AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE ALHO NOBRE EM FUNÇÃO DA SANIDADE DO MATERIAL PROPAGATIVO EM PORTALEGRE-RN

Documentos relacionados
Tamanho e época de colheita na qualidade de sementes de feijão.

Efeito do peso do bulbilho-semente no rendimento de bulbos em cultivares de alho

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE GENÓTIPOS DE CEBOLA EM GURUPI TO

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

Respostas produtivas do alho em função da densidade de plantas e do tamanho de bulbilhos-semente.

COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM JUAZEIRO-BA

EFEITO DE DIFERENTES LÂMINAS E ÉPOCA DE SUSPENSÃO DA IRRIGAÇÃO NO CULTIVO DO ALHO (Allium sativum L.)

Avaliação de aspectos produtivos de diferentes cultivares de soja para região de Machado-MG RESUMO

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE CAMPINA GRANDE-PB

Produtividade de Genótipos de Feijão do Grupo Comercial Preto, Cultivados na Safra da Seca de 2015, no Norte de Minas Gerais.

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) EM CRUZ DAS ALMAS, BAHIA

ADENSAMENTO DE MAMONEIRA EM CONDIÇÕES DE SEQUEIRO EM MISSÃO VELHA, CE

DOSES DE FERTILIZANTES PARA O ABACAXIZEIRO PÉROLA NA MESORREGIÃO DO SUL BAIANO

Leonardo Henrique Duarte de Paula 1 ; Rodrigo de Paula Crisóstomo 1 ; Fábio Pereira Dias 2

DOSES DE SULFATO DE AMÔNIO APLICADAS EM COBERTURA E SEUS REFLEXOS NA PRODUTIVIDADE DO MILHO HÍBRIDO TRANSGÊNICO 2B587PW SEMEADO NA 2ª SAFRA

15 AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS SEED E CROP+ EM

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

08 POTENCIAL PRODUTIVO DE CULTIVARES DE SOJA

Avaliação da produtividade de genótipos de melão nas condições do Submédio do Vale do São Francisco

ATRIBUTOS FÍSICOS DE VARIEDADES DE LARANJA DA MICRORREGIÃO DA BORBOREMA

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO EM FUNÇÃO DA DENSIDADE DE SEMEADURA, NO MUNÍCIPIO DE SINOP-MT

PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ÉPOCAS DE PLANTIO

CULTIVARES DE ALHO COMUM PARA SISTEMAS ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO NAS CONDIÇÕES DO CERRADO

Características Morfológicas de Cultivares de Alho.

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE PATOS-PB

Rendimento e qualidade do melão em diferentes espaçamentos de plantio.

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1213

Av. Ademar Diógenes, BR 135 Centro Empresarial Arine 2ºAndar Bom Jesus PI Brasil (89)

ÍNDICE DE ESPIGAS DE DOIS HÍBRIDOS DE MILHO EM QUATRO POPULAÇÕES DE PLANTAS E TRÊS ÉPOCAS DE SEMEADURA NA SAFRINHA

CRESCIMENTO DA MELANCIA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS NOS CARACTERES COMPRIMENTO DA PLANTA E DIÂMETRO DO CAULE

Caraterísticas agronômicas de híbridos experimentais e comerciais de milho em diferentes densidades populacionais.

VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR SOB IRRIGAÇÃO NO NORTE DE MINAS GERAIS

COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM PETROLINA-PE

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE PORTE BAIXO DE MAMONA (Ricinus communis L.) EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA EM TRÊS MUNICÍPIOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

16 EFEITO DA APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE FARTURE

QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE Citrus deliciosa Tenore SUBMETIDA A ARMAZENAMENTO REFRIGERADO.

RECOMENDAÇÃO DA DOSE DE BORO, EM SOLO HIDROMÓRFICO, PARA A CULTURA DO RABANETE.

