A diferença que a escola pode fazer

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Transcrição:

A diferença que a escola pode fazer O sucesso escolar no concelho de Almada (4º e 6º ano) Relatório Final Teresa Seabra, Susana da Cruz Martins e Adriana Albuquerque Lisboa, dezembro de 2017

ii

Agradecimentos A concretização deste trabalho só foi possível pela confluência de um conjunto alargado de pessoas que se mobilizaram para o efeito. Cabe-nos agradecer a todos os que, direta ou indiretamente, contribuíram para o mesmo. Em primeiro lugar, um agradecimento muito especial às direções dos quatro agrupamentos de escolas que estiveram envolvidos nos estudos de caso pela prestimosa colaboração nas várias as etapas do levantamento de dados, incluindo o envolvimento de toda a comunidade educativa na prestação dos depoimentos dados em entrevista. Recebemos, ainda, importantes apoios institucionais que agradecemos igualmente, como i) os serviços educativos da Câmara Municipal da Almada que, para além do interesse em conhecer de forma mais aprofundada a realidade educativa do concelho, acompanharam e apoiaram todo o processo, nomeadamente a facilitação no acesso às escolas estudadas e ii) a Direção Geral de Estatísticas do Ministério da Educação (DGEEC/ME), que disponibilizou da base de dados que sustentou a pesquisa. Por último, agradecemos ao sociólogo Sérgio Estevinha pelo apoio prestado na realização e na transcrição das entrevistas. iii

iv

SUMÁRIO EXECUTIVO O estudo A diferença que a escola pode fazer: o sucesso escolar no concelho de Almada (4º e 6º ano) foi financiado pela Câmara Municipal de Almada e realizado pelo CIES-IUL, centro de investigação do ISCTE-IUL. Foi desenvolvido ao longo de 10 meses e coordenado por Teresa Seabra e Susana da Cruz Martins. Presidiram à realização da pesquisa três objetivos: (i) avaliar a evolução dos resultados obtidos pelas escolas do concelho de Almada, no que respeita aos alunos do 4º e 6º ano de escolaridade, ao longo de 5 anos (de 2009/10 a 2014/15) em provas nacionais; (ii) conhecer as escolas do concelho que se destacam pelo potencial que revelam em produzir valor acrescentado, ou seja, que conseguem, com populações escolares socialmente semelhantes, fazer com que os seus alunos obtenham melhores resultados nas provas nacionais e (iii) identificar as variáveis organizacionais que sustentarão esse bom desempenho das escolas em causa. Faz-se uso de uma metodologia multimétodo, ao combinar-se uma abordagem extensiva com outra de caráter intensivo. Para a consecução da vertente extensiva da pesquisa (que recobre a consecução dos dois primeiros objetivos), partimos de duas bases de dados cedidas pela Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), respeitantes aos anos letivos de 2009/10 e de 2014/15, ao 4º e ao 6º ano de escolaridade. Para além da informação relativa às classificações obtidas pelos alunos, as bases de dados incluem, para cada aluno que realizou as provas, o sexo, idade e naturalidade e em relação a cada um dos seus progenitores, o nível de escolaridade atingido e a naturalidade. Assente na análise extensiva da informação concelhia, e tendo em consideração o perfil social dos alunos que prestaram as provas nacionais, foram selecionadas duas escolas básicas de Almada (uma com o 1º ciclo e outra com o 2º ciclo) que obtiveram resultados acima do expectável, no ano letivo de 2014/15. Esta etapa do trabalho consubstanciou a vertente intensiva do estudo que se traduziu na realização de dois estudos de caso comparativos (um em cada ciclo de escolaridade). Para cada uma das escolas com desempenho acima do expectável, foi encontrada uma outra que pudesse servir de comparação pertinente, isto é, que se enquadrasse no perfil de escola de controlo, de modo a ser pertinente confrontar as dinâmicas organizacionais v

de cada uma delas e identificar os aspetos em que se diferenciam. Em cada uma das quatro escolas, foram mobilizadas diversas técnicas de recolha de dados (tanto quantitativos como qualitativos), que incluíram dados de natureza estatística, para caracterizar de forma mais detalhada o sucesso em cada escola (e das suas turmas), a análise de documentos enquadradores da escola e a realização de entrevistas semidiretivas a diversos atores escolares que ocupavam funções de relevo em 2014/15. Como principais conclusões, destacam-se as seguintes: 1. Em ambos os anos letivos (2009/10 e 2014/15) e em ambos os ciclos de escolaridade (1º e 2º) foi possível localizar escolas cujo desempenho é acima do expectável, ou seja, que surpreendem pelos seus bons resultados, dadas as suas condições de partida, avaliadas, neste caso, pelo perfil sociocultural dos alunos que realizaram as provas nacionais; 2. Apesar de os resultados concelhios serem inferiores aos obtidos a nível nacional, a análise da evolução entre os anos letivos de 2009-10 e de 2014-15 permite constatar que, em todos os casos (diferentes anos de escolaridade e diferentes disciplinas), o agravamento dos resultados seguiu um ritmo menos intenso no concelho, tendo mesmo sido positiva a evolução, em contraciclo, no caso do Português no 4º ano de escolaridade; 3. A par de alguma reconfiguração da rede em termos da sua organização e integração/exclusão de unidades orgânicas, este início da década foi marcado, sobretudo, por um acréscimo da diferenciação social entre as escolas do concelho, que se traduziu na maior elitização de algumas e maior guetização de outras. Como consequência, as classificações das escolas com populações mais desfavorecidas socialmente ficaram mais distantes da média concelhia; 4. Na análise da evolução dos resultados, as escolas com populações socialmente mais heterogéneas revelaram particularidades importantes, sobretudo ao nível do 1º ciclo de escolaridade: para ambas as disciplinas em estudo, revelaram ter vantagens competitivas face às restantes escolas na medida em que foram capazes de, simultaneamente, ser mais resistentes à tendência global de agravamento das médias e ter maior capacidade de as melhorar, quando a mudança global foi nesse sentido; 5. As escolas que fazem melhor revelaram desenvolver um conjunto de especificidades, face às escolas de controlo: i) a auto atribuição de uma missão relevante na promoção do sucesso escolar e visão alargada do mesmo ao abranger vi

