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Transcrição:

Edição número 2122 terça-feira, 25 de setembro de 2012 Fechamento: 08h50 Veículos Pesquisados: Clipping CUT é um trabalho diário de captação de notícias realizado pela equipe da Secretaria Nacional de Comunicação da CUT. Críticas e sugestões com Leonardo Severo (leonardo@cut.org.br) Isaías Dalle (isaias@cut.org.br) Paula Brandão (paula.imprensa@cut.org.br) Luiz Carvalho (luiz@cut.org.br) William Pedreira (william@cut.org.br) Secretária de Comunicação: Rosane Bertotti (rosanebertotti@cut.org.br)

Estadão.com O ultimato de Cristina O Estado de S.Paulo (Editorial) No Código Penal brasileiro, o artigo 161 trata de modalidades de crime contra o patrimônio, entre as quais o uso de artifícios para a apropriação de coisa imóvel alheia. Na lei de meios audiovisuais argentina, o artigo de mesmo número instituiu o emprego de artifícios autoritários para permitir o crime contra o patrimônio - quando o autor é o Estado e a vítima, a liberdade de imprensa. É o que o texto denomina, com cínico eufemismo, "processo de desinvestimento" das empresas de comunicação. Concebida pelo governo da presidente Cristina Kirchner a pretexto de "democratizar" a informação no país, e aprovada em 2009 por um Congresso majoritariamente submisso à Casa Rosada, numa época em que a popularidade da sua ocupante era incontestável, a chamada lei da mídia se destina, isso sim, a levar às últimas consequências a colonização do setor pelo sistema kirchnerista de poder. A meta é redistribuir as licenças para a operação de estações de rádio e televisão, de sorte a reduzir a 1/3 do total as emissoras comerciais. Outro terço será assumidamente estatal, e o terceiro será concedido a entidades sem fins lucrativos, como sindicatos, fundações e igrejas - a escolha, naturalmente, ficará ao talante do governo. Num arranjo tipicamente chavista, as estações estatais alcançarão a população inteira argentina; já o alcance das comerciais não poderá exceder a 35% dos ouvintes e espectadores do país. A origem remota da lei liberticida data de 2008, quando o maior conglomerado de mídia argentino, o Grupo Clarín - que, além de editar o jornal de mesmo nome, o maior do país, detém quatro canais de TV aberta, 10 emissoras de rádio e 240 concessões de canais a cabo -, rompeu com os Kirchners, o ex-presidente Néstor e a sua sucessora Cristina. Ao tomar o partido dos ruralistas em seu amargo confronto com a Casa Rosada, o grupo passou a encabeçar a lista de inimigos jurados do casal - e a sua liquidação se tornou política oficial do Estado. A sede do Clarín chegou a ser invadida por um pelotão de mais de 200 fiscais da Receita, no que seria uma "operação de rotina". Em março do ano passado, a polícia cruzou os braços enquanto um piquete sindical impediu que chegasse às bancas uma edição do jornal - a primeira vez em 65 anos que deixou de circular. Também para quebrar a espinha da empresa e aferrolhar a sujeição da imprensa aos desígnios da presidente, ela apresentou projeto declarando de "interesse público" a produção, venda e distribuição de papel-jornal na Argentina, monopólio de uma companhia cujo sócio maior era o Grupo Clarín (com 49% do capital) e na qual o Estado participava com 27%. Aprovado o projeto, o governo tomou conta do negócio. Por fim, a lei de meios mutila o grupo com o inequívoco objetivo de silenciá-lo. A organização recorreu aos tribunais contra o artigo 161 do texto, por violar direitos adquiridos - no caso, a abreviação forçosa da vigência das concessões existentes. Em decisão liminar, a Justiça suspendeu a aplicação do artigo draconiano até dezembro de 2013. Em maio, sob ostensivas pressões do Executivo, a Suprema Corte argentina antecipou o prazo para 7 de dezembro próximo. Segundo a própria lei, as empresas têm um ano de prazo para se adaptar às suas normas, transferindo ou devolvendo as concessões de que são detentoras. Eis que, no último fim de semana, em meio à transmissão dos jogos do campeonato nacional de futebol, a TV estatal levou ao ar um vídeo em que Cristina, além de invectivar o Grupo Clarín, confirmou a data de 7 de dezembro para o artigo 161

começar a surtir efeitos. Não se sabe exatamente o que poderá acontecer então - mas, sendo o que é a Argentina de hoje, fala-se até em ocupação das instalações do grupo. O certo é que a presidente lançou um truculento ultimato à "verdadeira cadeia nacional ilegal" do conglomerado, como afirmou, para precipitar o seu desmanche. Com isso, passou como um trator sobre o devido processo legal ainda em curso, apesar da decisão do Supremo. Mas é o que se pode esperar de Cristina, no seu obsessivo intento de fazer da Argentina uma "democradura". Cineasta questiona julgamento do mensalão Luiz Carlos Barreto colhe assinaturas em documento para pedir ao STF atenção à preservação dos direitos constitucionais Felipe Werneck (Política) O cineasta e produtor Luiz Carlos Barreto, conhecido como Barretão, disse na segunda-feira, 24, que está preocupado com o "transcorrer das coisas" e a "garantia dos direitos individuais" no julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. "Analisando bem, eu me sinto ameaçado como cidadão", afirmou Barretão, que questiona o que chamou de prevalência da presunção em detrimento de provas materiais. Amigo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, um dos 37 réus do processo do mensalão, o cineasta tomou a iniciativa de colher assinaturas em um documento que, segundo ele, será encaminhado aos ministros do Supremo nos próximos dias. "Não é um manifesto, é uma manifestação", acrescentou. Barretão disse que o documento será impessoal. Portanto, não haverá menção a nenhum dos réus do processo do mensalão. "Não estamos falando de Zé Dirceu nem pedindo a absolvição de réu nenhum", afirmou. Na quinta-feira, o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no STF, adiou a leitura de seu voto referente à acusação de corrupção ativa contra Dirceu. Ele só deve começar a julgar o ex-ministro na semana que vem, às vésperas da eleição. De acordo com Barretão, a iniciativa tem três objetivos: "Primeiro, que o julgamento não se transforme em um show, que não tenha esse caráter de espetacularidade que está tendo. Segundo, que seja realizado pelo tribunal, e não fora do tribunal; e, terceiro, que sejam respeitados os direitos constitucionais inerentes ao Estado democrático de direito. Em síntese, é isso." Artistas. Segundo Barretão, o documento reúne cerca de 200 assinaturas de pessoas preferencialmente dos meios artístico e intelectual, como Eric Nepomuceno, Oscar Niemeyer, Tizuka Yamasaki, Flora Gil, Jorge Mautner, Alceu Valença, Antonio Pitanga, Bruno Barreto e Luiz Carlos Bresser Pereira, economista que deixou o PSDB. O cineasta disse que o documento não está acabado. "Estamos recebendo adesões e sugestões." O cineasta frisou que o texto manifesta a confiança de que o Supremo está atento à preservação dos direitos constitucionais. "É um documento que reafirma a confiança no espírito democrático dos juízes encarregados do julgamento. Não tem nenhum sentido de confronto ou desafio." Para Barretão, chamar o texto de manifesto é uma incorreção. "Parece até que estamos clandestinamente nos organizando, como se fosse na ditadura. É um

