PGE/RS PROCESSO DO TRABALHO Prof. Maria Cláudia Felten

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SUMÁRIO PARTE 1 PARTE 2 DICAS PARA A REALIZAÇÃO DE UMA BOA PROVA...17 PRINCIPAIS TEMAS DISCUTIDOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO...23

Transcrição:

PGE/RS PROCESSO DO TRABALHO Prof. Maria Cláudia Felten E-mail: maria.claudia.felten@terra.com.br

PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 1.Princípio da proteção - Questão da desigualdade material. - Exemplos: gratuidade do processo, com isenção do pagamento de custas e despesas; a AJG; inversão do ônus da prova por meio de presunção favorece apenas ao empregado; a ausência do reclamante a audiência importa no arquivamento da reclamação e o não comparecimento do reclamado importa revelia e confissão quanto a matéria de fato (art. 844 LT).

2. Princípio da finalidade social - É uma continuação do princ. proteção, no sentido de permitir ao juiz uma atuação mais ativa, na medida em que auxilie o empregado, em busca de uma solução justa, até o momento de proferir uma sentença. - Para Bezerra Leite, Alice Monteiro de Barros, Humberto Theodoro é o que justifica os princ. Processo do Trabalho. - Fundamento: art. 5 da LICC: na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

3. Princ. da busca da verdade real - Deriva do princ. primazia da realidade. - Em caso de contradição da prova documental, pode prevalecer a prova testemunhal. - Art. 765 CLT: o juiz do trabalho cuidará pelo andamento rápido do feito, podendo determinar qq. diligência necessária ao esclarecimento da ação.

4. Princ. da indisponibilidade - Há uma gama de normas de ordem pública do direito material do trabalho, o que implica a existência de um interesse social que transcende a vontade dos sujeitos do processo no seu cumprimento e influência a própria prestação jurisdicional. - O processo do trabalho tem uma função finalística: A BUSCA EFETIVA DO CUMPRIMENTO DOS DIREITOS INDISPONÍVEIS DOS TRABALHADORES.

5. Princípio da conciliação - Fundamento. - Art. 114 CF teve o termo conciliar e julgar suprimido pelo atual termo processar e julgar. E como fica o princípio frente a isso? Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação. 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos. 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste Título. 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.

Continuação do princ. da conciliação - Ainda o art. 831 CLT estabelece como requisito de validade da sentença trabalhista que ela seja proferida somente depois de rejeitada a proposta de conciliação pelas partes. - Sendo que a conciliação é obrigatória em ambos os procedimentos, sendo que no ordinário é obrigatório na abertura da audiência e ao final, após as razões finais (arts. 846 e 850 CLT).

6. Princípio da Normatização Coletiva (art. 114, parágrafo segundo, CF). - A Justiça do Trabalho é a única que pode exercer o chamado PODER NORMATIVO. - Conteúdo da sentença normativa. - Efeitos da sentença normativa. Art. 114, 2º, CF: Recusando-se se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito,, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

7. Outros princípios do processo trabalhista - Princ. da simplicidade - Princ. Celeridade - Princ. despersonalização do empregador ou desconsideração da personalidade jurídica do empregador (arts. 2, 10 e 448 CLT). - Princ. da extrapetição (arts. 137, parágrafo segundo e 467 CLT).

FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO - As fontes do DPT se dividem em fontes materiais e fontes formais. 1. Fontes Materiais - Emerge do direito material do trabalho. - Após EC 45/2004.

2. Fontes Formais 2.1 Fontes formais diretas: São as leis e os costumes. Em relação as leis importa destacar: CF, CLT, Lei 5.584/70; CPC; Lei 6.830/80 (Execução fiscal que se aplica na execução trabalhista); etc.

2.2. Fontes formais indiretas É a doutrina e a jurisprudência. É jurisprudência: súmulas, orientações jurisprudenciais do TST, precedentes normativos do TST, decisões judiciais. * Questão envolvendo as súmulas vinculantes (art. 103-A CF) que são leis, portanto fonte formal direta.

Súmulas vinculantes aplicadas ao proc. trabalho Súmula Vinculante 22 A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional no 45/04. Súmula Vinculante 23 A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

Súmulas vinculantes aplicadas ao proc. trabalho Súmula Vinculante 25 É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

2.3 Fontes formais de explicitação - Art. 769 CLT admite a aplicação subsidiária do CPC, que em seu art. 126 diz: Art. 126 - O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. - Exemplo de costumes: protesto nos autos (art. 795, caput, CLT) e apresentação defesa escrita, não obstante a previsão de defesa oral (art. 847 CT).