todos os alunos; ii) o desenvolvimento de ações concertadas e coordenadas entre todos os intervenientes do processo educativo (rede educativa) no sentido de colmatar as dificuldades de aprendizagem que vão surgindo por parte dos alunos: iii) a existência de um intenso trabalho colaborativo entre os docentes que passa pela concertação de estratégias entre os professores do mesmo ano e a articulação com os de anos de escolaridade seguintes, iv) o envolvimento das famílias na resolução de conflitos ou no apoio de consolidação de estratégias para a mobilização do trabalho escolar e v) a relevância da participação da escola em projetos locais, nacionais ou internacionais, ao contribuir para o acréscimo de motivação dos alunos e das suas competências. A partir do diagnóstico realizado neste estudo, realizam-se propostas de intervenção a aplicar no âmbito das competências e missão do Município, que visam a melhoria dos resultados escolares/educativos. Em primeiro lugar, dar continuidade a instrumentos de monitorização sobre a diversidade social na rede escolar e a sua relação com os resultados educativos, a partir de estudos desta natureza. Em segundo lugar, criar mecanismos de regulação no recrutamento de públicos por parte das escolas e agrupamentos de escola. Isso beneficiaria também uma reflexão sobre as escolas e os seus territórios e, ainda, sobre as lógicas de procura por parte das famílias do concelho. Procurar-se-ia contribuir, ainda, para o acréscimo de escolas socialmente heterogéneas, de modo a evitar o agravamento da elitização de algumas escolas e concomitante guetização de outras. Em terceiro lugar, a diversidade social e cultural, desde que com projetos educativos adequados, pode promover o sucesso educativo, nomeadamente se forem apoiados projetos das escolas que remetam para o apoio atento e continuado dos alunos com dificuldades educativas e económicas; ou, no caso de escolas que já têm um trabalho a decorrer com este tipo de preocupações, permitir a manutenção de projetos propostos pelas escolas. Estes projetos podem ser mais valorizados e reconhecidos se fundamentarem em que medida poderão produzir efeitos nos resultados escolares. Em quarto lugar, criar um prémio para escolas que fazem melhor, ou seja, que produzem valor acrescentado no sucesso educativo, tendo em conta o perfil social e escolar dos alunos que recebe. Esta atribuição implica prosseguir nos instrumentos de diagnóstico, acompanhando a evolução anual das escolas do concelho. vii

viii

Índice Índice de quadros... xi Índice de figuras...xii Índice de Anexos... xiii Glossário... xiv 1. Introdução... 1 1.1. Objetivos... 1 1.2. Metodologia... 2 1.3. Apresentação do relatório... 8 2. Os resultados das escolas do concelho de Almada no 4º e 6º ano: evolução de 2009/10 para 2014/15... 11 2.1. Análise global dos resultados: Almada face ao país e à AML... 11 2.2. As escolas do 1º ciclo (4º ano)... 17 2.2.1. Rede escolar e alunos... 17 2.2.2. Composição social e desempenho escolar... 20 2.2.3. Análise dos resultados por clusters de escolas... 24 2.3. As escolas do 2º ciclo (6º ano)... 37 2.3.1. Rede escolar e alunos... 37 2.3.2. Composição social e desempenho escolar... 39 2.3.3. Análise dos resultados por cluster de escolas... 42 3. A produção do sucesso em escolas do 1º ciclo: estudo comparativo... 53 3.1. As escolas envolvidas no estudo... 53 3.2. Fazer a diferença em escolas de 1º ciclo... 61 3.2.1. Missão educativa: a escola como agente ativo na promoção do sucesso para todos/as... 61 3.2.2. Trabalho docente: cooperação enquanto prática generalizada e transversal... 66 3.2.3. Estratégias pedagógicas: diferenciação, coadjuvação docente e envolvimento dos alunos... 69 3.2.4. Relação da escola com as famílias e a comunidade: diálogo e participação em projetos... 74 4. A produção do sucesso em escolas do 2º ciclo: estudo comparativo... 85 4.1. As escolas envolvidas no estudo... 85 4.2. Fazer a diferença em escolas de 2º ciclo... 91 ix

4.2.1. Missão educativa: escola integradora e com papel ativo na promoção do sucesso educativo... 91 4.2.2. Trabalho docente: dinâmicas colaborativas informais entre docentes e papel ativo das lideranças escolares... 98 4.2.3. Estratégias pedagógicas: práticas de enriquecimento/adaptação curricular e envolvimento afetuoso com os alunos... 103 4.2.4. Relação da escola com as famílias e a comunidade: participação em projetos locais e uso de estratégias de envolvimento das famílias... 111 5. Conclusões e Recomendações... 117 Referências... 123 Anexos... 125 x

Índice de quadros Quadro 1.1. Características das bases de dados... 4 Quadro 2.1. Rede escolar do 1º ciclo no concelho de Almada, 2009/10 e 2014/15... 18 Quadro 2.2. Caracterização escolar e social dos alunos matriculados nas escolas no concelho de Almada, 4º ano, 2009/10 e 2014/15 (%)... 19 Quadro 2.3. Escolas de 4º ano do concelho de Almada em 2009/10, por cluster de pertença... 26 Quadro 2.4. Escolas de 4º ano do concelho de Almada em 2014/15, por cluster de pertença... 29 Quadro 2.5. Classificações médias obtidas nas provas nacionais de Português, Matemática e total pelos clusters de escolas do concelho de Almada, 4º ano, 2009/10 e 2014/15... 30 Quadro 2.6. Ordenação das escolas do 4º ano no concelho de Almada por cluster de pertença, de acordo com a diferença entre a média obtida nas provas nacionais e a média do cluster respetivo, 2009/10... 31 Quadro 2.7. Ordenação das escolas do 4º ano no concelho de Almada por cluster de pertença, de acordo com a diferença entre a média obtida nas provas nacionais e a média do cluster respetivo, 2014/15... 32 Quadro 2.8. Evolução dos resultados obtidos nas provas nacionais de Português das escolas do 4º ano (2009/10 e 2014/15) (escolas ordenadas por amplitude de variação, do sentido positivo para o negativo)... 34 Quadro 2.9. Evolução dos resultados obtidos nas provas nacionais de Matemática das escolas do 4º ano (2009/10 e 2014/15) (escolas ordenadas por amplitude de variação, do sentido positivo para o negativo). 35 Quadro 2.10. Rede escolar do 2º ciclo no concelho de Almada, 2009/10 e 2014/15... 37 Quadro 2.11. Caracterização escolar e social (%) dos alunos matriculados nas escolas no concelho de Almada, 6º ano, 2009/10 e 2014/15... 38 Quadro 2.12. Escolas de 6º ano do concelho de Almada em 2009/10, por cluster de pertença... 44 Quadro 2.13. Escolas de 6º ano do concelho de Almada em 2014/15, por cluster de pertença... 46 Quadro 2.14. Classificações médias obtidas nas provas nacionais de Português, Matemática e total pelos clusters de escolas do concelho de Almada, 6º ano, 2009/10 e 2014/15... 47 Quadro 2.15. Ordenação das escolas do 6º ano no concelho de Almada por cluster de pertença, de acordo com a diferença entre a média obtida nas provas nacionais e a média do cluster respetivo, 2009/10... 48 Quadro 2.16. Ordenação das escolas do 6º ano no concelho de Almada por cluster de pertença, de acordo com a diferença entre a média obtida nas provas nacionais e a média do cluster respetivo, 2014/15... 48 Quadro 2.17. Evolução dos resultados obtidos nas provas nacionais de Português das escolas do 6º ano (2009/10 e 2014/15)... 50 Quadro 2.18. Evolução dos resultados obtidos nas provas nacionais de Matemática das escolas do 6º ano (2009/10 e 2014/15)... 51 xi

