Escritor desafia mercado e vende livro por 1 real



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Ano II - Número 23 20 de março a 2 de abril /2006 Escritor desafia mercado e vende livro por 1 real Jegue Baiano que Relincha em Inglês é um dos títulos curiosos de Camilo Hernandes, que visitou o Campus I Ex-aluno João Camilo Hernandes tem 71 anos, muita disposição e criatividade para realizar seu sonho de divulgar a literatura brasileira Contrariando as justificativas do mercado literário referente aos preços praticados, o ex-aluno da PUC-Campinas João Camilo Hernandes escreve, edita e distribui sua obra. Ele criou um marketing curioso para valorizar seus títulos, que custam entre 1 e 30 reais. Adotando críticas sociais, ficção científica e romance, o autor esbanja energia percorrendo parte do País, de ônibus, em busca da realização de um sonho: democratizar a cultura brasileira. Ele expôs sua obra na 19ª Bienal Internacional do Livro, em São Paulo. A iniciativa do campineiro que mora na Bahia é uma esperança, já que o País amarga o índice de leitura anual de 1,8 livro por habitante, embora o mercado literário comemore um incremento de R$ 200 milhões no faturamento anual, estimado em R$ 2,5 bilhões pela última estatística da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Página 05 Ensino a Distância Superior cresce 107% Pesquisa do Ministério da Educação (MEC) indica que o número de interessados pelo EAD é três vezes superior à oferta de vagas. Os últimos dados do censo escolar ratificam o crescimento do segmento, que soma cerca de 1,1 milhão de brasileiros que estudam desde o Ensino Fundamental ao Superior. O número de matrículas nesse último nível cresceu 107% em 2004. A PUCCampinas foi uma das universidades pioneiras no EAD oferecendo, em 1997, dois cursos seqüenciais. A Universidade já formou 1.074 estudantes e atualmente conta com 227 Quem te viu e quem te vê Coordenador José Oscar de Carvalho alunos pelo EAD. A explosão do Ensino a Distância (EAD) no Brasil desperta o interesse das instituições nacionais e internacionais. Página 04 MURAL Para uma platéia de fãs boquiabertos, que lotou um dos auditórios do Espaço Cultural CPFL no dia 8 de março, o diretor do Teatro Oficina de São Paulo, Zé Celso Martinez Corrêa, fez uma palestra-performance na qual falou sobre o Grupo Silvio Santos, a montagem de Os Sertões e a política. A coluna traz um pouco do passado e do surpreendente presente de Zé Celso. O diretor mudou, Página 07 mas continua o mesmo turbilhão de energia e criatividade. Estudante da Faculdade de Jornalismo Renan Flud abastece diariamente seu fotolog Um clique para o mundo A fotografia digital virou mania entre os jovens, que disponibilizam suas imagens nos diários virtuais, os fotologs. Com as câmeras instaladas nos celulares, a compulsividade por tirar fotos, quaisquer que sejam, aumentou ainda mais. Existe gente que não perdoa nem formigas. Os auto-retratos ditam a tendência da nova moda. As cenas da platéia do último show do U2 em São Paulo são emblemáticas quanto à popularização das fotos digitais por celulares. Esses fotógrafos emergentes já foram até batizados de digígrafos pelos profissionais da área, que aprovam a nova mania da moçada. Se você integra esse time não pode ficar de fora do concurso de fotografias Saiu no JP sobre o tema Retratos de Campinas. Página 08

20 de março a 2 de abril /2006 Jornal da PUC-Campinas Editorial 02 Linguagem com a qual se expressa a Universidade No editorial da última edição do Jornal da PUC- Campinas chamava a atenção para a necessidade de, como Universidade Católica, preocupar-se em dar conteúdo concreto, histórico, efetivo, à chamada de conversão que a Igreja nos faz na Quaresma. Mais especificamente lembrava a Campanha da Fraternidade, expressão concreta desse compromisso. Falava da necessidade de superar uma formação meramente técnico-funcional com a injeção de um espírito novo, que fosse além do tecnocrático-profissional Nesta edição chamo a atenção para uma espécie de gratuidade radical que se expressa na literatura, nos mistérios, enigmas e tensões da vida humana. A palavra, de um modo especial a poética, revela e oculta, ao mesmo tempo, o mistério da vida. Daí que uma Universidade sem a carga gratuita da linguagem não-funcional, ou mesmo disfuncional ao sistema, nega seu caráter. A linguagem funcional é eficaz e vazia. Às vezes me surpreende a assepsia presente em certos templos religiosos, escolas e até mesmo na Universidade. Falta a linguagem do gratuito, do imprevisto, do humor, do debate. Linguagem que se expressa, mais que em qualquer outro lugar, na literatura. Talvez por isso ela seja perene no tempo e no espaço. Na palavra poética cada tempo e lugar adquirem sua feição própria. A poesia, densificando a expressividade desses tempos e lugares situados, os torna universais e ternos. Quando proferiu sua famosa Aula no Collège de France, em 1977, Roland Barthes, provocador como sempre, falava de um certo caráter fascista da linguagem. Ela acaba assumindo em suas regras as normas de um sistema social ao qual acabamos nos submetendo de maneira quase implacável. E, sem dúvida, ele pensava também na Universidade quando esta apenas se adapta ao sistema. Fascista não porque impede de dizer, mas obriga a dizer. Então não há salvação? Sim, há uma linguagem que escapa à dominação das regras feitas, do saber receitado, da implacabilidade dos poderes constituídos. A literatura - por ele entendida como a prática de escrever. O texto é o aflorar da língua e é no interior dela que o mundo é combatido e desviado. Se ele se expressa na língua e nela impõe suas regras é por ela que ele será combatido. Mas será a literatura na Universidade apenas o lugar da subversão? Tomando a aula de Barthes como guia vamos além: num simples romance como As Aventuras de Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, se desenha todo um saber histórico, geográfico, social (colonial), técnico, botânico, antropológico. Da mesma forma que numa Universidade digna desse nome não pode estar presente apenas a preocupação com o espírito profissional puramente técnico, não pode ficar de fora a literatura. E Barthes, falando a seus pares, professores universitários, disse que se numa Universidade todas as disciplinas precisassem ser abolidas, uma deveria ser salva a qualquer custo: a literatura. Todas as ciências estão presentes no monumento literário. Não de maneira direta, impositiva, mas giratória. Não só o saber pronto e codificado, mas também o insuspeito e irrealizado. Reitor da PUC-Campinas Padre Wilson Denadai Comércio Exterior estuda potencial da RMC Unir as atividades de pesquisa com as de extensão, assim serão norteados os trabalhos do Grupo de Estudos e Pesquisa em Comércio Exterior (Gecex), coordenado pelo aluno do 3º ano da Faculdade de Administração com habilitação em Comércio Exterior Augusto de Sousa Filho e orientado pela professora Rachel Seydell. O grupo, formado por alunos e professores do curso de Comércio Exterior e aberto à participação de alunos de diferentes faculdades, foi lançado oficialmente em 13 de março no Auditório Dom Gilberto, Campus I. O Gecex realizará este ano um levantamento sobre as empresas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) com potencial para atuar nos segmentos de exportação e importação. Estudante Augusto de Sousa Filho (à dir.), Moacyr Ramos Righetti e José Antonio Olmos (ao centro) Está estressado? O Laboratório de Estudos Psicológicos do Stress (Leps), do Centro de Ciências da Vida (CCV), abriu inscrições para voluntários interessados em participar da pesquisa sobre pessoas que sofrem de hipertensão arterial e têm dificuldades de controlar os sentimentos. Os candidatos devem ter mais de 35 anos. As psicólogas do laboratório fornecerão treinamento aos participantes sobre como controlar seus sentimentos e o estresse. Informações: O Leps funciona no Campus II sob a coordenação da professora da Pós-Graduação em Psicologia, Marilda Lipp. Informações: (19) 3729-6901 "Nossa intenção com esse levantamento é mostrar um novo panorama de oportunidades para importação e exportação à administração da RMC, entidades comerciais e industriais da região", afirmou o diretor do curso de Administração com habilitação em Comércio Exterior, José Antonio Olmos. Segundo ele, ainda predomina no Brasil o tabu de que as atividades de comércio exterior são restritas às grandes empresas. "É um equívoco que limita nossa participação do mercado internacional", afirmou o professor. "No âmbito regional, são numerosos os micros, pequenos e médios empresários que têm todas as condições de conquistar espaços no mercado internacional", complementou. >> Serviços Portal PUC-Campinas ( www.puc-campinas.edu.br/cea) Agenda 22/03 Evento da Pós-Graduação em Psicologia sobre o tema A Pesquisa em Psicoterapia.. Das 14h às 17h, no Auditório Monsenhor Salim, Campus II. 24/03 Seminário de Extensão para diretores de centros, faculdades, coordenadores de núcleos de pesquisa e extensão e integrantes da Câmara de Extensão. Prédio do Cieq, no Campus I, das 8h às 15h. Informações: (19) 3756-7084 e propesq@puc-campinas.edu.br CLC realiza contratações de professores O diretor do Centro de Linguagem e Comunicação (CLC), Wagner José Geribello, informou que até o dia 24 de março devem ser encerradas as contratações de professores para as disciplinas Noções de Direito, do curso de Relações Públicas, e Administração de Marketing, de Publicidade e Propaganda. No dia 17 de março, a direção do centro concluíu o processo de seleção de professores para outras três disciplinas: Psicologia Aplicada em Publicidade e Propaganda, Telejornalismo A e Jornalismo Aplicado B. Todas as aulas e conteúdos serão repostos, conforme o planejamento curricular semestral para cada uma das disciplinas, garantiu Geribello. 31/03 Lançamento do livro Tutela Específica nos Procedimentos Especiais, do professor Peter Panutto, da Faculdade de Direito, no Auditório Nobrão, Prédio Central, às 19h Prazo limite das inscrições para o Prêmio Capes de Tese, referente aos trabalhos de doutorado defendidos em 2005. Informações : www.capes.gov.br Expediente Reitor- Padre Wilson Denadai; Vice-reitora - Angela de Mendonça Engelbrecht; Conselho Editorial - Denise Tavares, Wagner José de Mello e Sílvia Regina Machado de Campos; Coordenador de Departamento de Comunicação - Wagner José de Mello; Coordenador do Setor de Jornalismo - Aderval Borges; Editora - Eunice Gomes (MTB 21.390); Redatores - Aderval Borges, Adriana Furtado, Du Paulino e Eunice Gomes; Revisão - Luiz Antonio Razera; Fotografia - Ricardo Lima; Tratamento de Fotos - Marcelo Adorno; Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica - Neo Arte Gráfica Digital; Impressão - Grafcorp; Redação - Campus I da PUC-Campinas, Rodovia D. Pedro I, km 136, Parque das Universidades. Telefones: (19) 3756-7147 e 3756-7674. E-mail: jornaldapuc@puc-campinas.edu.br