11 EFEITO DA APLICAÇÃO DE FONTES DE POTÁSSIO NO

Características biométricas de cafeeiro intercalado com diferentes sistemas de produção de abacaxizeiro para agricultura familiar do Projeto Jaíba

COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA DE PORTE BAIXO AVALIADOS EM RORAIMA 2008

PRODUTIVIDADE DAS CULTIVARES PERNAMBUCANA, BRS PARAGUAÇU E BRS NORDESTINA EM SENHOR DO BONFIM-BA

INFLUÊNCIA DA COBERTURA MORTA NA PRODUÇÃO DA ALFACE VERÔNICA RESUMO

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

Características Produtivas e Conservação Pós-Colheita da Cebola ( Allium cepa

PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS NA BRS ENERGIA EM DUAS DENSIDADES DE PLANTIO

COMPRIMENTO DE PLANTA E AREA FOLIAR NO CRECIMENTO DA MELANCIA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTO

Resposta das bananeiras BRS Platina e PA 9401 à irrigação no segundo ciclo nas condições do Norte de Minas

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis) EM DIFERENTES POPULAÇÕES

Respostas produtivas de rúcula em função do espaçamento e tipo de muda produzida em bandejas contendo duas ou quatro plântulas por célula

ADEQUAÇÃO DO PROTOCOLO DE PROPAGAÇÃO RÁPIDA PARA CULTIVARES TRADICIONAIS DE MANDIOCA DO ALTO JACUÍ: DADOS PRELIMINARES

CRESCIMENTO VEGETAL E DE PRODUÇÃO DE MELANCIA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ESPAÇAMENTOS

CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS DE VARIEDADES DE MILHO PARA SILAGEM EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICA NO SUL DE MG

TÍTULO: EFEITOS DA PROFUNDIDADE DE PLANTIO NA GERMINAÇÃO E PRODUÇÃO DE MASSA DO CAPIM BRAQUIARÃO ADUBADO NO PLANTIO

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DO MILHO HÍBRIDO AG7088 VT PRO3 CULTIVADO SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO

EFEITOS DA FERTILIZAÇÃO COM NITROGÊNIO E POTÁSSIO FOLIAR NO DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO NO MUNICÍPIO DE INCONFIDENTES- MG.

EFEITO DA ADUBAÇÃO BORATADA NO DESEMPENHO PRODUTIVO DE GIRASSOL

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES E BIOMETRIA DE PLÂNTULAS DE MAMONA

Produtividade de alho vernalizado em função de fontes e doses de fósforo

Rendimento das cultivares de cenoura Alvorada e Nantes Forto cultivadas sob diferentes espaçamentos

INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DE PLANTIO NA PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO/MG

MATURAÇÃO ANTECIPADA DA CULTURA DE TRIGO: PRODUTIVIDADE DE GRÃOS E QUALIDADE DAS SEMENTES

SISTEMA DE PLANTIO E PRODUTIVIDADE DA MAMONEIRA CULTIVADA EM ÁREA DE SEQUEIRO NO MUNICÍPIO DE CASA NOVA-BA

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE HÍBRIDOS DE CANOLA (Brassica napus) CULTIVADOS EM UBERLÂNDIA, MG

Termos para indexação: Manihot esculenta Crantz, variabiliade genética, Cerrado. Introdução

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

RENDIMENTO DE GRÃOS DE FEIJÃO-CAUPI EM SISTEMA CONSORCIADO COM SORGO IRRIGADO NO NORTE DE MINAS GERAIS

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

COMPETIÇÃO DE PLANTAS DANINHAS E ADUBAÇÃO NITROGENADA NO CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis)

Avaliação de Diferentes Espaçamentos na Produtividade de Três Cultivares de Cebola.