documento que não tem caráter de manifesto, de inquirir. Não estamos nos opondo a nenhuma ideia." Segundo ele, "coincidências" não podem ser confundidas com provas. "Reunindo coincidências daqui e dali pode-se constituir um ato de ofício." Haddad abre ofensiva direta contra Russomanno e Serra defende gestões (Política) Ameaçado de ficar de fora do segundo turno, petista busca confronto com líder nas pesquisas e ataca tucano, também alvo de críticas Sob risco de ficar de fora do segundo turno, o petista Fernando Haddad partiu para o confronto com Celso Russomanno (PRB) no debate de ontem da TV Gazeta, enquanto José Serra (PSDB) evitou atacar diretamente o líder da corrida para Prefeitura de São Paulo. Em sua primeira participação no debate, quando poderia escolher qualquer dos candidatos para responder a suas perguntas, Serra se dirigiu a Paulinho, candidato do PDT, que teve 1% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha. No debate da semana passada, promovido pelo Estado, pela TV Cultura e pelo YouTube, ele também perguntou ao pedetista. O tucano criticou o líder nas pesquisas no quarto bloco, ao questionar Levy Fidelix (PRTB). Haddad citou Russomanno na primeira oportunidade que teve, ao responder a Carlos Giannazi (PSOL). "Uma pessoa que diz defender os cidadãos deveria, no mínimo, apresentar um programa de governo", disse. "Ninguém sabe quantos hospitais e clínicas ele vai fazer, quantos corredores de ônibus. Quando cobro, estou defendendo a minha cidade." O petista, em terceiro lugar na última pesquisa Datafolha, escolheu por duas vezes Russomanno como alvo de suas perguntas, no segundo e no terceiro blocos. Na primeira oportunidade, dirigiu-se ao adversário para questionar sua proposta de criar uma tarifa proporcional de ônibus, segundo a qual quem andar em trajeto menor, pagará menos. Segundo o petista, a cobrança de tarifa idealizada pelo candidato do PRB privilegiaria os moradores mais ricos, os que moram nas regiões mais próximas do centro. Haddad disse ainda que a proposta significaria o fim do Bilhete Único, criado na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT). Russomanno afirmou que nem todos os que andam em trajetos curtos são pobres. Explicou que ampliará os subsídios ao sistema para que ninguém pague mais do que a atual tarifa de R$ 3. Por fim, disse que o controle do trajeto percorrido seria eletrônico - os passageiros colocariam "o dedo" em um sensor ao entrar e ao sair do ônibus. Ele não explicou como adotaria esse sistema. Haddad atacou a proposta de Russomanno de ampliar o contingente da Guarda Civil Metropolitana de 6 mil para 20 mil homens, o que, segundo a Prefeitura, custaria R$ 1 bilhão. "Qual é o seu número?", questionou. O candidato do PRB afirmou que o gasto seria de R$ 600 milhões. "O que estou querendo demonstrar é que não há consistência em relação a essas ideias. R$ 600 milhões não vão dar para 20 mil guardas civis metropolitanos", rebateu o candidato do PT.

Confronto. Serra fez seu principal confronto com Gabriel Chalita (PMDB) e teve de se defender de vários ataques dos adversários, que apontaram supostas falhas em sua gestão na Prefeitura, iniciada em 2005 e continuada por Gilberto Kassab (PSD) após a renúncia em 2006. Chalita acusou a gestão Serra-Kassab de ter arrochado os salários dos servidores, ao mesmo tempo em que teria elevado em quase 200% os vencimentos de subprefeitos e ocupantes de cargos de confiança. Segundo o peemedebista, os servidores tiveram elevação salarial média de 0,1% ao ano, crítica repetida por outros adversários do tucano. Serra disse que subprefeito merece ser bem remunerado, assim como os deputados, "mesmo os que não são muito aplicados, como o Chalita". O tucano acusou o adversário de faltar a metade das sessões da Comissão de Educação da Câmara, da qual faz parte. Chalita retrucou que é um deputado mais assíduo do que Serra foi quando deputado. A candidata Soninha Francine (PPS), crítica habitual de Haddad, disse que votará nele em um eventual segundo turno do PT contra o PRB. Ela atacou a indicação de Marta para o Ministério da Cultura, ao ser questionada sobre o tema por Serra. Até esta edição ser concluída, à 1h, o debate não havia acabado. PMDB rejeita negociar Ministério da Educação em troca de apoio a Haddad Rumores sobre saída de Mercadante da pasta levantam questões sobre destino de Chalita Felipe Frazão (Política) Em meio a rumores sobre a saída do ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), para comandar pasta da Casa Civil, o PMDB paulista negou nesta segundafeira, dia 24, que mantenha conversas com o PT para que o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP), candidato à Prefeitura de São Paulo, substitua Mercadante. A ida de Chalita para o ministério poderia selar um apoio dos peemedebistas ao candidato do PT, Fernando Haddad. Em nota, o partido reforçou a candidatura de Chalita e disse que a eleição paulistana está "em aberto". Em particular, Chalita já havia comentado que "jamais aceitaria negociar sua candidatura". O parlamentar apoiou a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. E foi secretário de Educação do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Até agora, Chalita está em quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto, enquanto Haddad aparece em terceiro, mais próximo do segundo colocado, o tucano José Serra. O líder é Celso Russomanno (PRB). Tanto Serra quanto Russomanno têm sido alvos de Chalita em debates e propagandas na TV. As críticas do peemedebista a Haddad são mais amenas. Veja a íntegra da nota divulgada pelo PMDB: "O Diretório Estadual do PMDB de São Paulo vem a publico repudiar as especulações sobre uma suposta negociação para Gabriel Chalita assumir um Ministério em troca de apoio à candidatura do PT a prefeito de São Paulo. Tal

