FUNDO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR NOS REGIMES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA E A MIGRAÇÃO PARA OUTROS PLANOS



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO - BIGUAÇU FUNDO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR NOS REGIMES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA E A MIGRAÇÃO PARA OUTROS PLANOS ROSANGELA PEREIRA DA ROSA Biguaçu, novembro de 2008

i UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO DE BIGUAÇU CURSO DE DIREITO FUNDO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR NOS REGIMES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA E A MIGRAÇÃO PARA OUTROS PLANOS ROSANGELA PEREIRA DA ROSA Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Professor Esp. Márcio Roberto Paulo Biguaçu, novembro de 2008

ii AGRADECIMENTO À Deus pelo DOM DA VIDA, por ter me dado forças e capacidade para prosseguir nesta jornada, conduzindo meus passos sempre que estive no limite de meus esforços. Ao Edevaldo, meu esposo, por todo carinho, dedicação, ajuda, compreensão, paciência e respeito que me proporcionou durante este percurso de grande ausência. Às minhas filhas Daniela e Luiza, a quem amo muito, e que são minhas fontes de motivação para superar qualquer dificuldade. À minha mãe Edite, por tudo que representa para mim, a minha existência e minha gratidão. Ao meu pai Juarez, in memorium amigo e companheiro, que foi peça fundamental em minha vida, norteando meus passos. Aos meus familiares, minha irmâ Rose, Keti, Rosana, Edilene e meu irmão Juarez que sempre me apoiaram e acreditaram em mim, que me fizeram crer que tudo é possível. Ao meu querido futuro genro Dyego que considero como filho, que participou e abrilhantou contribuindo sempre, quando solicitado, para que conseguisse galgar este importante grau da vida acadêmica. Ao meu mestre com carinho orientador Márcio, pela atenção e orientação neste trabalho, por toda a sabedoria que me passou, pelas horas de acolhida e ensinamentos, o meu muito obrigado. Aos meus amigos e colegas de trabalho, em especial Francisco contribuíram muito em meu objetivo de estudar, possibilitando a conclusão do curso de graduação de Bacharel em Direito.

iii À minha amiga Daiane que sempre foi minha companheira de estudos, que esteve sempre ao meu lado fiel e atenciosa. Ao meu amigo e Professor Silvino Salviato, profissional de equilíbrio, que sou grata pelo apoio, por suas palavras de entusiasmos, de esperança, e sugestões. Contribuiu de forma decisiva para a minha formação pessoal e acadêmica, incentivando-me a retornar aos estudos. E por fim, a todos aqueles que direta e indiretamente, contribuíram para que esta pesquisa se realizasse.

iv DEDICATÓRIA Ao meu Deus, por dar forças nos momentos mais difíceis dessa jornada; e, Ao meu esposo e minhas filhas que tanto amo, que acreditaram no meu sonho e ficaram sem a minha companhia, enquanto eu procurava estudar e aprender, pessoas que sempre me apoiaram e incentivaram, depositando seus mais sinceros votos de confiança.

v TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. Biguaçu, novembro de 2008 Rosangela Pereira da Rosa Graduanda

vi PÁGINA DE APROVAÇÃO A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, elaborada pela graduanda Rosangela Pereira da Rosa, sob o título FUNDO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR NOS REGIMES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA E A MIGRAÇÃO PARA OUTROS PLANOS, foi submetida em 12 de novembro de 2008 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Márcio Roberto Paulo, Dirajaia Esse Pruner e Solange Lúcia Heck Kool e aprovada com a nota [9,0] ([nove]). Biguaçu, novembro de 2008 Professor Esp. Márcio Roberto Paulo Orientador e Presidente da Banca Professora MSc. Helena Nastassya Paschoal Pítsica Responsável pelo Núcleo de Prática Jurídica

vii ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS art. CF CNSP COSIF EC artigo Constituição Federal Conselho Nacional de Seguros Privados Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional000 Emenda Constitucional n. número ns. números nº número INSS MNI MPAS RGPS RPPS SPC SUSEP ORTN Instituto Nacional do Seguro Social Manual de Normas e Instruções Ministério da Previdência e Assistência Social Regime geral da Previdência Social Regime próprio da Previdência Social Superintendência da Previdência Complementar Superintendência de Seguros Privados Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional

viii ROL DE CATEGORIAS Rol de categoria que a Autora considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. Previdência Privada Sistema composto por empresas do setor privado que tem como objetivo oferecer planos de previdência assemelhados aos da previdência social. Você contribui durante determinado período, acumulando recursos para ter sua aposentadoria digna, de acordo com o regulamento do plano contratado, poderá revertê-los em rendas vitalícias, em rendas temporárias ou pecúlio (importância paga de uma única vez). Cada vez mais pessoas estão procurando complementar sua aposentadoria da previdência social adquirindo antecipadamente um plano de previdência complementar, devido a incerteza do futuro da previdência social ou apenas para manter seu padrão de vida, [...] 1. Previdência Privada Fechada As entidades fechadas são aquelas acessíveis, na forma regulamentada pelo órgão regulador e fiscalizador, exclusivamente: I - aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entes denominados patrocinadores; e II - aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores. [...] 2. Previdência Social A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e atenderá, nos termos da lei, à cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, idade avançada, proteção à maternidade, especialmente à gestante, proteção ao trabalhador em situação de desemprego 1 CEACOR CORRETORA. O que é previdência privada ou previdência complementar. Disponível em: <http://www.ceacor.com.br/oqeprevi-detalhes.php?id=oqeprevi>. Acesso em: 25 set. 2008. 2 BRASIL. Lei complementar nº 109, de 29 de maio de 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp109.htm#art79>. Acesso em: 30 set. 2008.

