O Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, na fração de interesse, manteve a sentença em relação a aplicação da prescrição bienal.

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1 A C Ó R D Ã O 5ª Turma EMP/sl/ebc RECURSO DE REVISTA. AÇÃO DE RESSARCIMENTO. PREJUÍZOS CAUSADOS AO ERÁRIO. ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. IMPRESCRITIBILIDADE. A teor do artigo 37, 5, parte final, da Constituição Federal e na esteira dos precedentes do Excelso STF, a ação de ressarcimento de prejuízos causados ao Erário é imprescritível. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR , em que é Recorrente EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT e Recorrido ANASTÁCIO DO NASCIMENTO LIMA. O Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, na fração de interesse, manteve a sentença em relação a aplicação da prescrição bienal. no artigo 896, a e c, da CLT. Regional quanto ao tema prescrição. do Trabalho. A reclamada interpôs recurso de revista, com fulcro O apelo foi admitido pela Presidência da Corte Contrarrazões não foram apresentadas. Não houve remessa dos autos ao d. Ministério Público É o relatório. V O T O I CONHECIMENTO. Atendidos os pressupostos comuns de admissibilidade do recurso de revista, passa-se ao exame dos pressupostos específicos.

2 fls.2 fundamentos: AÇÃO DE RESSARCIMENTO. PRESCRIÇÃO APLICÁVEL. O Tribunal Regional consignou os seguintes "DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE: Da prescrição bienal. Conforme já relatado, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, autora da presente Ação Ordinária de Cobrança, recorre ordinariamente da decisão proferida pelo Juízo primário, insurgindo-se contra o acolhimento da prescrição bienal, ao argumento de que a obrigação de ressarcir ao erário é imprescritível, principalmente quanto se trata de prática de ato ilícito pelo servidor público, causando prejuízos à União, conforme sustenta, ser a hipótese dos autos. Alega, em favor de sua tese, que a matéria em debate é regulada pela parte final do art. 37, 5º, da Constituição Federal vigente, que assim dispõe: 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. GRIFOU-SE. A Lei de Improbidade Administrativa (Lei n /92), também utilizada como base para os argumentos de reforma do recorrente, dispõe: Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº , de 2009). I - na hipótese do art. 9, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta

3 fls.3 circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos; (...) Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas: I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança; II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego. Passa-se a apreciar. É inconteste que o recorrido trabalhou para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, como Agente de Correios, na função de Gerente, lotado na AC. Patos do Piauí/DR/PI. O que busca a autora, ora recorrente, é o ressarcimento de valores correspondentes a irregularidades imputadas ao recorrido, que teria contrariado normas estabelecidas pela ECT, nos manuais de Pessoal e de Organização, durante o contrato de trabalho e em decorrência de desvios deste. O valor a ser ressarcido, com as atualizações devidas, segundo a recorrente, até 22 de janeiro de 2013, perfazia o montante de R$ ,10 (quarenta mil, quatrocentos e setenta e seis reais, e dez centavos). Na petição inicial, a autora mencionou que o recorrido foi demitido sem justa causa, em razão do ocorrido, no dia 11/11/2010. Desta feita, não há dúvidas de que a celeuma refere-se ao contrato de trabalho havido entre as partes, e encerrado em Deve incidir na hipótese a prescrição trabalhista, como bem assentou o r. Juízo primário, não havendo que falar em imprescritibilidade dos valor então buscado pela autora. Assim, se a extinção do vínculo laboral se deu em 11/11/2010, e a presente ação foi proposta 22/05/2013, não merece reparo a decisão primária, na qual foi acolhida a prescrição bienal."

4 fls.4 A recorrente sustenta, em suma, que a decisão regional está em contrariedade com o disposto no art. 37, 5º, da CF, sob o pálio de que a ação de ressarcimento ao erário é imprescritível. Aponta violação dos artigos 5, LXXIV, 37, 5º, da Constituição Federal e colaciona arestos. À análise. De início, diga-se que na presente ação não se discute crédito trabalhista típico, senão o direito a ressarcimento de prejuízos causados ao Erário, por agente público, servidor, ex-empregado da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Centra-se, pois, a discussão na prescrição aplicável à ação de ressarcimento ao Erário, onde a ECT alega a prática de ato de improbidade do ex-empregado, por ter se apropriado indevidamente de recursos pertencentes ao ente público. O art. 37, 5, da Constituição Federal dispõe que: " 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento." Com efeito, o referido dispositivo da Constituição Federal, expressamente, ressalva a ação de ressarcimento da regra prescricional aplicável aos agentes públicos que causam prejuízo ao erário (art. 23 da Lei nº 8.429/92). A opção do legislador constituinte, de afastar a incidência da prescrição às ações de ressarcimento, evidencia a intenção de preservar o patrimônio público, e prestigiar o interesse social na reparação dos prejuízos causados ao erário. O Exceso STF reconheceu a repercussão geral da matéria relativa à prescrição aplicável à ação de ressarcimento ao erário (RE

