CRIMES - FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA ADMINISTRAÇÃO

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Transcrição:

CRIMES - FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA ADMINISTRAÇÃO www.trilhante.com.br

1 HABEAS DATA: CRIMES RESUMO PRATICADOS PRÁTICO POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO www.trilhante.com.br

1. Crimes praticados por Funcionário Público contra a Administração Peculato Cumpre esclarecer que a administração pública é o conjunto de órgãos integrados na estrutura administrativa do Estado (órgão, instituição ou repartição pública). Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. O crime do funcionário público que fere a administração, desta forma, ocorre nas possibilidades: 1. Apropriação (toma para si algo de que tem a posse em razão do cargo) 2. Desvio (Objeto foi recebido pelo funcionário para uma utilidade específica e o funcionário desvia esta utilidade em proveito próprio ou alheio) 3. Subtração (furto: o criminoso subtrai ou ajuda alguém a subtrair o objeto) Vejamos a diferença entre a apropriação e a subtração mencionadas: A subtração é bem equiparável ao furto. A apropriação, por sua vez, tem que o agente ativo já tinha a posse ou detenção da coisa que toma para si. Para recordar: O crime de peculato ocorre em três situações. Para facilitar seus estudos, memorize a frase a seguir, atentando-se às iniciais D, A e S: Peculato das repartições (repartições remete ao Estado - para recordar que se trata de crime cometido por funcionário público) Desvio Apropriação Subtração Art. 312. Peculato culposo 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. www.trilhante.com.br 3

Agir culposamente: agir com imprudência, negligência ou imperícia; contudo, sem intenção, desejo ou dolo de cometer o crime. Neste caso, ainda que sem intenção de fazê-lo, o funcionário público contribui, por ter agido diferentemente do que deveria, para ocorrência de ato criminoso. Importante: 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Sentença irrecorrível é aquela da qual não cabe mais recurso! No peculato culposo, então, se há reparação eficaz do dano causado pela prática criminosa do funcionário público, ele pode ser isento de sanção, a menos que haja a reparação do dano somente após a sentença que condena já ter transitado em julgado. Neste caso, a pena é reduzida da metade. Para recordar: Reparação dos danos realizada antes da sentença irrecorrível: extinção de punibilidade. Reparação dos danos realizada depois da sentença irrecorrível: redução da pena pela metade (50%). Peculato Mediante Erro de Outrem Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Observação: Não confundir este caso com o peculato culposo, quando o erro é do próprio funcionário público. Também não há que se falar em diminuição de pena pós reparação de dano, pois trata-se de crime doloso: houve intenção de comete-lo. www.trilhante.com.br 4

Inserção de dados falsos em sistemas de informações Art. 313 - A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Então, há duas possibilidades praticadas pelo funcionário público autorizado: Inserir ou facilitar a inserção de dados falsos; Alterar ou excluir indevidamente dados corretos. Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações Art. 313 - B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. Então se, de livre e espontânea vontade, o funcionário público decidir modificar dados quaisquer essenciais ao exercício da função da administração pública, ele incorrerá também em crime eletrônico. Observe que a configuração do ato criminoso não depende da ocorrência de dano. Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. Lembre-se da sigla SEI: Sonegar (ocultar, esconder, tirar de vista) Extraviar (dar outra destinação, que não a originalmente esperada, ao livro oficial) Inutilizar (tornar inútil, destruír a possibilidade de uso adequado) www.trilhante.com.br 5

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Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Art. 315 - Dar, às verbas ou rendas públicas, aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Observação: Este crime é muito menos grave que o crime de Peculato. Neste caso, o funcionário apenas muda a destinação original de verbas ou rendas públicas, sem que, assim, ontenha vantagem para si próprio. Nem há necessariamente dano à administração. Concussão Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Trata-sa de demandar vantagem indevida aproveitando-se de sua função. Importante notar que o crime pode ser cometido antes de o funcionário ter assumido seu cargo, ou quando estiver fora da função. Excesso de exação (cobrança exagerada) 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevidos, ou, quando devidos, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. São três possíveis condutas de excesso de exação: Exigir um tributo ou contribuição indevidos; Cobrança vexatória ou gravosa; Desvio do que foi recebido indevidamente; www.trilhante.com.br 7

Corrupção passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Crimes - Funcionário Atenção: Público A simples solicitação ou a simples Contra aceitação de vantagem indevida já configura o crime de corrupção passiva inteiramente em seu modo consumado. Não há, então, que se falar em modo tentado. Administração 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Ou seja, se, para ter recebido a vantagem indevida, o funcionário teve que deixar de fazer algo de sua incumbência, ele terá incorrido em majorante. Corrupção passiva privilegiada 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Neste caso, não existe vantagem indevida; o funcionário age em função de pedido ou influência de outrem. Veja que a pena atribuída é menor do que nos casos em que há vantagem para o próprio funcionário! Prevaricação Trata-se do crime de descumprir deveres em função de satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Um verdadeiro crime de mesquinhez. Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. www.trilhante.com.br /trilhante /trilhante /trilhante