ix involuntário, salário-família e auxílio-doença para os dependentes dos segurados de baixa renda, pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes 3. A previdência social é seguro sui generis, pois é de filiação compulsória para os regimes básicos (RGPS e RPPS), além de coletivo, contributivo e organização estatal, amparando seus beneficiários contra os chamados riscos sociais. [...] 4. Previdência Social, é, portanto, a denominação dada ao sistema que tem como finalidade manter a subsistência da pessoa que trabalha, quando se torne ela, pessoa, incapaz para o trabalho (por idade ou por doença) [...] 5. Processo de Migração É o processo que possibilita ao participante ativo do Plano de Benefício Definido (BD) se transferir para o novo Plano de Contribuição Definida - CD, transferindo para este novo plano, o valor, expresso em reais, de seu direito acumulado no Plano BD [...] 6. Regime Previdenciário Entende-se por regime previdenciário aquele que abarca, mediante normas disciplinadoras da relação jurídica previdenciária, uma coletividade de indivíduos que têm vinculação entre si em virtude da relação de trabalho ou categoria profissional a que está submetida, garantindo a esta coletividade, no mínimo, os benefícios essencialmente observados em todo sistema de seguro social aposentadoria e pensão por falecimento do segurado 7. 3 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 31. 4 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Resumo de direito previdenciário. 6. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2006. p. 19. 5 GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário: acidentes de trabalho. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 44. 6 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PARTICIPANTES DE FUNDOS DE PENSÃO. Segregações patrimoniais em fundos de pensão. Disponível em: <http://www.anapar.com.br/debate_sobre_previdencia_complementar/artigo_segregacao.doc.>. Acesso em: 15 set. 2008. 7 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 7. ed. conforme as Emendas Constitucionais e a legislação em vigor até 10.1.2006. São Paulo: LTr, 2006. p. 122.

x Regime de Previdência Complementar [...]. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar 8. Seguridade Social A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. [...] 9. A seguridade social pode ser conceituada como a rede protetiva formada pelo Estado e particulares, com contribuições de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida. [...]. A seguridade social é objeto de estudo e normatização do direito previdenciário. Muito embora a previdência seja menor que a seguridade, como aquela é anterior a esta, o ramo do direito adota seu nome. Todavia, a utilização de designações diversas, como direito da seguridade social, também é correta 10. A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social. [...] 11.. 8 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituiçao.htm>. Acesso em: 15 set. 2008. 9 BRASIL.Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituiçao.htm>. Acesso em: 15 ago. 2008. 10 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Resumo de direito previdenciário. p. 9-10. 11 BRASIL. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm>. Acesso em: 15 ago. 2008.

xi SUMÁRIO RESUMO... IX ABSTRACT... X INTRODUÇÃO... 1 CAPÍTULO 1... 3 SEGURIDADE SOCIAL... 3 1.1 ESBOÇO HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL...3 1.1.1 A SEGURIDADE SOCIAL NO MUNDO...4 1.1.2 A SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL...8 1.2 CONCEITO DE SEGURIDADE SOCIAL...14 1.3 NATUREZA JURÍDICA DA SEGURIDADE SOCIAL...18 1.4 PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL...19 1.4.1 PRINCÍPIO DO SOLIDARISMO...21 1.4.2 PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE...22 1.4.3 PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS...23 1.4.4 PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DE BENEFÍCIOS E SERVIÇOS...24 1.4.5 PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS...25 1.4.6 PRINCÍPIO DA EQÜIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO...26 1.4.7 PRINCÍPIO DA DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO...27 1.4.8 PRINCÍPIO DO CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA ADMINISTRAÇÃO...28 1.4.9 PRINCÍPIO DA PREEXISTÊNCIA DO CUSTEIO EM RELAÇÃO AO BENEFÍCIO OU SERVIÇO...29 CAPÍTULO 2... 30 REGIMES PREVIDENCIÁRIOS BRASILEIROS... 30 2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS REGIMES PREVIDENCIÁRIOS BRASILEIROS...30 2.1.1 REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL RGPS...32 2.1.1.1 Dos beneficiários do regime geral da previdência social...34 2.1.2 REGIMES DE PREVIDÊNCIA DE AGENTES PÚBLICOS OCUPANTES DE CARGOS EFETIVOS E VITALÍCIOS...38 2.1.2.2 Das várias espécies de benefícios e auxílios...41 2.1.3 REGIME DOS MILITARES DAS FORÇAS ARMADAS...44 2.1.4 REGIME PREVIDENCIÁRIO COMPLEMENTAR...47 CAPÍTULO 3... 51

xii PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA E A MIGRAÇÃO PARA OUTROS PLANOS... 51 3.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA PRIVADA NO BRASIL...51 3.2 INSTITUIÇÃO DA PREVIDÊNCIA PRIVADA...56 3.3 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA PREVIDÊNCIA PRIVADA...57 3.4 ESPÉCIES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA...63 3.4.1 PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA...64 3.4.2 PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA...68 3.5 A PREVIDENCIA PRIVADA FECHADA E A MIGRAÇÃO PARA OUTROS PLANOS...72 CONCLUSÃO... 78 REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS... 81

