Os (Des) Caminhos do Socialismo numa Perspectiva Semiótica

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Transcrição:

Cognitio/Estudos: Revista Eletrônica de Filosofia Centro de Estudos do Pragmatismo Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia Pontifícia Universidade Católica de São Paulo [Número 1-2004] Os (Des) Caminhos do Socialismo numa Perspectiva Semiótica Manoel Ricardo Alves Dantas COS PUC/SP RESUMO: Este trabalho consiste numa experiência transdisciplinar entre as ciências sociais e a semiótica em que é realizada uma aplicação do diagrama das ciências de Charles Sanders Peirce ao processo histórico do socialismo, focalizando a natureza das várias relações entre a estética, a ética e a lógica como instâncias correlativamente operativas dos significados e estratégias que balizaram as diversas etapas e formas de transformação de uma filosofia política num efetivo sistema social, de modo a obtermos uma nova compreensão do legado histórico do socialismo e dos novos desafios que se apresentam para a realização de novas utopias. ABSTRACT: This paper discusses a transdisciplinary experiment between semiotics and the social sciences in which Charles Sanders Peirce's diagram of the social sciences is applied to the historic process of socialism. We focus on the nature of the many relationships between esthetics, ethics and logic, taking them as reciprocally operative instances of the meanings and strategies which landmark the diverse stages and forms of transformation of a political philosophy into an effective social system. In this way, we obtain a new understanding of socialism's historical legacy and of the new challenges related to the realization of new utopias. Neste início de século podemos dizer que, apesar da vasta, diversificada e profícua bibliografia relativa ao tema do socialismo, ainda é possível extrair desse signo alguma interpretação pouco ou nada considerada. Para além das considerações ideológicas, doutrinárias ou metodológicas das quais ele foi e às vezes ainda é objeto, particularmente quanto às condições históricas do seu aparecimento, dos tipos de socialismo que foram gerados e as razões do seu insucesso, uma análise, a partir da semiótica peirceana pode contribuir, com outras explicações consagradas pelas ciências sociais, para um melhor esclarecimento dos percalços e da sinuosa trajetória percorrida pelo socialismo ao longo de décadas de inegáveis avanços e trágicos retrocessos. Detentores de uma utopia coletiva simbolizada pelo comunismo e apoiados numa teoria social como o marxismo, faltava aos socialistas por em prática seus princípios doutrinários para superação e substituição do capitalismo por um sistema teoricamente mais avançado como o socialismo. Evidentemente a história dos últimos 150 anos vem desmentir ou pelo menos demonstrar que as coisas não aconteceram exatamente conforme o que fora

inicialmente proposto. Apesar do socialismo nas suas diversas correntes e matizes considerarem as dimensões utópicas, históricas e teóricas nas suas respectivas interpretações; a forma dissociada, diacrônica e segmentada como operaram com elas, pode indicar uma possível causa das suas limitações analíticas que extrapolam o nível de uma variação meramente interpretativa. O que podemos perceber no decorrer da história do socialismo é que seus próceres priorizaram uma daquelas dimensões como a utopia no socialismo-utópico, a teoria no socialismo-científico e a história no socialismo-real. Essa prioridade, embora não suprimisse as outras dimensões das suas considerações, era suficiente para torná-las inoperantes e pouco significativas, nas interpretações e escolhas dos caminhos a seguir que se apresentaram no transcurso da formação e implementação de regimes socialistas em determinadas regiões do globo. A partir dessas escolhas, das orientações e direcionamentos que o socialismo enquanto movimento político-social seguiu, é que buscaremos analisá-lo enquanto objeto de um processo de semiose ao longo de sua história que não constitui uma mera ocorrência de uma seqüência de acontecimentos factuais mas expressão do conjunto de significados relativos ao signo-socialismo. Tendo como referência a Classificação das Ciências de Peirce 1, podemos sugerir uma alternativa de análise levando em consideração as inter-relações das categorias fenomenológicas (primeiridade, segundidade e terceiridade) com as ciências normativas (Estética, Ética e Lógica) e suas respectivas inferências (abdução, dedução e indução) aplicadas aos níveis operativos abrangidos pelo socialismo (Utopia, História e Teoria Social). Desta forma podemos configurar o processo histórico de gênese, desenvolvimento e objetivos (alcançados ou não) do socialismo no seguinte diagrama, nos moldes propostos por Peirce, para uma avaliação da importância do estatuto semiótico nas diversas etapas e ocorrências vividas por todos que se dispuseram à realização do ideal de uma sociedade mais igualitária. 1 CP, 1.180.

