Só é útil o conhecimento que nos torna melhores. (Sócrates - filósofo grego)

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Transcrição:

Atendimento a pessoas com restrição de mobilidade -------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Para iniciarmos, vamos fazer uma reflexão. Imagine que você é um deficiente físico, cadeirante, e todos os dias tem que utilizar o transporte público para ir ao trabalho. Se já é difícil pensar nessa situação, imagine como é a realidade de milhares de pessoas, nessas condições, que circulam em nossas cidades. Para lidar de forma adequada com um cadeirante e outras pessoas com restrição de mobilidade, não basta ser simpático e acolhedor, temos de saber como tratá-las de acordo com as suas restrições. Todos nós podemos prestar algum tipo de atendimento ou auxílio, seja em nosso trabalho, em casa ou em algum lugar público. Devemos estar preparados para lidar com diferentes situações que envolvam as pessoas com restrição de mobilidade, que pode ser uma deficiência ou uma condição temporária da pessoa, então é importante estarmos atentos, pois nós também podemos passar por isso. Esta cartilha apresenta algumas informações importantes sobre a legislação que trata dos direitos das pessoas com restrição de mobilidade e a forma como devemos atendê-las, ajudá-las ou transportá-las. Aproveite esta oportunidade de leitura e pratique em seu dia a dia. Assim, você atuará com mais segurança e profissionalismo ao lidar com estas situações. Só é útil o conhecimento que nos torna melhores. (Sócrates - filósofo grego)

Nesta cartilha você encontrará: De quem estamos falando?... 03 Compreendendo a condição de cada tipo de deficiência... 04 O atendimento na prática... 05 Dicas gerais... 06 Dicas para cada tipo de restrição de mobilidade... 07 Inclusão social e o transporte...17 Principais símbolos da acessibilidade...17 Estatísticas sobre pessoas com deficiência, segundo Censo IBGE de 2010... 18 Principais legislações...19

De quem estamos falando? Quando falamos de pessoas com restrição de mobilidade, estamos nos referindo a dois grupos: Pessoas com deficiência apresentam impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. Então vejamos quais os tipos de deficiência: deficiente auditivo; deficiente físico; deficiente intelectual; deficiente visual; deficiência multipla (dois ou mais tipos). Pessoas não deficientes, mas com dificuldade de mobilidade encontram maior dificuldade para se locomover devido a sua condição atual de saúde ou idade. Fazem parte desse grupo: gestantes; idosos; obesos; pessoas com crianças de colo; pessoas com problemas de locomoção temporária (uso de muletas, bengalas, andadores ou cadeiras de rodas); pessoas muito baixas ou altas demais; pessoas em outra condição que restrinja a mobilidade. 3

Compreendendo a condição de cada tipo de deficiência Vamos entender as características das pessoas com restrição de mobilidade. Deficientes auditivos e demais pessoas que não utilizam a fala: enfrentam dificuldades para interagir com as pessoas por não compreenderem os sons. Algumas fazem leitura labial e outras só conhecem a linguagem dos sinais. Deficientes físicos: os membros superiores e/ ou inferiores dos deficientes físicos apresentam mau funcionamento, fazendo com que muitos utilizem algum material de apoio como muletas, próteses, andadores, bengalas ou cadeiras de rodas. Deficientes intelectuais: apresentam funcionamento mental significativamente inferior à média e com limitações no desempenho de tarefas. Não costumam ter dificuldades para se locomover, mas sua capacidade e velocidade de compreensão são menores, seja na comunicação verbal ou na leitura e assimilação de símbolos. Deficientes visuais: são divididos em dois grupos: os que conseguem ler símbolos e letras grandes (baixa visão) e os que conseguem ler somente em sistema braille. Quando os demais sentidos são bem desenvolvidos, escutam bem e o olfato é bem apurado. Muitos se deslocam sozinhos pela cidade, outros contam com o apoio dos cães-guia. Pessoas que utilizam material de apoio (muletas, próteses, andadores ou bengalas): em função de condição temporária ou permanente, as pessoas que se utilizam de algum material de apoio não têm a mesma desenvoltura e rapidez para se locomoverem. 4