ix RESUMO A presente monografia teve como finalidade proceder o estudo do fundo de previdência complementar nos regimes de previdência privada fechada e a migração para outros planos. Para tanto, empregou-se o método dedutivo, abordando-se, inicialmente, sobre o instituto da Seguridade Social, para, por conseguinte, os regimes previdenciários brasileiros, e, finalmente, estudar-se a previdência privada, com o objetivo de analisar como se dá o processo de migração para outros planos previdenciários, nos regimes de previdência privada fechada, suas características e peculiaridades, segundo dados da legislação, doutrina, periódicos e artigos de internet. Assim sendo, procurou-se no primeiro capítulo, examinar a Seguridade Social, seu esboço histórico, conceito e natureza jurídica, para, depois, abordar-se os princípios desta. No segundo capítulo, pretendeu-se demonstrar os regimes previdenciários brasileiros, quais sejam, o regime geral da previdência social; os regimes de previdência de agentes públicos ocupantes de cargos efetivos e vitalícios; o regime dos militares das forças armadas; e, o regime previdenciário complementar, bem como apresentar-se os beneficiários do regime geral da previdência social, e, finalmente, as espécies de benefícios e auxílios previdenciários. Finalmente, no terceiro e último capítulo, efetuou-se um estudo direcionado da previdência privada, seu contexto histórico, instituição, conceito e características, como também as espécies desta, que se classificam em previdência privada aberta e fechada, para, por fim, analisar-se a problemática do presente trabalho, que versa da previdência privada fechada e a migração para outros planos. Palavras chave: Previdência Privada. Previdência Privada Fechada. Previdência Social. Processo de Migração. Regime Previdenciário. Regime de Previdência Complementar. Seguridade Social.

x ABSTRACT This monograph purposes a study about the provident fund supplementary pension schemes in the private closed and the migration to others plans. To do that, it was used the deductive method, being firstly approached the institute of Social Security, then, the schemes of providence in Brazil and finally, it was studied the private providence. The private providence is approached with an analysis about the working of the process of migration to others plans, in schemes of private provident closed, its features and peculiarities, according data of legislation and teaching, periodicals and articles of Internet. So, it was searched in the first chapter, to examine the Social Security, its historical sketch, concept and legal, then, to approach its principles. At the second chapter, it was intended to demonstrate the schemes of the Brazilian providence, which are, the general scheme of welfare; the schemes of providence of the public agents whose occupy effective and perpetual posts; the scheme of military of army; and, the schemes additional welfare, as well to present the beneficiaries of the general scheme of welfare, and finally the kinds of benefits and aid of providence. In the last and third chapter, it was done a study cursed to the private providence, its historical context, institution, concept and features, as well its kinds, which can be classified in private providence opened and closed, and finally, analyze the problems of this work, which has closed the private welfare and migration to other plans. Key words: Private Providence. Private provident Closed. Welfare. Process Migration. Scheme of Providence. Regime of Private Pension Funds. Social Security.

INTRODUÇÃO A presente Monografia tem como objeto tratar do tema relativo ao fundo de previdência complementar nos regimes de previdência privada fechada e a migração para outros planos. O seu objetivo é analisar como se dá o processo de migração para outros planos previdenciários, nos regimes de previdência privada fechada, suas características e peculiaridades, segundo dados da legislação, doutrina, periódicos e artigos de internet. Para tanto, principia se, no Capítulo 1, tratando da Seguridade Social, seu esboço histórico, conceito e natureza jurídica, para, depois abordar-se os princípios desta, quais sejam, o princípio do solidarismo; o princípio da universalidade; o princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; o princípio da seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços; o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios; o princípio da eqüidade na forma de participação no custeio; o princípio da diversidade da base de financiamento; o princípio do caráter democrático e descentralizado da administração; e, o princípio da preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço. No Capítulo 2, tratando dos regimes previdenciários brasileiros e das considerações inerentes a estes que se dividem em: a) regime geral da previdência social RGPS; b) regimes de previdência de agentes públicos ocupantes de cargos efetivos e vitalícios; c) regime dos militares das forças armadas; e, d) regime previdenciário complementar, bem como apresentando-se os beneficiários do regime geral da previdência social, e, finalmente, as várias espécies de benefícios e auxílios. No Capítulo 3, abordando a previdência privada, seu contexto histórico, instituição, conceito e características, como também as espécies dela que se classificam em previdência privada aberta e fechada, para,

2 por fim, analisar-se a problemática do presente trabalho, que versa da previdência privada fechada e a migração para outros planos. O presente Relatório de Pesquisa se encerra com a Conclusão, aonde serão apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre o fundo de previdência complementar nos regimes de previdência privada fechada e a migração para outros planos. Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de Investigação foi utilizado o Método Dedutivo, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é composto na base lógica Dedutiva. Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica.

CAPÍTULO 1 SEGURIDADE SOCIAL 1.1 ESBOÇO HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL Neste capítulo tratar-se-á sobre os aspectos gerais do instituto da Seguridade Social, bem como sobre o seu esboço histórico no mundo e no Brasil, sua concepção, natureza jurídica e princípios basilares. Neste sentido, quanto ao esboço histórico do instituto da Seguridade Social, explica, inicialmente, João Ernesto Aragonés Vianna, que: [...]. O estudo da evolução histórica de qualquer instituto do Direito não é mera formalidade, peça obrigatória de qualquer curso, mas caminho necessário para a compreensão do objeto em estudo, sob todos os ângulos. Não há como compreender o momento presente do Direito, sobretudo do Direito da Seguridade Social, que é um direito de luta, sem estudar as bases históricas sobre as quais desenvolveu-se cada instituto. Da mesma forma que, no passado, consolidaram-se as bases estruturais da seguridade social de hoje, temos a missão de pavimentar o caminho para o futuro. [...]. É preciso refletir sobre tudo o que foi feito, ao longo dos séculos, em termos de seguridade social ou nas suas mais remotas manifestações, quando o nome por certo não seria apropriado -, as experiências fracassadas, para não repetirem-se os erros, as experiências exitosas, para evoluir-se rumo ao futuro. [...]. Assim desenvolve-se o estudo científico do Direito: considerando, sempre, as experiências passadas tenham elas resultado em sucesso ou não 17. Portanto, com base no acima mencionado, ressalta-se que 17 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 21.