Produtividade de milho convencional 2B587 em diferentes doses de Nitrogênio

XXV CONIRD Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem 08 a 13 de novembro de 2015, UFS - São Cristóvão/SE

PERFORMANCE DE GENÓTIPOS DE MAMONA AVALIADOS EM CERRADO DE RORAIMA 2008

Comportamento da Crotalaria juncea em função de adubação com e sem revestimento com polímeros

Introdução e avaliação de genótipos de maracujá-amarelo no nordeste goiano

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE PARA A REGIÃO DO PONTAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

l«x Seminário Nacional

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AGRONÔMICOS E INDUSTRIAIS DA PRIMEIRA CANA SOCA NA REGIÃO DE GURUPI-TO

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS EXPERIMENTAIS DE BATATA-DOCE COM BASE NA PRODUTIVIDADE E TEOR DE AMIDO COM POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL

BOLETIM TÉCNICO nº 15/2017

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS CONTROLADAS

Classificação de Frutos de Melão Amarelo Goldex Cultivado em Diferentes Coberturas do Solo e Lâminas de Irrigação no Período Chuvoso.

COMPRIMENTO E MATÉRIA SECA DE PLÂNTULAS DE CULTIVARES DE ALGODOEIRO COLORIDO SEMEADAS COM E SEM LÍNTER

CULTIVARES DE ALGODOEIRO AVALIADAS EM DIFERENTES LOCAIS NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA 2007/08 1. INTRODUÇÃO

PROJETO DE PESQUISA REALIZADO NO CURSO DE BACHARELADO EM AGRONOMIA DA UERGS 2

Produtividade do Sorgo Forrageiro em Diferentes Espaçamentos entre Fileiras e Densidades de Plantas no Semi-Árido de Minas Gerais

ADENSAMENTO DE SEMEADURA EM TRIGO NO SUL DO BRASIL

Substratos orgânicos para mudas de hortaliças produzidos a partir da compostagem de cama de cavalo

Policultivos de coentro x beterraba x rúcula: Avaliação uni e multivariada da eficiência agronômica/biológica

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG *

Crescimento e produtividade de cenoura em função de doses de nitrogênio e épocas de plantio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

ENSAIO REGIONAL DE LINHAGENS E CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO DO NORDESTE

COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA NO PERÍODO OUTONO-INVERNO EM ITAOCARA, RJ*

CRESCIMENTO DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR EM DOIS VIZINHOS/PR

EFEITO DO SOMBREAMENTO E APLICACÃO DE BIOFERTILIZANTE BOVINO EM PLANTAS DE BETERRABA

DESEMPENHO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUL MARANHENSE

Transcrição:

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE ALHO NOBRE EM FUNÇÃO DA SANIDADE DO MATERIAL PROPAGATIVO EM PORTALEGRE-RN EVALUATION OF NOBLE GARLIC CULTIVARS IN THE FUNCTION OF SANITATION OF PROPAGATIVE MATERIAL IN PORTALEGRE-RN Oliveira, PRH 1 ; Lopes, WAR 1 ; Silva, OMP 1 ; Lima, MFP 1 ; Negreiros, MZ 1 1 Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Centro de Ciências Agrárias, CP 137, 59625-900, Mossoró- RN. Brasil. ramon.holanda96@gmail.com; welder.lopes@hotmail.com; zuleide@ufersa.edu.br; otaciana_silva@yahoo.com.br ; maykylima@bol.com.br RESUMO O alho é propagado vegetativamente por meio dos bulbilhos. Este tipo de propagação favorece a transmissão de pragas e doenças, sobretudo as viroses, que ao longo de cultivos sucessivos promove a redução gradual da produtividade e qualidade dos bulbos. A tecnologia do alho-semente livre de vírus destaca-se como um dos maiores avanços da cadeia produtiva desta olerícola, uma vez que recupera a capacidade produtiva das cultivares. Assim, objetivando-se avaliar a produtividade de alho nobre, infectado e livre de vírus, realizou-se um experimento de maio a agosto de 2016, em Portalegre-RN. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, dispostos em esquema fatorial 4 x 2, com quatro repetições. Os tratamentos foram compostos por quatro cultivares de alho nobre (Caçador, Chonan, Ito e Quitéria) e duas sanidades do material propagativo (infectado e livre de vírus). Em pré-plantio realizou-se a vernalização em câmara frigorífica à 4±1 ºC e umidade relativa de 70-80%, durante 55 dias. Foram avaliados: Estande final, massa média de bulbos, produtividade total, comercial e não comercial de bulbos. As cultivares Caçador, Chonan e Ito promoveram maior desempenho produtivo em relação a Quitéria. A utilização do alho-semente livre de vírus proporcionou maior estande final, produtividade total e comercial quando comparado ao de propagação convencional. PALAVRAS-CHAVE: Allium sativum L.; alho livre de vírus; frigorificação; degenerescência; alho-semente; INTRODUÇÃO O Brasil se destaca como um dos principais mercados consumidores de alho, com consumo per capita de 1,5 Kg habitante -1 ano -1 e uma demanda estimada de 300 mil toneladas na safra de 2014/2015 (LUCINI, 2014). Apesar do grande consumo desta hortaliça, as lavouras nacionais atendem apenas 40% da demanda interna, sendo necessário importar grandes quantidades de alho, especialmente da Argentina e da China, que geralmente chegam ao país com preço inferior ao custo de produção do alho nacional (LUCINI, 2014). Considerando a presença de um amplo mercado, aumentar a produtividade das lavouras nacionais é fator decisivo para maior participação do alho brasileiro no mercado nacional (CUNHA, 2015).