Quadro 3.1. Dimensão e recursos das escolas Verde (estudo) e Cinza (controlo), 4º ano... 55 Quadro 3.2. Projetos e iniciativas externas dirigidas ao 1º ciclo da Escola Verde, por âmbito, áreas de atuação e público-alvo (2014/15)... 81 Quadro 4.1. Dimensão e recursos das escolas Verde (estudo) e Cinza (controlo), 6º ano... 86 Índice de figuras Figura 1.1. Dados recolhidos no âmbito dos estudos de caso intensivos... 5 Figura 1.2. Eixos de análise: dimensões e fatores organizacionais preditores do (in)sucesso escolar... 8 Figura 2.1. Estrutura de qualificações da população residente (25-64 anos de idade) em Portugal, AML e concelho de Almada, por nível de escolaridade completo (%), 2011... 11 Figura 2.2. Naturalidade da população residente (25-64 anos) em Portugal, AML e concelho de Almada (%), 2011... 12 Figura 2.3. Taxa de retenção e desistência no 1º e 2º ciclo do E. Básico, Portugal, AML e concelho de Almada (%), 2009/10 e 2014/15... 13 Figura 2.4. Resultados médios nas provas nacionais do 4º ano na AML e no concelho de Almada, 2009/10 e 2014/15... 14 Figura 2.5. Resultados médios nas provas nacionais do 6º ano em Portugal, AML e concelho de Almada, 2009/10 e 2014/15... 15 Figura 2.6. Diagrama de extremos e quartis: pais com ensino superior (%) nas escolas de Almada, 4º ano, 2009/10 e 2014/15... 22 Figura 2.7. Diagrama de extremos e quartis: classificações médias nas provas nacionais nas escolas de Almada, 4º ano, 2009/10 e 2014/15... 23 Figura 2.8. Classificações médias obtidas no 4º ano em provas nacionais pelas escolas do concelho de Almada, de acordo com a proporção de pais com ensino superior (%), por clusters, 2009/10... 25 Figura 2.9. Classificações médias obtidas no 4º ano em provas nacionais pelas escolas do concelho de Almada, de acordo com a proporção de pais com ensino superior (%), por clusters de escolas, 2014/15... 28 Figura 2.10. Distribuição dos pais com ensino superior pelas escolas de Almada, 6º ano, 2009/10 e 2014/15 (%)... 40 Figura 2.11. Distribuição das classificações médias nas provas nacionais pelas escolas de Almada, 6º ano, 2009/10 e 2014/15... 41 Figura 2.12. Classificações médias obtidas no 6º ano em provas nacionais pelas escolas do concelho de Almada, de acordo com a proporção de pais com ensino superior (%), por clusters, 2009/10... 43 xii

Figura 2.13. Classificações médias obtidas no 6º ano em provas nacionais pelas escolas do concelho de Almada, de acordo com a proporção de pais com ensino superior (%), por clusters de escolas, 2014/15... 45 Figura 3.1. Perfil sociocultural dos alunos do 4º ano na Escola Verde e na Escola Cinza (2009/10 e 2014/15).. 56 Figura 3.2. Diferença entre os resultados médios obtidos pelas escolas selecionadas e os resultados médios obtidos pelo respetivo cluster, 4º ano, 2009/10 e 2014/15... 57 Figura 3.3. Resultados médios obtidos nas provas nacionais de Português, Matemática e total pelas escolas selecionadas, 4º ano, 2009/10 e 2014/15... 57 Figura 3.4. Evolução dos resultados médios nas provas externas, Escola Verde (estudo) e Cinza (controlo), 4º ano... 58 Figura 3.5. Taxas de aprovação por turma ao longo do 1º ciclo nas escolas estudadas (%), 2011/12 a 2014/15... 59 Figura 4.1. Perfil sociocultural dos alunos do 6º ano na Escola Verde e na escola Cinza (2009/10 e 2014/15).. 87 Figura 4.2. Diferença entre os resultados médios obtidos pelas escolas selecionadas e os resultados médios obtidos pelo respetivo cluster, 6º ano, 2009/10 e 2014/15... 88 Figura 4.3. Resultados médios obtidos nas provas nacionais de Português, Matemática e total pelas escolas selecionadas, 6º ano, 2009/10 e 2014/15... 89 Figura 4.4. Evolução dos resultados nas provas externas, Escola Verde (estudo) e Cinza (controlo), 6º ano... 89 Figura 4.5. Taxas de aprovação por turma ao longo do 2º ciclo nas escolas estudadas (%), 2013/14 e 2014/15... 90 Índice de Anexos Anexo A. Composição atual da rede escolar pública do concelho de Almada. 125 Anexo B. Resultados médios nas provas nacionais e composição social dos agrupamentos de escolas do concelho de Almada, por escola, 2009/10 e 2014/15, 4º ano 126 Anexo C. Resultados médios nas provas nacionais e composição social dos agrupamentos de escolas do concelho de Almada, por escola, 2009/10 e 2014/15, 6º ano... 128 Anexo D. Caracterização dos/as entrevistados/as nas escolas selecionadas (4º e 6º ano) 129 Anexo E. Guião-tipo de entrevista (4º e 6º ano). 130 xiii

Glossário AE Agrupamento de Escolas AML Área Metropolitana de Lisboa DGEEC Direção Geral de Estatísticas de Educação e Ciência DT Diretor/a de turma EB Escola Básica EBI Escola Básica Integrada PALOP Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa PI Projeto de Intervenção PM Plano de Melhoria PE Projeto Educativo PDC Plano de Desenvolvimento Curricular xiv