4 neste título abordar-se-ão os principais momentos históricos da Seguridade Social, motivo pelo qual, será o mesmo dividido em dois subtítulos, para uma melhor compreensão do leitor. 1.1.1 A Seguridade Social no mundo Discorre João Ernesto Aragonés Vianna, sobre o esboço histórico da Seguridade Social no mundo, que: A doutrina refere-se ao Talmud, ao Código de Hamurabi e ao Código de Manu, como as primeiras ordenações normativas a instituir métodos de proteção contra os infortúnios, sendo que este último continha disposições, acerca dos empréstimos realizados ao preço dos riscos. Os fenícios, por sua vez, adotaram idênticas normas dos hindus, difundidas mais tarde na Grécia. Da Grécia para Roma surgiram as associações denominadas de collegia ou sadalitia formadas por pequenos produtores e artesãos livres, igualmente, com caráter mutualista, constituídas de no mínimo três indivíduos que contribuíam periodicamente para um fundo comum, cuja destinação principal estava voltada para o custo dos funerais dos seus associados 18. Ensina Sergio Pinto Martins, que a família de origem romana, através do pater familias, possuía a incumbência de prestar assistência aos seus servos e clientes, em um formato de associação, mediante a contribuição de seus membros, como uma maneira de auxiliar os mais necessitados 19. Em contrapartida, Marcus Orione Gonçalves Correia e Érica Paula Barcha Correia aduzem que apesar de verificarem-se algumas disposições inerentes à proteção social na antiguidade, especialmente em Roma, não se pode 18 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 22. 19 Cf. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. 23. ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2006. p. 3.

5 entender que um sistema de Seguridade Social tenha ocorrido naquele momento histórico 20. da Idade Média que: Disserta João Ernesto Aragonés Vianna, que foi no período [...] assistimos à proliferação de instituições de proteção social; mas, todas de cunho mutualista, ou seja, circunstanciadas a determinados grupos em regra organizações profissionais com o objetivo de prestar ajuda mútua a seus integrantes, razão pela qual ainda não podemos falar propriamente de esquemas de proteção social, de cunho universal 21. No ano de [...] 1601, a Inglaterra editou a Poor Relief Act (Lei de Amparo aos Pobres), que instituía a contribuição obrigatória para fins sociais 22. Assim, o ano de 1601 foi um grande marco do instituto da Seguridade Social, visto que além de editada a Lei dos Pobres, instituiu-se um programa de assistência social, cuja responsabilidade era atribuída à Igreja, e que buscava o combate à miséria, dirigido principalmente às crianças, idosos, inválidos e desempregados. Desta forma, com o escopo de custear tais ações, foi instituída também, uma contribuição obrigatória 23. Elucida Ivan Kertzman, que sob a ótica do direito previdenciário, o primeiro ordenamento legal foi promulgado na Alemanha, por Otto Von Bismarck, no ano de 1883, com a instituição do seguro-doença, sendo que neste mesmo país foram instituídos a cobertura compulsória para acidentes de trabalho, no ano de 1884, e o seguro para invalidez e velhice, no ano de 1889 24. Destaca Sergio Pinto Martins: 20 Cf. CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade social. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 1-2. 21 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 23. 22 MARTINS, Sergio Pinto. Fundamentos de direito da seguridade social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 17. 23 Cf. VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 23. 24 Cf. KERTZMAN, Ivan. Direito previdenciario. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005. p. 21.

6 Na Inglaterra, em 1897, foi instituído o Workmen s Compensation Act, criando o seguro obrigatório contra acidentes de trabalho. Foi imposto ao empregador o princípio da responsabilidade objetiva, em que era responsável pelo infortúnio, mesmo sem ter concorrido com culpa para o acidente, atribuindo-lhe o pagamento da indenização ao obreiro. Em 1907, foi estabelecido o sistema de assistência à velhice e acidentes de trabalho. Em 1908, o Old Age Pensions Act concedeu pensões aos maiores de 70 anos, independentemente de contribuição 25. Outrossim, foi no ano de 1911, que o sistema de repartição tríplice aperfeiçoou-se com a criação do National Insurence Act, uma medida que visava o equilíbrio financeiro de todo o sistema 26. A Constituição do México, de 1917, tratou do seguro social (art. 123). A Constituição de Weimar, de 1919, colocou em seu texto várias disposições sobre matéria previdenciária 27. Por conseguinte, foi no ano de 1919 que se criou a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com peculiaridades de órgão internacional, cuja principal função é não somente zelar pelas normas internacionais concernentes ao trabalho, porém daquelas inerentes à Seguridade Social 28. Menciona Sergio Pinto Martins, que foi o Plano Beveridge, do ano de 1941, da Inglaterra, que também veio indicar um programa contra certas continências sociais, como a indigência, ou quando por qualquer motivo o cidadão não pudesse trabalhar 29. Corrobora com o supramencionado, Ivan Kertzman ao afirmar que o ponto-chave do estudo do esboço histórico da Seguridade Social no mundo é o denominado Plano Beveridge, que, instaurado no ano de 1942, 25 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. p. 4. 26 Cf. VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 23. 27 MARTINS, Sergio Pinto. Fundamentos de direito da seguridade social. p. 18. 28 Cf. VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 23-24. 29 Cf. MARTINS, Sergio Pinto. Fundamentos de direito da seguridade social. p. 18.