Jornal da PUC-Campinas Opinião 03 20 de março a 2 de abril /2006 O jovem e a literatura Rubem Costa Contestando a idéia de que a ciência deve ser apenas um instrumento para orientar a tecnologia, Amit Goswami, autor de O Universo Autoconsciente, conta uma anedota que vale a pena reproduzir, como ilustração do momento histórico que vivemos: "Um estudante, fazendo um experimento com rãs e condicionamento, ensinou o bichinho a saltar a uma ordem sua - "Rã, salte". Em seguida cortou uma perna da rã e deu de novo a ordem. A rã saltou e ele anotou com satisfação no diário do laboratório: "O condicionamento persiste mesmo quando cortamos uma perna". Repetiu o experimento, amputando duas pernas e, em seguida, três, e em ambas ocasiões a rã saltou, seguindo a ordem. Finalmente, cortou a quarta perna e deu a ordem :-"Rã, salte!" Desta vez a rã não saltou. Após pensar um instante, o estudante escreveu : "Após perder as quatro pernas, a rã perde o sentido da audição." Nenhuma fala mais significativa que essa apologia para, num mundo pleno de tecnólogos, entender o poço a que está sendo atirado o conhecimento da literatura, se E aqui começa para a juventude o drama da rã. Não lhe desenvolvendo o gosto da leitura, estão lhe cortando as pernas da escrita a encararmos, até pela conceituação mais simples, como a arte de escrever trabalhos artísticos em prosa e verso. A que se deve, também, acrescentar um complemento: a capacidade de sentir e se emocionar ante a palavra escrita ou falada. A penetração do espírito na essência do belo. Sem isso, sem a interpenetração do agente e do paciente, é inútil pensar em arte. Despiciente será definir literatura. Dessa forma, ficamos diante de dois pólos: o escritor e o leitor. Ou, com mais precisão, o leitor e o escritor. Porque, factualmente, não há como ser escritor, sem primeiro ser leitor. E aqui começa para a juventude o drama da rã. Não lhe desenvolvendo o gosto da leitura, estão lhe cortando as pernas da escrita. A oportunidade de sentir a beleza do pensamento, a grandeza da mensagem. Num mundo dominado pela técnica, ninguém mais lê. As estatísticas estão aí para dizer. A televisão e a informática ocupam o espaço do sonho. E engolem a percepção afetiva, criando um trauma terrível: o conflito entre o progresso e a decadência. O da ciência que procura desvendar os mistérios do universo e a configuração íntima da matéria, mas se mostra incapaz de soerguer com piedade a alma inquieta do homem, levando-nos à certeza de que nada valem os passos largos às distâncias siderais ou a penetração nas profundezas do átomo, quando fica esquecida a única razão válida para a essencialidade do ser: a sua felicidade. Sem o estímulo, sem o desafio de um problema sobre si mesmo para resolver, abre-se o caminho mais rápido para tornar estúpido o homem. Essa é a noção mínima, infelizmente esquecida, que deveria presidir o trabalho das universidades. Para as quais a juventude quer entrar a qualquer preço, mesmo que seja com o despojamento do seu valor maior - a lealdade com os seus anseios. Não importa a forma. Entrar é preciso. Os cursinhos pululam por aí. Preparam para as provas. Mas não para a vida. Basta decorar. Refletir? Para quê? Para quê, se o que vale não é o saber. Apenas ser aprovado. Nesse transe se aplica sumariamente a anedota de Amit Goswami. As pernas da rã estão sendo amputadas. Um dia perceberá que jamais poderá saltar sozinha.e alguém lhe dirá que tudo é pela culpa de não ouvir bem. Paradoxalmente, entretanto, essa é uma sentença verídica. Porque, sob o clamor das necessidades pragmáticas, ficamos surdos ao desejo de beleza e paz. E quem caminha pelas rochas se inibe de pressentir o perfume das flores. O sentido da existência. Compensativamente, a literatura é rua de duas mãos capaz de fazer a juventude descobrir que a sombra do homem tem o tamanho de seu espírito, maior que o espaço material de seu corpo. Rubem Costa, professor, advogado e presidente da Academia Campinense de Letras. Espaço leitor Galeria O QUE FAZER PARA O BRASILEIRO LER MAIS? @ Qual sua opinião sobre o Jornal da PUC-Campinas? Quer sugerir uma pauta? Divulgar o que você está fazendo? Participe! Mande uma mensagem para a redação. jornaldapuc@puc-campinas.edu.br INCLUSÃO Algum tempo atrás enviei sugestão para uma matéria sobre deficientes. A matéria que saiu na última edição ficou realmente muito boa! Espero que os alunos que lerem possam repensar o conceito de vida difícil. Gostaria de aproveitar para sugerir uma matéria a respeito da vida profissional dos alunos recentemente formados. O que vemos entre os alunos é o receio do que virá depois. Existem alunos que, acreditem, acham melhor repetir em alguma matéria e adiar a formatura por medo ou incerteza de entrar no mercado. Então seriam interessantes depoimentos de alunos que se formaram nos últimos cinco anos, ou seja, alunos formados recentemente, para encorajar quem tem receio e alertar quem estiver literalmente dormindo no ponto. Alexandre Luis Vignado, estudante da Faculdade de Análise de Sistemas NOTA DA REDAÇÃO - A equipe agradece sua participação e vamos considerar a sugestão. Já abordamos a síndrome de último ano em outras publicações, mas vamos pensar em um outro viés para retomar o assunto. "É preciso incentivar a leitura desde a primeira infância. As mães têm de ler histórias infantis para os filhos para que se acostumem com a leitura. É mais difícil fazer com que os adultos desenvolvam o hábito da leitura." Sandra Bianconi, funcionária do Campus Central "Eu acho que tem de incentivar o acesso aos livros por parte do governo e das editoras barateando o custo, além de o governo e a mídia falarem mais sobre o assunto para que seja difundido na sociedade." Adriana Basso, estudante da Faculdade de Educação "A leitura tem de ser incentivada na escola e esse ambiente faz dela um prazer, uma descoberta importante para o indivíduo no mundo, estimulando a cidadania e tornando a sociedade mais organizada e comprometida." Raimundo Macedo dos Santos, professor da Pós-Graduação em Ciência da Informação Imagem BOA NOTÍCIA- - O Jornal da PUC-Campinas já pode ser lido pelos deficientes visuais. O Projeto de Acessibilidade (ProAces) da PUC- Campinas transcreveu a última edição para o braile e grafia ampliada. A pedagoga Lívia Oliveira entregou no dia 9 de março o primeiro exemplar para o estudante da Faculdade de Direito Felipe Soares Souza. A estudante de Pedagogia Fabiana Nunes Rocha, personagem da edição anterior, não perdeu tempo para conferir a matéria sob o título 'Cresce o número de alunos especiais'. O Espaço Multimídia do Portal PUC-Campinas (www.puc-campinas.edu.br) registrou um grande número de comentários sobre a reportagem, comprovando que a sociedade está atenta ao tema. A leitura DE um BOM livro É um diálogo incessante: O LIVRO fala E a ALMA responde. André Maurois, pseudônimo de Emílio Herzog (1885-1967), escritor francês