1. Introdução 1.1. Objetivos A presente pesquisa consiste na elaboração de um diagnóstico da evolução dos resultados obtidos pelas escolas do 1º e do 2º ciclo do ensino básico concelho de Almada nas provas nacionais e das condições organizacionais que favorecem o bom desempenho escolar do concelho para, a partir do mesmo, dar um contributo para a definição de estratégias de intervenção da autarquia, no quadro das suas atribuições no domínio educativo. Presidiram à realização da investigação três objetivos principais: i) avaliar a evolução dos resultados obtidos pelas escolas do concelho de Almada na avaliação externa, a partir dos que foram obtidos nos anos letivos de 2009/10 e 2014/15 em provas nacionais do 4º e 6º ano de escolaridade, tendo em conta o perfil social dos alunos; ii) conhecer as escolas do concelho que se destacam pelo potencial que revelam em produzir valor acrescentado, ou seja, que conseguem, com populações escolares socialmente semelhantes, fazer com que os seus alunos obtenham melhores resultados nas provas nacionais e iii) identificar as variáveis organizacionais que sustentarão o bom desempenho destas escolas. Uma análise contextualizada dos resultados das escolas permite reduzir a injustiça de compararmos o incomparável, de penalizarmos escolas que desenvolvem esforços efetivos de melhoria dos seus resultados escolares e que, tendo em conta as dificuldades acrescidas da sua população em ter êxito escolar, não veem esse trabalho reconhecido nos tradicionais rankings de escolas. Tendo tido acesso ao perfil socio cultural de cada um dos alunos matriculados nos estabelecimentos públicos de ensino do concelho de Almada, foi possível proceder a esta ponderação do contexto social das escolas na análise dos seus resultados, numa tentativa de se proceder a uma avaliação mais ajustada do desempenho das escolas do concelho. De facto, o conhecimento científico produzido em torno do desempenho escolar tem revelado a forma como este se entrecruza com uma constelação muito diversificada de dimensões e variáveis (Seabra, 2010) e tem sido inequivocamente confirmada, desde os anos sessenta do século passado (Bourdieu e Passeron, 1964; Coleman, 1966) a relevância das condições sociais das famílias na diferenciação dos resultados. Por outro lado, os estudos sobre o efeito-escola raramente têm em conta este perfil social das populações escolares, como salienta Thrupp (1999), num falso pressuposto de que os 1

fatores de desigualdade estrutural podem ser simplesmente anulados. Na presente pesquisa, o estudo deste efeito assenta num controlo prévio dos contextos sociais, comparando tanto os resultados obtidos pelas escolas como o perfil social mesmas. O estudo pretende verificar se existem diferentes dinâmicas entre os estabelecimentos escolares em análise, que se constituam como condições explicativas na produção de maiores ou menores graus de (in)sucesso. As diferenças dizem respeito à forma como as escolas de Almada se organizam, planeiam o dia-a-dia, definem estratégias, interagem com a envolvência e vivem uma cultura de escola particular. Uma pesquisa recente que teve o propósito de isolar o efeito das variáveis escolares nos resultados obtidos pelos alunos da Área Metropolitana de Lisboa nas provas de aferição do 4º e 6º ano em três anos consecutivos (entre 2008/09 e 2010/11) (Seabra e outros, 2014) conseguiu identificar, como tinha ocorrido em trabalho anterior (Seabra e outros, 2010), escolas que obtinham resultados nestas provas nacionais muito semelhantes, tendo alunos com perfil social dissemelhante ou escolas que tendo alunos com perfil social semelhante tinham resultados diferenciados e, simultaneamente, permitiu conhecer algumas das variáveis organizacionais com potencial para produzir valor acrescentado. A presente pesquisa constitui uma oportunidade para robustecer ou enfraquecer as conclusões dos estudos precedentes e, eventualmente, detetar novos domínios organizacionais nevrálgicos na produção do sucesso escolar. 1.2. Metodologia A pesquisa usa uma metodologia multimétodo na medida em que combina uma abordagem extensiva com outra de caráter intensivo. Num primeiro momento, foi realizada a análise dos resultados de todas as escolas do 1º e 2º ciclos do concelho de Almada nas provas nacionais e do perfil socio cultural dos respetivos alunos. No passo seguinte, foram identificadas escolas com desempenho acima do expectável, sendo realizados dois estudos de caso comparativos (um em escolas do 1º ciclo e outro em escolas do 2º ciclo). Para a consecução da vertente extensiva da pesquisa, partimos de duas bases de dados cedidas pela Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), respeitantes aos anos letivos de 2009/10 e de 2014/15, ao 4º e ao 6º ano de escolaridade. Ambas contêm os dados de caracterização socio cultural de cada aluno (o nível de escolaridade atingido por cada um dos progenitores, a naturalidade de cada um dos progenitores, a naturalidade do próprio aluno, o sexo e a idade) e os resultados nas provas nacionais dos alunos 2

matriculados no ensino básico (geral e ensino artístico especializado), em todas as escolas do concelho de Almada. A partir destas bases de dados, foram construídos os dois indicadores de caracterização socio cultural que mais recorrentemente utilizámos ao longo deste texto na análise dos resultados das escolas no concelho de Almada. Com a escolaridade de cada um dos progenitores dos alunos, foi criada a variável escolaridade da família. Para tal, mobilizámos o critério da preponderância da qualificação escolar mais elevada de entre ambos os progenitores (Seabra e outros, 2016). Além do capital escolar presente nas famílias, considerámos ainda as naturalidades do pai e da mãe dos alunos, através das quais foi criado o indicador origem nacional. Na senda de Seabra e outros (2014), foram considerados como tendo origem imigrante todos os alunos em que pelo menos um progenitor tenha naturalidade estrangeira e como tendo origem autóctone todos os alunos em que ambos os progenitores tenham naturalidade portuguesa. A nacionalidade foi utilizada para destrinçar e retirar da análise os descendentes de retornados e de emigrantes. Inserem-se nesta categoria os alunos em que pelo menos um progenitor tenha nascido em Angola ou Moçambique e o outro progenitor tenha nascido em Portugal e em que a nacionalidade do pai, da mãe e do próprio aluno seja portuguesa. Procedeu-se ainda a uma divisão da categoria origem imigrante em duas subcategorias: considera-se que um aluno de origem imigrante tem origem PALOP caso ambos os pais tenham nascido nos PALOP, e que tem outras origens nos restantes casos. A dimensão dos dados com que trabalhámos está expressa no Quadro 1.1. e nele podemos ver que, de 2009/10 para 2014/15, em Almada diminuiu a população escolar do 4º ano. Pelo contrário, neste período temporal, o 6º ano assistiu a um crescimento do número de matriculados no concelho, ao mesmo tempo que foi inaugurada uma nova escola de 2º ciclo. Esta evolução acompanha a tendência nacional ao nível do 1º ciclo, mas no 2º ciclo Almada evolui em sentido contrário face ao resto do país, onde se regista uma queda do número de alunos matriculados 1. 1 Ver Alunos matriculados, em ofertas de educação e formação orientadas para jovens, por nível de ensino e ciclo de estudos, em Portugal (2000/01 a 2015/16), DGEEC/MEC Indicadores gerais de educação. Disponível aqui. 3

