O IRS E A COMPETITIVIDADE UMA VISÃO GLOBAL. 11 de Outubro de 2012



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Transcrição:

O IRS E A COMPETITIVIDADE UMA VISÃO GLOBAL

Introdução Contextualização Da competitividade Competitividade - Factores internos Competitividade fiscal internacional - Breves notas Quo Vadis, IRS?

1. Introdução

O IRS não pode ser olhado como um caso isolado no panorama do sistema fiscal português; Há que considerar os princípios constitucionais que o enformam (artºs 103º e 104º da CRP): Em geral: 1. O sistema fiscal visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza. E no que respeita ao IRS: 1. O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das desigualdades e será único e progressivo, tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar. Mas em que medida é que o IRS, cumprindo com a sua função e com os seus constrangimentos constitucionais, pode contribuir para a competitividade?

2. Contextualização

O IRS, enquanto elemento de um sistema fiscal, cumpriu qualquer função relativa à competitividade? Resposta negativa é amplamente confirmada por alguns dos indicadores publicados no Global Competitiveness Report 2012 2013 do World Economic Forum (WEF). No que respeita à carga fiscal, Portugal fica mais ou menos a meio da tabela (85º lugar em 144). Mas já no que respeita ao impacto (negativo) sobre o trabalho e o investimento, estamos em 135º lugar E no que respeita ao desperdício de meios por parte da Administração Pública, ficamos num muito desonroso 133º lugar.

3. Da competitividade

O que seja competitividade é um conceito relativo. Os drivers da competitividade residem no ambiente económico de cada Estado, razão pelo qual o já mencionado World Economic Forum define competitividade como o conjunto de instituições, políticas e factores que determinam o nível de produtividade de uma dada economia. Por sua vez, o nível de produtividade estabelece o nível sustentável de trem de vida. Ou seja, por outras palavras, a competitividade será o conjunto de factores que permitem a uma dada população produzir eficazmente e, por isso, viver bem.

O que importa, portanto, é tentar compreender de que forma o sistema fiscal de cada Estado no nosso caso, o Português, e em particular o IRS contribui para um ambiente económico favorável ao trabalho e ao investimento, à produtividade e à competitividade.

4. Competitividade - Factores internos

De que forma se sai o IRS no confronto com os Pilares de Competitividade do relatório do WEF?

Instituições; Ambiente macroeconómico; Eficiência dos mercados; Eficiência do mercado de trabalho; Desenvolvimento do mercado financeiro.

A - Instituições

Instituições Uma sólida e justa estrutura legal e administrativa pode ter um impacto positivo na competitividade. E isto de várias formas:

Instituições A percepção de equidade na determinação da receita fiscal permite melhores níveis de cumprimento voluntário; Uma Administração Tributária boa e eficaz na prevenção da evasão fiscal reforça a coesão social e previne a concorrência desleal; Uma Administração Tributária impermeável à corrupção e que aplique a lei de forma consistente e imparcial torna o imposto previsível e não desencoraja o investimento; Uma Administração Tributária eficaz reduz os encargos que os contribuintes suportam com as obrigações tributárias; Os encargos que os contribuintes suportam com as obrigações tributárias e com inspecções devem ser razoáveis, em ordem a não desviar recursos produtivos; A política fiscal deve ser transparente e accountable.

Instituições A percepção de equidade na determinação da receita fiscal não existe; A Administração Tributária é eficaz no combate à evasão fiscal (será?) mas pouco na sua prevenção; A Administração Tributária é sentida como impermeável à corrupção mas não aplica a lei de forma consistente; A Administração Tributária eficaz tem aumentado os encargos que os contribuintes suportam com as obrigações tributárias; Os encargos que os contribuintes suportam com as obrigações tributárias e com inspecções são cada vez maiores; Neste momento, penso que não existe em Portugal nada que se assemelhe a uma política fiscal.

B - Ambiente macroeconómico

Ambiente macroeconómico Deverá haver uma paridade de efeito entre a estabilidade do ambiente económico e a estabilidade do imposto, em ordem a evitar distorções na tomada de decisões motivadas pela fiscalidade. Mais uma vez, o IRS não se sai bem pois é o instrumento de eleição do Governo para salvar o deficit, carregando na tributação do trabalho e desmotivando cidadãos e empresas a produzir.

C - Eficiência dos mercados

Eficiência dos mercados Um imposto orientado para a competitividade e para o crescimento deve: Distorcer o mínimo possível os sinais de mercado; Assegurar que os mais eficientes prevalecem; Permitir um fácil intercâmbio entre sectores, para que os indivíduos e as empresas possam celeremente mudar de actividade e/ou de mercados.

Eficiência dos mercados O IRS, neste particular, parece apenas afectar a questão de assegurar que os mais eficientes prevalecem. Mas o IRS não promove uma tributação equitativa de acordo com as circunstâncias pessoais de cada sujeito passivo ou agregado familiar; pelo contrário, hoje mais do que nunca é um imposto punitivo, que sanciona os mais ricos, seja pelo confisco dos rendimentos do trabalho, seja pela nova moda de sobre-tributar a poupança. Numa palavra, o nosso IRS não gosta do sucesso profissional, nem gosta que as pessoas aforrem. Nessa medida, penso que hoje o IRS contribui negativamente para a competitividade.

