José Roberto Postali Parra Depto. Entomologia e Acarologia USP/Esalq



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Transcrição:

José Roberto Postali Parra Depto. Entomologia e Acarologia USP/Esalq

O Brasil é líder na Agricultura Tropical, com uma tecnologia própria

Área (ha) 450.000 400.000 350.000 300.000 Área usada Área agricultável não utilizada 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0 Produção de grãos 2009/2010 149,2 milhões de toneladas Neves et al. (2005)

Parasitoides Predadores Patógenos Feromônios MIP ND NC NE Leppla e Williams (1992)

DE VERDADE (na acepção da palavra) apenas em soja O que se faz: utilização de controle biológico ou feromônios orientação para levantamentos (amostragens) de pragas e inimigos naturais

Por outro lado, a agricultura brasileira é perversa para a utilização de controle biológico

pouco conhecida pouco explorada e utilizada

A despeito da nossa biodiversidade, há necessidade de se fazer, com o controle biológico, o mesmo que foi feito com a nossa agricultura, ou seja, desenvolver uma tecnologia própria.

O início dos estudos de entomologia aplicada no Brasil foi bastante influenciado por Diferentemente de outros países na América Latina, que foram influenciados por Universidades americanas que enfatizavam o

Mudança de mentalidade gradual Formação de recursos humanos na década de 1970 (criação dos cursos de pós-graduação a partir de 1964) mestres doutores em controle biológico

Surgiram programas inter e multidisciplinares no Brasil

FASE Mudança de mentalidade criar e não matar insetos FASE Treinamento na área FASE Aperfeiçoamento de técnicas de criação de inimigos naturais no Brasil

com diferentes etapas laboratório Coleta, identificação e manutenção de linhagens de Trichogramma spp.; Seleção de um hospedeiro para criação massal do parasitoide; Aspectos biológicos e comportamentais de Trichogramma spp.; Alguns estudos podem ser necessários em semicampo e campo.

com diferentes etapas Dinâmica de ovos da praga visada; semi-campo e campo Liberação de parasitoides; número de parasitoides liberados e pontos de liberação; época e forma de liberação; Controle de qualidade Seletividade de agroquímicos; Avaliação da eficiência: modelo de simulação parasitoide / praga*

Panamá Mato Grosso Paraíba Pernambuco Mais de 20 anos de estudos no Brasil, o modelo propagou-se pelo Brasil e América Latina. Chile Paraguai Uruguai Argentina Minas Gerais Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul Espírito Santo Rio de Janeiro

2002 2006 2006 1998 1997 2010 2011 2006 2008 2009 2000 1986 1998 2006

Embora os chineses usassem... Oecophylla smaragdina Bosch et al. (1982)

(Aldrovandi) século 17 Vallisnieri Bosch et al. (1982)

Importação Austrália - EUA pulgão-branco-dos-citros

até metade dos anos 60 Kogan (1998)

Resistência dos insetos aos inseticidas (mais de 500 pragas resistentes) Aparecimento de novas pragas (antes secundárias) Desequilíbrios biológicos Efeitos prejudiciais ao homem, inimigos naturais, peixes, outros animais Ressurgência de pragas Resíduos nos alimentos, água e solo a partir do final dessa década

O ressurgimento do controle biológico faz com que volte a ser utilizado o e comece a se dar maior importância para o ou conservativo (especialmente com a utilização de produtos seletivos e com a preocupação do manejo da resistência).

(aumentativo) Produção massal Liberações inundativas

Parra e Zucchi (2004)

controle biológico aplicado Cotesia flavipes vs Diatraea saccharalis (cana-de-açúcar) Metarhizium anisopliae vs Mahanarva spp. (cana-de-açúcar) Trichogramma spp. (cana-de-açúcar, milho, tomate) Baculovirus anticarsia vs Anticarsia gemmatalis (soja)

> 8 milhões de hectares Controle biológico de pragas Sem controle ou inseticidas

produção massal de

DIETA ARTIFICIAL ADULTOS DA TRAÇA POSTURA DESENVOLVIMENTO LARVAL E PUPAL ESTERILIZADOS EM LÂMPADA GERMICIDA ADULTOS OVOS 95 % 5 % Produção do hospedeiro alternativo (traça) CONTROLE DE QUALIDADE COLÔNIA DE MANUTENÇÃO PARASITISMO Produção do parasitoide (Trichogramma spp.) LIBERAÇÃO DESENVOLVIMENTO LARVAL E PUPAL ADULTOS CONTROLE DE QUALIDADE

preparo da dieta

criação de adultos coleta de ovos 22ºC, 70% de UR e fotofase de 14h

preparo de posturas

produção em recipientes de 500mL desenvolvimento larval da broca produção em tubos de fundo chato 30ºC, 70% de UR e fotofase de 14h

parasitismo 25ºC, 70% de UR e fotofase de 14h lagartas parasitadas em dieta de realimentação

parasitismo

parasitismo

parasitismo larva massa nova

separação de massas

armazenamento cada copinho com 1.500 (ou 750) parasitoides 20ºC, 70% de UR e fotofase de 14h

na cana-de-açúcar década de 1970 em São Paulo I.I.

produção massal de

6 kg de ovos por dia

no campo

CITROS em controle biológico USP/ESALQ EMBRAPA GRAVENA FUNDECITRUS década de

15-17 dias 2 dias 15 dias 4 dias 3 dias 15 dias

e de A. citricola 100 80 Minador A. citricola 60 40 20 0 1998-2000 2001 2002 2003 2004

comercialização do controle biológico 1. Tradição 2. Credibilidade 3. Especificidade 4. Conhecimento tecnológico 5. Disponibilidade do insumo biológico 6. Qualidade do inimigo natural produzido 7. Transferência de tecnologia 8. Seletividade 9. Predação 10.Tecnologia de liberação e fatores ecológicos 11. Custo/benefício

logística controle de qualidade biotecnologia (simbiontes) relações tritróficas técnicas de liberação comercialização produtos seletivos linhagens vigorosas manejo da criação técnicas de armazenamento

Cônsoli e Parra (1996) Dias, Parra e Cônsoli (2010)

Espécies 250 200 150 100 50 0 1970 1975 1980 1985 1990 1995 20002007 2009 2011 Número de espécies de inimigos naturais disponíveis para controle biológico (van Lenteren, 2011).

no Brasil Parra (2010)