MODELAGEM MATEMÁTICA COM O SUPORTE DO FACEBOOK, RUMO A UMA BLENDED-LEARNING? Neil da Rocha Canedo Junior 1 Marco Aurélio Kistemann Junior 2

Documentos relacionados
PROGRAMA DE DISCIPLINA

DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM PARA GEOMETRIA DO ENSINO FUNDAMENTAL

Modelagem na Educação Matemática

A Natureza da Aprendizagem Matemática em um Ambiente online de Formação Continuada de Professores

Formação de professores para a atuação com o uso das TIC: a experiência da Matemática

INVESTIGANDO E LENDO COM AS LENTES DA TEORIA DA ATIVIDADE OS AMBIENTES DE MODELAGEM 1 A PARTIR DAS AÇÕES DE UM COLETIVO DE SERES-HUMANOS-COM-MÍDIAS

Código MEM 203 Tópicos Especiais em Educação Matemática: Tecnologias

2. ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DAS REPRESENTAÇÕES MATEMÁTICAS

Ser professor que ensina matemática em uma era tecnológica. Prof. Dr. Marcelo C. Borba

A INTERNET SE FAZENDO PRESENTE NA SALA DE AULA DE MATEMÁTICA EM CURSOS SUPERIORES

A UTILIZAÇÃO DA LOUSA DIGITAL EM ATIVIDADES DE MODELAGEM MATEMÁTICA

A CONSTITUIÇÃO DE AMBIENTES DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA QUE PROPORCIONEM CENÁRIOS PARA INVESTIGAÇÕES GEOMÉTRICAS

OS SOFTWARES HOT POTATOES E GEOGEBRA NA ELABORAÇÃO DE UM RECURSO EDUCACIONAL ABERTO

O ESTUDO DO PRINCÍPIO DE CAVALIERI A PARTIR DA CONSTRUÇÃO DE APPLETS NO GEOGEBRA

NEGOCIANDO NOVOS SENTIDOS AO ENSINAR-APRENDER FUNÇÕES QUADRÁTICAS A PARTIR DO COLETIVO PENSANTE PROFESSOR-ESTUDANTE-GEOGEBRA

USO DE BLOG EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA POSSIBILIDADE PEDAGÓGICA

PROPOSTAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ESTUDO DE MODELAGEM MATEMÁTICA E EQUAÇÕES DIFERENCIAIS NA PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA RESUMO

Sobre a pesquisa em Educação Matemática

NOVOS SENTIDOS AO CONCEITO DE FUNÇÃO QUADRÁTICA PRODUZIDOS PELO COLETIVO PENSANTE PROFESSOR-ESTUDANTE-GEOGEBRA

COORDENAÇÃO GERAL DE ENSINO. RS 377 Km 27 Passo Novo CEP Alegrete/RS Fone/FAX: (55)

A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE MAXIMA PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO ACERCA DO DOMÍNIO DE FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS

EXPLORANDO A LITERATURA NO ENSINO MÉDIO POR MEIO DOS RECURSOS DIGITAIS

Tecnologias Digitais na Formação Inicial de Professores de Matemática a Distância.

Plano de Ensino Docente

Festivais de Vídeos Digitais nos Cursos de Licenciatura em Matemática da UAB

GeoGebra e Performance Matemática Digital

1. Introdução A caminhada da relação com o objeto.

Resenha. Por Aline Terra Salles Professora (UERJ) e Mestranda (PPGEduc/UFRRJ)

Autor: Prof. Luís Havelange Soares Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba Campus Campina Grande

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA NO CONTEXTO DA UAB: O ACOMPANHAMENTO DO TUTOR

O USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS AULAS PRESENCIAIS DE MATEMÁTICA

Por Nilton Silveira Domingues *

O Uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação na Aula de Cálculo 1 a Distância

REFLEXÕES SOBRE O FAZER MODELAGEM NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA REFLECTIONS ON DOING MODELING IN THE CONTEXT OF BASIC EDUCATION

A CONSTRUÇÃO DE APLETS NO GEOGEBRA PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA

A Webquest como proposta metodológica para o ensino de Matemática

MAPA DE USO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ONLINE NO BRASIL: PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