20 de março a 2 de abril /2006 04 Jornal da PUC-Campinas Entrevista Ricardo Lima Eunice Gomes E nicinha@puc-campinas.edu.br Este ano o Ensino a Distância (EAD) completa uma década desde sua regulamentação pelo Ministério da Educação (MEC) em 1996. Visto com reserva por parte dos educadores, o EAD consolida uma posição de qualidade nas universidades brasileiras e desperta o interesse de instituições estrangeiras pelo mercado nacional. Estatísticas do MEC indicavam em 2002 que o número de candidatos para o EAD no Brasil era três vezes superior à oferta de vagas. Em 2004 cerca de 1, 1 milhão de estudantes cursavam o EAD no País, desde o Ensino Fundamental até o Superior. Nesse segmento foi registrado naquele ano um crescimento de 107 % no número de matrículas, o que revela que cerca de 160 mil alunos estavam matriculados em 382 instituições que ofereciam o EAD. A PUC-Campinas foi uma das pioneiras na oferta do EAD em 1997 e atualmente planeja incrementar a oferta de cursos seqüenciais e de extensão e instrumentalizar a graduação para o EAD. Confira trechos da entrevista com o Coordenador de Ensino a Distância da PUC-Campinas, José Oscar Fontanini de Carvalho, e a íntegra no Espaço Multimídia do Portal PUC-Campinas (www.puc-campinas.edu.br). Jornal da PUC-Campinas - A Universidade foi uma das pioneiras a oferecer o EAD, que completa uma década de regulamentação pelo MEC. Como o senhor avalia esse período? Carvalho -Foi uma fase de conquista de credibilidade do EAD pela comunidade acadêmica. Não foi fácil porque o EAD, nos países de primeiro mundo, é utilizado de uma maneira muito mais agressiva que no Brasil. Logo no início, ainda nos governos militares, o EAD era sinônimo de falta de qualidade. O avanço das tecnologias, principalmente da internet, que permitem a interação entre quem ensina e quem aprende e, em rede, entre os alunos, trouxe um aporte de qualidade grande para o EAD. A comunidade científica começou, então, a reconhecer que essa tecnologia permitia um ensino de qualidade. JP - Qual é a maior oferta de cursos do EAD na PUC-Campinas? Carvalho - Especialização, seqüenciais e de extensão, nessa ordem. Esse é o retrato dos cursos da PUC-Campinas, mas não significa que seja apenas essa a intenção da Universidade. Número é referente ao EAD desde o Fundamental ao Superior; universidades brasileiras registram uma grande procura e somam 160 mil estudantes JP - E qual é a intenção da PUC-Campinas? Carvalho - No Planejamento Estratégico está definido que o número de alunos de graduação será mantido em torno de 20 mil. O EAD é um ferramental de apoio ao ensino, que pode ser utilizado também no ensino presencial da graduação. E isso já ocorre, por exemplo, quando um professor disponibiliza o material em sala de aula pele rede. Existem alguns itens na graduação em que podemos atuar de maneira mais forte, como a recuperação do aluno, monitoria e até algumas disciplinas não precisam ser 100% presenciais. No futuro bem próximo, vamos ter professores dando aula e alunos assistindo na sala de aula, outros a distância, outros se locomovendo para a faculdade e assistindo no carro. Os cursos seqüenciais são importantes. Os de aperfeiçoamento são muito importantes no EAD. Pelo nível de maturidade dos alunos e pela demanda, devemos ampliar a oferta desse segmento. Vamos investir bastante na oferta de extensão pelo EAD. JP - O PEs prevê a oferta de cursos de graduação a distância? Carvalho - Não estão previstos, mas ninguém disse que não podem ser oferecidos. Mas não é uma meta. Raio X do EAD na PUC-Campinas CURSOS EM Um seqüencial e FUNCIONAMENTO 2006 três de especialização MATRICULADOS EM 2006 227 FORMADOS DESDE 1997 1.074 Fonte: Coordenadoria do Ensino a Distância da PUC-Campinas Ricesu descarta massificação de cursos Mapear as áreas de atuação mais fortes de cada instituição e definir como essas podem ser compartilhadas pelas 16 universidades integrantes do Comitê Gestor da Comunidade Virtual de Aprendizagem (CVA) da Rede de Instituições Católicas de Ensino Superior (Ricesu). Esse desafio marcou a primeira reunião anual presencial que ocorreu nos dias 9 e 10 de março no Campus I da PUC-Campinas. A próxima reunião acontecerá na PUC de Minas Gerais em junho deste ano. O Ensino a Distância (EAD) é um dos principais pilares norteadores do comitê. De acordo com José Oscar de Carvalho: Brasil sofrerá pressão da Organização Mundial do Comércio Ensino a DISTÂNCIA tem 1,1 milhão de alunos o coordenador do CVA, Antonio Simão Neto, a massificação do EAD é descartada pela Ricesu. "As instituições católicas têm propostas próprias para o EAD. Enfrentamos a concorrência com qualidade. Existem muitas ofertas de curso pelo EAD com meios novos sendo usados de formas velhas. A massificação desses cursos não nos interessa", afirmou Simão. A Ricesu foi criada há cinco anos e tem como objetivo principal aproximar as universidades católicas buscando afinidades competentes, comuns e complementares, e compartilhando os recursos materiais e humanos. JP - Segundo o Relatório da Comissão do EAD do MEC de 2002, o número de interessados no EAD é três vezes superior ao total de vagas oferecidas pelas instituições. Essa defasagem poderia desencadear o ingresso de instituições estrangeiras? Carvalho - A legislação brasileira proíbe o ingresso das