Obesos: a obesidade pode comprometer a locomoção, tornando a pessoa mais lenta e com dificuldades para subir rampas ou degraus. Gestantes: a mulher gestante passa por uma série de modificações em seu organismo. A concentração de peso na barriga irá exigir dela um esforço maior para atividades simples, como caminhar e subir degraus. Os inchaços nas pernas deixam a mulher mais cansada, tirando sua resistência para ficar muito tempo em pé. Pessoas com crianças de colo: pais com crianças de colo apresentam dificuldade de embarcar em transportes coletivos. Além disso, acomodar a criança no colo ou no carrinho em veículos muito cheios não é tarefa fácil. Ao terem que enfrentar filas grandes, o peso da criança tornase um grande transtorno e, se precisarem do uso das duas mãos para fazer algo, também terão dificuldades. Idosos: as pessoas acima dos 60 anos já enfrentam os efeitos da redução de sua mobilidade. Devemos ter um cuidado especial ao transportá-los e maior paciência em atendê-los. O atendimento na prática O bom atendimento e apoio às pessoas com restrição de mobilidade é uma obrigação de cada cidadão, por isso deve ser realizado de forma correta e respeitosa. Além disso, em nosso trabalho também devemos atender a todos com cordialidade e simpatia, promovendo um atendimento de qualidade e deixando todos satisfeitos. Vamos às dicas de como realizar o atendimento das pessoas com mobilidade reduzida de forma correta e com o máximo de segurança. 5

Dicas gerais Já vimos, no início da cartilha, que as pessoas com mobilidade reduzida podem ter uma ou mais limitações e necessitam de uma atenção especial. Essa primeira dica é muito valiosa: Fique atento! Em qualquer lugar podemos identificar pessoas nessas condições. 1. Ao encontrar uma pessoa com restrição de mobilidade, veja como é simples ajudar: pergunte de forma discreta se necessita de ajuda e de que forma você poderá auxiliar; não tente fingir ou forçar uma naturalidade, ela é consciente de suas limitações, basta agir normalmente e com tranquilidade; caso ocorra alguma situação constrangedora, mostre sempre respeito e delicadeza para conduzir a situação; não use a oportunidade para se autopromover como uma pessoa caridosa, exagerando nos cuidados e fazendo alarde. Aja com profissionalismo e discrição; respeite a lei de atendimento prioritário (detalhe no tópico principais legislações ); nunca utilize termos pejorativos e desrespeitosos, como aleijado, ceguinho, gordo etc. 2. Nos meios de transporte: aproxime ao máximo o veículo do terminal de embarque ou calçada, para tornar mais seguro o embarque e desembarque dos passageiros; 6

no momento da cobrança da passagem ou na utilização do cartão magnético, tenha paciência caso demore um pouco mais; indique o assento preferencial; antes de sair com o veículo, observe se a pessoa se acomodou de forma segura e dirija com cuidado. Dicas para cada tipo de restrição de mobilidade Cadeirante Em lojas, recepções de empresas, repartições públicas etc.: observe se há barreiras que dificultem a entrada da cadeira de rodas; ao atender o cadeirante, se for por um período mais longo, procure se sentar para que ele não force o pescoço ao ficar olhando para cima; se precisar deslocá-lo dentro do ambiente, ofereça para empurrar a cadeira. Não insista caso ele diga que não há necessidade; se for auxiliá-lo, procure levá-lo de forma segura, com manobras suaves. Evite andar muito rente à parede, evitando colisões com lixeiras ou outros objetos. Nas ruas: ao conduzir uma cadeira de rodas, faça no sentido do fluxo de pessoas e tome cuidado com os outros pedestres; ao subir uma rampa muito íngreme, se necessário, impulsione com as rodas traseiras para diminuir o atrito com o solo e tornar mais leve a cadeira; 7

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na descida muito acentuada, você e a cadeira de rodas devem estar de costas, para maior segurança. No transporte: nos veículos que possuem elevador ou rampa, é fundamental parar bem rente ao meio fio para que não haja desnível que impeça o deslocamento da cadeira de rodas. Caso necessário, faça as manobras para a devida aproximação; na ausência de elevador, o embarque deve ocorrer com o auxílio de duas pessoas: uma entra de costas, segurando o tronco (mãos por baixo das axilas) e a outra entra de frente, segurando por baixo dos joelhos. Depois, embarque a cadeira de rodas e a acomode na área reservada para esse fim. na hora do desembarque, o processo é o mesmo, porém, quem segura nas pernas, irá descer os degraus primeiro.! Lembre-se O cadeirante costuma ficar bem constrangido com o trabalho que causa e o atraso que provoca. Então, procure tranquilizá-lo, mostrando que ele é um passageiro bem-vindo, pois tem o mesmo direito das demais pessoas. Pessoas que utilizam material de apoio para a locomoção Em lojas, recepções de empresas, repartições públicas etc.: procure agilizar o atendimento. Se não for possível, verifique se estão se sentindo confortáveis; se for conduzi-las a outro local, nunca segure seu material de apoio (muletas, andadores, próteses, órteses ou bengalas), pois elas podem perder o equilíbrio e se acidentar. 9