especulação é totalmente improcedente e inverídica. A candidatura de Gabriel Chalita a prefeito de São Paulo é irreversível. Na avaliação do PMDB, o quadro eleitoral em São Paulo está absolutamente em aberto. Estamos confiantes que Chalita irá ao segundo turno e será eleito prefeito da Capital. A candidatura de Gabriel Chalita representa um projeto sério e profundo e não fará parte em momento algum de qualquer tipo de "barganha". Deputado Baleia Rossi Presidente Estadual do PMDB" Justiça determina mudança em atestado de óbito de Herzog Na causa da morte do jornalista constará que decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do Exército Roldão Arruda (Política) Atendendo a pedido da Comissão Nacional da Verdade, o juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2.ª Vara de Registros Públicos do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou na segunda-feira, 24, a retificação do atestado de óbito de Vladimir Herzog. Pela determinação judicial, daqui para a frente constará que a morte do jornalista "decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do 2.º Exército-SP". Herzog foi preso no dia 25 de outubro de 1975, no período do regime militar, e levado para interrogatórios nas dependências do Destacamento de Operações de Informações Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do 2.º Exército. Na versão das autoridades da época, ele teria cometido suicídio na prisão. No laudo da época, assinado pelo legista Harry Shibata, consta que Herzog morreu "por asfixia mecânica" expressão utilizada para casos enforcamento. A recomendação ao magistrado foi assinada pelo coordenador da Comissão da Verdade, ministro Gilson Dipp. Segundo o advogado José Carlos Dias, que também faz parte do colegiado, a decisão judicial deverá ter forte repercussão. "Existem muitos casos semelhantes. Nós já estamos estudando outros para encaminhar à Justiça", afirmou. Trata-se de decisão de primeira instância. A Promotoria de Justiça, que se manifestou contra a mudança, pode recorrer. Reconstrução. A Comissão da Verdade tomou a iniciativa atendendo a solicitação da viúva do jornalista, a publicitária Clarice Herzog. No texto da sentença, o juiz Bonilha Filho afirmou que a Comissão "conta com respaldo legal para exercer diversos poderes administrativos e praticar atos compatíveis com suas atribuições legais, dentre as quais recomendações de adoção de medidas destinadas à efetiva reconciliação nacional, promovendo a reconstrução da história ". O juiz lembrou que, em 2011, a Justiça já reconheceu que o laudo pericial feito na época está incorreto e que a morte não ocorreu por suicídio. Diante do argumento do promotor de que seriam necessários novas investigações para determinar a causa da morte, antes da mudança no atestado, Bonilha Filho argumentou: "Seria

verdadeiramente iníquo prolongar o martírio da viúva e dos familiares e afrontar a consciência pública nacional a renovação da investigação". Para o juiz, "há muito ficou apurado, em termos de convicção inabaláveis, por via jurisdicional comum, que o jornalista Vladimir Herzog perdeu a vida em razão de maus tratos e de lesões sofridas, em circunstâncias de todos conhecidas." A família de Herzog, que nunca acreditou nas informações dos militares sobre suicídio, esperou 37 anos para conseguir a mudança no atestado de óbito. Cerca de 46% dos metalúrgicos do ABC fecharam acordo salarial Reivindicação dos trabalhadores foi atendida isoladamente, diante da ameaça de greve dos funcionários e sem acordo definido pelos grupos patronais Beatriz Bulla (Economia) Dos 70 mil metalúrgicos da região do ABC que estão em campanha salarial, 32,7 mil já fecharam acordo que prevê aumento de 8%, o que representa 46,71% do total. Diante da ameaça de greve dos funcionários e sem acordo definido pelos grupos patronais, a reivindicação dos trabalhadores passou a ser atendida isoladamente pelas empresas. No total, 113 empresas no ABC já atenderam o pedido dos metalúrgicos até o fim de tarde desta segunda-feira (13), beneficiando 31,5 mil trabalhadores. Além destes, 1,2 mil funcionários do setor de fundição, a única bancada patronal que conseguiu fechar acordo com os metalúrgicos do Estado de São Paulo, já alcançaram o aumento de 8%. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC orienta os trabalhadores das demais fábricas, que ainda não atenderam a reivindicação dos trabalhadores, a realizarem paralisações na produção. A base do sindicato tem cerca de 105 mil trabalhadores. Os 35 mil funcionários das montadoras, contudo, não participaram da campanha salarial deste ano, pois já fecharam acordo válido por dois anos em 2011. Os metalúrgicos do Estado pedem reajuste de 8%, que cobre a inflação de 5,39% do período, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e dá aumento real de 2,5%. Restante do Estado Os metalúrgicos em campanha salarial do Estado de São Paulo entraram ontem (24) na terceira semana de paralisações e greves espalhadas pelos municípios. Com data-base em 1º de setembro, a maioria da categoria ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) paulista segue sem acordo com as bancadas patronais. Cerca de 200 mil metalúrgicos da base da Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (FEM-CUT/SP) no Estado continuam com protestos esta semana até que as cinco bancadas patronais que ainda não fecharam acordo procurem os trabalhadores para negociar. Folha de S.Paulo

Irresponsabilidade federal (Editorial) Um balanço de perdas e transtornos causados pela greve de policiais federais, que já dura mais de mês e meio, torna-se ainda mais desolador com o exame das razões alegadas para o movimento. A paralisação fez despencar o número de operações para desbaratar esquemas criminosos. Da média de 23 por mês, até julho, as ações caíram para nove, em agosto, e quatro, na primeira quinzena deste mês. Segundo grevistas, houve também queda em apreensões de drogas nas fronteiras do país. Em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul e no Paraná, Estados que concentram tais intervenções, teriam sido confiscados desde agosto meros 31 quilos de cocaína, resultado ínfimo diante da média mensal de quatro toneladas. Como ameaça adicional, policiais da área de inteligência e análise -responsáveis por investigações mais complexas, como as que utilizam grampos telefônicos- também prometem cruzar os braços. Estão em greve agentes, escrivães e papiloscopistas, 60% do efetivo de quase 14 mil servidores da Polícia Federal. Seus pleitos estão mais relacionados a ambições corporativas do que propriamente a queixas salariais. Nos dois mandatos do presidente Lula, a remuneração desses cargos quase dobrou, considerados os valores do topo da carreira (atualmente, R$ 11.879 mensais). Descontada a inflação, os ganhos superam em 15% os de uma década atrás. A categoria almeja se aproximar, na escala salarial e na hierarquia funcional, de delegados e peritos. Estes compõem a elite da PF, cujos vencimentos máximos, próximos dos R$ 20 mil, são os mais altos das carreiras do Executivo federal. A disputa é antiga. Em 2004, policiais pararam por mais de dois meses para reivindicar indefensável equiparação com os superiores. Menos mal que o governo tenha anunciado o corte do ponto dos grevistas. E que o Superior Tribunal de Justiça tenha determinado, na sexta-feira, a preservação integral dos serviços relacionados a portos, aeroportos e eleições. Após recusarem a oferta de reajuste de 15,8% parcelados em três anos, os policiais federais são os remanescentes isolados das paralisações de servidores com estabilidade. Delegados e peritos aceitaram a proposta do governo. Um movimento irresponsável, que compromete a segurança da população, em nada ajuda essa demanda corporativista por maior prestígio no serviço público. Guerra por empregos (Editorial) Dilma e Mantega retomam ataques contra 'tsunami' monetário, que identificam com protecionismo dos países ricos contra a crise Dá-se como favas contadas que a presidente Dilma Rousseff reeditará hoje, em seu pronunciamento à Assembleia-Geral da ONU, a queixa apresentada no discurso de um ano atrás contra a política de países desenvolvidos de combater a crise com injeções maciças de dinheiro na economia.

