XXIV Simpósio Jurídico ABCE

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Transcrição:

XXIV Simpósio Jurídico ABCE Criação de território ribeirinho e assentamento em Área de Preservação Permanente Priscila Santos Artigas Milaré Advogados

I. OS RIBEIRINHOS SÃO COMUNIDADES TRADICIONAIS? Comunidades tradicionais lato sensu: povos e comunidades tradicionais que se autoidentificam como uma comunidade tradicional, mas não são formalmente reconhecidos. Comunidades tradicionais stricto sensu: povos e comunidades tradicionais devidamente reconhecidos por atos legais ou administrativos, a quem efetivamente se observam direitos e garantias previstos no ordenamento jurídico pátrio.

II. CONCEITO DE COMUNIDADES TRADICIONAIS (OU TRIBAIS) CONFORME A CONVENÇÃO 169 DA OIT Povos tribais: cujas condições sociais, culturais e econômicas os distingam de outros setores da coletividade nacional, e que estejam regidos, total ou parcialmente, por seus próprios costumes ou tradições ou por legislação especial Povos tribais ou tradicionais: comunidades indígenas comunidades quilombolas outras comunidades tituladas tradicionais por lei.

III. PRINCÍPIO DA ISONOMIA Constituição Federal: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Dar tratamento isonômico às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades

IV. A UTILIZAÇÃO DA APP CONFORME O NOVO CÓDIGO FLORESTAL Em reservatórios artificiais: Art. 5 o Na implantação de reservatório d água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público (...) 1 o Na implantação de reservatórios d água artificiais de que trata o caput, o empreendedor, no âmbito do licenciamento ambiental, elaborará Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, em conformidade com termo de referência expedido pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama, não podendo o uso exceder a 10% (dez por cento) do total da Área de Preservação Permanente.

IV. A UTILIZAÇÃO DA APP CONFORME O NOVO CÓDIGO FLORESTAL Agricultura familiar e baixo impacto ambiental: Art. 3 o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: (...) X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental: (...) e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores.

V. CONCEITO DE AGRICULTOR FAMILIAR CONFORME LEI 11.326/2006 * não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais (no caso de condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, a fração ideal da propriedade não pode ultrapassar 4 (quatro) módulos fiscais); * utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; * tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; * dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

VI. EQUIPARAÇÃO DOS SILVICULTORES, AQUICULTORES, EXTRATIVISTAS, PESCADORES, POVOS INDÍGENAS, COMUNIDADES QUILOMBOLAS E DEMAIS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS Podem também ser beneficiários da Lei 11.326/2006, sendo equiparados aos agricultores familiares para utilização de APP em razão de baixo impacto: * silvicultores que cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles ambientes; * aquicultores que explorem reservatórios hídricos com superfície total de até 2ha (dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em tanques-rede;0 * extrativistas que exerçam essa atividade artesanalmente no meio rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores; * pescadores que exerçam a atividade pesqueira artesanalmente. * povos indígenas * integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e demais povos e comunidades tradicionais

VII. RISCO: DEGRADAÇÃO DA APP - EXEMPLO DE ASSENTAMENTO INDÍGENA NA DÉCADA DE 80 INCLUIR FOTO

OBRIGADA.