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V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

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II - AÇÃO RESCISÓRIA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO TRT/ RO

Transcrição:

RECORRENTE(S): RECORRIDO(S): JORGE DE PAULA DORIDIO MUNICIPIO DE TRES PONTAS EMENTA: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO SERVIDOR PÚBLICO ADMITIDO ANTES DA CR/88, SOB O REGIME JURÍDICO CELETISTA -É competente esta Justiça do Trabalho para apreciar e julgar os pedidos do servidor público admitido pela CLT, antes da promulgação da Constituição da República de 1988. No caso, apesar de o Município ter implantado o regime jurídico único de estatutário, o autor não se submeteu a concurso público, pelo que a relação jurídica não poderia transmudar automaticamente do regime celetista para o estatutário, sob pena de ofensa expressa ao art. 37, inciso II, da CR e 1º. do art. 19 da ADCT. Assim, permanecendo o regime jurídico sobre as regras da CLT, é desta Especializada a competência para apreciar e julgar a lide, nos termos do art. 114, da CR/88. Vistos etc. RELATÓRIO O reclamante apresentou recurso ordinário, às fls. 57/59, em face da v. decisão de fl. 55, de lavra do MM. Juízo da 1ª Vara do Trabalho de Varginha, que declarou a incompetência da Justiça do Trabalho para conhecer e julgar a presente demanda, declinando a competência para a Justiça Estadual Comum. Contrarrazões às fls. 62/66. Dispensado o parecer escrito da d. Procuradoria. É o relatório. VOTO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, conheço do recurso ordinário. JUÍZO DE MÉRITO INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO EM RAZÃO DA MATÉRIA O reclamante pede a reforma da r. decisão que declarou a incompetência da Justiça do Trabalho para processar e julgar o litígio. Sem razão. Conforme documentos de fls. 10/11, o reclamante foi admitido pelo Município de Três Pontas sob o regime celetista, e a partir de 01.09.93, houve a transmudação do regime para o estatutário, com a extinção do pacto laboral. Diante deste contexto, o autor pede que seja declarado nulo o contrato de trabalho sob o regime estatutário, por ausência de concurso público, e, via de consequência, que seja considerado como vigente até a presente data o regime celetista, com a condenação da ré a efetuar os depósitos do FGTS, desde a data da transmudação de regime. O argumento do recorrido é de que, com o advento da Lei Municipal 1.553/93, ficou estabelecido o regime jurídico único dos servidores do Município de Três Pontas, na condição de Estatutário, não mais existindo, para quaisquer de seus servidores, a condição de contratados pela Consolidação das Leis Trabalhistas. Assevera que, em virtude da alteração legislativa, houve a transposição dos servidores submetidos anteriormente ao regime celetista para o regime estatutário, restando estabelecido no art. 5º da referida Lei Municipal que, no caso de não submissão ao concurso público, hipótese que atrai a situação do obreiro, os servidores terão seus empregos transformados em função pública (fl. 52). Data venia do que restou decidido na r. sentença monocrática, entendo que esta Justiça do Trabalho é competente para apreciar e julgar os pedidos do servidor público admitido pelo regime celetista, antes da promulgação da Constituição da República de 1988. No caso, apesar de o Município ter implantado o regime jurídico único de estatutário, o autor não se submeteu a concurso público, pelo que a relação jurídica não poderia transmudar automaticamente do regime celetista para o estatutário, sob pena de ofensa expressa ao art. 37, inciso II, da CR/88 e 1º. do

