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Página 1 de 6 AÇÃO ORDINÁRIA (PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO) Nº 5003164-94.2010.404.7110/RS AUTOR : ROBERTO RODRIGUES PEREIRA ADVOGADO : CYRO DE OLIVEIRA PINHEIRO : CRISTINA DIAS DE OLIVEIRA RÉU : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS SENTENÇA Roberto Rodrigues Pereira, já qualificado na inicial, ajuizou a presente ação ordinária em face do Instituto Nacional do Seguro Social, inicialmente perante o Juizado Especial Federal, requerendo a condenação do réu a conceder-lhe auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, sustentando estar incapacitado para o trabalho. Relatou, em síntese, que: a) embora tenha requerido administrativamente o benefício assistencial, compete à autarquia previdenciária orientar o segurado a respeito do benefício que lhe é mais vantajoso; b) recebeu o benefício de auxílio-doença no período compreendido entre 25/06/91 a 15/07/91; c) desde tal época é portador de cirrose hepática alcoólica; d) até agosto de 1980, esteve vinculado à Previdência Social na condição de empregado voltando a contribuir ao sistema em 04/1991 e, posteriormente de 06/2003 a 02/2007, na condição de contribuinte individual, época em que manteve-se abstêmio; e) no período de 14/02/2008 a 15/04/2008 necessitou nova internação do Hospital Espírita de Pelotas; f) encontra-se totalmente incapacitado para o trabalho, vivendo às custas de sua genitora que lhe paga aluguel em lar de idosos; g) a incapacidade laboral teve início quando o autor detinha a qualidade de segurado. Requereu a procedência do pedido para que seja o réu condenado a conceder ao autor auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, com o pagamento das parcelas em atraso desde a data da cessação do benefício de auxílio-doença nº 086.467.610-7, respeitada a prescrição quianquenal. Postulou a a antecipação de tutela e o benefício da Assistência Judiciária Gratuita. Juntou documentos (evento 1). Após declinada a competência, foram os autos redistribuídos para esta Vara Federal (evento 1, DESP12 ). Foi deferido o benefício de Assistência Judiciária Gratuita e indeferida a antecipação de tutela (evento 5). A parte autora juntou petição e documento (evento 14). Citado, o INSS apresentou contestação (evento 15). Argüiu, preliminarmente, prescrição qüinqüenal e carência de ação. No mérito, aduziu, em síntese, que: a) após o reingresso da parte autora no RGPS em 2003, houve a perda da qualidade de segurado em 16/04/2008 e a data da incapacidade laboral foi fixada pela perícia médica em 24/04/2008 e 26/04/2008; b) o benefício gozado em 1991 foi concedido por diagnóstico diverso da enfermidade atualmente apresentada; c) não houve requerimento do benefício por ocasião das internações no HEP; d) a perícia realizada em 08/03/2010 considerou que a enfermidade apresentada pelo autor está compensada e) impugnou a declaração do autor de que reside no Lar de Idosos Sagrado Coração de Jesus uma vez que existe instalação elétrica ativa em seu nome. Requereu a improcedência da ação. Juntou documentos.

Página 2 de 6 Houve réplica (evento 17). A parte autora postulou a produção de prova pericial (evento 19). O INSS não requereu a produção de provas. Foi deferida a produção de prova pericial (evento 25). O INSS juntou quesitos (evento 30). Foi juntado laudo pericial (evento 54). Após intimação da partes sobre o laudo, foram fixados e requisitados os honorários periciais (eventos 63 e 72). Vieram os autos conclusos para sentença. É o relatório. 1.1 PRELIMINARES 1. PRESCRIÇÃO A parte autora pretende a concessão do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez desde quando cessado o benefício de auxílio-doença em 16/07/91, todavia, ressaltou que pretende o pagamento das parcelas não atingidas pela prescrição. Desse modo, rejeito a preliminar. 1.2 FALTA DE INTERESSE DE AGIR Arguiu o INSS que o benefício gozado em 1991 foi concedido em razão de enfermidade diversa da ora alegada consoante laudo realizado em 11/07/91 e a parte autora não se insurgiu, tempestivamente, em relação ao cancelamento do benefício, evidenciando a recuperação da capacidade laborativa. Salientou, também, não haver requerimento por ocasião das internações no Hospital Psiquiátrico, razão pela qual é carecedora de interesse de agir em relação a qualquer período anterior ao requerimento formulado em 2008, ressaltando que as internações nem sempre demonstram a incapacidade laboral. A preliminar confunde-se com o mérito da causa e com ele será analisada. 2. MÉRITO Trata-se de ação ordinária na qual o autor pretende a condenação do réu a conceder-lhe auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, sustentando estar incapacitado para o trabalho. O artigo 62 da Lei nº 8.213/91 disciplina o procedimento a ser adotado no caso de estar o segurado insusceptível de recuperação para sua atividade habitual: O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado para o

