REGISTRO DE TCTH EM SMD

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Transcrição:

REGISTRO DE TCTH EM SMD Fernando Barroso Duarte Serviço de Hematologia e TMO do HUWC/UFC Centro Processador de Células do Hemoce Rio de Janeiro, 2 de agosto de 2018.

Instituição Hospital Universitário Walter Cantídio Universidade Federal do Paraná Hospital de clinicas de Porto Alegre Hospital do Câncer Amaral Carvalho - Fundação Amaral Carvalho Hospital Israelita Albert Einstein Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco Hospital de Clínicas (Uruguai) Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora Natal Hospital Center Unidade de Transplante de Medula Óssea Pietro Albuquerque ICDF CTMO- UFBA Grupo Cooperativo Brasileiro de Síndrome Mielodisplásica em Pediatria Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP / Hemocentro Instituto Brasileiro de Controle do Câncer Hospital São José CEMO- INCA Nome do Médico Responsável Fernando Barroso Vaneuza Funke Alessandra Paz Vergilio Antonio Rensi Colturato Nelson Hamerschlak Rodolfo Froes Calixto Mariana Stevenazzi Abrahão Elias Hallack Neto Rodolfo Daniel de Almeida Soares Gustavo Bettarello Marco Aurelio Salvino Neysimélia Costa Villela Afonso Celso Vigorito Maria Cristina M. A. Macedo/Roberto L. da Silva Phillip Scheinberg / Breno Moreno de Gusmão Maria Claudia Rodrigues Moreira

http://tmo.med.br Período Abril de 1988 até junho de 2018

49%

Comprehensive Geriatric Assessment (CGA)

30% 13% MBR= Muito Baixo Risco; BR= Baixo Risco; AR= Alto Risco; MAR= Muito Alto Risco; ND = Não Disponível

Transfusões prévias ao TCTH

Tipo de Condicionamento

Estratégias Pós TMO 42 (28%) pacientes utilizaram G-CSF e interferon com evidência de recaída Nenhum paciente fez DLI (Donor Lymphocyte Infusion) profilático ou terapêutico e somente 3% realizaram segundo TCTH

P ro p o rç ã o d e s o b re v id a P ro p o rç ã o d e s o b re v id a Análise de Sobrevida Global 1 0 0 % sobrevida: 57.3% 1 0 0 D I D A 5 0 5 0 0 0 1 2 2 4 3 6 4 8 6 0 7 2 T e m p o (m e s e s ) 0 0 1 2 2 4 3 6 4 8 6 0 7 2 T e m p o (m e s e s ) DI = Doença Inicial DA = Doença Avançada % Sobrevida DI: 55.8% Da: 43.6% P= 0,0661 IC 95%: 0.36-1.03

P ro p o rç ã o d e s o b re v id a Regime de condicionamento Análise de Sobrevida 1 0 0 8 0 6 0 4 0 2 0 0 0 1 2 2 4 3 6 4 8 6 0 7 2 M A IR % sobrevida por Regime MA: 52.09% IR: 88.8% P=0,03 IC95%: 1.11-5.24 T e m p o (m e s e s ) MA = Mieloablativo IR = Intensidade Reduzida

P ro p o rç ã o d e s o b re v id a Análise de Sobrevida Fonte de células 1 0 0 M e d u la S P 5 0 0 0 1 2 2 4 3 6 4 8 6 0 7 2 T e m p o (m e s e s ) % sobrevida por Regime SP: 70.44% Medula: 48.9% P=0,003 IC95%: 1.30-3.69

Análise uni e bivariada das variáveis preditoras de óbito após TCTH Óbito Características Total Sim Não p OR IC 95% Tipo de condicionamento f (%) f (%) f (%) Mieloablativo 115 (81,5) 58 (50,4) 57 (49,6) <0,0001* 7,80 (2,22-27,43) Intensidade reduzida ou não mieloablativo Tipo de célula 26 (18,5) 03 (11,5) 23 (88,5) 1 Cordão 03 (2,1) 01 (33,3) 02 (66,7) 0,438** 0,38 (0,33-4,37) Medula óssea 81 (57,4) 46 (56,8) 35 (43,2) < 0,0001** 4,04 (1,91-8,51) Sangue periférico 57 (40,4) 14 (24,6) 43 (75,5) 1 OR: Odds Ratio; IC 95%: Intervalo de confiança a 95%; *qui-quadrado; **Razão de verossimilhança.

DECH Tipo de Condicionamento Com DECH Aguda Sem DECH Aguda Valor de P Odds Ratio/IC (Análise bivariada) Análise multivariada Mieloablativo 60 (57,1%) Intensidade reduzida/não 6 mieloablativo (24,0%) 45 (42,9%) 0,003 19 (76,0%) 4,2 (1,6-11,4) 1 (OR= 0,286; IC95%= 0,094-0,875) Tipo de Condicionamento Com DECH Crônica Mieloablativo 47 (44,8%) Intensidade reduzida/não 4 mieloablativo (16%) Sem DECH Cronica Valor de P 58 (55,2%) 0,008 21 (84%) Odds Ratio/IC (Análise bivariada) 4,3 (1,4-13,3) 1 Análise multivariada (OR= 0,288; IC95%= 0,090-0,923)

Conclusão Houve predomínio de pacientes entre 41 e 60 anos (49%), com somente 30% acima de 60 anos Somente 68% dos pacientes poderam ser classificados pelo o R-IPSS, sendo a ausência de citogenética o principal motivo Em 41% dos casos nenhum tratamento prévio ao TCTH foi realizado. Tendo havido predomínio de quimioterapia convencional, com somente 29% utilizando hipometilantes Temos um elevado numero de transfusões prévias ao TCTH Somente 9% dos pacientes utilizaram hipometilantes pós TCTH, usados algumas vezes no contexto de recaída e não como droga imunomoduladora

Conclusão Predomínio do uso de medula óssea como fonte (57%), provavelmente por termos pacientes incluídos desde 1988 O transplante aparentado ainda é o mais prevalente (71%) As complicações infecciosas (63%), mucosite (48%), DECH aguda (42%) e DECH crônica (31% ) foram predominantes A analise da sobrevida global foi de 57,3% em seis anos com uma tendência a melhores resultados em doença inicial A sobrevida foi melhor no condicionamento de IR e nos pacientes que tiveram o sangue periférico como fonte de células. Achados que se confirmaram na analise multivariada O condicionamento MA foi associado a maior incidência de DECH aguda e crônica

Considerações Finais Cenário atual Pacientes com síndrome do 5q -, que vão para TCTH por falta de acesso a Lenalidomida Encaminhamento para o TCTH no momento da perda de resposta ao Hipometilante Lembrar que no contexto da dependência transfusional, independe a estratificação de risco e que o TCTH deve sempre ser discutido Possibilidade de doador haploidêntico para pacientes mais idosos O CGA e HCT-I são fatores que precisam ser considerados na decisão da conduta terapêutica Necessitamos de políticas públicas que estimulem o aumento dos TCTH em SMD, com maior agilidade nesta decisão, contribuindo para melhorar os resultados.

HUWC/UFC E HEMOCE