5 fls ). Ainda assim o entendimento até então predominante é no sentido da imprescritibilidade da ação de ressarcimento. Nesse sentido, os seguintes precedentes: "AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO ADMINISTRATIVO. DANO AO ERÁRIO. ARTIGO 37, 5º, DA CF. IMPRESCRITIBILIDADE. PRECEDENTES. PRETENSÃO DE REJULGAMENTO DA CAUSA PELO PLENÁRIO E ALEGAÇÃO DE NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DE DANO CONCRETO PARA SE IMPOR A CONDENAÇÃO AO RESSARCIMENTO EM RAZÃO DO DANO CAUSADO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SUBMISSÃO DA MATÉRIA A REEXAME PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO, DETERMINANDO-SE O PROCESSAMENTO DO RECURSO OBSTADO NA ORIGEM. 1. O Supremo Tribunal Federal tem jurisprudência assente no sentido da imprescritibilidade das ações de ressarcimentos de danos ao erário. Precedentes: MS n.º 26210/DF, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, ; RE n.º /RS-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe ; RE n.º /RS-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe ; AI n.º /SP-AgR, Primeira Turma, Relatora a Ministra Rosa Weber, DJe Agravo regimental. Pleito formalizado no sentido de submeter o tema a reexame do Plenário da Corte. Cabimento da pretensão, porquanto entendo relevante a questão jurídica e aceno com a necessidade de reapreciação da matéria pelo Supremo Tribunal Federal. 3. Agravo regimental provido, determinando-se o processamento do recurso extraordinário obstado pelo Tribunal de origem. (AI AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 28/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-161 DIVULG PUBLIC ) "AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 2. Ação de ressarcimento de danos ao erário. Art. 37, 5º, da Constituição Federal. Imprescritibilidade. Precedentes. 3. Agravo

6 fls.6 regimental a que se nega provimento". (RE AgR, Relator(a): : Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 02/10/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-207 DIVULG PUBLIC ) "CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. CONTRATO. SERVIÇOS DE MÃO-DE-OBRA SEM LICITAÇÃO. RESSARCIMENTO DE DANOS AO ERÁRIO. ART. 37, 5º, DA CF. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. 1. As ações que visam ao ressarcimento do erário são imprescritíveis (artigo 37, parágrafo 5º, in fine, da CF). Precedentes. 2. Agravo regimental a que se nega provimento". (AI AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 13/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-071 DIVULG PUBLIC RT v. 101, n. 921, 2012, p ) "EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 5º DO ART. 37 DA CONSTITUIÇÃO. PRECEDENTES. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do MS , da relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, decidiu pela imprescritibilidade de ações de ressarcimento de danos ao erário. 2. Agravo regimental desprovido". (RE AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 13/09/2011, DJe-216 DIVULG PUBLIC EMENT VOL PP-00177) No mesmo sentido são os seguintes julgados deste c. RECURSO DE REVISTA. AÇÃO DE RESSARCIMENTO. PREJUÍZOS CAUSADOS AO ERÁRIO. ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. IMPRESCRITIBILIDADE. Diante da redação do art. 37, 5º, da CF, deve ser reconhecida a imprescritibilidade das ações de ressarcimento de prejuízo causado ao erário. Precedentes do e. STF. Recurso

7 fls.7 de revista conhecido e provido. (RR , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT 10/10/2014) EMENTA : I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE PREJUÍZOS AO ERÁRIO. MANDAMENTO CONSTITUCIONAL. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. Diante de potencial violação dos art. 37, 5º, da Carta Magna, merece processamento o recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO DE REVISTA. AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE PREJUÍZOS AO ERÁRIO. MANDAMENTO CONSTITUCIONAL. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. A teor do art. 37, 5º, parte final, da Constituição Federal e na esteira dos precedentes do Excelso STF, a ação de ressarcimento de prejuízos causados ao erário é imprescritível. Recurso de revista conhecido e provido. (RR , Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, DEJT 12/04/2013). Prevalece, portanto, a regra constitucional da imprescritibilidade da ação de ressarcimento ao erário. Nesse contexto, a v. decisão regional que entende pela incidência da prescrição trabalhista na ação de ressarcimento de prejuízos ao erário viola o artigo 37, 5º, da CF, que define a imprescritibilidade das ações de ressarcimento ao erário. Conheço do recurso de revista, por violação do art. 37, 5º, da Constituição Federal. II MÉRITO. Conhecido o recurso de revista da reclamada por violação do art. 37, 5º, da Constituição Federal, a consequência lógica é seu provimento para, afastando a prescrição declarada, determinar o retorno dos autos à Vara de origem, para que prossiga no julgamento do

8 fls.8 feito, como entender de direito. Prejudicado o exame dos demais temas e questões veiculados em razões de recurso de revista. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista, quanto ao tema AÇÃO DE RESSARCIMENTO - PRESCRIÇÃO APLICÁVEL, por violação do art. 37, 5º, da Constituição Federal, e, no mérito, dar-lhe provimento para, afastada a prescrição, determinar o retorno dos autos à Vara do Trabalho de origem, para que prossiga no julgamento do feito, como entender de direito. Prejudicado o exame dos demais temas e questões veiculados em razões de recurso de revista. Brasília, 24 de junho de Firmado por assinatura digital (MP /2001) EMMANOEL PEREIRA Ministro Relator