7 marcou a estrutura da Seguridade Social moderna, com participação universal em todas as categorias de trabalhadores e cobrança compulsória de contribuições, para financiamento das três áreas da seguridade, quais sejam, saúde, previdência social e assistência social 30. Inspirado no Relatório Beveridge, o governo inglês apresentou, em 1944, um plano de previdência social, que deu ensejo à reforma do sistema inglês de proteção social, que foi implantado em 1946 31. Sendo assim, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, no ano de 1948, contemplou também a Seguridade Social como um direito de qualquer pessoa 32, ou seja: [...] inscreve, entre outros direitos fundamentais da pessoa humana, a proteção previdenciária. O art. XXV da referida norma determina que todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito à seguridade no caso de desemprego, doença, invalidez, velhice, ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. [...] 33. Importante se faz salientar, ainda, que se pode classificar a evolução do seguro social em três períodos, quais sejam: 1º) fase inicial: da origem até o ano de 1918. Caracteriza-se pela implantação dos regimes em muitos países europeus; 2º) fase intermediária: do ano de 1919 a 1945. É a fase em que houve uma expansão geográfica do seguro social no mundo e sua implantação em vários países da América Latina, Austrália e Ásia; 3º) fase contemporânea: do ano de 1946 até os dias atuais e que marcou pela universalização do acesso às prestações de previdência e ampliação qualitativa 34. 30 Cf. KERTZMAN, Ivan. Direito previdenciario. p. 21. 31 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. p. 5. 32 Cf. VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 24. 33 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. p. 5-6. 34 Cf. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário. 2. ed. rev., ampl. e atualizada até 17/6/2000. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000. p. 24.

8 Demonstrado, então, o histórico da Seguridade Social no mundo, estuda-se a seguir, sobre o esboço histórico desta no Brasil. 1.1.2 A Seguridade Social no Brasil O instituto da Seguridade Social brasileira surgiu através da organização privada, e, aos poucos, o Estado apropriou-se do sistema mediante políticas intervencionistas. Deste modo, as primeiras entidades que atuaram na Seguridade Social foram as santas casas de misericórdia, a exemplo da de Santos, que, no ano de 1553, oferecia serviços com o caráter de assistência social 35. É entendimento de Marcelo Leonardo Tavares que: Em nosso país, as primeiras manifestações de preocupação com a necessidade de implantação de seguro social deram-se através das santas casas de misericórdia, como a de Santos (1543), montepios e sociedades beneficentes, todos de cunho mutualista e particular. Também se registra a instituição do Montepio para a Guarda Pessoal de D. João VI (1808), bem como o pagamento de pensões às viúvas dos militares falecidos na Guerra do Paraguai; Em 1835, foi criado o Montepio Geral dos Servidores do Estado (Mongeral), primeira entidade privada a funcionar no país 36. Neste jaez, disciplina João Ernesto Aragonés Vianna que no Brasil, a previdência privada teve origem em 1543, quando Brás Cubas criou um plano de pensão para os empregados da Santa Casa de Santos 37. Por derradeiro, verifica-se que o Código Comercial de 1850 dispõe em seu artigo 79, que os empregadores deveriam manter o pagamento dos salários dos seus funcionários/empregados durante três meses, em casos de acidentes imprevistos e inculpados 38. Instrui Sergio Pinto Martins: 35 Cf. KERTZMAN, Ivan. Direito previdenciario. p. 22. 36 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário. p. 25. 37 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 25. 38 Cf. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário. p. 25.

9 Na Constituição de 1824, a única disposição pertinente à seguridade social é a do art. 179, em que se preconizava a constituição dos socorros públicos (XXXI). O Ato Adicional de 1834, em seu art. 10, estipulava a competência das Assembléias Legislativas para legislar sobre as casas de socorros públicos, conventos etc., que foram instituídos pela Lei nº 16, de 12 de agosto de 1934 39. Nos ensinamentos de Marcus Orione Gonçalves Correia e Érica Paula Barcha Correia, na Constituição Republicana de 1891, a única alusão à questão, era disciplinada no artigo 75, com relação à aposentadoria concedida, sem qualquer contribuição correspondente, aos funcionários públicos em casos decorrentes de invalidez no serviço da Nação 40. A Lei Eloy Chaves (Decreto nº 4.862, de 24-1-23) foi a primeira norma a instituir no Brasil a Previdência Social, com a criação de Caixas de Aposentadoria e Pensões para os ferroviários, de nível nacional 41. Porém, foi através da Emenda Constitucional de 1926, que se alterou significativamente a Lei de Maior de 1891. Assim, o artigo 54, 28 autorizou o Congresso Nacional a disciplinar sobre o trabalho, assim como o 29, a legislar sobre licença, aposentadoria e eventuais reformas, não se podendo conceder nem alterar, por leis especiais 42. Quanto à Constituição de 1934, destaca-se que em seu artigo 121, 1º, alínea h, tratava de: [...] assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante, assegurando a esta descanso, antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego, e instituição de previdência, mediante contribuição igual da União, do empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidentes do trabalho ou de morte. 39 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. p. 5. 40 Cf. CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade social. p. 11. 41 MARTINS, Sergio Pinto. Fundamentos de direito da seguridade social. p. 18. 42 Cf. MARTINEZ, Wladimir Novaes. A seguridade social na Constituição Federal: de acordo com a Lei 8.212/91 e Lei n. 8.213/91. 2. ed. São Paulo: LTr, 1992. p. 19.