O HIPERTEXTO E A ESCRITA NO ENSINO SUPERIOR

APLICAÇÕES DA MODELAGEM COMPUTACIONAL NO ENSINO DE FUNÇÕES UTILIZANDO O SOFTWARE DE SIMULAÇÕES MODELLUS

AS FERRAMENTAS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COMO SUPORTE ÀS AULAS PRESENCIAS DE CÁLCULO I

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA: POSSIBILIDADE DE UM CURSO SEMIPRESENCIAL 1

OS CONHECIMENTOS MATEMÁTICOS NO ENSINO MÉDIO: OUTRAS POSSIBILIDADES PARA A PRÁTICA DO PROFESSOR

EXPLORANDO O USO DE VÍDEOS EM AULAS DE CÁLCULO I. Nilton Silveira Domingues Universidade Estadual Paulista (UNESP) Brasil

DISCUSSÃO SOBRE EXERCÍCIOS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA EM LIVROS DIDÁTICOS E IMPLICAÇÕES PARA A SALA DE AULA

FORMAÇÃO CONTINUADA E PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II DE TANGARÁ DA SERRA, MT

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

Tecnologias e Professores de Matemática: usos e desafios

Plano de Ensino Docente

A DISCIPLINA DE ÁLGEBRA LINEAR EM CURSOS A DISTÂNCIA: POSSIBILIDADES DE USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA O ENSINO

A PRÁTICA CURRICULAR E AS TECNOLOGIAS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS E ESTADUAIS: desafios e possibilidades

Para isto, a estrutura formativa proposta se organiza em três blocos: básica, específica e acompanhamento formativo.

INTERAÇÕES ENTRE AS LINGUAGENS ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA MEDIADO PELO GEOGEBRA

ALUNOS, PROFESSORES E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS NO CÁLCULO I DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

Água em Foco Introdução

Um olhar reflexivo sobre os gêneros digitais.

A DISCIPLINA DE ÁLGEBRA LINEAR EM CURSOS A DISTÂNCIA: POSSIBILIDADES DE USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA O ENSINO

ESCOLA ESTADUAL DR. MARTINHO MARQUES PLANO DE AÇÃO PSTE: INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS NO CURRÍCULO ESCOLAR TAQUARUSSU- MS MARÇO/11

TABUADA COM MOSAICOS: UMA APLICABILIDADE DO SOFTWARE RÉGUA E COMPASSO*

Formação de professores de matemática via EAD

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PROFESSORAS DE MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DAS NOVAS TECNOLOGIAS

Quadro 1 Modalidade dos cursos de licenciatura e perfil do egresso Perfil das universidades pesquisadas Dados relativos aos cursos de licenciatura

Entr t evis i ta t Revista Práticas de Linguagem. v. 1, n. 1, jan./jun. 2011

POSSIBILIDADES DO SOFTWARE WINGEOM NO ENSINO DE GEOMETRIA. GT 05 Educação matemática: tecnologias informáticas e educação à distância

ANÁLISE MATEMÁTICA: UM ENFOQUE EXPERIMENTAL. Palavras-chave: GeoGebra; Seres-humanos-com-mídias; Análise Matemática.

Apresentação da Edição Temática Especial da Revista Tecnologias na Educação para o I Simpósio Nacional de Tecnologias Digitais na Educação

LISTA DE TRABALHOS APROVADOS

LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS, QUADROS E TABELAS

ALUNO DIGITAL Formação para Estudantes Monitores do PROUCA Ensino Fundamental 6º, 7º e 8º 30 horas Erechim, maio de 2014.

Educação Matemática a Distância Online: Balanço e Perspectivas 1, 2

Irna Kaden de Sousa Dantas Mascena.

Conteúdos e Didática de Língua Portuguesa e Literatura

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E tecnologia PARAÍBA. Ministério da Educação

COORDENAÇÃO GERAL DE ENSINO. RS 377 Km 27 Passo Novo CEP Alegrete/RS Fone/FAX: (55)

LANÇAMENTOS DE LIVROS

COMMa: um sistema Web para colaboração em modelagem matemática

O que é EAD? Quais as competências necessárias ao professor e tutor para a EAD?