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO - Jurisdição é o poder/dever do Estado de prestar a tutela jurisdicional a todo aquele que tenha uma pretensão resistida por outrem. - Competência é a determinação da esfera de atribuições dos órgãos encarregados da função jurisdicional. - Temos a competência por matéria, pessoas, funções ou o território. - Com a EC 45/2004, o art. 114 da CF que trata da competência da JT sofreu grandes alterações.

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA E DA PESSOA 1) AÇÕES ORIUNDAS DA RELAÇÃO DE TRABALHO - Diferença entre relação de trabalho e relação de emprego. - O que é relação de trabalho? Quem esta incluso nesta classificação. - O que é relação de emprego? * OBSERVAÇÕES: - Competência para demanda que tenha por objeto a prestação pessoal de serviços (art. 3, parágrafo segundo, CDC), logo é fornecedor de serviços X destinatário do mesmo serviço (consumidor): discussão relacionada a remuneração e discussão relacionada a qualidade do serviço. - Súmula 363 STJ- compete a Justiça Estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente. - Acidente do trabalho: se envolver a relação de emprego e os reflexos desta é a da JT, mas se envolver a questão previdenciária (INSS) é da justiça comum (art. 643, parágrafo segundo, CLT).

2) ENTES DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO - Entes (estados) de direito público externo: O STF (re 222.368-AGR/PE) já decidiu que não há o que falar de imunidade de jurisdição, somente de imunidade de execução. Portanto a execução se fará por carta rogatória. - Entretanto, em relação aos organismos de direito público externo é diferente o entendimento do TST, por entender que eles não podem praticar os atos de império e não tem território e nem governo (UNESCO e ONU, por exemplo). RR-104100-29.2008.5.15.0116 julgado em 30/03/2011, Ministro Guilherme Caputo Bastos).

3. SERVIDORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA DA UNIÃO, DF, ESTADOS E MUNICÍPIOS - Temos a ADIN n. 3.395-6 ajuizada pela AJUFE que busca a inconstitucionalidade do art. 114, I, CF, no que diz respeito a competência da JT para apreciar causas da AP com seus servidores, quando o vínculo for de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo. - A liminar foi deferida pelo Ministro Nelson Jobim e foi referendada pelo Plenário do STF no dia 05/04/2006 por maioria. - Desde 07/02/2011 o processo esta concluso com o relator Ministro Cesar Peluso e a tendência é tornar definitiva a liminar.

CONTINUAÇÃO - Inclusive a OJ 205 do TST que previa a competência da JT entre o trabalhador e o ente público se há controvérsia era sobre o vínculo de emprego foi CANCELADA EM 23/04/2009 pelo Pleno do TST. - Em contrapartida, a Recl. STF 5.381/AM decidiu que a Justiça Estadual é a competente até para relações de trabalho envolvendo contratação de temporário com infringência ao art. 37, IX, CF.

* Assim, a competência a JT envolvendo relação de trabalho entre servidor público e a ADP é a seguinte: - Servidor da AP direta, indireta, autárquica ou fundacional regido pela CLT; - Empregados regido pela CLT das empresas públicas e soc. economia mista que explorem ativ.econômicas, tenham personalidade jurídica de direito privado. (CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 111.430 - RJ, Relator Mauro Campbell, julgado em 10/10/2010; Precedentes: CC 111920/RJ, Rel. Min. Hamilton Carvalho, DJe de 18.06.10; CC 109874/RJ, DJe de 18.06.10; CC 111928/RJ, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 15.06.10; CC 110990/RJ, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 08.06.10). - S. 97 STJ havendo mudança de regime de servidor celetista para estatutário, a JT é competente em relação aos direitos do período celetista.

4. Ações envolvendo o direito de greve (art. 114, II, CF) - Competência originária dos TRTs (art. 117 do Reg. Interno do TRT) - Ação de dissídio coletivo de greve pelos parágrafos segundo e terceiro do art. 114 da CF: sindicato patronal, empresa ou MPT. * Observação: a (i)legitimidade dos sindicatos profissionais. - Ações envolvendo o direito de greve ou ações individuais: empresas, sindicatos, empregados, usuário do serviço paralisado, etc. - Ver questão envolvendo ação de greve da ECT que esta com o TST para conciliação e julgamento e a proposta foi recusado pelos sindicatos profissionais, pois os servidores foram descontados os dias não trabalhados.

5. AÇÕES SOBRE REPRESENTAÇÃO SINDICAL Art. 114, III, CF - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores. - envolve questões de legitimidade de representação de categoria e de disputa de base territorial; - ações de cumprimento (lei 8.984/95 e art. 872 da CLT já permitiam na JT); - processo eleitoral; - filiação ou desfiliação; - envolvendo contribuições.