Quadro 1.1. Características das bases de dados Base 2009/10 Base 2014/15 4º ano Nº de alunos 1.652 1.592 Nº de escolas 39 32 * 6º ano Nº de alunos 1.795 1.843 Nº de escolas 12 13 Nível de desagregação das classificações nas provas nacionais Aluno a aluno (provas de aferição) Média da escola (exames nacionais) Nota: *Não estão incluídas nesta contagem as escolas Vale Rosal, Marco Cabaço, Vale de Figueira nº 2, EB Carlos Gargaté, EB Louro Artur, EB Feijó nº 1 e Presidente Maria Emília, por estarem ausentes da base de dados de 2014/15 cedida pela DGEEC. A partir dos indicadores já referidos, realizámos uma análise descritiva e multivariada dos mesmos. Por um lado, foi analisada a dispersão da escolaridade dos pais dos alunos e das classificações obtidas entre as escolas do concelho, com o intuito de desvendar tendências de concentração/dispersão da população estudantil em estabelecimentos com diversos perfis socioeducativos e a evolução destas tendências entre os dois anos letivos no 4º e no 6º ano. Por fim, foi aplicado um método multivariado de agrupamento estatístico análise de clusters de escolas cujo propósito foi identificar escolas de 1º e 2º ciclo com perfis socioculturais semelhantes (de acordo com os indicadores de caracterização já referidos) de forma a estabelecer comparações justas dos resultados obtidos nas provas nacionais, entre si e diacronicamente 2. Assente na análise extensiva da informação concelhia, e tendo em consideração o perfil social dos alunos que prestaram as provas nacionais, foram selecionadas duas escolas básicas de Almada (uma com o 1º ciclo e outra com o 2º ciclo) que obtiveram resultados acima do expectável, no ano letivo de 2014/15. Para cada uma destas escolas foi encontrada uma outra que pudesse servir de comparação adequada, isto é, que se enquadrasse no perfil de escola de controlo, de modo a ser pertinente confrontar as dinâmicas organizacionais de cada uma delas e identificar os aspetos em que se diferenciam. As escolas de controlo correspondem a situações em que, para populações 2 Foram realizados diversos ensaios estatísticos, recorrendo à aplicação de métodos de agrupamento hierárquicos (Ward) e não-hierárquicos (k médias). Após comparação dos resultados obtidos em cada um deles, optámos pelas soluções produzidas pelo k médias, por retratarem melhor a diversidade da rede escolar do concelho de Almada. 4

escolares socialmente mais favorecidas, os resultados médios obtidos nas provas finais são menores ou semelhantes aos das escolas em estudo. As duas escolas que foram objeto de estudo no 4º e no 6º ano, pelo seu bom desempenho, foram designadas por Escola Verde. As duas escolas de controlo foram designadas por Escola Cinza, uma no 4º ano e outra no 6º ano. Deste modo, nesta vertente intensiva da pesquisa, foram realizados estudos de caso comparativos (um para cada ciclo de escolaridade) e, em cada uma das escolas foram recolhidos dados com o propósito de ser reconstituída, o mais rigorosamente possível, a situação vivida pelas escolas, à data de 2014/15, momento que serviu de referência ao estudo. Para tal, foram mobilizadas diversas técnicas de recolha de dados junto das escolas. A Figura 1.1. mostra que foram recolhidos dados de cariz quantitativo e qualitativo. Os dados quantitativos permitiram-nos caracterizar de forma mais detalhada o sucesso em cada escola, e no interior das turmas através, por exemplo, do aproveitamento às disciplinas de Português e Matemática, da evolução das taxas de retenção e desistência e da evolução das classificações médias nas provas externas. Dados quantitativos Dados qualitativos Por escola Por turma Análise documental Entrevistas semidiretivas Evolução nas provas nacionais (09/10 a 14/15) Taxas de aprovação ao longo do ciclo Projeto Educativo Diretores/as de Agrupamento Plano e Relatório Anual de Atividades Pres. do Conselho Geral Relatório de Avaliação Externa Coord. de escola Plano de Melhoria (TEIP) Projeto de Intervenção (TEIP) Coord. Diretores de Turma (6º ano) Prof. titulares (4º ano) e D.T.'s (6º ano) Pres. da Assosiação Pais Figura 1.1. Dados recolhidos no âmbito dos estudos de caso intensivos 5

Os dados qualitativos subdividem-se em dois tipos: análise documental e entrevistas semidiretivas. Foi realizada análise documental a uma bateria de documentos oficiais das escolas, cedidos a pedido da equipa de investigação (alguns já disponíveis nos respetivos websites para consulta pública). Esta análise permitiu sobretudo descortinar as políticas e orientações que estão oficialmente inscritas nos projetos de agrupamento nomeadamente aquelas que dizem respeito à promoção do sucesso escolar. Foram ainda realizadas entrevistas semidiretivas a diversos atores escolares que ocupavam cargos de relevo nas escolas selecionadas em 2014/15. Foram selecionados para entrevista indivíduos que tivessem ocupado cargos de liderança nos agrupamentos em questão (diretor/a e presidente do conselho geral), cargos de gestão intermédia (coordenadores de estabelecimento, coordenadores de diretores de turma), professores das turmas que realizaram exame nacional em 2014/15 (titulares de turma no 4º ano e diretores de turma no 6º ano), e presidentes das associações de pais. Previa-se a realização de trinta e duas entrevistas, mas por diversas razões inesperadas (indisponibilidade dos/as entrevistados/as por saída do país ou mudança de agrupamento) realizaram-se vinte e seis 3. O guião-tipo construído para conduzir as entrevistas foi organizado de acordo com três eixos centrais de análise: missão educativa e lideranças, práticas pedagógicas e enquadramento na comunidade (Figura 1.2.) 4. Estas dimensões foram estabelecidas com base nos resultados de estudos anteriores, nacionais e internacionais, que também se debruçaram sobre o efeito-escola na produção do sucesso escolar (nomeadamente, os produzidos no quadro da OCDE, 2012). Neste âmbito, destaca-se o estudo de Seabra e outros (2014) sobre o sucesso escolar dos alunos descendentes de imigrantes na AML, onde se descobriu que, no 1º e 2º ciclos do ensino básico, os três fatores que mais sobressaem na análise como potenciadores de dinâmicas internas propícias ao sucesso escolar são a interação entre os docentes, o apoio continuado aos alunos com dificuldades e a participação de todos os envolvidos no desenvolvimento da ação educativa (alunos e famílias) (Ibid., ibidem: 115-116). Estes aspetos encontram-se contemplados na dimensão práticas pedagógicas que engloba as modalidades de articulação docente, as estratégias pedagógicas desenvolvidas e o envolvimento dos alunos nas aprendizagens e na dimensão enquadramento na 3 Ver Anexo H para a caracterização detalhada dos/as entrevistados/as. 4 O guião-tipo pode ser consultado no Anexo E. 6