Parte da baixa produtividade encontrada no Brasil é justificada pela prática comum entre os produtores de utilizar alho-semente oriundos de lavouras comerciais, onde se predomina a utilização de bulbos e bulbilhos pequenos, que apresentam baixo (ou nenhum) valor comercial, para formação da lavoura do ano seguinte. Esta prática juntamente com a propagação vegetativa da cultura, provoca a degenerescência das cultivares, que é um processo de perda gradual da qualidade sanitária e fisiológica, provocada por deficiências nutricionais e pragas, sobretudo viroses, resultando em perdas de produtividade e qualidade das cultivares de alho (MELO et al. 2011). O Rio Grande do Norte possui microrregiões de altitude elevada, como o município de Portalegre, que apesar de não ser tradicional no cultivo de hortaliças, apresenta condições edafoclimáticas favoráveis à produção de alho, inclusive para produção de alho nobre vernalizado que apresenta maior aceitação e cotação comercial. Por ser uma região com potencial para o cultivo de alho nobre que apresenta condições edafoclimáticas distintas das tradicionais regiões produtoras do país, avaliar cultivares de alho nobre associadas ao uso de alho-semente de alta qualidade fitossanitária constitui uma base tecnológica consistente para introduzir o cultivo comercial desta hortaliça na região serrana do Rio Grande do Norte. Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar o desempenho produtivo de cultivares de alho nobre em função da sanidade do material propagativo (infectado e livre de vírus) nas condições de Portalegre-RN. METODOLOGIA O experimento foi realizado de maio a agosto de 2016, em Portalegre-RN. A área experimental fica localizada à 06 01'19" S; 38 01'38" O, com altitude de aproximadamente 530 m. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, isto é, tropical chuvoso, com temperatura média anual de 23ºC. O delineamento experimental adotado foi de blocos casualizados (DBC), disposto em esquema fatorial 4 x 2, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos de quatro cultivares de alho nobre (Caçador, Chonan, Ito e Quitéria) e duas sanidades do material propagativo (infectado e livre de vírus). As parcelas foram compostas por canteiros com 2,0 m de comprimento, 1,0 m de largura e 0,20 m de altura, com cinco fileiras de plantio. O plantio foi realizado a uma profundidade de 0,05 m adotando-se o espaçamento de 0,20 m entre fileiras de plantas e 0,10 m entre plantas na mesma fileira. Em pré-plantio os bulbos-semente foram submetidos à vernalização, sendo alocados em câmara frigorífica, à uma temperatura de 4±1ºC e umidade relativa de 70-80%, durante 55 dias. A colheita foi realizada quando as plantas apresentaram sinais de maturação, caracterizados pelo amarelecimento parcial da parte aérea e/ou tombamento. Após a colheita, as plantas foram encaminhadas ao Centro de Pesquisas Vegetais do Semiárido (CPVSA) na UFERSA, onde passaram pelo processo de cura, sendo mantidas por três dias expostas ao sol, seguidos de 17 dias à sombra em local seco e arejado. Após a cura realizou-se o toalete, que consiste na eliminação das raízes, além das túnicas secas e sujas do bulbo. As características avaliadas foram: Estande final: Obtido por meio da relação entre o número de plantas colhidas e o total de bulbilhos plantados; Massa média de bulbos: Obtida por meio da média aritmética dos bulbos que compõem a área útil de cada parcela, após o processo de cura;