10 Era prevista a tríplice forma de custeio: ente público, empregado e empregador, sendo obrigatória a contribuição (art. 121, 1º, h). A Constituição faz referência pela primeira vez à expressão previdência, embora não a adjetivasse de social 43. Entretanto, Marcus Orione Gonçalves Correia e Érica Paula Barcha Correia discorrem que a Constituição de 1937 pouco disciplinou sobre matéria previdenciária, limitando-se a mencionar a instituição do seguro de velhice, invalidez e em casos de acidente do trabalho, no artigo 137, alínea m, além de instituir o dever das associações de trabalhadores de oferecer auxílio ou assistência aos necessitados, principalmente, no que tange às práticas administrativas ou judiciais referentes aos seguros de acidente de trabalho e sociais, conforme redação do artigo 137, alínea n 44. Leciona Ivan Kertzman, que a Constituição de 1946 empregou de maneira inovadora a expressão previdência social, motivo pelo qual, foi garantida pelo constituinte a proteção aos eventos de doença, invalidez, velhice e morte, bem como representou esta Carta, a primeira experiência de sistematização das normas referentes à proteção social 45. Com relação ao ano de 1947, cabe ressaltar que foi oferecido o projeto que deu origem à Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS/nº 3.807, de 26/8/1960), lei esta que foi o grande marco da unificação dos critérios de concessão aos benefícios por vários institutos 46. Complementa João Ernesto Aragonés Vianna: Em 1960, foi publicada a Lei n. 3.807, conhecida como LOPS Lei Orgânica da Previdência Social a qual teve o mérito de unificar toda a legislação existente sobre previdência social, criando um plano único de benefícios e sedimentando o caminho 43 MARTINS, Sergio Pinto. Fundamentos de direito da seguridade social. p. 19. 44 Cf. CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade social. p. 12. 45 Cf. KERTZMAN, Ivan. Direito previdenciario. p. 22. 46 Cf. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário. p. 26.

11 para o sistema implementado em 1988. Naquele mesmo ano foi criado o Ministério do Trabalho e Previdência Social 47. Discorre Sergio Pinto Martins que o Decreto-lei nº 72, de 21-11-66, unifica os institutos de aposentadoria e pensões, centralizando a organização previdenciária no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) 48. No entanto, alude Wladimir Novaes Martinez: A Constituição Federal de 1967 é uma imposição do Movimento Revolucionário de 1964. Os ideólogos que a conceberam não tinham a intenção de modificar profundamente a Previdência Social, calcando-se, em relação à matéria, nos dispositivos da de 1946. O art. 158 da Carta Magna de 1967 é praticamente o mesmo art. 157 da Constituição de 1946. Na primeira, a fórmula adotada pelo caput é a de referir-se à legislação trabalhista previdenciária, fixando-se os parâmetros; na segunda, garante os mesmos direitos pela Constituição 49. Destaca Sergio Pinto Martins que a Lei nº 5.316, de 14-9-67, integra o sistema de seguro de acidente de trabalho ao sistema previdenciário, deixando, então, de ser o mesmo destinado a uma entidade privada, para ser administrado pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Portanto, o sistema deixou de ser considerado de risco social a partir do ano de 1967, para ser tratado como seguro social, abandonando-se a idéia do contrato de seguro disposto no Código Civil de 1916 50. Neste diapasão, salienta o mesmo doutrinador: O Decreto-lei nº 367, de 19-12-68, tratou da contagem do tempo de serviço dos funcionários públicos civis da União e das autarquias. 47 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 26. 48 MARTINS, Sergio Pinto. Fundamentos de direito da seguridade social. p. 19. 49 MARTINEZ, Wladimir Novaes. A seguridade social na Constituição Federal: de acordo com a Lei 8.212/91 e Lei n. 8.213/91. p. 22. 50 Cf. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. p. 12.

12 O Decreto-lei nº 564, de 1-5-69, entendeu a previdência social ao trabalhador rural, especialmente aos empregados do setor agrário da agroindústria canavieira, por meio de um plano básico. O Decreto-lei nº 704, de 24-7-69, complementou e ampliou o Plano Básico de Previdência Social Rural, estendendo-se aos empregados das empresas produtoras e dos fornecedores de produto agrário in natura, bem como dos empreiteiros que utilizassem mão-de-obra para produção e fornecimento de produto agrário, desde que não constituídos sob a forma de empresa. Com o Decreto-lei nº 959, de 13-10-1969, as empresas passam a recolher a contribuição previdenciária sobre o trabalho autônomo 51. Assim, dissertam Marcus Orione Gonçalves Correia e Érica Paula Barcha Correia que a Constituição de 1967 e a Emenda nº 1, de 1969, pouco acrescentaram com relação à matéria previdenciária, posto que a emenda teria disciplinado de uma maneira um pouco mais detalhada sobre os vários benefícios previdenciários, tais como, o salário-família, proteção à velhice, etc 52. Portanto, conclui-se que a Emenda Constitucional nº 1, do ano de 1969 também não apresentou importantes alterações em relação às Constituições de 1946 e 1967, visto que a matéria de ordem previdenciária era tratada conjuntamente com a do Direito do Trabalho, no artigo 165 53. Cita Ivan Kertzman, que no ano de 1977 foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Sinpas), que é responsável pela integração dos ramos de assistência social, previdência social, assistência médica e gestão das entidades correlacionadas ao Ministério de Previdência e Assistência Social 54. Desta forma: 51 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. p. 12-13. 52 Cf. CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade social. p. 12. 53 Cf. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. p. 13. 54 Cf. KERTZMAN, Ivan. Direito previdenciario. p. 23.