comunidade que inclui o envolvimento do exterior nas dinâmicas escolares, nomeadamente da família e das instituições comunitárias e locais (Figura 1.2.). Alguma literatura internacional tem ainda sublinhado a importância das lideranças escolares na promoção de uma cultura colaborativa e orientada para a consecução de objetivos (Pont, Nusche e Moorman, 2008). O estudo multimétodo de Day e outros (2009) no Reino Unido demonstrou que uma das qualidades das escolas em processo de melhoria de resultados é precisamente a disseminação alargada por parte da direção de uma missão educativa na escola/agrupamento, acompanhada de um esforço de descentralização das tomadas de decisões com o objetivo de tornar claro quais são as prioridades na construção do projeto educativo aquilo a que os autores chamam uma liderança estratificada (layered leadership) (Ibid., ibidem: 183). Incluímos este fator na dimensão missão educativa e lideranças, onde se consideram as orientações e política de agrupamento, bem como o papel das lideranças intermédias na construção de um sentido de ação comum (Figura 1.2.). Por fim, as perceções que circulam entre os agentes educativos acerca das origens do insucesso escolar são também um fator de peso na definição do tipo de ação educativa que desenvolvem. Gibson e Dembo (1984) sugerem que a orientação dos docentes para a promoção do sucesso está intimamente relacionada com a sua crença na capacidade intrínseca de todos os alunos aprenderem. Por oposição, um posicionamento cético em relação à eficácia da ação da escola e do professor sobre os alunos com dificuldades e/ou provenientes de meios sociais desfavorecidos resulta numa postura pedagógica de desistência face ao insucesso e de externalização das suas causas. Assim, consideramos pertinente integrar as representações dos docentes acerca da eficácia da ação pedagógica para o combate ao insucesso na dimensão missão educativa e lideranças, como sendo um dos fatores preditores do sucesso. 7

Missão educativa e lideranças Práticas pedagógicas Enquadramento na comunidade Políticas de agrupamento e lideranças intermédias Representações sobre a eficácia da ação da escola na produção de sucesso Modalidades de articulação docente Estratégias pedagógicas Envolvimento dos alunos Relação com famílias e envolvimento no quotidiano escolar Participação em projetos comunitários Em Pont, Nusche e Moorman, (2008), Day e outros (2009) e Gibson e Dembo (1984) Em Seabra e outros (2014) Em Seabra e outros (2014) Figura 1.2. Eixos de análise: dimensões e fatores organizacionais preditores do (in)sucesso escolar 1.3. Apresentação do relatório O texto do relatório está organizado em três grandes blocos. O primeiro capítulo que se segue a esta introdução condensa os principais resultados da análise extensiva de estatísticas de educação. Aqui, após uma análise global dos resultados e população do concelho numa perspetiva comparada face ao resto do país e à AML, analisámos diacronicamente as escolas de 4º e 6º ano no concelho de Almada a dois níveis: i) as reconfigurações ocorridas na rede e nas características dos seus alunos, nomeadamente no que respeita à evolução dos processos de segmentação social associados a um aumento da competitividade escolar (provas nacionais); ii) a evolução da composição social das escolas do concelho e dos respetivos resultados escolares. Neste ponto, exploramos o poder que escolas de Almada com diferentes composições sociais têm para intervir no desempenho dos seus alunos no 4º e no 6º ano. 8

No segundo e terceiro capítulos, debruçamo-nos sobre a componente intensiva da pesquisa realizada, que consiste nos estudos de caso comparados realizados em escolas do 4º e do 6º ano do concelho. Estas escolas foram selecionadas a partir da informação recolhida na vertente extensiva do trabalho. Para cada ano de escolaridade, começamos por efetuar uma apresentação das características socio culturais dos alunos das escolas selecionadas, bem como dos seus resultados internos. De seguida, passaremos à análise dos fatores escolares que estão na origem dos seus bons desempenhos médios. Por se terem revelado as dimensões organizacionais mais contrastantes entre as escolas comparadas, a apresentação dos resultados foi organizada em torno quatro grandes subpontos: a missão educativa, o trabalho docente, as estratégias pedagógicas e a relação da escola com a família. Por fim, apresentamos as grandes conclusões que sobressaem das análises realizadas aos diferentes níveis (abordagem extensiva e intensiva). Estas vêm acompanhadas por um conjunto de recomendações que visam potenciar a atuação da autarquia na promoção de políticas equitativas para o sucesso escolar, no âmbito das suas competências. 9

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2. Os resultados das escolas do concelho de Almada no 4º e 6º ano: evolução de 2009/10 para 2014/15 2.1. Análise global dos resultados: Almada face ao país e à AML Estrutura de qualificações e background migratório da população Através dos dados dos Censos populacionais mais recentes disponíveis (INE, 2011), é possível caracterizar a população residente no concelho de Almada de acordo com os indicadores que, na literatura científica, têm surgido mais intensamente relacionados com o desempenho escolar: o nível de escolaridade das famílias e a origem nacional (Seabra, 2010). Podemos ainda analisar estes dados de forma relativa, fazendo uma comparação não só com os valores observados no resto do país, mas também em toda a Área Metropolitana de Lisboa (AML). A Figura 2.1. permite-nos observar a estrutura de qualificações da população entre os 25 e os 64 anos, i.e., dentro dos grupos etários que poderão ter filhos em idade de frequência da escolaridade obrigatória. Almada tem uma população mais qualificada do que o resto do país, mas ligeiramente menos qualificada do que a AML visível na proporção de pessoas com ensino superior e de pessoas com apenas o 1º ciclo do ensino básico. 100% 80% 60% 18,6 17,4 25,5 23,7 22,9 22,4 40% 20% 59,4 47,9 50,1 0% 4,6 3,7 3,8 Portugal AML Almada (concelho) Sem escolaridade E. Básico E. Secundário E. Superior Figura 2.1. Estrutura de qualificações da população residente (25-64 anos de idade) em Portugal, AML e concelho de Almada, por nível de escolaridade completo (%), 2011 Nota: Pop. residente em Portugal (N=5.768.365); Pop. residente na AML (N=1.575.110); Pop. residente em Almada (N=93.759). Fonte: INE (2011), Censos da população. Cálculos próprios. 11