Produtividade total de bulbos: Calculada por meio de pesagem dos bulbos da área útil com diferenciação de bulbilhos após o processo de cura; Produtividade comercial de bulbos: Calculada por meio da pesagem dos bulbos não superbrotados e com diâmetro transversal superior a 32 mm; Produtividade não comercial de bulbos: Calculada por meio da pesagem de bulbos superbrotados e/ou com diâmetro transversal menor que 32 mm. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo software estatístico Sisvar v. 5.3 (FERREIRA, 2008), sendo as médias referentes às cultivares comparadas pelo teste de Tukey, e as médias referentes às sanidades comparadas pelo teste t, ambas à 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se efeito isolado de cultivares e sanidade para estande final, produtividade total e comercial de bulbos; e efeito somente de cultivares para massa média de bulbos e produtividade de bulbos não comerciais. O estande final foi superior a 85% para todas as cultivares (Tabela 1). Tal fato associado ao elevado número de plantas com diferenciação de bulbilhos, indica que os materiais usados se adaptaram às condições climáticas da região. Entretanto, observouse que Chonan proporcionou maior estande final (96,76% das plantas colhidas), diferindo apenas de Quitéria, com 88,88%. Os materiais livres de vírus obtiveram estande final aproximadamente 10% superior aos infectados (Tabela 1). Resultados semelhantes foram encontrados por Marodin (2014) ao observar que o estande do material infectado foi 8,4% inferior ao livre de vírus desde a emergência. Na cultura do alho, a presença de viroses não leva diretamente a morte das 24 plantas, entretanto, por estarem degeneradas, são mais susceptíveis as condições ambientais adversas, resultando em redução na sobrevivência de algumas plantas e, consequentemente, do estande produtivo (FERNADES et al., 2013). Tabela 1 Estande final (EF) e massa média de bulbos (MMB) de cultivares de alho nobre infectado e livre de vírus. Portalegre-RN. 2016. Cultivar EF MMB (%) (g bulbo -1 ) Caçador 94,90 ab 16,62 a Chonan 96,76 a 19,10 a Ito 92,74 ab 17,57 a Quitéria 88,88 b 13,01 b Sanidade Infectado 88,66 B 15,94 A Livre de vírus 97,99 A 17,22 A Médias seguidas pela mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Médias seguidas pela mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste t a 5% de probabilidade. Para as características massa média de bulbos, produtividade, total e comercial a cultivar Quitéria registrou as menores médias e Chonan as maiores, embora esta última não tenha diferido estatisticamente de Caçador e Ito (Tabela 2).