Eficiência dos mercados Os fenómenos de distorção que os impostos sobre o rendimento proporcionam tendem a ser mitigados quando a base tributável é larga. A incidência do imposto foi amplamente alargada e muitos benefícios fiscais desapareceram ou estão em vias disso. Em contrapartida, o alargamento da base tributável deve concorrer para menores taxas marginais de imposto, mais sendo certo que tais taxas promovem a distorção na tributação, a qual pode ser virtuosa ou viciosa

Eficiência dos mercados No momento que vivemos, diria que estamos mais no vício que na virtude, até porque em Portugal o movimento é paradoxal: o alargamento da base tributável é acompanhado de mexidas nos escalões (com vista ao aumento da receita) e do aumento pornográfico das taxas marginais, aplicação de sobretaxas, taxas de solidariedade, etc. Assim, o IRS actualmente distorce em muito a tributação do rendimento das pessoas singulares, o que pela mesma razão que acima referimos não potencia a competitividade.

D - Eficiência do mercado de trabalho

Eficiência do mercado de trabalho Um elevado imposto sobre os rendimentos do trabalho tem, potencialmente, efeitos desincentivadores particularmente significativos. O imposto deve assegurar um correcto trade-off entre a eficiência na obtenção de receitas e a equidade no encargo dessas receitas - a coesão social que advém de um imposto apreendido pela sociedade como fair tudo facilita. Ao que parece, a evidência empírica nos países da OCDE revela que algumas decisões de investimento em áreas que exigem a contratação de profissionais altamente qualificados e, logo, bem pagos, são particularmente sensíveis a medidas fiscais que não castiguem em demasia os profissionais e as empresas. Sendo certo que a culpa maior recairá na TSU, quer-me parecer que o IRS, sobretudo na sua actual forma, não contribui em nada para investimentos nessas áreas.

E - Desenvolvimento do mercado financeiro

Desenvolvimento do mercado financeiro O papel do IRS, neste particular, deve ser o de evitar distorções ou barreiras ao acesso ao financiamento, incluindo a opção entre financiar os negócios com capitais próprios ou endividamento. No que respeita à tributação dos capitais, o IRS e o IRC entrecruzam se; muitas questões de tributação das sociedades e dos seus investimentos ou rendimentos de capitais e mais-valias são dirimidas com recurso aos conceitos e regras consagrados no CIRS.

Desenvolvimento do mercado financeiro E o CIRS funciona, neste ponto, muito mal. A confusão é mais que muita, seja nas regras de incidência (e pese embora os esforços do ECORFI nesse particular), de determinação da matéria colectável, e mesmo nas regras de retenção na fonte. Conceitos vagos e indeterminados, cláusulas abertas, instabilidade legislativa, etc., há de tudo. A tributação dos rendimentos de capitais e mais-valias é um dos pontos mais controversos e complicados do IRS pelo que neste particular o imposto não contribui em nada para a competitividade. Ao invés, só atrapalha!

5. Competitividade fiscal internacional - Breves notas

Não parece que o IRS seja, no conjunto dos impostos relevantes, aquele que seja decisivo na localização de um negócio, de um investimento, de um SPV, o que for. Mas há que atender ao facto de que, quando se faz planeamento fiscal muitas vezes se procura baixa tributação de negócio/investimento mas também do retorno dos accionistas; e se estes são pessoas singulares, o IRS pode desempenhar um importante papel. Os regimes especiais para profissionais de elevado desempenho, são medidas complementares à atracção de IDE de que bem precisamos.

O principal problema do IRS, enquanto factor de competitividade fiscal internacional, reside nos seguintes factores: A sua instabilidade; A sua complexidade; Os elevados encargos de cumprimento de obrigações acessórias. Pelo menos estas três realidades, que julgo indesmentíveis, constituem o IRS num (cada vez mais) elevado custo de contexto, que em nada contribui para a nossa competitividade internacional e para a capacidade de atracção de IDE.

6. Quo Vadis, IRS?

Mais de 20 anos depois da sua entrada em vigor, o IRS está hoje velho e cansado. Tenho dúvidas, aliás, que cumpra com os princípios constitucionais que o informam, designadamente: uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza; tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar. Por outro lado, há alguns preceitos constitucionais que merecem, eles mesmos, reforma.

Devíamos eventualmente começar de novo, apostando na simplicidade e na eficácia; abandonar preconceitos caducos e repensar livremente, eventualmente optando por um sistema verdadeiramente dual, sem preconceitos políticos ou ideológicos ainda que sem esquecer os princípios constitucionalmente consagrados que não hajam sido ultrapassados pelo andar dos tempos. E porque não olhar para o exemplo dos países recém-chegados à União, que praticam impostos com flat tax e estão muito contentes com isso: baixo incumprimento, simplicidade de processos, custos de compliance, de cumprimento e de contexto baixos, fácil e eficaz fiscalização.

Penso que devemos mudar de paradigma logo que possível, e encontrar um regime de tributação do rendimento das pessoas singulares que se adeqúe à nossa realidade e que não a pretenda moldar. Porque: não temos tempo para isso; os tempos mudaram e mudam cada vez mais depressa; o óptimo é, hoje mais do que nunca, inimigo do bom.

Obrigado pela Vossa atenção.

O IRS E A COMPETITIVIDADE UMA VISÃO GLOBAL