Quanto às origens nacionais da população, podemos observar na Figura 2.2. a naturalidade dos residentes com idade entre os 25 e os 64 anos. É notório que existem em Almada mais pessoas com naturalidade estrangeira do que no resto do país, ainda que ligeiramente menos face à AML. Quer em Almada, quer na AML, a população natural dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) representa cerca do dobro face ao resto do país. Em 2011, o peso dos residentes naturais do Brasil era ligeiramente maior em Almada do que no resto da AML sabemos, no entanto, que desde 2013 os fluxos migratórios do Brasil para Portugal sofreram uma desaceleração, fruto da crise económica (SEF, 2016), o que deve ter afetado particularmente Almada, dada a importância numérica desta população no concelho. 100 80 89,0 81,8 82,9 60 % 40 20 0 18,2 17,1 11,0 10,1 9,5 4,7 1,7 3,4 3,9 Portugal Outra Outra (PALOP) Outra (Brasil) Portugal Área Metropolitana de Lisboa Almada (concelho) Figura 2.2. Naturalidade da população residente (25-64 anos) em Portugal, AML e concelho de Almada (%), 2011 Nota: Pop. residente em Portugal (N=5.832.470); Pop. residente na AML (N=1.575.110); Pop. residente em Almada (N=95.055). Fonte: INE (2011), Censos da população. Cálculos próprios. Em suma, o concelho de Almada demonstra ter uma população residente cujos níveis de escolaridade não se distanciam muito do país e da AML. É ainda visível que o peso dos residentes nascidos noutros países é maior em Almada e na AML, com destaque para as populações originárias dos PALOP e do Brasil. 12

Resultados escolares no 1º e 2º ciclos Após analisar a composição socioeducativa do concelho de Almada, vale a pena estudar os resultados escolares do concelho também numa perspetiva comparativa, face ao país e à AML. A Figura 2.3. representa a taxa de retenção e desistência em 2009/10 e 2014/15. No 1º ciclo, vemos que, apesar de Almada apresentar taxas mais elevadas, o seu aumento entre os dois anos letivos não foi tão intenso quanto no resto do país e foi, por outro lado, igual ao crescimento registado na AML. No entanto, ao nível do 2º ciclo, Almada aumenta bastante as suas taxas de retenção, ao passo que em Portugal estas aumentam ligeiramente e na AML parecem estagnar. 20 % 16 12 8 4 3,5 5,0 5,3 4,1 4,1 4,3 7,5 10,3 10,8 8,6 10,8 12,8 0 09/10 14/15 09/10 14/15 1º ciclo 2º ciclo Portugal AML Almada (concelho) Figura 2.3. Taxa de retenção e desistência no 1º e 2º ciclo do E. Básico, Portugal, AML e concelho de Almada (%), 2009/10 e 2014/15 Fontes: DGEEC (2016) e GEPE (2011), Regiões em Números. Quanto aos resultados obtidos nas provas nacionais, as Figuras 2.4. e 2.5. permitem-nos observar a evolução das classificações médias obtidas em Almada e Portugal nos mesmos anos letivos (2009/10 e 2014/15), no 4º e no 6º ano. No que respeita ao 4º ano (Figura 2.4.), a média total obtida pelas escolas do concelho de Almada aproximou-se da média nacional em 2014/15, apesar de ter descido face a si própria mantendo, no entanto, valores positivos. Vemos que esta aproximação se deve sobretudo ao aumento da média na prova de Português, em contratendência face à 13

Provas nacionais (média) evolução negativa registada no resto do país. Na prova de Matemática, Almada mantémse também abaixo da média nacional, tendo descido face a 2009/10 na mesma proporção que o resto do país. 5 4 3,46 3,40 3,54 3,10 3,50 3,25 3 3,23 3,28 3,19 2,78 3,21 3,03 2 1 09/10 14/15 09/10 14/15 09/10 14/15 L. Portuguesa Matemática Total Portugal Almada (concelho) Figura 2.4. Resultados médios nas provas nacionais do 4º ano na AML e no concelho de Almada, 2009/10 e 2014/15 Fontes: Bases de dados DGEEC/MEC, 2009/10 e 2014/15 (dados relativos a Almada). DGE, 2015, Relatório do Júri Nacional de Exames; GAVE, 2010, Relatórios Nacionais das provas de L. Portuguesa e Matemática do 1º ciclo (dados relativos a Portugal). Nas provas nacionais do 6º ano (Figura 2.5.), Almada desce face a si própria, mas mais uma vez aproxima-se da média nacional devido à menor intensidade da quebra no concelho, face ao país ambos têm em 2014/15 classificações médias negativas, sendo que Portugal obtinha em 2009/10 uma média positiva. As escolas de Almada obtêm, nas provas de Português em 2014/15, piores classificações médias do que anteriormente, acompanhando a intensidade da queda nacional. Já nas provas de Matemática, esta descida é menos abrupta no concelho, face a Portugal ambas as classificações são negativas em 2014/15. 14

Provas nacionais (média) 5 4 3 2 3,22 3,00 3,04 3,14 2,83 2,83 2,61 2,47 3,18 2,92 2,83 2,65 1 09/10 14/15 09/10 14/15 09/10 14/15 L. Portuguesa Matemática Total Portugal Almada (concelho) Figura 2.5. Resultados médios nas provas nacionais do 6º ano em Portugal, AML e concelho de Almada, 2009/10 e 2014/15 Fontes: Bases de dados DGEEC/MEC, 2009/10 e 2014/15 (dados relativos a Almada). DGE, 2015, Relatório do Júri Nacional de Exames; GAVE, 2010, Relatórios Nacionais das provas de L. Portuguesa e Matemática do 1º ciclo (dados relativos a Portugal). Os dados analisados permitem-nos concluir que, em Almada, os níveis de sucesso escolar no 1º e 2º ciclos do ensino básico são, em média, mais baixos do que no resto do país e da AML. Apesar disto, no que respeita às classificações médias obtidas nas provas nacionais, bem como às taxas de retenção no 1º ciclo, Almada acompanha a tendência de evolução nacional. Os resultados obtidos na prova de Português do 4º ano sugerem que os elevados níveis de qualificação da população residente podem já ter começado a ter impactos positivos sobre o desempenho escolar em Almada. Ainda assim, convém salientar que a taxa de retenção e desistência no 2º ciclo tem vindo a aumentar no concelho, à revelia da tendência de estagnação na AML. 15