estrangeiras. Como o EAD não tem fronteiras, elas podem oferecer cursos, porém o MEC não os reconhece. O MEC só reconhece o certificado se for emitido por uma instituição brasileira credenciada pelo ministério. Então as estrangeiras firmariam uma parceria com uma nacional e ofereceriam o curso. Na PUC, recebemos uma quantidade de consultas de instituições estrangeiras de todos os tipos solicitando parceria. Devemos capacitar as instituições brasileiras para fazerem frente à oferta estrangeira. JP - Como é a legislação em outros países referente à reserva desse mercado? Carvalho - É aberto porque o ensino deles é superior. Por exemplo, o Massachusetts Institute of Technology (MIT), disponibiliza em seu site todo o conteúdo programático das disciplinas de um determinado curso para que o mundo copie e implemente. No próximo semestre esse mesmo curso traz novidades. Eles não temem a concorrência. JP - Mas essa reserva brasileira não dura muito. Tem como fugir? Carvalho - Não. Provavelmente teremos uma pressão muito grande da Organização Mundial do Comércio. Já existe. Antes havia pressão nos mercados do aço e da laranja, agora será o ensino porque é uma fonte de recursos muito grande. Daqui a pouco teremos a pressão do primeiro mundo em cima de nós, os emergentes, para abrirmos nosso mercado. JP - A portaria que cria a TV Digital no País determina que essa tecnologia seja utilizada para o EAD. O senhor não é muito entusiasta dessa idéia? Carvalho - Muito pelo contrário. É que o meu entusiasmo vai além do que estão oferecendo. Como entusiasta da educação acompanho o processo da TV Digital há muito tempo e esperava que ela oferecesse mais recursos. Do jeito que a TV Digital vai chegar ao País, ela é menos adequada ao EAD do que é a internet.

Jornal da PUC-Campinas 05 20 de março a 2 de abril /2006 Literatura TRÊS EM UM Ex-aluno da PUC-Campinas João Camilo Hernandes escreve, edita e distribui seus próprios livros pelo País Adriana Furtado afurtado@puc-campinas.edu.br Mil idéias na cabeça, uma mochila a tiracolo e o ideal de levar a literatura ao maior número possível de pessoas. Esses conceitos norteiam a vida e a obra do escritor campineiro e baiano de coração João Camilo Hernandes. Aposentado, com 71 anos e 25 títulos escritos com pitadas de romance, ficção científica e crítica social, Camilo não espera que uma grande editora publique seus livros, apenas usa sua criatividade e vai atrás de seus sonhos. Vende seus livros nas praias de Salvador, cidade onde mora, e pelo interior da Bahia, viajando de ônibus. Quando vem a Campinas, o escritor aproveita a viagem para comercializar as obras. "Venho de ônibus e vou parando pelas cidades no caminho para divulgar meu trabalho e vender os livros", explicou. Um trabalho solitário que provoca esperança diante de um quadro nacional lamentável. Segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL), 32% dos universitários não compram livro algum durante o ano e a média de leitura anual entre os brasileiros é de 1,8 livro, enquanto na França esse número é de 7 livros per capita/ano. A CBL ainda indica que 34% dos brasileiros alfabetizados acima de 14 anos leriam mais se os livros fossem mais baratos e os Estados das Regiões Sul e Sudeste concentram mais da metade dos compradores, cerca de 60%. Dados que fundamentam o descontentamento do escritor quanto ao acesso à cultura. Por isso o autor vende seus livros a preços mais que populares. O mais barato custa 1 real e o mais caro 30 reais. Para baratear os custos, publica os livros usando impressoras e copiadoras e monta as capas usando recortes de revistas e jornais. "Acredito que a maioria das editoras brasileiras está na mão de grupos estrangeiros. Então, o escritor brasileiro não tem o mesmo espaço que os demais, como os livros de Harry Potter, por exemplo. O espaço conquistado por Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro é uma exceção", desabafou. Estrategicamente para chamar a atenção dos leitores e ampliar sua penetração no mercado, adotou pseudônimos como Esther Saumière Du Fache, Kennu Duvaliè Lissouba e Francis Saumière Du Fache. "Depois que adotei pseudônimos estrangeiros passei a vender pelo menos um livro por semana", completou o autor. Ele conta que a dica de marketing foi do economista Stephan Kanitz durante a Bienal Internacional do Livro, em 2004. A crítica do autor ao estrangeirismo existente no mercado literário se reflete em algumas de suas obras, como o Jegue Baiano que Relincha em Inglês, no qual retrata a influência e o poder estrangeiro na cultura brasileira. Nascido em Pederneiras, Estado de São Paulo, Camilo viveu em Campinas por 30 anos e sempre trabalhou na área de comércio exterior. O vínculo com a PUC-Campinas vem de longa data, 1966, quando fez um curso intensivo de Administração de Empresas. Orgulhoso por sua passagem pela então Universidade Católica de Campinas, Camilo guarda com carinho o certificado de seu curso assinado pelo reitor da época, Monsenhor Emílio José Salim. "Foi um momento mágico em minha vida. As aulas eram freqüentadas por gerentes e funcionários de diversas empresas da região, nas quais podíamos trocar experiências e impressões", relembrou. Numa visita a Universidade no início de março, o escritor se emocionou e se surpreendeu com a nova estrutura da PUC- Campinas, que completa 65 anos. Pai de quatro filhos, mudou-se para Salvador e descobriu-se baiano de coração. Grande parte de sua obra se passa na Bahia e todos os livros são carregados de mensagens políticas e sociais. Entre os livros mais vendidos estão: Cidade do Salvador da Bahia, sua primeira obra; Zé da Binha: O Dom Quixote do Sertão, uma adaptação ao livro de Miguel Cervantes, Dom Quixote de La Mancha; e O Jegue Baiano que Relincha Inglês. Camilo exibe na Biblioteca Setorial do Campus I o diploma em Administração assinado pelo reitor da época, Monsenhor Emílio José Salim Dados de 2004 da Câmara Brasileira do Livro (CBL) indicam que no Brasil há cerca de 530 editoras ativas que lançam uma média de 35 mil títulos e vendem 288 milhões exemplares por ano. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País tem cerca de 186 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 84% da população com cinco anos ou mais são alfabetizados. Apesar desse Editoras lançam 35 mil livros por ano cenário favorável, o faturamento do mercado editorial comprova a falta de hábito de comprar e ler livros no Brasil. Em 2004, esse mercado movimentou R$ 2,5 bilhões, um valor baixo se considerarmos que algumas empresas de grande porte têm esse faturamento no ano. Apesar disso ainda há motivos para comemoração. Em 2004 houve um aumento de R$ 200 milhões no faturamento em comparação com 2003, alimentando a esperança de que o Brasil ainda pode se tornar um país de leitores. Justamente nesse esforço, se encerrou no dia 19 de março a 19ª edição da Bienal Internacional do Livro, que em dez dias reuniu um público de cerca de 800 mil de pessoas e investimentos estimados em R$ 18 milhões. O evento contou com 320 expositores, entre eles João Camilo Hernandes, e lançou aproximadamente 3 mil novos títulos.

20 de março a 2 de abril /2006 Jornal da PUC-Campinas 06 Inclusão Digital Computador financiado em até 24 vezes chega às lojas; em 12 dias foram comercializadas 15 mil unidades no País PC Conectado bate recorde de vendas Du Paulino dupaulino@puc-campinas.edu.br Estudante da Faculdade de Matemática Adriana Bernardes Ferreira planeja comprar um computador pelo programa do governo federal Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2003 revelou que apenas 15,3% dos cerca de 186 milhões de brasileiros têm computador em casa e 11,4% deles têm acesso à internet. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais da metade dos domicílios é equipada com o computador. A funcionária do Centro de Economia e Administração (CEA) e aluna do primeiro ano da Faculdade de Matemática Adriana Bernardes Ferreira se encaixa na parcela dos 84,7% dos brasileiros que não têm computador em casa por falta de condições financeiras. Um projeto do governo federal promete reduzir esse déficit e promover a inclusão digital da população de baixa renda. Trata-se do projeto Cidadão Conectado - Computador para Todos, também conhecido como PC Conectado, que chegou às lojas no início do ano e já bateu recordes de venda. Em apenas 12 dias do mês de janeiro foram comercializadas cerca de 15 mil unidades nas lojas do País. A expectativa dos comerciantes é que esse volume fosse vendido em três meses. Pelo projeto, quem ganha até sete salários mínimos mensais pode comprar um computador com o preço final de até R$ 1,4 mil com financiamento em 24 vezes, com juros de 2% ao mês. Para o professor da Faculdade de Economia Fernando Matos, o financiamento compensa desde que o valor das prestações não ultrapasse 30% por cento dos rendimentos. O PC Conectado tem a configuração de um micro convencional, com monitor de vídeo de 15 polegadas, teclado, mouse, microprocessador, HD de 40 GB, FLOP, CD-ROM, disco flexível de 1,44 MB, memória de 128 MB e fax modem. O diferencial é que ele é vendido com um pacote básico de 27 aplicativos de software livre, como aplicativo para edição de texto e acesso a internet. "Essa configuração atende as necessidades mais básicas do usuário comum", observou o diretor da Faculdade de Engenharia da Computação, Ricardo Freitas. Animada com as condições de financiamento, Adriana disse que vai só esperar sobrar um dinheiro para adquirir o seu computador. "Com essas condições fica fácil financiar", comemorou. O Computador Para Todos é resultado da MP do Bem (Medida Provisória nº 252, de 15 de junho 2005), que isenta da cobrança dos tributos PIS/Cofins os computadores vendidos até R$ 1,4 mil para o usuário final, sejam eles de mesa ou portáteis. Computdores com custo até R$ 2,5 mil e de qualquer configuração também são beneficiados. Para ser adquirido com recursos do programa, o equipamento deve apresentar uma configuração mínima estabelecida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Um laptop por criança A associação sem fins lucrativos One Laptop per Child (Um Laptop por Criança) planeja levar educação para crianças de países em desenvolvimento por meio de computadores portáteis que terão custo de até US$ 100, cerca de R$ 220. Idealizado pelo professor Nicholas Negroponte da universidade norte-americana Massachusetts Institute of Technology (MIT), o computador é menor e muito mais resistente que um laptop comum. O equipamento permitirá aos estudantes se conectarem à internet e participarem de uma rede de alunos e professores da própria associação. A conexão à rede mundial funcionará nos moldes do modelo Wi Fi, que não depende de linha telefônica. O laptop deve estar pronto para fabricação nos próximos dois meses, mas o projeto só se viabilizará se surgirem cinco grandes compradores. Sete países mostraram interesse no projeto, incluindo o Brasil que já sinalizou com a possibilidade de adquirir 1 milhão de unidades que devem ser distribuídas para crianças de escolas públicas a partir de 2007. O laptop não será vendido em lojas. Onde conseguir financiamento? > CAIXA ECONÔMICA FEDERAL: financia o valor de R$ 1,2 mil, mais taxa de R$ 40,00 de abertura de crédito, com pagamento em até 24 meses. Não é necessário ser cliente do banco. >BANCO DO BRASIL: oferece linha de crédito de R$ 1,2 mil para compra do equipamento para correntistas. >LINHA DE CRÉDITO DO BNDES, que coloca R$ 300 milhões à disposição das lojas varejistas, que devem repassar taxas de juros de até 3% ao mês aos consumidores.

