INFLUÊNCIA DE DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO APLICADAS A CULTURA DA CEBOLA (ALLIUM CEPA) EM AMBIENTE CONTROLADO Jaquelini GARCIA 1, Tiago BONETTI 1, Francisco Olmar Gervini de MENEZES JÚNIOR 2, Márcio RAMPELOTTI 3, Leandro Luiz MARCUZZO 4, João Célio de ARAÚJO 5 1 Estudante de Agronomia, Bolsista IFC, Campus Rio do Sul. E-mail: jaquelini.garcia@hotmail.com; 2 Pesquisador EPAGRI, Ituporanga. E-mail: franciscomenezes@epagri.sc.gov.br; 3 Técnico Administrativo, IFC, Campus Rio do Sul. E-mail: marcio@ifc-riodosul.edu.br; 4 Professor, IFC, Campus Rio do Sul. E-mail: E-mail: marcuzzo@ifcriodosul.edu.br; 5 Professor Orientador, IFC, Campus Rio do Sul. E-mail: joao.celio@ifc-riodosul.edu.br Introdução O Estado de Santa Catarina é o principal produtor da cebola do Brasil, tendo como destaque a região do Alto Vale do Itajaí (MENEZES JÚNIOR et al., 2014). A cultivar Empasc 352 - Bola Precoce é de grande aceitação no mercado e possui como principais características ciclo vegetativo precoce (de 170 a 190 dias), bulbos de cor amarelo-avermelhada e forma arredondada, estalo (tombamento natural) em torno de 85%, perda de massa fresca após quatro meses de armazenamento de 24% e produtividade média de 29,00 a 32,32 t/ha (Gandin et al., 1989, 1994). Dentre as práticas culturais desenvolvidas no âmbito da cultura, a irrigação possui papel relevante. Entretanto, existem fatores que dificultam a quantificação adequada da lâmina de água a ser aplicada, assim como a escolha do momento ideal de aplicação. É fato que, tanto o excesso quanto a falta de água são prejudiciais, o que se reflete na produtividade e qualidade do produto. A cultura da cebola é amplamente estudada e observam-se estudos nas mais diversas áreas do conhecimento agronômico. Contudo, no Brasil e principalmente em nossa região, encontra-se dificuldade para localizar pesquisas relacionadas à necessidade hídrica da cultura cebola. Portanto, esta pesquisa teve o objetivo de analisar a influência de diferentes lâminas de irrigação aplicadas a cultura da cebola cultivar Empasc 352 - Bola Precoce, em ambiente controlado, visando determinar uma lâmina de irrigação que maximize a sua produtividade e estabelecer parâmetros para a orientação dos produtores da região do Alto Vale do Itajaí. Material e Métodos O trabalho foi conduzido de julho a dezembro de 2015, em ambiente controlado,
no Instituto Federal Catarinense - Campus Rio do Sul, município de Rio do Sul-SC (27º11 20 S; 49º39 20 W e altitude de 661 m). O cultivar de cebola utilizado foi Empasc 352 - Bola precoce, com semeadura foi realizada em canteiros a céu aberto no dia 15 de abril. Em 08 de julho foi realizado o transplante das mudas em sacos plásticos dispostos sobre bancadas pré-existentes na casa de vegetação, preenchidos com o solo predominante na região, Cambissolo Háplico. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com cinco repetições. Em cada bloco foram representados os quatro tratamentos, sendo cada tratamento composto por oito plantas, totalizando assim 32 plantas por bloco. Para determinação da lâmina de irrigação a ser aplicada foi realizado um cálculo considerando a área do saco plástico (0,028m2) e a evapotranspiração da fase em que se encontrava a cultura. Tomando como referência o trabalho de Santos (1997), foi empregado 1,8 mm/dia, obtendo assim o valor de 50 ml planta dia-1. Porém, considerando que no início a irrigação era realizada a cada dois dias e que cada saco plástico possuía duas plantas, a lâmina total aplicada foi de 200 ml de água. Para a avaliação da eficiência da lâmina de água estimada utilizou-se a equação de Hargreaves-Samani, levando em consideração as variáveis exigidas pela mesma e os dados que teríamos disponíveis para coleta. O modelo proposto por Hargreaves & Samani (1982; 1985 apud BORGES et al., 2007) para estimar a evapotranspiração de referência, ETo (mm.dia-1-1), considera as variáveis da radiação solar incidente, temperatura diária máxima, média e mínima, e é expresso pela seguinte equação (1): ETo = a Ra TD1/2 (Tmed + 17,8) (1) Em que: a coeficiente adimensional, cujo valor proposto é 0,0023; Ra radiação solar extraterrestre incidente no topo da atmosfera, MJ m-2 dia-1 (valor tabelado que era modificado mensalmente); TD é a variação de temperatura ( C) no dia, (Tmax - Tmin) e Tmed temperatura média diária 0,5 (Tmax + Tmin) em C. Resultados e discussão Durante o período de julho a dezembro de 2015 registrou-se o total de 624,76mm