O mote foi reiterado na semana passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que repôs em circulação o termo "guerra cambial" para deplorar a mais nova rodada de expansão monetária do Fed (banco central dos EUA). Um efeito previsível da medida é a desvalorização da moeda americana, ao menos no curto prazo, o que prejudicaria a competitividade de países como o Brasil (que veem suas exportações se encarecerem em dólar). Para Mantega, os EUA tentam sair do aperto pelo caminho fácil do protecionismo. Fato é que a autoridade monetária americana não está sozinha. O Banco do Japão foi rápido em segui-la e adotou novos estímulos. O Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu já haviam prometido inundar os mercados com liquidez. A convergência dos principais bancos centrais decorre da preocupação com a debilidade de suas economias. Elas continuam presas na armadilha do excesso de dívidas públicas e privadas contraídas num passado de euforia. É certo que a incursão do Fed no mercado tem consequências globais. O dólar é a principal moeda usada como reserva de valor e meio de pagamento internacional. O comportamento das moedas, contudo, sofre a influência de muitos fatores, o que torna controverso definir qual deles é determinante. Se o Fed tiver sucesso em reativar a economia -algo de que muitos duvidam-, é concebível até que o dólar se valorize em seguida. Rotular as ações dos BCs como "guerra cambial", assim, é uma simplificação que pouco ajuda a precisar a análise. Mesmo porque o Brasil não chega a ser um exemplo de economia aberta, que possa dar lições de liberalismo comercial para outras nações. Para os emergentes, além disso, o impacto das medidas dos países desenvolvidos deverá ser menor. A realidade atual é de crescimento mais contido, distante da exuberância de 2010 (quando China e Brasil cresciam a 10,4% e 7,5%, respectivamente). Isso contribui para atrair menos capital externo, não se devendo, portanto, observar a enxurrada de dólares de então. No Brasil, em particular, a queda dos juros e a taxação de recursos especulativos reduziu as pressões pela valorização do real. O dólar permanece acima de R$ 2, ou 30% a mais que em meados de 2011. A movimentação dos BCs nos países ricos, em realidade, é mais uma batalha na longa e exaustiva guerra para reativar a economia mundial e criar empregos. Isso também é do interesse do Brasil. Painel Vera Magalhães (Poder) Laços de família Amigos de Sepúlveda Pertence dizem que uma das razões que levaram o presidente da Comissão de Ética Pública a pedir demissão foi o fato de a presidente Dilma Rousseff ter preterido seu filho Evandro para vaga no Tribunal Superior Eleitoral, em outubro de 2011. Petistas afirmam que os problemas do ex-ministro

do STF com o governo tiveram início ainda sob Lula, quando o ex-presidente escolheu outro nome na primeira lista ao TSE na qual figurava seu filho, em 2009. Escolhidos No lugar de Evandro Pertence, Lula indicou Joelson Dias, que foi sócio de Erenice Guerra, para o TSE. Dilma optou por Luciana Lóssio, advogada de sua campanha em 2010. DNA Pesou para a não-recondução de Flávio Coutinho à Comissão de Ética e-mail em que reiterava concordar com a advertência dada a Fernando Pimentel pelas consultorias prestadas pelo ministro do Desenvolvimento, o mais próximo a Dilma. Urso suspeito O deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) reclamou no Twitter do filme "Ted", por fazer, segundo ele, apologia às drogas. Detalhe: Protógenes, que é delegado licenciado da Polícia Federal, levou o filho de 11 anos para ver o filme, para maiores de 16 anos. Ecos... O ministro Ricardo Lewandowski ainda tem manifestado dúvida se acatará ou não pedido da Procuradoria-Geral da República para arquivar inquérito contra Stepan Nercessian (PPS-RJ).... do mensalão Relator da Operação Monte Carlo, ele acha que, com a nova jurisprudência do mensalão, o dinheiro recebido pelo deputado de Carlinhos Cachoeira pode caracterizar corrupção. Timing Senadores que participarão hoje da sabatina de Teori Zavascki foram procurados por membros do STF para saber se o novo ministro poderia ser empossado a tempo de julgar o mensalão. Agora... Luiza Erundina foi escalada pelo QG de Fernando Haddad para peregrinação por entidades sociais ligadas à Igreja Católica. Petistas apostam na deputada para atrair pastorais e leigos ante o embate da arquidiocese com Celso Russomanno.... é com ela A ex-prefeita, que desistiu de ser vice após a aliança com o PP, reduziu a agenda fora da capital para se dedicar a reuniões setoriais. Nos encontros, fala dos riscos da candidatura do PRB e lembra da "virada" que a elegeu em 1988. Haddad participará da última plenária, na sexta. Cátedra Lula retorna ao front de Haddad quinta-feira, quando participará de evento da juventude do PT e do PC do B na Uninove. A ideia é capar imagens para a propaganda de TV, já que estarão presentes estudantes contemplados pelo Prouni. Até o fim Coube ao PMDB-SP refutar, em nota oficial, a hipótese de Gabriel Chalita ser indicado ministro em troca do apoio a Haddad. Guerra santa A Justiça de Mauá determinou ontem que o Google retire da internet vídeo que mostra a candidata a prefeita Vanessa Damo (PMDB) em visita a templo de candomblé. O provedor foi multado em R$ 15 mil e terá de fornecer dados do responsável pela divulgação. Empresários que apoiaram a tortura serão investigados Comissão da Verdade descobriu consultoria que cuidava do apoio financeiro à repressão