art. 19 da ADCT, conforme o julgamento pelo Excelso Supremo Tribunal Federal da ADI 1.150, que teve como relator o Ministro Moreira Alves: "Ação direta de inconstitucionalidade, 3º e 4º do artigo 276 da Lei 10.098, de 03.02.94, do Estado do Rio Grande do Sul. Inconstitucionalidade da expressão operando-se automaticamente a transposição de seus ocupantes contida no 2º do artigo 276, porque essa transposição automática equivale ao aproveitamento de servidores não concursados em cargos para cuja investidura a Constituição exige os concursos aludidos no artigo 37, II, de sua parte permanente e no 1º do artigo 19 de seu ADCT. Quanto ao 3º desse mesmo artigo, é de dar-se lhe exegese conforme a Constituição, para excluir, da aplicação dele, interpretação que considere abrangidas, em seu alcance, as funções de servidores celetistas que não ingressaram nelas mediante concurso a que aludem os dispositivos constitucionais acima referidos. Por fim, no tocante ao 4º do artigo em causa, na redação dada pela Lei estadual nº 10.248/94, também é de se lhe dar exegeses conforme à Constituição, para excluir, da aplicação dele, interpretação que considere abarcados, em seu alcance, os empregos relativos a servidores celetistas que não se submeterem a concurso, nos termos do art. 37, II, da parte permanente da Constituição ou do 1º do artigo 19 do ADCT. Ação que se julga procedente em parte, para declarar-se inconstitucional a expressão operando-se automaticamente a transposição de seus ocupantes, contida no artigo 276, 2º, da Lei 10.298, de 03.02.94, do Estado do Rio Grande do Sul, bem como para declarar que os 3º e 4º desse mesmo artigo 276 (sendo que o último deles na redação que lhe foi dada pela Lei 10.248, de 30.08.94) só são constitucionais com a interpretação que exclua da aplicação deles as funções ou os empregos relativos a servidores celetistas que não se submeteram ao concurso aludido no art. 37, II, da parte permanente da Constituição, ou referido no 1º do artigo 19 do seu ADCT" (Tribunal Pleno, publicado em 17.04.98). Citam-se, ainda, os seguintes arestos do Colendo TST: AGRAVO DE INSTRUMENTO. 1. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. TRANSMUDAÇÃO DE REGIME. CONCURSO PÚBLICO. NECESSIDADE. Demonstrada possível afronta ao artigo 37, II, da Constituição Federal, determina-se o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento a que se dá provimento. RECURSO DE REVISTA. 1. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. TRANSMUDAÇÃO DE

REGIME. CONCURSO PÚBLICO. NECESSIDADE. Esta Corte Superior, seguindo orientação do excelso Supremo Tribunal Federal, tem entendido que é inviável a conversão automática de regime jurídico, ante o óbice contido no artigo 37, II, da Constituição Federal, razão pela qual o empregado público, ainda que admitido anteriormente à vigência da Constituição Federal de 1988, sem submissão a certame público, continua regido pelo regime celetista, independentemente da existência de norma estadual ou municipal que estabeleça a conversão deste regime para o estatutário. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. - (RR- 7200-79.2010.5.13.0015, Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, 2ª Turma, publicado em 24.02.2012). [...] III - RECURSO DE REVISTA. FGTS. PRESCRIÇÃO BIENAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. MUDANÇA AUTOMÁTICA DE REGIME JURÍDICO. Segundo entendimento desta Corte, é inviável a conversão automática de regime jurídico, de modo que os servidores admitidos, sem submissão a concurso público, antes da Constituição da República de 1988 continuam sendo regidos pelo regime celetista, independentemente da existência de norma estadual ou municipal que estabeleça conversão automática. Isso porque, a partir da atual Constituição, há a obrigatoriedade de prévia aprovação em concurso público para a investidura em cargo ou emprego público, de modo que a transmudação de regimes, se o ingresso não foi precedido de certame, implica ofensa ao art. 37, II, da CF. Recurso de revista conhecido e provido. - (RR-20140-16.2009.5.13.0014, Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, 8ª Turma, publicado em 03.06.2011). I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. TRANSPOSIÇÃO AUTOMÁTICA DE SERVIDORES CELETISTAS ESTADUAIS PARA O REGIME JURÍDICO ÚNICO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. LEI ESTADUAL Nº 10.098/94. ADI Nº1150-2. Demonstrada possível violação do art. 37, II, da CF, impõe-se o provimento do apelo. Agravo de Instrumento a que se dá provimento. II - RECURSO DE REVISTA - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. TRANSPOSIÇÃO AUTOMÁTICA DE SERVIDORES CELETISTAS ESTADUAIS PARA O REGIME JURÍDICO ÚNICO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. LEI ESTADUAL Nº 10.098/94. ADI Nº1150-2. A transposição automática da Reclamante do regime celetista para o estatutário, declarando-se a limitação da competência desta Justiça