Jornal da PUC-Campinas 07 Ricardo Lima 20 de março a 2 de abril /2006 Aderval Borges aderval@puc-campinas.edu.br Grupos artísticos recebem inscrições até o dia 31 O Centro de Cultura e Arte (CCA) da PUC- Campinas oferece nova oportunidade para aqueles que querem revelar seus talentos no canto, no teatro e na dança e, também, para aqueles que já têm noções de música e querem aprimorá-las. Até 31 de março, as inscrições estão abertas para seus cinco grupos artísticos: Coral, Teatro, Dança, Música de Câmara e Banda. Informações: (19) 3756-7242 e www.puc-campinas.edu.br/cca Zé Celso de hoje e de ontem MURAL Entre as várias atividades programadas para o Espaço Cultural CPFL no dia 8 de março, a principal atração foi a palestra-performance do diretor do Teatro Oficina de São Paulo, Zé Celso Martinez Corrêa. O público, predominantemente jovem, lotou um dos auditórios para ouvilo por cerca de duas horas. Entre outros assuntos, ele falou da ameaça do Grupo Sílvio Santos de construir um shopping center no terreno em torno do teatro e das dificuldades de concluir a seqüência de espetáculos que propôs a si montar sobre Os Sertões, de Euclides da Cunha. Fundado em 1958, o Teatro Oficina (hoje batizado pelo próprio diretor de Uzyna-Uzona) passa por dificuldades há mais de 30 anos. Tudo começou no final dos anos 60, quando o grupo interrompeu um ciclo de grandes espetáculos e tomou a decisão radical de sair pelo País representando de improviso em locais públicos. Suas andanças foram duramente perseguidas pelo governo militar. Depois de seguidas prisões e muitos conflitos internos, o grupo esfacelou-se em 1974 e Zé Celso teve de buscar asilo em Portugal. Com o início da abertura política, em 1979, Zé Celso retornou e iniciou sua luta pessoal para dar vida nova ao Oficina com outros atores. Desde então, realiza uma série de montagens, mas nenhuma comparável à ousadia e competência dos principais espetáculos da história do grupo: Rei da Vela (1967), Galileu Galilei (1968), Roda Viva (1968) e Selva das Cidades (1969). Por que o Oficina de hoje não decola? No grupo original, o diretor compartilhava o processo criativo com Renato Borghi, Ítala Nandi, Fernando Peixoto, Ester Góes, Otávio Augusto, Othon Bastos, Amir Haddad e outros. Nenhum dos atores revelados pelo Oficina após sua volta do exílio - entre eles os globais Leona Cavalli e Reynaldo Gianecchini -, se compara aos da antiga trupe. Hoje, pode-se dizer que o Oficina é Zé Celso. O próprio diretor mudou muito ao longo dos anos. O Zé Celso de hoje é o guru de uma turma que concorda com quase tudo o que ele diz. O Zé Celso dos anos 60 convivia com um grupo altamente crítico, de consistente formação intelectual. O Zé daquela época era perseguido pelo governo, enquanto que o de hoje é amparado pelo governo. Durante a palestra no Espaço CPFL chegou a declarar: "O poder é fundamental. A cultura precisa estar no poder, por ser crítica, sensível e criadora de líderes". Em seguida, referiu-se ao exemplo do seu amigo e ministro da Cultura, Gilberto Gil. O Zé Celso daquela época era de extrema esquerda. O de hoje diz coisas como: "O socialismo conseguiu soltar suas amarras após o congresso comunista de 1986. Acho que agora é a vez de o capitalismo passar por sua perestroika, para renovar-se e abrir-se para novas perspectivas". Independente das idiossincrasias e da admiração um tanto fanática que as pessoas alimentam hoje por ele, Zé Celso continua pensando o teatro sob a ótica dos gregos antigos, com o compromisso visceral daqueles que o fazem e com grande envolvimento do público. E, aos 68 anos, inspira vida e desejo de transformação para as pessoas de todas as idades. Evoé, Zé Celso! Repercussão "Sempre questionador, desde os tempos do antigo Oficina, Zé Celso é uma figura importante na trajetória do teatro brasileiro porque rompeu com padrões, buscando novas concepções e, conseqüentemente, estabelecendo novos conceitos tão necessários para o exercício do pensamento, função implícita no teatro". Paulo Afonso Coelho, professor do Centro de Linguagem e Comunicação e diretor do Grupo de Teatro do Centro de Cultura e Arte (CCA) classificados MORADIA Estudante para dividir kitnet Próximo ao Campus I. (19) 3208-2077 e 8131-8872 MORADIA Moradia masculina Próximo ao Campus I e II. (19) 3241-3669 MORADIA Aluga-se kitnet Próximo ao Campus Central. (19) 3241-6444 SERVIÇO Curso prático de italiano djarjfr@yahoo.com.br (19) 9614-9372 TRANSPORTE Duarte Transportes Campinas - Campus I (Diurno e Noturno). lelisnduarte@superig.com.br e (19) 3266-8576 TRANSPORTE Borges Transportes Hortolândia - Campus I (Diurno e Noturno). (19) 3897-1942 As ofertas acima são de responsabilidade dos anunciantes