APRENDIZAGEM MATEMÁTICA NO 4º E 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM SERVIÇO. Jutta C. R. Justo PPGECIM, Ulbra

UMA ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA NOS LIVROS DO ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE JATAÍ

O PAPEL DE GRUPOS COLABORATIVOS EM COMUNIDADES DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA

MatMídia: Plataformas. Marianne Kogut Eliasquevici Suzana Cunha Lopes

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: ENSINO DE CIÊNCIAS INTERDISCIPLINAR NA PERSPECTIVA HISTÓRICO- CRÍTICA

Educação Matemática de Jovens e Adultos: Práticas Pedagógicas e Tecnologias Digitais

APRENDIZAGEM HÍBRIDA E METODOLOGIA ATIVA COMO RECURSOS DIDÁTICOS COMPLEMENTARES

AVALIAÇÃO FORMATIVA NO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM DIGITAL: UMA EXPERIÊNCIA NO FACEBOOK

Relatório de Autoavaliação Institucional. Ano letivo 2017 EaD GOIÂNIA, 2018.

Plano de Ensino Docente

FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CAMPO GRANDE-MS: UMA CONQUISTA

Gestão da informação. Professor autor: Professoras assistentes: Professora colaboradora: Bloco 3 Disciplina 30

EAD CURSO INCORPORAÇÃO DA TECNOLOGIA NA ESCOLA PARA GESTORES ESCOLARES. escoladigital.org.br

ELABORAÇÃO DE VÍDEOS DIDÁTICOS DE MATEMÁTICA COMO ATIVIDADE ESCOLAR NO ENSINO BÁSICO. Ricardo Ferreira Paraizo *

Estrutura Curricular. Grupo A [Saberes Docentes]

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA RESOLUÇÃO Nº 08/2011, DO CONSELHO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

RECORTE SOBRE A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EaD) NO BRASIL

TÓPICOS DE GEOMETRIA PLANA E INTERFACES DIGITAIS

FORMAÇÃO ONLINE Data 5 de outubro de 2017

PORTARIA ESP-MG Nº 28, DE 29 DE JULHO DE 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO/INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR

CADASTRO DE AÇÕES DE FORMAÇÃO

REDES DE APRENDIZAGEM COLABORATIVAS E INCLUSIVAS

Transcrição:

MODELAGEM MATEMÁTICA COM O SUPORTE DO FACEBOOK, RUMO A UMA BLENDED-LEARNING? Neil da Rocha Canedo Junior 1 Marco Aurélio Kistemann Junior 2 1 Prefeitura de Juiz de Fora/Universidade Federal de Juiz de Fora, neilcanedo@gmail.com 2 Universidade Federal de Juiz de Fora /Departamento de Matemática, marco.kistemann@ufjf.edu.br Resumo Este trabalho relata nossas experiências com o uso do Facebook como ferramenta pedagógica no desenvolvimento de projetos de Modelagem Matemática no contexto do Ensino Fundamental, em uma escola pública do município de Juiz de Fora (MG). Apresentamos o uso que fazemos dessa rede social tanto na interação multimodal que ela permite entre professor e alunos em nossos trabalhos de Modelagem, como na colaboração on-line entre professores e/ou pesquisadores que se interessam por essa temática. Entendemos que o relato das nossas experiências didáticas com o Facebook traz reflexões a respeito de uma problemática bastante atual, a saber, a presença das redes sociais nos meios educacionais. Palavras-chave: Educação Matemática; Modelagem Matemática; Seres-humanos-commídias; Redes Sociais On-line. INTRODUÇÃO Neste trabalho buscamos compartilhar com a comunidade de Educadores Matemáticos nossas experiências com a presença do Facebook como suporte às atividades de Modelagem 1 de alunos do segundo segmento do Ensino Fundamental em uma escola pública do município de Juiz de Fora (MG). A Modelagem é prática pedagógica presente à Educação Matemática praticada pelo primeiro autor deste trabalho, desde o ano de 2010, de maneira que veio a se tornar o lócus investigativo da nossa pesquisa mestrado 2. O uso do Facebook como suporte pedagógico à Modelagem que praticamos em nossas aulas emerge, de um lado, como resposta à atitude que observamos em alguns alunos ao longo da nossa pesquisa de mestrado de acessarem seus perfis nessa rede em vez de se dedicarem às suas atividades de Modelagem. Por outro lado, a exploração das possibilidades oferecidas pela Internet, dentre as quais as redes sociais, em atividades escolares como os trabalhos com Modelagem, é uma questão que vem sendo considerada por alguns autores. Malheiros e Franchi (2013, p. 188), por exemplo, apontam que as redes sociais permeiam o cotidiano de parte dos estudantes e podem ser exploradas com finalidades educacionais. Já Diniz e Borba (2012, p. 956) acrescentam que o uso de blogs, de redes sociais como o Facebook (a mais popular do Brasil no momento) e a 1 Desse ponto em diante, vamos usar o termo Modelagem para nos referirmos à Modelagem Matemática enquanto prática letiva no contexto da Educação Matemática. 2 Pesquisa de mestrado desenvolvida pelo primeiro autor entre os anos de 2012 e 2014, tendo o segundo autor como orientador.