Especializada ao período anterior a 01.01.94, importa em afronta ao art. 37, II, da Constituição Federal, porquanto desatendido o requisito constitucional da prévia aprovação em concurso público para a investidura no serviço público. Frise-se que o STF, quando do julgamento da ADI nº 1.150-2, decidiu pela inconstitucionalidade da expressão 'operando-se automaticamente a transposição dos seus ocupantes', contida no 2º do artigo 276 da Lei Estadual nº 10.098/94. Recurso de Revista conhecido e provido- (ED-RR-1111876-21.2003.5.04.0900, 8ª Turma, Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, publicado em 03.11.2009). RECURSO DE REVISTA. TRANSMUDAÇÃO DE REGIME. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO (alegação de violação do artigo 37, II, da Constituição da República e divergência jurisprudencial). A exigência de aprovação em concurso para efetivação em cargo público está inserta nos artigos 37, inciso II, da Constituição Federal e 19, 1º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que deixa claro que a efetivação de servidor, ainda que estável em cargo público, não se dá automaticamente, mesmo que se adote o regime jurídico único, sendo imprescindível à submissão e aprovação em concurso público. No caso, tendo a reclamante sido admitida pelo Município-reclamado em data anterior a promulgação da atual Constituição Federal e, não tendo sido previamente aprovada em concurso público, não poderá, sob pena de afronta do artigo 37, inciso II, da Constituição Federal, ter modificado o regime jurídico da relação de emprego. Neste passo, em face da contratação da reclamante pelo Município-reclamado ter se dado em data anterior à vigência da regra proibitiva do artigo 37, inciso II, da Constituição Federal de 1988, de acordo com o entendimento do Pretório Excelso e desta Colenda Corte Superior, não se pode falar em aquisição automática do status de servidor estatutário, pelo que, no caso, a competência para julgar a presente lide é, de fato, da Justiça do Trabalho, a teor do artigo 114 da CF/88. Recurso de revista conhecido e provido - (RR-3900-17.2001.5.19.0999, Ministro Renato de Lacerda Paiva, 2ª Turma, publicado em 13.10.2008). Ressalte-se que a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, na ADI-3.395/DF, não altera essa conclusão, pois afasta a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar ações propostas contra o Poder Público por servidores vinculados por uma relação jurídico-administrativa, o que não é o caso. Assim, permanecendo o regime jurídico sobre as regras da CLT, é desta Especializada a competência para apreciar e julgar a lide, nos termos do art.

114, I da CR/88, razão pela qual se determina o retorno dos autos à Origem para o conhecimento da matéria de mérito pelo Juízo a quo, proferindo-se nova decisão, como entender de direito. Dou provimento. CONCLUSÃO Conheço do recurso e, no mérito, dou-lhe provimento para declarar a competência desta Justiça Especializada para julgar o presente feito, determinando o retorno dos autos ao Juízo de Origem, para conhecimento da matéria de mérito, proferindo-se nova decisão, como entender de direito. FUNDAMENTOS PELOS QUAIS, O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, em Sessão da sua Quarta Turma, no dia 31 de julho de 2013, à unanimidade, conheceu do recurso; no mérito, sem divergência, deu-lhe provimento para declarar a competência desta Justiça Especializada para julgar o presente feito, determinando o retorno dos autos ao Juízo de Origem, para conhecimento da matéria de mérito, proferindo-se nova decisão, como entender de direito. MARIA LÚCIA CARDOSO DE MAGALHÃES DESEMBARGADORA RELATORA my