13 A atual Constituição, por sua vez, foi bastante minuciosa ao tratamento da questão da seguridade social. Do mesmo modo, significativas alterações foram promovidas no tema pela Emenda Constitucional n. 20, de 1998 55. Neste jaez, explica João Ernesto Aragonés Vianna que, enfim, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 instituiu um verdadeiro sistema de Seguridade Social, interligando as ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, designadas a garantir os direitos inerentes à saúde, previdência e assistência social 56. Leciona Marcelo Leonardo Tavares, que: * a Lei nº 8.029/90 criou o Instituto Nacional do Seguro Social e foi regulamentada pelo Decreto nº 99.350/90; * que a Lei nº 8.212/91 instituiu o Plano de Organização e Custeio da Seguridade Social; * que a Lei nº 8.213/91 estabeleceu o Plano de Benefícios da Previdência Social; * que a Lei nº 8.080/90 cuidou da área da saúde; e, que, * a Lei nº 8.742/93 tratou sobre a Lei Orgânica de Assistência Social LOAS 57. Outrora, a reforma da Previdência Social foi feita no âmbito constitucional pela Emenda Constitucional nº 20, de 16-12-98, que alterou vários artigos da Constituição sobre a matéria 58. Sendo assim, afirma-se que a Seguridade Social no Brasil divide-se em quatro períodos, isto é: Período da Implantação ou de formação Lei Elói Chaves até o decreto nº 20.465 de 1º.10.31 que se constitui no primeiro sistema amplo de seguros sociais cobrindo riscos de invalidez, velhice e morte. Concedendo auxílio-funeral, assistência médico-hospitalar e aposentadoria ordinária (condicionada a tempo de serviço e à idade). Período de Expansão Com a propagação dos institutos de aposentadorias e pensões por categorias (marítimos, 55 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade social. p. 12. 56 Cf. VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 26. 57 Cf. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário. p. 28. 58 MARTINS, Sergio Pinto. Fundamentos de direito da seguridade social. p. 20.

14 comerciários, bancários, industriários) até a LOPS Lei Orgânica de Previdência Social. Período de Unificação Fundiu os institutos de aposentadorias e pensões, criando o INPS. O Decreto nº 72 de 24.11.76 CLPS primeira consolidação das leis de previdência social. Período de Reestruturação Vai de 1977 com a criação do SINPAS passando pela Constituição Federal de 1988 que implantou o sistema de Seguridade Social chegando até os dias atuais 59. Visto, então, o esboço histórico da Seguridade Social no Mundo e no Brasil, apresenta-se a seguir, sobre o conceito e/ou denominação do instituto da Seguridade Social. 1.2 CONCEITO DE SEGURIDADE SOCIAL Importante se faz destacar, preliminarmente, que quanto ao conceito de Seguridade Social, dispõe o artigo 194, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, in verbis: Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. [...] 60. Partindo do artigo supramencionado, indica, então, o Ministério da Previdência Social - MPS, que segundo a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a Seguridade Social pode ser definida como um conjunto de diretrizes inerentes à previdência, assistência social e ações voltadas à saúde, ou seja, compõem-se de medidas governamentais que buscam o bemestar do cidadão, conforme a necessidade deste e a capacidade de oferecê-las 61. 59 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Lições de direito previdenciário: a Previdência Social em temas práticos e didáticos. São Paulo: EDIPRO, 1999. p. 19. 60 BRASIL.Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituiçao.htm>. Acesso em: 15 ago. 2008. 61 Cf. MPS. Tudo o que você queria saber sobre a Previdência Social e ninguém ainda explicou. Brasília: MPS, ACS, 1993. p. 7.

15 É ensinamento de João Ernesto Aragonés Vianna, que a Seguridade Social compreende um conjunto interligado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinada a garantir o direito concernente à saúde, à previdência e à assistência social, conforme se depreende do artigo 1º, caput, da Lei nº 8.212/91 62, conforme se verifica abaixo: Art. 1º A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social. [...] 63. Outrossim, leciona Sergio Pinto Martins, que o direito à Seguridade Social é um conjunto de princípios, regras e instituições que destinase ao estabelecimento de um sistema de proteção social aos cidadãos em face de contingências que lhes impeça de prover as suas necessidades básicas e de sua prole, integrado por ações de iniciativa do poder público e da sociedade, que desejam assegurar os direitos à saúde, à previdência e à assistência social 64. Demonstra Fábio Zambitte Ibrahim que: A seguridade social pode ser conceituada como a rede protetiva formada pelo Estado e particulares, com contribuições de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida. [...]. A seguridade social é objeto de estudo e normatização do direito previdenciário. Muito embora a previdência seja menor que a seguridade, como aquela é anterior a esta, o ramo do direito adota seu nome. Todavia, a utilização de designações diversas, como direito da seguridade social, também é correta 65. 62 Cf. VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. p. 27. 63 BRASIL. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm>. Acesso em: 15 ago. 2008. 64 Cf. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. p. 19. 65 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Resumo de direito previdenciário. p. 9-10.