6. Mandado de segurança, habeas corpus e habeas data. Art. 114, IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição. Exemplos: - MS contra auditor fiscal do trabalho; MS contra atuação de membros do MPT; MS contra decisões de indeferimento de liminar em primeiro grau, etc. - A única hipótese de habeas corpus na JT é para a prisão de depositário infiel, então incumbe o juiz do trabalho decidir. - E habeas data nas hipóteses em que o empregado quer saber o que consta no banco de dados do seu empregador.

7. Os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o (art. 114, V, CF). - Art. 808 - Os conflitos de jurisdição de que trata o art. 803 serão resolvidos: a) pelos TRTs, os suscitados entre Varas do Trabalho e entre Juízes de Direito, ou entre uma e outras, nas respectivas regiões; b) pelo TST, os suscitados entre TRTs ou entre Varas do Trabalho e Juízes de Direito sujeitos à jurisdição de Tribunais Regionais diferentes; - pelo STJ, quando suscitado entre Vara do Trabalho e Juiz de Direito não investido na jurisdição trabalhista (art. 105, I, d, CF). - pelo STF, os suscitados entre o TST e órgãos de outros ramos do Judiciário (art. 102, I, o, CF).

8. Ações de indenização por dano moral ou patrimonial decorrentes da relação de trabalho (art. 114, VI,CF). - S. 392 TST confirma a competência da JT, quando decorrente da relação de trabalho o dano moral ou material. - Acidente do trabalho é de competência da JT (Conflito Negativo de Competência 7.204-1 MG), mas a lide previdenciária decorrente de acidente do trabalho não. - Art. 120 da Lei 8.213/91 que trata das normas de saúde e segurança do trabalho,em caso de ação regressiva do INSS contra o empregador que as inobservou é da JFederal a competência (art. 109 da CF). - S. 366 STJ compete a Justiça Estadual julgar ação indenizatória proposta por viúva e filhos de empregado falecido em acidente do trabalho.

9. Ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho (art. 114, VII, CF). - Atuação do MTE e das Superintendências Regionais do Trabalho.

10. A execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir (art. 114, parágrafo terceiro, CF). - O art. 876 CLT (alterado pela Lei 11457/2007) dispõe que serão executadas de ofício as contribuições sociais devidas em decorrência de processo oriundo da JT, inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido.

- Entretanto, o STF através do RE 569056/PA decidiu que a competência da JT é apenas para a execução das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação ou do acordo judicial. - Portanto, a JT é competente para executar o INSS das suas sentenças e acordos. - A par disso algumas jurisprudências foram editadas pelo TST:

OJ-SDI1-368 DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. ACORDO HOMOLO-GADO EM JUÍZO. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PARCELAS INDENIZATÓRIAS. AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO. INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR TOTAL (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008) É devida a incidência das contribuições para a Previdência Social sobre o valor total do acordo homologado em juízo, independentemente do reconhecimento de vínculo de emprego, desde que não haja discriminação das parcelas sujeitas à incidência da contribuição previdenciária, conforme parágrafo único do art. 43 da Lei nº 8.212, de 24.07.1991, e do art. 195, I, a, da CF/1988.

OJ-SDI1-376 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMO-LOGADO EM JUÍZO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR HOMOLOGADO (DEJT divulgado em 19, 20 e 22.04.2010) É devida a contribuição previdenciária sobre o valor do acordo celebrado e ho-mologado após o trânsito em julgado de decisão judicial, respeitada a proporcionalidade de valores entre as parcelas de natureza salarial e indenizatória de-feridas na decisão condenatória e as parcelas objeto do acordo.

OJ-SDI1-398 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMO-LOGADO EM JUÍZO SEM RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EM-PREGO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RECOLHIMENTO DA ALÍ-QUOTA DE 20% A CARGO DO TOMADOR E 11% A CARGO DO PRES-TADOR DE SERVIÇOS. (DEJT divulgado em 02, 03 e 04.08.2010) Nos acordos homologados em juízo em que não haja o reconhecimento de vín-culo empregatício, é devido o recolhimento da contribuição previdenciária, me-diante a alíquota de 20% a cargo do tomador de serviços e de 11% por parte do prestador de serviços, na qualidade de contribuinte individual, sobre o valor to-tal do acordo, respeitado o teto de contribuição. Inteligência do 4º do art. 30 e do inciso III do art. 22, todos da Lei n.º 8.212, de 24.07.1991.

11. Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei (art. 114, IX,CF). - Contratos de empreitada (art. 455 c/c 652, a,iii, ambos da CLT). - Trabalhadores portuários (avulsos) Lei 8.630/93 c/c art. 12 da Lei 8.212/91. - Súmula 300 TST competência da JT para as ações ajuizadas por empregados em face de empregadores relativo ao PIS. - Súmula 19 TST JT é competente para apreciar reclamação de empregado que tenha por objeto direito fundado em quadro de carreira.