contínua transformação da Internet, com suporte cada vez maior para vídeo, podem transformar a modelagem. Além disso, o uso dessa rede social como suporte pedagógico vai ao encontro das nossas concepções de conhecimento e de Modelagem, uma vez que entendemos a Modelagem como uma abordagem pedagógica em que os alunos, divididos em grupos, elegem um tema a respeito do qual problematizam e investigam por meio da Matemática (BARBOSA, 2001), mediados pelo professor e na presença de diferentes mídias (oralidade, escrita e informática), as quais participam como atrizes dos processos de produção de conhecimentos (BORBA; VILLAREAL, 2005). Dessa forma, o Facebook constitui mais uma mídia a integrar um coletivo pensante de seres-humanos-com-mídias. Apresentaremos as possibilidades do uso do Facebook enquanto suporte didático às práticas de Modelagem começando com a descrição que vai desde as primeiras trocas espontâneas de informação entre alunos e professor, até uma interação mais sistemática que vem acontecendo por meio de grupos e eventos criados nessa rede para esse fim específico. Acrescentamos que tais possibilidades têm extrapolado as relações entre professor e alunos ao ponto de contribuir, também, com a formação inicial e continuada de professores e com o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas. O FACEBOOK E O FAZER MODELAGEM A atitude de alguns alunos, observada ao longo da nossa pesquisa de mestrado, sugere uma relação um tanto quanto dissonante entre o Facebook e as tarefas de Modelagem, uma vez que preferiam acessar seus perfis nas redes sócias em vez de se dedicarem às suas tarefas de Modelagem (CANEDO JR, 2014). Figura 1: Postagem que apresenta aos alunos informações úteis a uma atividade de Modelagem. Fonte: Perfil no Facebook do primeiro autor deste trabalho. Contudo, a continuidade das práticas de Modelagem, para além da pesquisa de mestrado, cuidou de estabelecer a ressonância entre o fazer Modelagem dos alunos e a

presença do Facebook. A princípio, o suporte dessa mídia às tarefas de Modelagem acontecia por meio de trocas de informações espontâneas e esporádicas entre professor e alunos por meio de postagens no Facebook (figura 1). Da intensificação dessa comunicação on-line surgiu a possibilidade de uma interação mais sistemática que poderia ser feita por meio de grupos criados nessa rede social. Primeiro foi criado um grupo público denominado Projetos de Modelagem Matemática 3, em 21/11/2014. O fato de ser um grupo aberto fez com que alguns professores e/ou pesquisadores viessem a participar do mesmo, alguns por iniciativa própria, através de solicitação e outros a convite nosso. O grupo em questão tem servido de veiculo de divulgação dos nossos trabalhos e também como uma espécie de colaboração on-line entre professores e pesquisadores, como exemplifica a postagem apresentada na figura 2. Figura 2: Postagem com aluno de graduação buscando sugestões para o seu TCC. Fonte: Grupo do Facebook Projetos de Modelagem Matemática. Se, por um lado, esse grupo de natureza aberta favorece a divulgação de nossos trabalhos e a colaboração on-line entre professores e pesquisadores, por outro, a presença desses intrusos inibiu a participação dos alunos interferindo de forma negativa na interação entre eles e o professor. Em outras palavras, ao assumir a função de colaboração e divulgação, o grupo perdeu a função de ferramenta pedagógica de suporte às tarefas de Modelagem dos alunos. Frente a essa constatação, criamos, em 12/02/2015, um grupo fechado denominado Modelagem Matemática EMJGR, no âmbito do qual temos promovido a interação entre os alunos e o professor no sentido de favorecer as nossas práticas de Modelagem. A posterior criação de eventos no interior desse grupo permitiu que cada uma das equipes de alunos compartilhasse informações específicas a respeito do trabalho de Modelagem que desenvolve. A figura 3 mostra uma postagem por meio da qual o professor apresenta aos alunos de uma equipe que desenvolve um trabalho de Modelagem a respeito da temática Crise Hídrica e Desmatamento, um link de um vídeo a respeito de um projeto de reflorestamento desenvolvido por uma ONG nas nascentes do Rio Doce. 3 Em https://www.facebook.com/groups/503588186449462.