Esquema Operacional do Diagrama Aplicado ao Processo Histórico CATEGORIAS CIÊNCIAS NORMATIVAS NÍVEIS OPERATIVOS INFERÊNCIAS Primeiridade Estética Utopia Abdução Segundidade Ética História Dedução Terceiridade Lógica Teoria Social Indução A utilização do diagrama pode ser duplamente vantajosa na medida em que possibilita uma visualização geral da totalidade das relações entre as categorias, ciências normativas, níveis operativos e inferências, presentes nos seus três planos, assim como permite estabelecer análises específicas dessas inter-relações num mesmo plano (horizontal) ou entre planos distintos (vertical) como forma de avaliarmos a influência do estatuto semiótico (interpretativo) presente em alguns acontecimentos decisivos de num determinado período histórico. Considerando os três níveis operativos do socialismo no âmbito do processo histórico conforme o disposto no diagrama, a utopia, enquanto realização coletiva de um movimento social, aparece como fenômeno de primeiridade e terceiridade. Primeiro enquanto desejo evanescente e etéreo orientado por um ideal estético a ser alcançado no futuro e, posteriormente, como realização plena e seu interpretante final. Inferida inicialmente a partir da abdução, a utopia propõe o desafio da sua realização como um desejo renitente embora, neste momento, ainda não esteja definida especificamente consistindo apenas numa proposição de um vago estado de coisas com uma perspectiva de realização in futuro. A contrapartida dessa fragilidade inicial é o sentido de realização plena e última instância de um desenrolar da história que chega a uma determinada situação. Esse sentido

pronto e acabado da utopia está presente desde os momentos iniciais da sua criação possibilitando aos seus seguidores, tanto no seu início, quanto no seu final, enquanto promessa de realização, a fruição coletiva de um prazer estético de um mundo, livre, justo, fraterno e, essencialmente, igualitário pressuposto no comunismo. Em seguida, como instância de segundidade, a história aparece como o grande palco dos embates entre os movimentos político-sociais, das oposições e das correlações de forças, onde se definem vencedores e vencidos. Laboratório vivo das experiências, o que a natureza representa para a biologia, a história está para as ciências sociais, filtrando o puro devaneio dos voluntarismos assim como as teorias inverossímeis, dando estatuto de realidade para algumas e negando a outras. Nela também está presente a ética, balizando as relações entre meios e fins, nas ações determinadas pelas escolhas das opções dos caminhos a seguir diante das circunstâncias que irão configurar a expressão real dos desejos e teorias em jogo. Desta forma a história estabelece, circunscrevendo limites, a exeqüibilidade ou não dos incomensuráveis projetos e programas concebidos por séculos e respaldados pelas mais diversas teorias, com vistas a algum ideal social, que não se confirmaram rechaçados total ou parcialmente por ela de acordo com as reais condições presentes naquele momento. Não por acaso, Marx sempre considerou as condições históricas (na perspectiva do materialismo histórico 2, a partir da relação entre as forças produtivas e as relações de produção 3 ) como um dos aspectos básicos de qualquer análise de determinado contexto social e uma forma de aferição das possibilidades de fomento e progresso do socialismo. No terceiro nível, temos a teoria social como âmbito das proposições e instrumento norteador das ações logicamente orientadas para a realização da utopia, ou seja, sem uma teoria social, não é possível estabelecer algum parâmetro que sirva como referência lógica quanto à correção ou não do caminho a ser percorrido. As ações desprovidas de um conjunto de teorias ou fora dele, são ações cegas, carentes de metodologia ou planificação diante dos fatos históricos. Desta forma, teorias sociais logicamente concebidas através do método indutivo são postas à prova na história para aferição do seu grau de explicação e acerto com relação a sua capacidade preditiva e grau de generalização. Além disso, algumas procuram fornecer uma 2 Cf. Dicionário do Pensamento Marxista. p. 259 3 ibid. p. 157.3

descrição do contexto ao qual se aplicam diagnosticando situações, propondo caminhos, orientando, como uma bússola, na direção supostamente certa, até sofrer as constrições da história que impõe as correções necessárias às suas doutrinas para novas experiências ou simplesmente o seu abandono total. Estas são, em linhas gerais, as relações operativas presentes no diagrama das ciências aplicado ao processo histórico. Quando focalizamos uma determinada etapa ou contexto específico, percebemos mais claramente como essas relações entre utopia, história e teoria social, embora não tão claras à primeira vista são determinantes das dificuldades e obstáculos no percurso de implantação do socialismo. REFERÊNCIAS: BOTTOMORE, Tom et al. (1988) Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Zahar. PEIRCE, Charles S. (1931-58) Collected Papers. C. Hartshone e P. Weiss eds. (vols.1-6) e A. W. Burks ed. (vols. 7-8). Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press. A referência usual indica CP para o título da obra, seguida do número do volume e parágrafo correspondente.