Mônica Bergamo (Poder) A Comissão da Verdade anuncia que está abrindo nova linha de investigação: a-lém de apurar os responsáveis por torturas, desaparecimentos e assassinatos, investigará também empresários que financiaram os crimes durante a ditadura militar. "Estamos em cima dos que deram dinheiro para a Oban [Operação Bandeirante, que coordenava a repressão]", disse ontem o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias em um encontro em sua casa com outros três integrantes da comissão -Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro e Rosa Maria Cardoso Cunha. Dias fez um paralelo do suporte empresarial à ditadura com o escândalo de corrupção que levou à queda de Fernando Collor em 1992. "PC Farias [tesoureiro de campanha de Collor] tinha uma empresa, a EPC, que fingia que prestava consultoria e emitia notas fiscais frias a empresários que davam dinheiro a ele. Descobrimos uma consultoria fictícia que fazia a mesma coisa na ditadura: fornecia notas fiscais de 'assessoria econômica' a empresas que davam dinheiro à repressão." O advogado revelou o nome da consultoria: CIA. Mas afirmou que, por ora, não apontará os responsáveis por ela: "Isso eu não posso dizer". Os integrantes da comissão revelaram que estão tendo dificuldades para acessar documentos oficiais que poderiam esclarecer crimes. O principal obstáculo estaria no Ministério da Defesa: apesar do apoio do ministro Celso Amorim aos trabalhos do grupo, militares sob seu comando se recusariam a colaborar. "Buscamos documentos, e eles dizem que foram incinerados", diz José Carlos Dias. "Essas incinerações são ilegais", diz Pinheiro. "E também conversa para boi dormir. Esses documentos não foram textualmente incinerados. Eles foram apropriados por alguns dos envolvidos." Comissão da Verdade vai pedir o tombamento de sede da repressão (Poder) Ministro da Justiça durante parte do governo FHC, o advogado José Carlos Dias disse ontem em São Paulo que vai pedir ao governador Geraldo Alckmin o tombamento do prédio do DOI-Codi. "Não é possível que naquele local ainda funcione uma delegacia [o 36ºDP da capital]. Temos que respeitar a memória dos que lá tombaram", afirmou Dias, um dos membros da Comissão Nacional da Verdade. Em São Paulo, integrantes da comissão se reuniram com membros da entidade estadual. Eles fecharam uma lista de 140 nomes -contando com o de Vladimir Herzog- que serão investigados em conjunto pelas duas comissões. Todos eles são de pessoas que morreram ou despareceram em São Paulo ou de paulistas que também sumiram ou desapareceram em outras regiões do país.

Valor Econômico Bancário obtém liminar para trabalhar Bárbara Mengardo Um bancário de Florianópolis obteve liminar para conseguir trabalhar durante o período de greve. A paralisação da categoria foi iniciada no dia 18 e, desde então, o funcionário da Caixa Econômica Federal (CEF) era impedido de entrar na agência bancária. A decisão foi proferida pela 3ª Vara do Trabalho da capital catarinense. De acordo com o processo, "elementos truculentos" só estavam permitindo a entrada de um certo número de funcionários. Os nomes dessas pessoas constariam em uma lista utilizada pelos grevistas para barrar os demais empregados. Na liminar, porém, a juíza Maria Aparecida Ferreira Jeronimo considerou que o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Florianópolis e Região extrapolou o direito de greve e estabeleceu uma multa diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento da decisão. O artigo 6º da Lei de Greve (nº 7.883, de 1989), de acordo com a juíza, determina que "as manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa". Para o presidente do sindicato, Jacir Antonio Zimmer, a decisão representa uma "interferência indevida da Justiça na livre organização dos trabalhadores". Ele argumenta que a lista dos funcionários autorizados a trabalhar foi entregue pelo próprio banco, após negociações com a entidade. "Quando nós organizamos a greve, decidimos permitir que um mínimo de empregados de cada setor pudesse trabalhar. Então, os bancos forneceram listas com pessoas autorizadas a entrar nos prédios", afirma o sindicalista, acrescentando que não conhece outra decisão sobre o assunto. Dentre as reivindicações dos bancários, está o pedido de aumento real em 5% e piso salarial de R$ 2,4 mil. De acordo com o sindicato, a paralisação atinge cerca de 220 agências do Estado de Santa Catarina. O Valor não conseguiu localizar o autor da ação para comentar o caso. Ele trabalha na Caixa Econômica Federal desde 1982. Empresas têm dificuldade de cumprir conteúdo local Soraia Duarte As empresas fornecedoras da indústria de petróleo e gás que quiserem desenvolver soluções inovadoras para o setor já podem acessar uma linha de crédito específica para esse fim. No último dia 17, foi lançado o primeiro edital do Programa Inova Petro, fruto de uma parceria entre a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Petrobras. Até 2017, conta Mauricio Syrio, chefe do Departamento de Petróleo, Gás e Indústria Naval da Finep, o programa pretende destinar, a empresas desse segmento,

recursos que somarão R$ 3 bilhões. Metade desse valor será bancado pela Finep. Os outros 50%, pelo BNDES. A Petrobras dará suporte técnico ao projeto. Syrio explica que o programa está voltado a projetos offshore, mais exatamente a tecnologias relacionadas a processamento de superfície, instalações submarinas e de poços. Segundo ele, as empresas europeias e americanas detêm, hoje, a maior parte das tecnologias necessárias nessas atividades. "O pré-sal é a janela de oportunidade para as empresas brasileiras darem um salto tecnológico e passarem a competir globalmente." Mas há, também, outra preocupação, que é a questão do conteúdo local, política adotada no setor de petróleo e gás, desde 2003, para ampliar a participação da indústria nacional no fornecimento de bens e serviços. "É preciso aumentar a capacidade local de inovação para que a indústria possa cumprir a meta de produzir conteúdo local", alerta. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o percentual de conteúdo local, em cada atividade, varia de acordo com os leilões. Desde 2005, a partir da 7ª Rodada, os percentuais se mantiveram. Para a exploração em águas com profundidade maior que 100 metros, por exemplo, o conteúdo local deve responder entre 37% e 55% dos insumos utilizados na atividade. Já em terra, essa participação aumenta, devendo ser de 70% a 80%. Atender a essas exigências, na opinião dos entrevistados pelo Valor, é o desafio da indústria de petróleo e gás. Para superá-lo, diz Syrio, da Finep, "recomendamos que as empresas façam parcerias com as estrangeiras, com universidades, ou que se insiram em centros de tecnologia". É o que tem feito a Petrobras. A estatal mantém parceria com mais de 100 instituições brasileiras de pesquisa e tecnologia. "Nossa atividade requer conhecimento em quase todas as áreas", diz Luís Cláudio Costa, gerente de relacionamento com a comunidade de Ciência e Tecnologia do Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), braço da estatal responsável por pesquisa e desenvolvimento. "Impossível fazer desenvolvimento apenas dentro da empresa, com recursos próprios." Desde 2006, a Petrobras investiu mais de R$ 3 bilhões nessas parcerias, o que inclui os R$ 620 milhões previstos para este ano. A Petrobras também mantém parcerias com fornecedores. Essa lista inclui 19 empresas. Entre elas, a BG Brasil, que está erguendo um Centro Global de Tecnologia em área vizinha ao Cenpes. "A Petrobras é nosso maior parceiro", comenta Hugues Corrignan, gerente de Tecnologia da BG Brasil. Até 2025, a BG prevê investimentos de mais de US$ 2 bilhões em P&D no país, o que inclui a construção do centro, cuja inauguração está prevista para 2013. "Nosso modelo de pesquisa é baseado em parcerias com fornecedores e universidades", diz. Tumulto em fábrica expõe insatisfação trabalhista na China Paul Mozur e Tom Orlik Um tumulto em uma fábrica de eletrônicos ontem deixou pelo menos 40 pessoas feridas e mobilizou milhares de policiais, numa mostra de como os fabricantes