Nas ruas: não toque no ombro ou puxe pelas mãos as pessoas que utilizam material de apoio, elas podem se desequilibrar e cair; acompanhe as pessoas com andadores e muletas ao lado e um pouco atrás, pois, caso se desequilibrem, você terá condições de apoiá-las; o cuidado deve ser redobrado para subir degraus e rampas. Procure ficar sempre posicionado de forma a auxiliá-las em caso de desequilíbrio. 10

No transporte: no embarque, mantenha-se ao lado oposto ao do material de apoio (bengala, ou muleta de um dos braços) para a ajuda necessária; no caso de uso de muletas de dois braços e andadores, mantenha-se também ao lado, porém um pouco atrás para o caso de necessidade de apoio. no desembarque, desça primeiro para se posicionar em condições de apoiá-lo em caso de desequilíbrio. Deficiente visual Em lojas, recepções de empresas, repartições públicas etc.: aproxime-se e já se identifique para que ele possa se sentir seguro; se precisar se afastar, informe-o para evitar que a pessoa fique falando sozinha; quando for entregar algum objeto, avise-o antes e o posicione bem à frente da pessoa; lembre-se de que a lei garante a entrada e permanência do cão-guia em qualquer lugar.! Você sabia? A Resolução da Agência Nacional de Aviação Civil ANAC garante que o cão-guia seja transportado gratuitamente no chão da aeronave, junto ao seu dono. 11

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Nas ruas: ao guiar uma pessoa com deficiência visual, não a segure. Permita que ela segure seu braço. Ela irá acompanhar os seus movimentos; indique previamente que irá mudar a direção, se há degrau, meio-fio ou qualquer obstáculo à frente; cuidado para não indicar com as mãos alguma direção solicitada. Use sempre as palavras: direita, esquerda, em frente etc. ao sentar, leve a mão da pessoa até ao encosto da cadeira, para que ela possa se situar e sentar. No transporte: Oriente o deficiente visual a se sentar nos assentos reservados para as pessoas preferenciais; Na entrada, pergunte onde será seu desembarque e avise-o com antecedência. Deficiência intelectual Seja paciente se a pessoa tiver mais dificuldade de se expressar. Procure compreender bem suas necessidades, com um diálogo claro e objetivo; Não force a pessoa a uma tomada de decisão rápida, o tempo dela é diferente e a pressão poderá agitá-la ou constrangê-la. Deficiente auditivo e pessoas que não utilizam a fala Para iniciar uma conversa, toque na pessoa para chamar sua atenção; 13

Fale de frente para a pessoa, para que ela possa fazer a leitura labial; Tome cuidado para não falar algo quando necessitar ficar de lado ou de costas para pegar algum objeto; Além da leitura labial, a pessoa utiliza as expressões corporais de seu interlocutor para facilitar sua compreensão, então, utilize-as bastante; Se você não entender o que ela está falando, peça-a para repetir; Fale normalmente, porém só faça perguntas que possam ser respondidas facilmente com gestos; Por mais que a comunicação seja difícil, procure manter a calma e transmita tranquilidade à pessoa. 14

Obesos É constrangedor para a pessoa obesa passar pela catraca do ônibus ou caminhar por corredores lotados. Ao perceber uma situação semelhante, converse discretamente com o cobrador do ônibus para deixá-la descer pela porta da frente. Gestantes Se perceber que há uma gestante em pé dentro do ônibus ofereça o seu lugar para ela. Caso você esteja na fila do banco e veja uma gestante na fila, informe-a do direito ao atendimento prioritário. Além de ser um gesto educado, a lei prevê que ela tenha atendimento preferencial. Pessoas acompanhadas com crianças de colo Ao encontrar uma mãe descendo a escada com uma criança e sacolas, ofereça ajuda. Você será lembrado como um cidadão educado. 15