de precipitação na estação meteorológica localizada próxima a área experimental. A Figura 1 exibe as temperaturas máximas e mínimas verificadas durante a pesquisa e torna possível observar a grande amplitude térmica registrada no período. Ainda é possível observar que a evapotranspiração da cultura aumenta no período de 15 a 22/09 (início da bulbificação até início da maturação) e posteriormente há um declínio da evapotranspiração da cultura pela proximidade da maturação final. Figura 1. Valores de temperaturas máximas e mínimas e evapotranspiração. Segundo Epagri (2013), a necessidade de irrigação da cultura da cebola aumenta proporcionalmente ao crescimento das plantas, atingindo o máximo no estádio de bulbificação e diminuindo na maturação. Oliveira et al., (2011) também observaram que o maior consumo de água pela cultura da cebola ocorreu nos estádios de maior desenvolvimento vegetativo e na formação de bulbos. Por fim, nesta pesquisa desde o transplante até o momento da colheita a evapotranspiração total da cultura da cebola registrado foi de 191 mm. A produção de massa seca em não foi influenciada pelas lâminas de irrigação, não diferindo estatisticamente nos diferentes tratamentos, sendo as médias para os tratamentos T1, T2, T3 e T4 correspondentes a 78,5g, 57,2g, 95,7g e 52,9g respectivamente. Por meio da determinação do diâmetro dos pseudocaules dos bulbos buscou-se saber se há um melhor desenvolvimento conforme a lâmina da irrigação e se existe relação entre o diâmetro dos bulbos e o diâmetro do pseudocaule. Já os diâmetros médios dos bulbos foram influenciados pelos diferentes
tratamentos. Os tratamentos T1 e T3 diferiram estatisticamente, sendo que o T3 apresentou o maior diâmetro médio 334,8 mm. Nobile et al., (2012) observaram que maiores quantidades de água proporcionaram maiores valores de diâmetro dos bulbos. A maior fitomassa fresca média dos bulbos foi observada para o tratamento T3 (Tabela 01), enquanto os menores valores foram registrados pata T2 e T4. Ao comparar a fitomassa seca, observa-se que o T3 e o T1 não diferiram significativamente, e que novamente T3 se destaca. Tabela 01. Fitomassa fresca média dos bulbos (gr) submetidos a diferentes lâminas de irrigação. Tratamento Média* 1 61.574 b 2 47.884 a 3 77.774 c 4 45.258 a CV(%) 9.19 *Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% de probabilidade. Fonte: Elaboração da autora, 2016. Kumar et al., (2007 apud VILA-BOAS et al., 2011) observaram que a fitomassa média de bulbos foi influenciada positivamente pelas lâminas de irrigação aplicadas e obtiveram valores de massa média de bulbos de 51,1 e 52,1 gramas, no tratamento submetido ao maior nível de irrigação (467,8 e 451,3 mm), para os anos de 2004 e 2005, respectivamente. Oliveira et al., (2013) em um estudo semelhante também observou que a maior lâmina de irrigação proporcionou maior peso de bulbo. Observou-se que no T1, 72,5% dos bulbos foram enquadrados na classe 2, enquanto 27,5% na classe 3. No T2, 80% dos bulbos pertencem a classe 2, apenas 7,5% a classe 3 e 12,5% não atingiram o diâmetro mínimo para comercialização. No T3, 32,5% dos bulbos pertencem a classe 2, 65% pertencem a classe 3 e 2,5% não atingiram o diâmetro mínimo para comercialização. Já no T4 60% dos bulbos pertencem a classe 2, 20% pertencem a classe 3 e outros 20% não atingiram o diâmetro mínimo para comercialização. No geral, 61,25% dos bulbos pertencem a classe 2, 30% pertencem a classe 3 e 8,75% não atingiram o diâmetro mínimo para comercialização.
Conclusão A realização desta pesquisa em ambiente protegido serviu como parâmetro inicial para caracterizar a aplicabilidade da equação Hargreaves-Samani em nossa região, para a variedade estudada. E apresenta-se como uma opção viável e prática para a gestão da rega no campo, mas demanda alguns ajustes. Como sugestão, recomenda-se a realização desta pesquisa a campo para assegurar o seu desempenho. Agradecimentos Ao IFC Câmpus Rio do Sul, pela bolsa de estudos e recursos. Referências COSTA, N.D.; RESENDE, G.M.; DIAS, R.C.S. Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-Pe. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 57-60, março 2000. EPAGRI. Sistema de produção para cebola: Santa Catarina (4. Revisão). Florianópolis: 2013. (Epagri. Sistemas de produção, 46). GANDIN, CL; GUIMARÃES, DR; THOMAZELLI, LF. 1994. Caracterização de quatro cultivares de cebola lançadas em Santa Catarina, Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira 29: 1941-1945. GANDIN, CL et al. Nova cultivar de cebola de ciclo médio para SC. Agropecuária Catarinense 2: 40-42. KLAR, A. E. KIMOTO, T.SIMÃO, S. Efeitos de diferentes regimes de irrigação sobre vários caracteres da cultura da cebola (allium cepa, l.).anais da E.S.A. Luiz de Queiroz.1972. MENEZES JÚNIOR, F. O. G.; GONCALVES, P. A. S.; MARCUZZO, L. L.. Avaliação de produtividade de cebola em sistemas de produção convencional, racionais e orgânicos. In: 53 Congresso Brasileiro de Olericultura, 2014, Palmas - TO. 53 Congresso Brasileiro de Olericultura, 2014. NOBILE et al. Biofertilizante e adubação mineral no desenvolvimento da cultura da cebola (allium cepa l.) Irrrigado com duas lâminas de água. Nucleus, v.9, n.1, abr.2012. OLIVEIRA et al. Evapotranspiração e coeficiente de cultura para diferentes fases de desenvolvimento da cebola (Allium cepa L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA, 27,2011. Guarapari ES.