- OJ 126 TST JT é competente para apreciar pedido de complementação de pensão postulada por viúva de ex- empregado, por se tratar de pedido que deriva do contrato de trabalho.

12. Poder Normativo da JT 2º Recusando-se se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

13. Ações que versam sobre descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores. - Súmula 376 STF compete a JT julgar as ações que tenham como causa de pedir normas relativas a segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.

Trabalhadores Temporários (Lei 6.019/74). - Como ocorre o trabalho temporário. - Competência para julgar as demandas envolvendo trabalho temporário. - Prazos.

COMPETÊNCIA TERRITORIAL DAS VARAS DO TRABALHO - A competência territorial da JT esta disposta no art. 651 da CLT: - 1) Em regra, a RT deve ser proposta na localidade em que o empregado tenha prestado seus serviços, independentemente do local da contratação. - 2) Em se tratando de agente ou viajante comercial, a RT deve ser proposta na localidade onde esta estabelecida a sede (agência ou filial) da empresa a qual o reclamante esteja vinculado. Na ausência de sede, na VT onde o empregado esteja domiciliado. - 3) O empregado brasileiro que é contratado para trabalhar fora do Brasil poderá ajuizar a sua RT no local onde a empresa tenha a sede no Brasil ou no local do seu domicílio, quando voltar ao Brasil (art. 651, parágrafo segundo, CLT).

COMPETÊNCIA TERRITORIAL 4) Em relação as empresas que promovam atividades fora do lugar da celebração do contrato (circo, feira, etc), a RT poderá ser ajuizada no foro de celebração do contrato de trabalho ou no da prestação de serviços (art. 651, parágrafo terceiro). OJ 149 TST Havendo conflito de competência por incompetência territorial não cabe declaração de ofício caso o trabalhador tenha usado da faculdade do art. 651, parágrafo terceiro. Resolve-se se o conflito pelo reconhecimento da competência do juízo do local onde a ação foi proposta. SUM-207 - CONFLITOS DE LEIS TRABALHISTAS NO ESPAÇO. PRINCÍPIO DA "LEX LOCI EXECUTIONIS" A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação.

DO DISSÍDIO COLETIVO (art. 114, parágrafo segundo, CF c/c arts. 856 a 875 CLT). - A autocomposição dos conflitos coletivos (convenção coletiva e acordo coletivo) acaba não sendo materializada, em função da discordância entre os sindicatos que representam a categoria profissional e a categoria econômica. - Assim, o art. 114, 2º, da CF dispõe: Recusando-se se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo,, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

- A EC 45/2004 acresceu a exigência do COMUM ACORDO para o ajuizamento do dissídio coletivo e isto tem sido muito criticado. - O comum acordo perante o TST:. De forma flexível aceita a concordância tácita;. Mas havendo oposição na contestação, extingue por ausência de pressuposto processual. (RODC 5680085/2008-509-09-09; 09; RODC 8230035/2008-50-30000; RODC - 1309/2006-000-15-00.9).

Das modalidades de dissídios coletivos O Regimento Interno do TST, aprovado pela Resolução Administrativa 908/2002, adota no art. 216 a seguinte classificação: a) dissídio coletivo de natureza econômica; b) dissídio coletivo de natureza jurídica; C) originários; D) de revisão; E) de declaração de paralisação do trabalho.

Da competência para o dissídio coletivo 1. Os Tribunais Regionais do Trabalho são competentes para processar, conciliar e julgar os dissídios coletivos instaurados em sua base territorial. A competência funcional é originária do Regional. 2. Naqueles casos em que a instauração do dissídio abrange mais de uma base territorial (estados) pertencentes a Regionais distintos, a competência se alavanca para o Tribunal Superior do Trabalho cuja base é todo o Território Nacional.

Da sentença normativa - Sentença normativa é a decisão proferida pelos TRTs ou TST ao julgarem um dissídio coletivo. - Natureza da sentença:. Dissídio coletivo de natureza econômica: sentença constitutiva.. Dissídio coletivo de natureza jurídica: sentença declaratória. - Prazo: máximo de 04 anos (art. 868 CLT).. Questão do reajuste salarial. - Súmula 277 TST estabelece que as condições de trabalho alcançadas por força de sentença normativa vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contratos.

Coisa julgada e a sentença normativa - Há duas correntes sobre a coisa julgada na sentença normativa: 1. Entende que faz apenas coisa julgada formal (pois pode ser objeto de ação de cumprimento antes do trânsito em julgado; pode ser objeto de revisão; não comporta execução). É a teoria adotada pelo TST, na Sumula 397. 2. Entende que faz coisa julgada formal e material (não pode discutir as cláusulas na ação de cumprimento e cabe ação rescisória). É a teoria adotada por Renato Saraiva.