chineses estão cada vez mais presos entre as demandas de trabalhadores insatisfeitos e a desaceleração econômica do país. Os problemas também põem em destaque a complexa tarefa que a Hon Hai Precision Industry tem pela frente, ao tentar controlar os custos em fábricas que muitas vezes são do tamanho de pequenas cidades. A Foxconn Technology Group, um braço da Hon Hai, informou que uma briga entre vários empregados em um dormitório no domingo à noite, na Província de Shanxi, no norte do país, foi o estopim do tumulto com cerca de 2.000 trabalhadores, que se prolongou até a manhã de ontem. A Hon Hai, sediada em Taiwan, a maior empresa de terceirização da manufatura de produtos eletrônicos, com clientes como a Apple, informou que 40 pessoas foram hospitalizadas e um número não especificado de trabalhadores foram presos. Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, cerca de 5.000 policiais foram enviados para o local. A fábrica foi fechada ontem e deverá reabrir hoje. Alguns funcionários queimaram motocicletas e quebraram vitrines de lojas antes da chegada da polícia e de forças paramilitares, que finalmente estabilizaram a situação, disseram trabalhadores. A fábrica, em Taiyuan, tem cerca de 79 mil funcionários, segundo a empresa. Trabalhadores disseram que autoridades da fábrica gritaram ordens pelos altofalantes aos empregados que assistiam à briga, dizendo-lhes que voltassem para os quartos. "Eles gritavam: 'Não há nada para filmar nem fotografar. Ponha seu celular no bolso e volte a dormir'", contou um operário. A causa da briga não ficou clara, mas segundo alguns funcionários, tem havido insatisfação entre operários trazidos de locais distantes do país. A Hon Hai informou que a briga inicial parece "não ter sido relacionada com o trabalho", mas que há uma investigação em andamento. Funcionários disseram que a fábrica produz peças usadas no iphone e em outros dispositivos eletrônicos. Representantes da Apple direcionaram as perguntas à Hon Hai, que informou que a fábrica produz componentes para automóveis e eletrônicos de consumo, mas não deu detalhes. O incidente salienta as crescentes tensões nas fábricas chinesas, que lutam para atender às demandas dos empregados por melhores salários e condições de trabalho, ao mesmo tempo em que há uma desaceleração econômica no país. O PIB da China cresceu 7,6% no segundo trimestre em relação a um ano antes, o ritmo mais lento desde que começou a crise financeira mundial. O "China Labour Bulletin", que acompanha greves e protestos, relatou um aumento nesses incidentes, registrando uma média de 29 por mês nos primeiros oito meses do ano, em contraste com 11 por mês no mesmo período do ano passado. Para combater o aumento de custos e a rotatividade dos trabalhadores, a Hon Hai vem transferindo suas fábricas para o interior, fugindo do litoral do país, onde os custos são mais altos. Mas os dóceis trabalhadores migrantes de primeira geração, que trabalhavam nas fábricas dez anos atrás, se tornaram mais esclarecidos acerca dos seus direitos e mais dispostos a defendê-los. A segunda geração que veio se unir a eles é mais instruída e mais conectada. "Algumas pessoas simplesmente não estão satisfeitas com a Foxconn, que nos paga tão pouco e exige longas horas de trabalho", disse uma operária. O salário médio

do setor industrial chinês aumentou 18,9% no ano passado, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas da China. Administrar essas pressões em grandes fábricas representa um desafio para a Hon Hai, que tem estado sob exame intenso desde que houve uma onda de suicídios nas suas fábricas em 2009. Os 79 mil funcionários de Taiyuan constituem apenas uma pequena parte dos cerca de 1 milhão de empregados das 20 fábricas da Hon Hai na China. O porta-voz da Hon Hai, Louis Woo, disse que os custos trabalhistas não são uma grande despesa para a Foxconn, e que a questão mais importante é saber se os trabalhadores chineses mais jovens continuarão a ter o desejo de trabalhar em difíceis empregos industriais. A margem líquida da Hon Hai caiu para 1,4% no segundo trimestre, ante 1,5% no primeiro, continuando numa trajetória de queda a partir de margens de dois dígitos no fim dos anos 1990. O lucro da empresa no primeiro semestre subiu apenas 0,5% em relação a um ano antes, em parte devido a grandes prejuízos na sua fábrica de telefones. O motivo da briga de Taiyuan não ficou claro. Mas funcionários disseram que trabalhadores de outras fábricas, incluindo unidades da Hon Hai na cidade de Shenzhen, no sul do país, foram trazidos recentemente para ajudar a produzir uma grande encomenda. "Algumas dessas pessoas não estão felizes, porque não querem ficar em Taiyuan", disse a operária. "Eles querem voltar para o lugar de onde vieram." Woo, o porta-voz, disse que a presença de diferentes grupos de funcionários pode ter intensificado um conflito inicial. Grupos de direitos do trabalhador disseram que a pressão causada pelos aumentos de produção e pela introdução de trabalhadores de outras unidades pode aumentar as tensões no chão de fábrica. A transferência da Hon Hai para o interior incluiu um esforço para diminuir a rotatividade, com a contratação de trabalhadores que moram perto das fábricas, em vez de usar migrantes que moram em dormitórios dentro das fábricas, segundo analistas. A Hon Hai tem defendido suas condições de trabalho. No início do ano ela concordou em mudar suas práticas de trabalho, depois que uma auditoria externa encontrou violações generalizadas das normas relativas à saúde e à segurança, incluindo semanas de trabalho de 60 horas. Analistas disseram que a grande escala das atividades da Hon Hai, e a natureza tediosa das tarefas significam que as dificuldades da empresa devem continuar. "É como a Revolução Industrial", disse o analista Alberto Moel, da Sanford C. Bernstein & Co. "As pessoas estão infelizes com uma combinação de dois fatores: baixos salários e tarefas de baixo nível, e isso ainda vai durar muito tempo." Lewandowski indica mais absolvições Juliano Basile, Fernando Exman e Caio Junqueira