Página 3 de 6 desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado nãorecuperável, for aposentado por invalidez. Tanto o auxílio-doença quanto a aposentadoria por invalidez possuem em comum, regra geral, os requisitos da qualidade de segurado, carência de 12 contribuições e incapacidade para o trabalho. A controvérsia dos autos gira em torno da incapacidade do autor e a qualidade de segurado. No caso dos autos, o autor alega incapacidade para o trabalho em virtude de cirrose hepática. Na perícia realizada por médico especialista em gastroenterologista (evento 54), restou extreme de dúvida a incapacidade laboral do autor em função de ser portador de cirrose hepática em fase avançada e alcoolismo crônico, patologias que impedem a realização de atividade laboral. Também declarou o perito que o autor necessita de acompanhamento permanente para suas atividades rotineiras, por conta de redução de suas atividades cognitivas, o que tende a ser progressivo, na medida em que o alcoolismo não é tratado, incapacitando o autor para a vida independente. Frisou que a incapacidade é permanente e para todo e qualquer trabalho e não há possibilidade de reabilitação. Quanto ao início da incapacidade, declarou o perito que, embora não fosse possível afirmar com precisão, com base na internação no Hospital de Santa Casa de Misericórdia de Pelotas em 2008, que segundo o autor aconteceu em 24/04/2008. A incapacidade laboral do autor restou plenamente demonstrada, todavia, a data inicial da incapacidade deve ser definida de forma mais precisa, haja vista a necessidade de ser verificada a manutenção da qualidade de segurado do autor na data da incapacidade. Pela análise do CNIS o autor verteu contribuições para a Previdência Social até fevereiro de 2007, de modo que manteve a qualidade de segurado até 15/04/2008 (evento 1, OUT6). O documento juntado ao evento 1, PROC2, atestado do Hospital Espírita de Pelotas, dá conta que o autor, dentre outros períodos, esteve internado no período de 14/02/2008 a 25/04/2008. Por outro lado, no atestado da médica assistente do autor, também juntado no mesmo evento, foi declarado que o autor está em tratamento e acompanhamento no ambulatório da Faculdade de Medicina desde 24/06/2008, após prolongada internação no Hospital Santa Casa de Misericórdia, para tratamento de cirrose hepática. Ora, diante de tais documentos e declarações, é possível afirmar que o autor, já em fevereiro de 2008 não possuía capacidade laboral haja vista que foi internado em hospital psiquiátrico em 14/02/2008 sendo, logo após, internado na Santa Casa de Misericórdia conforme acida referido. Todavia, há que se considerar que o autor já havia vertido mais de 120 contribuições ao sistema em 2007, haja vista que contava com mais de 13 anos de tempo de contribuição, de modo que manteve a qualidade de segurado até 15/04/2009, nos termos do

