrição:

Prof. Dr. Vander Ferreira de Andrade

MEDIDAS ASSECURATÓRIAS Não raro, os crimes causam prejuízos, não só psicossociais, mas também patrimoniais às vítimas. No Brasil, essas providências foram denominadas medidas assecuratórias. Providências cautelares que tem por fim assegurar a efetividade de eventual reparação civil dos danos causados pelo ilícito penal.

Características das Medidas Assecuratórias Possuem sempre caráter provisório e interino, uma vez que é de duração limitada: os efeitos da medida cautelar persistem enquanto não emana do Judiciário a providência jurisdicional que ela procura garantir e tutelar. Processo reparatório penal: ganha relevância ao assegurar o ressarcimento civil ao ofendido e o enfraquecimento de organizações criminosas com o bloqueio de bens e dinheiro dos membros desses grupos.

Elementos Essenciais das Medidas Assecuratórias Periculum in Mora - fundado temor da existência de um dano jurídico irreparável ou de difícil reparação durante o curso da ação principal. Fumus boni juris probabilidade de existência do direito invocado pelo autor.

Processo Penal e Reparação Processo Penal: deixou de ser um simples meio de satisfazer a pretensão punitiva do Estado juiz Objetivo: Assegurar uma proteção a todos os direitos da vítima, dentre os quais o de ver realizada a justiça penal e o de ter reparados todos os seus prejuízos decorrentes da infração penal. Em certos crimes, o interesse em restabelecer o dano patrimonial é muito superior à pretensão punitiva estatal.

Do Sequestro O sequestro consiste na apropriação judicial de bem certo e determinado (específico), objeto do litígio em que se discute a posse ou a propriedade, para assegurar sua entrega ao vencedor da causa principal. O CPP possibilita tanto o sequestro de bens imóveis como o de bens móveis (artigos 125 e 132). O legislador processual penal usa a palavra sequestro emsentido impróprio.

Requisitos do Sequestro O CPP dispõe que para a concessão do sequestro são necessários alguns requisitos além daqueles essenciais a qualquer medida cautelar. Somente o bem adquirido pelo indiciado com os proventos da infração pode ser sequestrado. Uma vez decretado, será entregue à justiça ou à pessoa por esta designada a fim de serem guardadas até terem o destino definitivo.

Requisitos do Sequestro Indícios veementes de proveniência ilícita. Indícios veementes são os que levam a grave suspeita, os que eloquentemente apontam um fato, gerando uma suposição bem vizinha da certeza. Não se deve confundir indício com presunção, pois, esta seria uma conclusão lógica daquilo que normalmente acontece e aquele seria um fato.

Do Sequestro Cabe para bens adquiridos com os proventos da infração (do patrimônio do acusado) e daqueles cujo domínio ou posse já tenha sido transferido a terceiro, salvo o bem desapropriado. Apenas o juiz pode ordenar o sequestro, de ofício, a requerimento do MP, da vítima, de seus representantes legais ou de seus herdeiros. A autoridade policial pode representar ao Juiz, pela conveniência da concessão da medida.

Do Sequestro Competência: O Juiz competente para o processo criminal Não há litispendência quando for requerido e já estiver em curso ação civil para reparação do dano. Dada a sua natureza preventiva, pode ser proposto durante o IP e até o julgamento definitivo da demanda penal pelo juízo de primeiro grau.

Do Sequestro Por se tratar de processo incidente, o sequestro deve ser autuado em apartado devendo seguir o procedimento previsto para a penhora ante o silêncio do CPP. Decretado o sequestro, deve o Juiz ordenar a sua inscrição no Registro de Imóveis

Hipoteca Legal A hipoteca legal é um direito real de garantia que recai sobre bens imóveis do autor do ilícito penal, bem como sobre seus acessórios Objetiva assegurar os efeitos da sentença penal condenatória transitada em julgado que torna inequívoco o dever do réu em reparar o dano causado à vítima do crime. Destina-se também a garantir o pagamento das custas processuais e da pena pecuniária.

Hipoteca Legal A hipoteca legal atinge qualquer imóvel do autor da infração independentemente de ter sido adquirido com o produto do crime ou com proventos da infração sem, no entanto, retira-lo de sua posse. É necessária a coexistência de dois pressupostos: prova inequívoca da materialidade do crime (certeza da infração e indícios suficientes de autoria).

Hipoteca Legal A Hipoteca Legal pode ser requerida em qualquer fase do processo, exceto na fase de inquérito, ao contrário do sequestro ou do arresto, que podem ser requeridos na fase de inquérito. A especialização e o registro da cautelar só podem ser requeridos ao juiz criminal competente após a instauração da ação penal. Especialização: indicação do total da dívida, ou sua estimação e da coisa dada em garantia, com suas especificações.

Legitimidade para requerer Hipoteca Legal A vítima, seu representante legal, seus herdeiros e o representante do Ministério Público, este somente na hipótese de o ofendido ser pobre e o requerer ou se for interesse da Fazenda Pública.

Do Arresto Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor insuficiente, poderão ser sequestrados bens móveis suscetíveis de penhora, nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos móveis. (art. 137 CPP) Essa providência acautelatória tem como requisitos a prova da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria.

Características do Arresto O arresto atinge qualquer imóvel do autor da infração independentemente de ter sido adquirido com o produto do crime ou com proventos da infração, exceto aqueles insuscetíveis de penhora. Cabe na ausência de bens imóveis em nome do réu ou, quando existentes, forem insuficientes para cobrir a responsabilidade civil, despesas processuais e penas pecuniárias.

Características do Arresto O arresto está limitado aos móveis indispensáveis à garantia da responsabilidade civil, sendo facultado ao réu oferecer caução. Os bens fungíveis e facilmente deterioráveis podem ser avaliados e levados a leilão público antecipadamente, ficando depositado o dinheiro apurado.

Restituição de Coisas Apreendidas Conceito: é o procedimento legal de devolução a quem de direito de objeto apreendido, Durante diligência policial ou judiciária, não mais interessante ao processo criminal. As apreensões de objetos que tem relação com o fato podem ser feita em dois momentos: no local do crime pelas autoridades competentes para averiguação do ilícito ocorrido ou por meio de diligência. Devem ser apreendidos os objetos do crime e também aqueles que tiverem relação com a infração ocorrida.

Restituição de Coisas Apreendidas A apreensão é uma obrigação da autoridade policial (art. 6, II, CPP). O instrumento do crime e os objetos que com ilícito tiverem relação vão acompanhar os autos do inquérito, antes passaram por perícia para serem avaliados e constatarem sua natureza e eficiência.

Objetos de Apreensão coisas achadas ou obtidas por meios criminosos instrumento de falsificação ou contrafação objetos falsificados oucontrafeitos armas e munições instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato

Não podem ser apreendidos coisas ou valores que constituam proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso, mediante sucessiva especificação (joia feita com o ouro roubado), ou conseguido mediante alienação (objeto adquirido com o dinheiro furtado) Obs.: os objetos apreendidos que não são de interesse para o processo poderão ser restituídas antes do transito em julgado da sentença penal.

Restituição de Coisas Apreendidas Até enquanto for útil ao processo, não se devolve coisa recolhida, até porque, fazendo-o, pode-se não mais obtê-la de volta, ainda que pertença a terceiro de boa-fé e não seja coisa de posse ilícita. Existirá o confisco das coisas apreendidas quando seu fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato típico, sendo ou não sentença condenatória. Não há possibilidade de retorno para a posse do réu ou do terceiro, a não ser, se os interessados sejam colecionadores autorizados. Caso contrário deverá ser destruído ou se de interesse enviadas a museu criminal.