Ao fazer o contraponto aos pedidos de condenação feitos pelo relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, o revisor, ministro Ricardo Lewandowski, indicou que deve votar por mais absolvições ao longo do julgamento, que chegou, ontem, à 27ª sessão no Supremo Tribunal Federal (STF). Lewandowski afirmou que não vai condenar réus apenas pelos cargos que ocuparam. Ele votou a situação de dois réus - Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg - que são sócios da corretora Bônus Banval, utilizada para intermediar os repasses de recursos do grupo do publicitário Marcos Valério para parlamentares do PP. O revisor condenou Quadrado por lavagem de dinheiro, justificando que ele determinou saques de R$ 605 mil em agência do Banco Rural para Valério, dinheiro que, depois, seria repassado a integrantes do PP. Por outro lado, Lewandowski disse que não havia provas de que Fischberg sabia da origem ilícita do dinheiro. "Ele [Fischberg] foi denunciado pelo simples fato de ser sócio", afirmou. Na semana que vem, o Supremo vai analisar a situação de réus que, segundo a tese da defesa apresentada pelos seus advogados, foram denunciados apenas pelo cargo que ocupavam na época do mensalão, como o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoíno. Outro ponto do voto de Lewandowski sobre Fischberg também pode ser utilizado para beneficiar mais réus. O revisor desconsiderou provas produzidas pela polícia que não foram confirmadas nos autos do processo no STF. Uma dessas provas pesava contra Fischberg: o fato de Valério ter afirmado à polícia que ele era seu interlocutor na Bônus Banval. O problema, segundo Lewandowski, foi o de que, depois, o publicitário não confirmou a informação em juízo. Por esse motivo, ele desconsiderou a alegação de Valério à polícia. Por fim, o revisor defendeu outra tese que pode favorecer os réus que foram beneficiados por saques no Banco Rural e são acusados por lavagem de dinheiro. Segundo ele, esses réus devem ser condenados por corrupção por causa de saques, mas esse fato não pode ser utilizado também para se chegar à punição por lavagem de dinheiro. "Eu não admito condenação automática por corrupção passiva e lavagem pelo mesmo ato", justificou Lewandowski. As absolvições de Lewandowski fizeram com que o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, que assistiu parte do julgamento em outra sala por causa de suas dores nas costas, fosse ao plenário para contestá-lo. "Vossa excelência não admite? Por quê? Não reconhece a constitucionalidade do artigo 70 do Código Penal?", perguntou Barbosa, referindo-se ao artigo que diz que um réu pode ser condenado por mais de um crime pelo mesmo fato, o que é chamado de "concurso formal". "Eu me filio ao princípio do 'bis in idem'", respondeu Lewandowski, alegando que ninguém pode ser condenado pelo mesmo crime duas vezes. "Mas eu estou me referindo ao concurso formal", insistiu Barbosa. "O artigo 70 é claríssimo", continuou. "Eu acho que não houve concurso formal, pois há apenas um ato de receber de forma oculta uma vantagem indevida. Isso não pode a meu ver gerar automaticamente uma condenação por lavagem de dinheiro", retrucou Lewandowski. O debate entre o relator e o revisor terminou quando o segundo anunciou que trataria de maneira diferente o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), condenando-o pelos dois crimes: corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A diferença, no caso de Costa Neto, é que Lewandowski concluiu que o deputado não

apenas recebeu dinheiro do valerioduto, mas sabia de sua origem ilícita, pois "articulou um mecanismo para dissimular origem e destino dos recursos". Em seguida, ao votar o caso do ex-deputado Bispo Rodrigues, Lewandowski voltou à prática de condenar por corrupção e absolver por lavagem. "O Ministério Público não logrou provar que Bispo Rodrigues sabia que esse dinheiro [R$ 150 mil] tinha origem em crimes antecedentes", destacou. O revisor também condenou o ex-assessor do PP João Cláudio Genú, considerado "muito mais do que um intermediário", mas absolveu-o por lavagem de dinheiro. Já o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas, "uma pessoa fundamental nesse esquema", sofreu voto contrário de Lewandowski por ambos os crimes. Ao fim, o revisor condenou três réus ligados ao PP por quadrilha: Genú, Quadrado e o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE). Ele alegou que o acordo do PP com o PT "não tinha valor específico. O esquema criminoso se amoldava às necessidades dos partidos. Não havia quantia pré-fixada. À medida que as dívidas e gastos apareciam, iam sendo resolvidos", disse o ministro. Lewandowski concluiu a votação dos réus do PP e do PL. Na quarta o julgamento será retomado com o voto do revisor sobre os réus do PTB e do PMDB. Tucano sem padrinhos chega a 2º no Recife Murillo Camarotto O PSB não teve muitos problemas para sangrar a candidatura petista à Prefeitura do Recife e alcançar, em poucas semanas, a liderança folgada na corrida eleitoral. Com uma campanha abastada, dedicação do governador Eduardo Campos e certa benevolência dos principais cabos eleitorais do PT, o candidato Geraldo Julio (PSB) é franco favorito à vitória. O horizonte cristalino, porém, ficou mais nebuloso recentemente, com avanço do jovem tucano Daniel Coelho, que de candidato inexpressivo passou a vice-líder nas pesquisas, com um discurso ácido que o credencia ao papel - hoje vago - de contraponto ao poderoso governador de Pernambuco. De acordo com última pesquisa Ibope, divulgada ontem, Coelho passou de 10% para 24% em pouco mais de um mês, deixando para trás o petista Humberto Costa, que sem a prometida visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou uma gravação da presidente Dilma Rousseff, caiu de 32% para 16% no mesmo período. Sendo assim, Geraldo Julio - na dianteira com 39% - terá agora que mirar um novo adversário, com 33 anos e uma língua ferina. O administrador de empresas Daniel Pires Coelho foi o segundo deputado estadual mais bem votado no Recife na eleição de 2010. Antes, cumpriu um mandato e meio de vereador, sempre pelo PV. Ele é filho do empresário João Ramos Coelho, que foi deputado estadual e candidato derrotado a prefeito pelo PDT, em 1988. A maior parte de sua carreira política se deu no campo do hoje senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Daniel também é sobrinho da ex-presidente da Caixa Econômica Federal, a petista Maria Fernanda Coelho. Na eleição de dois anos atrás, quando teve o jornalista Sergio Xavier como candidato ao governo de Pernambuco, o PV bateu forte na administração de Campos, especialmente em assuntos relativos à área ambiental. Passado o pleito, no entanto, o governador seduziu o partido, oferecendo a Xavier a Secretaria de