20 de março a 2 de abril /2006 Jornal da PUC-Campinas 08 Comportamento Cuidado: 'digígrafos' à solta Usuários das câmeras digitais, que viraram mania entre os jovens, registram tudo a sua volta e disponibilizam para o mundo; nem formiga escapa V"Você aperta o botão e nós fazemos o resto!" Com esse slogan o norteamericano George Eastman popularizou a fotografia quando, em 1888, colocou no mercado a Kodak nº 1, primeira máquina fotográfica a utilizar o filme em rolo de 100 poses. Pouca coisa mudou no processo de produção fotográfica até 1981, quando a Sony anunciou a criação da Mavica, primeira câmera digital. Preço: US$ 12 mil. Os preços das digitais baixaram levando milhões de entusiastas à fotografia, que ganhou o mundo pelos sites e blogs na internet. A mania alimenta um mercado que comercializou cerca de 1 milhão de máquinas digitais entre 2004 e 2005, segundo a GFK, empresa de pesquisa alemã sediada no Brasil. Esse número sobe para 1,6 milhão se somarmos o contrabando estimado pelas autoridades em 60%. Em 2002, cerca de seis mil tipos de máquinas digitais aqueciam o mercado. O uso e abuso das imagens preocupa a sociedade. O bom senso deve limitar as facilidades trazidas pelo avanço da tecnologia. Na sala de aula, por exemplo, nem pensar. Para o fotógrafo e professor de Fotojornalismo da PUC-Campinas Nelson Chináglia, que se rendeu à digitalização pelas exigências profissionais, em momento algum da história fotográfica o slogan de Eastman esteve tão atual quanto agora. "Com a tecnologia digital você não precisa pensar muito para fotografar. Basta apertar um botão e a máquina faz todos os ajustes necessários", explicou. Como a revelação de um filme é passado na era digital, as imagens são vistas quase instantaneamente e enviadas para o computador sem ajuda de outros equipamentos, como os scanners. Essas são as principais vantagens apontadas pelos entusiastas da digitalização, como é o caso do universitário Renan Flud. Para ele, a foto digital cria a oportunidade de conhecer outras pessoas por meio dos fotologs, que são diários virtuais com fotos pessoais. Incentivado por amigos, há dois anos Flud alimenta um fotolog, quase diariamente, com fotos tiradas de seu celular. "A maioria das fotos não tem relação com o que escrevo, apenas ilustram", explicou. Sempre presente no bolso das pessoas, o celular com câmera potencializa a captura instantânea da imagem. Nos atentados ao metrô de Londres em 2005, por exemplo, as únicas imagens divulgadas para o mundo foram feitas por passageiros. Atenta à praticidade do celular, a estudante Mônica Gimenez registra fatos inusitados ou rotineiros. Nem formiga escapa. Toda essa tecnologia fez surgir, segundo definição de Chináglia, os digígrafos ou usuários de câmera digital. O professor analisa positivamente a possibilidade de qualquer pessoa capturar uma imagem onde quer que esteja e poder enviá-la para o mundo, facilitando a divulgação. "A imagem chegou onde ela sempre quis estar: em todos os lugares", sentenciou o fotógrafo. Mas Chináglia alerta para o fato de que, mesmo com toda a tecnologia digital, no uso profissional, a sensibilidade em relação às imagens que devem ser registradas e as questões técnicas ainda dependem do olhar profissional. Du Paulino dupaulino@puc-campinas.edu.br Fotógrafo profissional e professor Nelson Chináglia vê com bons olhos a febre das digitais CONCURSO DE FOTOGRAFIA O JP lança um desafio para os apaixonados por fotografia, que não perdem a oportunidade de registrar uma bela imagem. Responda com uma foto à pergunta: Qual o retrato que simboliza a cidade? Esse é o tema do concurso Retratos de Campinas, cujas inscrições vão até o dia 28 de março. Envie a foto em alta definição para o endereço jornaldapuc@puc-campinas.edu.br ou entregue-a na redação, localizada no Prédio da Pastoral I, Campus I, no tamanho padrão (10cm X 15cm). A foto vencedora será publicada em abril e o autor receberá como prêmio o livro O Caminho do Ouro, de João Garcia, doado pela Livropel. Informações: (19) 3756-7248 Estudante Renan Flud (ao lado) aposta no fotolog para fazer amigos; Mônica Gimenez não perdoa nem formiga, fotografa MANUAL DA BOA CONDUTA O site americano CNET, referência sobre tecnologia, produziu um manual sobre a boa conduta para os loucos por fotos digitais. O Jornal da PUC-Campinas conversou também com algumas consultorias e professores. Confira as dicas para não pagar mico ou ser até processado judicialmente: > Não use a câmera em museus, salas de cinema, teatros e salas de aula. > Não fotografe no avião. > Não tire proveito do fato de o aparelho ser pequeno para fazer fotografias em locais como banheiros públicos, vestiários e provadores de lojas. > Ao usar o celular, tome cuidado para não direcionar a lente da câmera para as pessoas, sob o risco de elas acharem que estão sendo fotografadas. Fonte: CNET, consultores e professores da PUC-Campinas