Página 4 de 6 1º do art. 15 da Lei 8213/91, in verbis: Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício; II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; (...) 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. Conclui-se, portanto que a incapacidade laboral do autor já se evidenciava em fevereiro de 2008 e que manteve a qualidade de segurado até 15/04/2009. Resta definir a data do início do benefício. O autor postulou a concessão do benefício desde 15/07/91, data de cessação do benefício de Auxilio Doença de nº 086.467.610-7. Tendo em vista que foi concluído que a incapacidade laboral estava estabelecida em fevereiro de 2008, não havendo elementos que comprovem a incapacidade em data anterior, não se pode falar em concessão de beneficio anterior a 2008. Além disso, o autor postulou a concessão de novo benefício de auxílio-doença em 25/06/2008 (evento 1, OUT6), de modo que deve ser esta a data da concessão do benefício, haja vista que o INSS não pode agir sem a iniciativa da parte autora. Tendo em vista que restou comprovada a incapacidade total e definitiva para o trabalho, deve ser concedido ao autor o benefício de aposentadoria por invalidez. Remanesce, ainda, a análise do pedido de majoração do benefício de aposentadoria por invalidez em 25% uma vez que necessita ser acompanhada permanentemente por terceiro. Dispõe o art. 45 da Lei nº 8.213/91, in verbis: Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). Sobre a questão, transcrevo trecho do laudo pericial, juntado ao evento 54 (quesitos da perícia médica, quesito 9), no qual restou clara a necessidade de acompanhamento de terceiro: 'A parte autora necessita de acompanhante permanente para suas atividades rotineiras, uma vez que é dependente do álcool e apresenta cirrose já com encefalopatia hepática, o que limita sua capcidade de concentração e raciocínio.' Desta forma, impõe-se a parcial procedência do pedido para conceder ao autora o benefício de aposentadoria por invalidez desde 25/06/2008, acrescida de 25%, nos termos do art. 45 da Lei nº 8213/91. As parcelas em atraso serão corrigidas monetariamente desde quando devidas, 25/06/2008, em face da natureza alimentar, pelo INPC (06/2008 a 06/2009, conforme o art. 31 da Lei n.º 10.741/03, combinado com a Lei n.º 11.430/06, precedida da MP n.º 316, de

Página 5 de 6 11-08-2006, que acrescentou o art. 41-A à Lei n.º 8.213/91, e REsp. n.º 1.103.122/PR). A contar de 01-07-2009, data em que passou a viger a Lei n.º 11.960, de 29-06- 2009, publicada em 30-06-2009, que alterou o art. 1.º-F da Lei n.º 9.494/97, para fins de atualização monetária e juros haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. A contar de 01.07.09 incidem os dois fatores, não cabendo mais a antiga distinção de juros a partir da citação e correção monetária a partir do pagamento a menor. Aplica-se na atualização o percentual total de juros aplicado às cadernetas de poupança, mais o fator de atualização a partir do pagamento a menor com a devida capitalização da poupança. Quanto ao pedido de tutela antecipada, para a sua concessão, é indispensável a existência de prova inequívoca dos fatos, a verossimilhança da alegação e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. A prova inequívoca dos fatos e a verossimilhança da alegação ficaram caracterizadas durante a instrução do feito, conforme os argumentos expendidos nesta sentença. O fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação resta configurado pelo fato de ter o benefício caráter alimentar. Por fim, no que tange à perícia médica, considerando a complexidade e a natureza dos trabalhos desenvolvidos pelos peritos do juízo, ratifico os honorários periciais já fixados. Diante do exposto: Defiro a tutela antecipada para determinar ao réu que implante, imediatamente, o benefício de aposentadoria por invalidez ora concedido ao autor, acrescido de 25%. Rejeito as preliminares e julgo parcialmente procedente o pedido para condenar o réu a conceder o benefício de aposentadoria por invalidez, com a majoração de 25%, a ROBERTO RODRIGUES PEREIRA desde 25/06/2008, bem como a pagar as parcelas devidas desde então, acrescidas de juros de mora e correção monetária nos termos da fundamentação. Tendo em vista a sucumbência mínima da parte autora, condeno o réu ao pagamento de honorários advocatícios de sucumbência, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação em conformidade com o disposto no art. 20, 3º, alínea 'a' e 'c' e 4º, do Código de Processo Civil. Para efeito de cálculo dos honorários, devem ser consideradas as parcelas devidas até a prolação desta sentença. Condeno, outrossim, o INSS ao pagamento da metade dos honorários periciais à Seção Judiciária do Rio Grande do Sul, tendo em vista que, em virtude do benefício de Assistência Judiciária Gratuita, foi ela que arcou com a despesa. Custas na forma da lei. Sentença sujeita ao reexame necessário. P.I. Pelotas, 19 de dezembro de 2011. Cláudio Gonsales Valerio Juiz Federal Documento eletrônico assinado por Cláudio Gonsales Valerio, Juiz Federal, na forma do artigo

Página 6 de 6 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.jfrs.jus.br/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 7568220v15 e, se solicitado, do código CRC 94DCD3AA. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): Cláudio Gonsales Valerio Data e Hora: 19/12/2011 16:28