Meio Ambiente. Desgostoso com a adesão, Coelho pediu o boné e desembarcou no PSDB a convite do presidente nacional tucano, Sergio Guerra, que lhe prometeu a candidatura a prefeito. A troca foi questionada à época pelo fato de o PSDB fazer uma oposição "água com açúcar" ao governo estadual, resultado do ótimo relacionamento entre Guerra e Campos. Ainda assim, Coelho não consegue disfarçar o desconforto com os super poderes do governador, que nos bastidores da política pernambucana é chamado de "imperador". A recente reaproximação entre Campos e Jarbas Vasconcelos calou a última voz relevante de oposição ao governador, lugar que poderá ser ocupado por Coelho, que apesar de não admitir a intenção de personificar o "anti-campos", é um dos poucos que se dispõem a criticar abertamente a soberania do presidente nacional do PSB e seus quase 90% de aprovação. No ninho tucano, Coelho usa com parcimônia a imagem do PSDB. Apesar da mudança de partido, ele continuou usando o verde como marca, tanto em suas roupas quanto no material de campanha, o que gerou acusações de que estaria escondendo a legenda. Garante, contudo, que tem o aval irrestrito do PSDB. "O partido tem nos apoiado em tudo." Coelho também economizou na exibição de uma mensagem gravada pelo expresidente Fernando Henrique Cardoso, que foi ao ar uma única vez. Ele argumenta que não se trata de ocultar o aliado ilustre, mas sim de dar prioridade ao debate municipal, no qual FHC não está inserido. "O coronelismo de Eduardo Campos é diferente do apoio de Fernando Henrique", disparou o tucano, ao criticar o candidato indicado pelo governador, um neófito em eleições. Pernambucano, Sérgio Guerra também aparece pouco. O candidato garante, contudo, que o cacique é um dos grandes responsáveis por seu crescimento nas pesquisas. "Sérgio tem papel essencial. Deu suporte político à montagem da chapa, resistindo às pressões de PSB e DEM, que eram contra a nossa candidatura. Ele apostou na renovação", diz Coelho. E foi justamente o programa eleitoral sem estrelas que marcou o início de sua arrancada. Com os três minutos proporcionados pela aliança com PPS e PTdoB, Daniel Coelho surpreendeu pela desenvoltura e acidez com que apresenta propostas e ataca os adversários. A estratégia central é quebrar o que ele chama de falsa polarização entre PT e PSB, que ocupam, respectivamente, a prefeitura e a vice-prefeitura da cidade, cuja administração do petista João da Costa é rejeitada pela população. "As pessoas começaram a entender que eu sou a oposição e eles são governo. O PSB fica querendo passar essa falsa impressão de que eles representam a mudança", disse Coelho, que no programa de TV se compromete a "pagar o fiado" dos adversários, entregando obras prometidas e não entregues. Apesar do fogo centrado em PT e PSB, a avaliação da equipe tucana é de que a maior fatia do crescimento nas pesquisas se deu em prejuízo do candidato do DEM, o ex-governador Mendonça Filho, que começou a campanha com 20% e agora tem 4%, segundo o Ibope. Coelho, porém, prefere a versão de que está atraindo votos de todos os eleitores cansados da "velha politicagem". "Eles apostaram que a eleição é uma equação matemática, em que dinheiro somado a padrinho político é igual a vitória. Estamos provando contrário", disse o

candidato, que não espera apoio do PT em um eventual segundo turno. "Sou de oposição." O Globo Banqueiros e grevistas vão tentar entrar em acordo nesta terça-feira Paralisação já dura 8 dias e fechou 9.386 agências e centros administrativos no país Aguinaldo Novo SÃO PAULO Representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) voltam a se reunir nesta terça-feira para tentar um acordo para encerrar a greve da categoria, que entrou ontem em seu sétimo dia com o fechamento de 9.386 agências e centros administrativos no país. A reunião acontecerá em um hotel na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Os bancários pedem reajuste de 10,25%, sendo 5% de aumento real (acima da inflação). Também querem piso de R$ 2.416,38 e maior participação nos lucros e resultados. A primeira oferta apresentada pelos bancos foi de reajuste de 6%, o equivalente a um ganho real de 0,58%. Para o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, a reabertura da negociação teria sido resultado da força da greve. Esperamos que os bancos apresentem uma proposta que contemple as expectativas dos bancários disse ele. Agência Brasil Greve dos servidores dos Correios pode chegar ao fim nesta terça-feira Rio de Janeiro O Tribunal Superior do Trabalho (TST) marcou para esta terçafeira (25) audiência de conciliação do dissídio coletivo entre a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). De acordo com o diretor de comunicação do sindicato no Rio de Janeiro, Marcus Santaguida, a proposta apresentada pela relatora do caso, a ministra do TST, Kátia Arruda, agradou as principais entidades representativas da categoria no país, mas foi recusada pelos Correios. A categoria aprovou o reajuste de 5,2%, reposição de 8,84% do vale alimentação, além da manutenção de outros benefícios, mas a empresa não aceitou. Se a ECT acatar o que foi decidido, a greve pode terminar amanhã mesmo, destacou o sindicalista.

Na semana passada, uma audiência reuniu as duas partes, mas não houve consenso. A falta de entendimento entre a estatal e os trabalhadores motivou o início da greve no último dia 19. Para minimizar os prejuízos à população, os Correiros promoveram neste final de semana um mutirão com objetivo de agilizar a entrega de cartas e encomendas no país. Servidores denunciam Incra no Ministério Público por descumprimento de função Carolina Sarres Brasília Os servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) protocolaram ontem (24) denúncia no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) alegando a omissão da autarquia no cumprimento de uma das suas principais funções, o ordenamento da estrutura fundiária. De acordo com a Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra (Cnasi), autora da representação no Ministério Público, a omissão do órgão decorre da falta de pessoal e da redução de recursos. A confederação pede que o MPDFT abra inquérito civil público para investigar desvio de função prevista na Constituição Federal. O Incra ainda não se manifestou a respeito da denúncia. Os problemas para o ordenamento fundiário apontado pela Cnasi incluem a falta de atualização de dados para emissão do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (Ccir), além da dificuldade para cadastramento de novos imóveis rurais, formalidades necessárias para a compra, venda, partilha, hipoteca e arrendamento da propriedade ou desmembramento de terras. Tanto para atualizar dados quanto para realizar cadastros, é necessária a apresentação de cópias de documentos, o que só pode ser feito em unidades do Incra ou em prefeituras conveniadas. Os servidores argumentam que há cerca de 20 mil desses processos parados por causa da ineficiência do órgão. Segundo a Cnasi, a denúncia feita ao MP é a formalização de um movimento pósgreve. A paralisação dos servidores durou cerca de 3 meses e foi encerrada na última semana. Para a confederação, deve-se manter a pressão sobre o governo para que as demandas da categoria sejam atendidas. A expectativa é que 30 ações sejam protocoladas em ministérios públicos pelo país, seguindo o número de superintendências regionais do órgão. Hoje, estavam previstos atos em todo o Brasil contra a desestruturação do órgão, as condições de trabalho, a ineficiência da gestão e a baixa remuneração. Em Brasília, os funcionários se reuniram pela manhã na sede do Incra para a realização de culto ecumênico. Os manifestantes usaram camisas pretas, em referência ao luto, com os dizeres SOS Incra. Bancários decidem intensificar greve em São Paulo Camila Maciel São Paulo A greve dos bancários, que estão parados há sete dias, deve se intensificar esta semana na capital paulista, informou ontem (24) o Sindicato dos