Figura 3: Postagem em que o professor compartilha o link de um vídeo com os alunos. Fonte: Evento do grupo do Facebook Modelagem Matemática EMJGR. Entendemos que o Facebook tem oferecido ao nosso fazer Modelagem um ambiente de interação multimodal, pois permite trocar informações na forma de arquivo de texto, imagem, links de vídeo, chat, etc. Além disso, essas interações à distância, mescladas às aulas presenciais, trazem para a Educação Matemática que praticamos elementos de uma tendência a qual Borba, Scucuglia e Gadanidis (2014, p. 77) denominam blended-learning, ou b-learning, que pode ser traduzido como ensino misturado, ensino de modalidades combinadas, sugerindo uma articulação entre o presencial e o virtual. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo do texto, procuramos compartilhar com a comunidade de educadores matemáticos nossas experiências com o uso do Facebook como suporte pedagógico ao nosso fazer Modelagem. Reiteramos que a presença dessa rede na Educação Matemática que praticamos busca superar a relação de dissonância observada em nossa pesquisa de mestrado entre o Facebook e o fazer Modelagem dos alunos, mas também vai ao encontro das sugestões de autores que, a exemplo de Malheiros e Franchi (2013) e Diniz e Borba (2012), apontam para a necessidade de se explorar e investigar as potencialidades do uso pedagógico das redes sociais., Frente ao exposto, esperamos que as experiências aqui descritas possam contribuir no sentido de inspirar a prática letiva de professores e futuros professores, no sentido de explorar as possibilidades oferecidas pelas redes sociais no sentido de torna-las ferramentas a serviço da Educação Matemática. Também é nossa esperança oferecer a pesquisadores e futuros pesquisadores possibilidades de pesquisas que tenham o uso pedagógico das redes sociais como lócus investigativos, uma vez que entendemos essa problemática como uma fecunda região de inquérito.

REFERÊNCIAS BARBOSA, J. C. Modelagem matemática: concepções e experiências de futuros professores. 2001. 268f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2001. BORBA, M. C.; SCUCUGLIA, R. R. S.; GADANIDIS, G. Fases das tecnologias digitais em Educação Matemática: sala de aula e internet em movimento. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014. BORBA, M. C.; VILLARREAL, M. E. Humans-With-Media and the reorganization of mathematical thinking: information and communication technologies, modeling, experimentation and visualization. v. 39, New York: Springer, 2005. CANEDO JR. N. R. A modelagem como uma atividade de seres-humanos-commídias. 2014. 238f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação Matemática) Universidade Federal de Juiz de Fora. Instituto de Ciências Exatas. Programa de pósgraduação em Educação Matemática, Juiz de Fora, 2014. DINIZ, L. N.; BORBA, M. C. Leitura e Interpretação de Dados prontos em um ambiente de modelagem e tecnologias digitais: o mosaico em movimento. Bolema, Rio Claro (SP), v. 26, n. 43, p. 935-962, ago. 2012. MALHEIROS, A. P. S.; FRANCHI, R. H. O. L. As tecnologias da informação e comunicação nas produções sobre modelagem no GPIMEM. In: BORBA, M. C.; CHIARI, A. (org.). Tecnologias Digitais e Educação Matemática. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2013. P. 175-189.