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2.2. As escolas do 1º ciclo (4º ano) 2.2.1. Rede escolar e alunos A rede escolar pública do 1º ciclo no concelho de Almada sofreu algumas alterações entre 2009/10 e 2014/15, visíveis no Quadro 2.1. Por um lado, duas escolas foram extintas nesse período temporal (EB Sobreda, EB Almada nº 1) e uma passou a ter 1º ciclo (EBI Alembrança). Abre uma nova escola com este nível de ensino (EB Presidente Maria Emília) e outra forma-se através da desagregação da antiga Charneca da Caparica (EB Louro Artur). Houve ainda mudanças no nome de algumas escolas. Registaram-se reconfigurações que dizem respeito aos agrupamentos de escolas (AE). Cinco agrupamentos horizontais passaram a agrupamentos verticais, através da união com uma escola secundária previamente desagrupada: - o AE Emídio Navarro (integrou o AE D. António da Costa); - o AE António Gedeão (integrou o AE Comandante Conceição e Silva); - o AE Daniel Sampaio (integrou o AE Vale Rosal); - o AE Romeu Correia (integrou o AE Alembrança) e - o AE Francisco Simões (integrou duas escolas anteriormente pertencentes ao AE Alembrança). Neste momento, os únicos AE no concelho de Almada que permanecem horizontais são Caparica, Miradouro de Alfazina, Elias Garcia, Monte da Caparica, Trafaria e Carlos Gargaté (ver Anexo A). 17

Quadro 2.1. Rede escolar do 1º ciclo no concelho de Almada, 2009/10 e 2014/15 Escolas Agrupamentos 2009/10 2014/15 2009/10 2014/15 Trafaria (a) Trafaria nº 3 Trafaria nº 1 Trafaria nº 2 (a) Elias Garcia Sobreda (a) Vale de Figueira nº 1 Fonte Santa a) Trafaria nº 1 (a) Cremilde Castro e Norvinda Silva Elias Garcia EXTINTA Miquelina Pombo Fonte Santa (a) Monte da Caparica nº 1 Monte da Caparica nº 1 Monte Caparica Pragal nº2 Miradouro de Alfazina Monte da Caparica nº 3 (a) Rogério Ribeiro Miradouro de Alfazina Monte da Caparica nº 2 Monte da Caparica nº 2 Costa de Caparica nº 1 Costa de Caparica nº 2 José Cardoso Pires Vila Nova de Caparica Almada José Cardoso Pires Vila Nova de Caparica Almada Almada nº 3 (a) Almada nº 3 Cataventos da Paz Cova da Piedade Cataventos da Paz Cova da Piedade Cova da Piedade nº 3 Cova da Piedade nº 3 Alfeite Alfeite Cova da Piedade nº 1 Cova da Piedade nº 1 Cova da Piedade nº 2 Cova da Piedade nº 2 Laranjeiro nº 3 Laranjeiro nº 3 Alfeite nº 1 Alfeite nº 1 (a) Laranjeiro nº 1 Laranjeiro nº 1 Laranjeiro nº 2 Laranjeiro nº 2 Marco Cabaço Vale Figueira nº 2 Vale Rosal Marco Cabaço (b) Vale Figueira nº 2 (b) Vale Rosal (b) N/ EXISTIA Presidente Maria Emília (b) Almada nº 1 Almada nº 2 Pragal Charneca da Caparica Chegadinho Maria Rosa Colaço EXTINTA Feliciano Oleiro Pragal Carlos Cargaté (b) Louro Artur (b) Chegadinho Maria Rosa Colaço N/ TINHA 1º CICLO Alembrança Feijó nº 1 Feijó nº 2 Vale Flores Feijó nº 1 (b) Feijó nº 2 (a) Vale Flores Trafaria Elias Garcia Monte da Caparica Miradouro de Alfazina Costa da Caparica Trafaria Elias Garcia Monte da Caparica Miradouro de Alfazina Caparica D. António Costa Emídio Navarro Comandante Conceição e Silva Professor Ruy Luís Gomes Vale Rosal Anselmo de Andrade Charneca da Caparica Alembrança António Gedeão Professor Ruy Luís Gomes Daniel Sampaio Anselmo de Andrade Carlos Gargaté Francisco Simões Romeu Correia (a) Escolas que não entraram na análise de clusters no ano letivo assinalado por terem uma percentagem de nãorespostas à escolaridade dos pais superior a 50% e/ou um número de alunos inferior a 20. (b) Escolas que não foram consideradas no ano letivo 2014/15 por estarem ausentes da base de dados cedida pela DGEEC. 18

No Quadro 2.2. vemos a evolução entre 2009/10 e 2014/15 de alguns indicadores de caracterização social e escolar dos alunos do 4º ano no concelho de Almada. Destacam-se algumas alterações importantes nas características dos alunos entre os dois anos letivos analisados: (i) Aumentou a proporção de alunos que acumulam desvios etários 5 no seu percurso escolar, até ao 4º ano: quase um terço dos alunos matriculados em 2014/15 tem pelo menos um ano de desvio face ao que seria expectável; (ii) Diminui a proporção de alunos de origem imigrante, entre os quais os PALOP e, menos expressivo, de outras origens nacionais; estes dados refletem a tendência nacional de desaceleração da imigração, especificamente dos fluxos migratórios provenientes dos PALOP e, em Almada, do Brasil; (iii) Aumentou expressivamente o número de alunos no 4º ano do concelho cujas famílias têm ensino superior e diminuiu para metade o número de pais cuja escolaridade máxima é o 2º ciclo do ensino básico. Tal evolução reflete as tendências gerais de qualificação da sociedade portuguesa nos últimos anos (Martins et al., 2016). Quadro 2.2. Caracterização escolar e social dos alunos matriculados nas escolas no concelho de Almada, 4º ano, 2009/10 e 2014/15 (%) 2009/10 2014/15 Nenhum 74,5 69,5 Desvio etário Sexo Origem Nacional Escolaridade dos pais 1 ano ou mais 25,5 30,5 Total 100 N = 1652 100 N = 1592 Raparigas 48,9 47,2 Rapazes 51,1 52,8 Total 100 N = 1607 100 N = 1592 Desc. imigrantes 22,9 18,2 Origem PALOP 14,2 10,4 Origem brasileira 4,7 1,5 Outras origens 4,0 6,3 Autóctones 77,0 81,8 Total 100 N = 1601 100 N = 1404 E. Superior 23,8 36,9 E. Secundário 31,7 35,0 E. Básico (3º Ciclo) 25,1 18,7 Até 2º Ciclo E. Básico 19,3 9,3 Total 100 N = 1265 100 N = 1148 Fonte: Bases de dados DGEEC (2009/10 e 2014/15). Cálculos próprios. 5 Variável construída a partir do rácio entre a idade do aluno e a idade esperada de frequência do 4º ano (9 anos). 19