Aproximadamente 33% da produtividade total da cultivar Quitéria foi de bulbos não comerciais, possivelmente pela pouca adaptabilidade da cultivar às condições edafoclimáticas da região de estudo. Chonan, por sua vez, obteve aproximadamente 6% de produção de bulbos não comerciais, sendo a cultivar com menores médias para essa característica (Tabela 2). Tal fato mostra que, dentre os clones estudados, este é o mais adaptado as condições ambientais da região de estudo. Embora não significativo, os valores médios encontrados para a característica massa média de bulbos no alho livre de vírus foi 8% superior à do infectado (Tabela 2). Marodin (2014) verificou incremento de aproximadamente 11% na massa média de bulbos com a utilização de alho-semente livre de vírus, corroborando com os dados encontrados no presente trabalho. O alho livre de vírus quando comparado com o infectado, proporcionou produtividades total e comercial de bulbos 19,1% e 26,9% superiores, respectivamente (Tabela 2). Comportamento semelhante foi encontrado por Marodin (2014) avaliando a cultivar Chonan infectado e livre de vírus, entretanto, em seu trabalho o autor observou uma produção comercial 39,5% superior utilizando alho-semente livre de vírus. A produção de bulbos está relacionada ao crescimento vegetativo da planta, de modo que plantas de maior porte tem potencial para produzir bulbos maiores (ADEKPE et al., 2007). Dessa forma, o maior vigor vegetativo das plantas livres de vírus, justifica o ganho de produtividade em relação às infectadas. O alho infectado promoveu uma produtividade não comercial de 19,7%, ao passo que o alho livre de vírus foi de apenas 14,5% de produtividade de bulbos não comerciais (Tabela 2). Resultados semelhantes foram encontrados por Marodin (2014), onde a produção não comercial foi de 11,6% e 16,5% para as plantas livre de vírus e infectadas, respectivamente. Tabela 2 Produtividade total (PTB), comercial (PBC) e não comercial (PBNC) de cultivares de alho nobre infectado e livre de vírus. Portalegre-RN. 2016. Cultivar PTB PBC PBNC Caçador 5,92 a 5,02 a 0,90 ab Chonan 6,96 a 6,54 a 0,42 b Ito 6,12 a 4,97 a 1,15 ab Quitéria 4,33 b 2,88 b 1,45 a Sanidade Infectado 5,33 B 4,28 B 1,05 A Livre de vírus 6,35 A 5,43 A 0,92 A Médias seguidas pela mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Médias seguidas pela mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste t a 5% de probabilidade.

CONCLUSÕES As cultivares Caçador, Chonan e Ito promoveram maior desempenho produtivo em relação a Quitéria; A utilização de alho-semente livre de vírus proporcionou maior estande final, produtividade total e comercial, quando comparado ao de propagação convencional. AGRADECIMENTOS: CNPq e UFERSA. REFERÊNCIAS ADEKPE, D. I.; SHEBAYAN, J. A. Y.; CHIEZEY, U. F.; MIKO, S. Yield responses of garlic (Allium sativum L.) to oxadiazon, date of planting and intra-row spacing under irrigation at Kadawa, Nigeria. Crop Protection, Guildford, v. 26, n. 12, p. 1785-1789, 2007 CUNHA, M. L. P. Demanda de nutrientes e diagnose do estado nutricional da cultura do alho. 2014. 49 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Produção Vegetal) Universidade Federal de Viçosa, Rio Paranaíba, 2015. FERNANDES, F. R.; DUSI, A. N.; RESENDE, F. V. Viroses do alho no Brasil: importância e principais medidas de controle. Circular técnica n. 122, Brasília, Embrapa - CNPH, abr.2013, 9p. FERREIRA, D. F. SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium, Lavras, v.6, n. 2, p.36-41, jul./dez. 2008. LUCINI, M. A. Mercado de Alho Safra 2014/15. 2014. Disponível em: <http://www.epagri.sc.gov.br/?page_id=5357>. Acesso em: 10 de abr. 2019. MARONDIN, J. C. Produtividade de alho em função da sanidade e tamanho do alhosemente e da densidade de plantio. 2014. 97 f. Tese (Doutorado em Agronomia/Fitotecnia) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2014 MELO, W. F.; RESENDE, F. V.; GUIDUCCI FILHO, E.; DUSI, A. N. Da bancada ao agricultor: a transferência da tecnologia de alho livre de vírus aos agricultores familiares da Bahia. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 28, n 1, p. 81-114, jan./abr. 2011.