16 Para Ionas Deda Gonçalves, além de o conceito de Seguridade Social estar expressamente disposto no artigo 194, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, pode-se dizer que se trata de um conceito jurídico extraído do direito positivo e não somente de formulações filosóficas ou doutrinárias, apesar de estas terem exercido grande influência na sua denominação. Existem muitas concepções doutrinárias acerca do instituto da Seguridade Social que foram formuladas ao longo dos tempos, levando-se em conta diversos estágios da evolução dos sistemas de proteção social, além das classes culturais e econômico-financeiras de cada população. Portanto, afirma-se que a Seguridade Social é aquela que se divide em três áreas, quais sejam: 1) saúde; 2) previdência social; e, 3) assistência social 66. Conforme entendimento de Miguel Horvath Júnior: O Direito da Seguridade Social como todo Direito Social é um direito de conquista (...). É difícil dar uma definição de Seguridade Social que possa ser adotada sem dificuldade, porque segundo ensino de Mario Pasquini o conceito de Seguridade Social é um conceito proteiforme, no sentido de que por sua congênita definição, pode ser definido delineado segundo as perspectivas, finalidade ou métodos que se considerem. Observando-se as legislações de outros países, ainda assim é difícil encontrarmos um conceito uniforme, posto que, o conceito de Seguridade Social leva em conta os princípios éticos-políticos de cada país, bem como as condições econômicas e sociais (...). Qualquer que seja a posição que se adota em relação ao conceito da Seguridade Social deve-se sempre entendê-lo como fenômeno social fundamental, como fundamental é a própria evolução das sociedades 67. Segundo Sergio Pinto Martins, a Seguridade Social compreende um conceito amplo, abrangente, universal e destinado a todos os que dela necessitem, desde que exista uma previsão legal sobre uma 66 Cf. GONÇALVES, Ionas Deda. Direito previdenciário. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 7-8. 67 HORVATH JÚNIOR, Miguel apud LIGEIRO, Maria de Los Santos Alonso. Lições de direito previdenciário: a Previdência Social em temas práticos e didáticos. p. 39.

17 determinada contingência a ser coberta. É, então, considerada o gênero do qual são espécies a previdência social, a assistência social e a saúde 68. Marcelo Leonardo Tavares, diz que a Seguridade Social é o conjunto de medidas que são destinadas ao atendimento das necessidades básicas do ser humano e que o direito à Seguridade Social destina-se à proteção de, no mínimo, uma condição social necessária, vida digna e que atenda ao fundamento expresso pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 1º, inciso III 69. Marcus Orione Gonçalves Correia e Érica Paula Barcha Correia compreendem que o conceito de Seguridade Social abarca duas perspectivas, quais sejam, a política e a jurídica. Sob a perspectiva política, a Seguridade Social possui a finalidade de proteger a necessidade social, isto é, estende-se à sociedade como um todo e tem como prestador o Estado. Já, sob a perspectiva jurídica, a Seguridade Social refere-se ao meio com que se pretende alcançar o objetivo de proteger as necessidades sociais, através de uma organização normativa instrumental e de relações jurídicas decorrentes 70. Diante de todos os posicionamentos adotados pelo doutrinadores aqui citados, afirma-se, sucintamente, que o instituto da Seguridade Social é uma medida que o Estado possui para assegurar aos seus cidadãos uma tutela que afete, tanto as suas necessidades essenciais quanto as de sua família 71. Exposto o conceito de Seguridade Social, examinar-se-á no próximo título sobre a natureza jurídica desta. 68 Cf. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. p. 21. 69 Cf. TAVARES, Marcelo Leonardo apud LEITE, Celso Barroso. Direito previdenciário. 7. ed. rev. ampl. e atualizada até a Emenda Constitucional 47/2005. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005. p. 1. 70 Cf. CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de direito da seguridade social. p. 16. 71 Cf. HORVATH JÚNIOR, Miguel apud MAZZONI, G. Lições de direito previdenciário: a Previdência Social em temas práticos e didáticos. p. 40.

18 1.3 NATUREZA JURÍDICA DA SEGURIDADE SOCIAL Explana, inicialmente, Sergio Pinto Martins, acerca da natureza jurídica da Seguridade Social que é a lei é que determina quais são os direitos e obrigações atinentes à Seguridade Social 72. Miguel Horvath Júnior complementa que uma vez que a Seguridade Social busca garantir a cada um dos indivíduos que integram a comunidade, um mínimo essencial para a vida e, possuindo esta, caráter público e recursos de órgãos públicos, sua legislação possui estilo cogente e natureza de ordem pública, porque intimamente ligados à estrutura do Estado e direitos do indivíduo, como forma de assegurar a paz social 73. De seu turno, leciona Sergio Pinto Martins: Não é de se entender que a natureza da seguridade social seja contratual e que decorreria do contrato de trabalho, mas de lei, embora na vigência do contrato de trabalho é que ocorra o desconto da contribuição previdenciária. Outros trabalhadores, todavia, não vinculados por contrato de trabalho, também recolhem contribuições à Previdência Social, como autônomos, sócios, diretores. Até mesmo a empresa tem uma parcela calculada sobre os rendimentos da prestação de serviços que é por ela recolhida diretamente, além do desconto feito a empregados. O benefício, também, é decorrente de lei 74. Sendo assim, verifica-se que a Seguridade Social possui natureza publicista, uma vez que decorre da lei (ex lege) e não da vontade manifestada pelas partes ou também denominada de ex voluntate 75. Não se pode afirmar que teria uma natureza tripartite, porque tripartite seria o sistema financeiro da Seguridade Social, que envolve, efetivamente, uma participação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de empregados e 72 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. p. 27. 73 Cf. HORVATH JÚNIOR, Miguel. Lições de direito previdenciário: a Previdência Social em temas práticos e didáticos. p. 45. 74 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. p. 27. 75 Cf. HORVATH JÚNIOR, Miguel. Lições de direito previdenciário: a Previdência Social em temas práticos e didáticos. p. 45.