Idosos Tenha paciência ao auxiliar um idoso. Lembre-se de que todos nós passaremos por isso e também precisaremos de ajuda.! Fique atento Respeite e faça respeitar os assentos e filas preferenciais para idosos, gestantes e pessoas acompanhadas com crianças de colo; Nos trajetos de ônibus, procure garantir que estejam sentadas para evitar acidentes. 16

Inclusão social e o transporte A forma mais eficaz de inclusão social é criar condições de trabalho. E no caso das pessoas com restrição de mobilidade, é necessário que, além das vagas de emprego, essas pessoas tenham o seu ambiente de trabalho adaptado às suas necessidades. É essencial também que haja meios de transporte adequados, que permitam o ir e vir dessas pessoas. O nome dado a esse conceito de adaptação é acessibilidade. Para termos mobilidade urbana, precisamos contar com um transporte urbano acessível e, nesse ponto, os trabalhadores em transporte de passageiros exercem uma função primordial. Ao transportarem as pessoas com restrição de mobilidade, condutores e cobradores têm a oportunidade de exercer, além de suas obrigações de trabalho, um serviço em prol da cidadania. Principais símbolos da acessibilidade Conheça os símbolos de acessibilidade que são utilizados para identificar que determinados edifícios, espaços e equipamentos são acessíveis às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Símbolo internacional de acesso Símbolo internacional de acesso das pessoas com deficiência visual Símbolo internacional de acesso das pessoas com deficiência auditiva 17

Esses símbolos são mais comumentes encontrados como um desenho branco sobre o fundo azul, mas também existem nas cores preto e branco, sempre com a figura voltada para o lado direito. Estatísticas sobre pessoas com deficiência, segundo Censo IBGE de 2010 Mais de 45,6 milhões de brasileiros declararam ter alguma deficiência, esse número representa 23,9% da população; 18,8% dos entrevistados afirmaram ter dificuldade para enxergar, sendo que mais de 6,5 milhões disseram ter a dificuldade de forma severa, 6 milhões afirmaram que tinham dificuldade de enxergar e mais de 506 mil informaram serem cegas; Mais de 13,2 milhões de pessoas afirmaram ter alguma deficiência motora, o que equivale a 7% dos brasileiros. Sendo que, mais de 734,4 mil disseram não conseguir caminhar ou subir escadas de modo algum e mais de 3,6 milhões informaram ter grande dificuldade de locomoção; Cerca de 9,7 milhões declararam ter deficiência auditiva, equivalendo a 5,1% da população brasileira. A deficiência auditiva severa foi declarada por mais de 2,1 milhões de pessoas. Destas, 344,2 mil são surdas e 1,7 milhão de pessoas têm grande dificuldade de ouvir; A deficiência mental ou intelectual foi declarada por mais de 2,6 milhões de brasileiros; 18

A região Nordeste tem o maior percentual de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas, com cerca de 26,6% da população. No Sul e no Centro-Oeste foi registrado o menor percentual (22,5% em cada). Principais legislações A legislação que trata sobre pessoas com deficiência, mobilidade e acessibilidade é extensa, e o maior problema está em sua aplicação efetiva, seja por parte do Estado, dos prestadores de serviços e da população em geral. Vamos conhecer agora algumas legislações e suas principais diretrizes: Lei 10.048/2000 Dá prioridade de atendimento às pessoas com deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes (mães que amamentam) e as pessoas acompanhadas por crianças de colo. Destaque para o Art. 3º - As empresas públicas de transporte e as concessionárias de transporte coletivo reservarão assentos, devidamente identificados, aos idosos, gestantes, lactantes, pessoas portadoras de deficiência e pessoas acompanhadas por crianças de colo. Lei 10.098/2000 Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Destaque para o Art. 16. Os veículos de transporte coletivo deverão cumprir os requisitos de acessibilidade estabelecidos nas normas técnicas específicas. 19

Lei 12.587/2012 Institui a Política Nacional de Mobilidade Urbana, que tem como objetivo melhoria dos serviços de transporte público coletivo; a circulação viária; as infraestruturas do sistema de mobilidade urbana; a acessibilidade para pessoas com deficiência e restrição de mobilidade.! Você sabia? No dia 21 de setembro é comemorado o Dia Nacional de Luta das Pessoas Deficientes. Foi escolhida essa data para coincidir com o Dia da Árvore e simbolizar um nascimento dessa importante luta. 20

Para relembrar Vivemos em um mundo adverso, repleto de desafios diários e nem sempre estamos preparados para todas as situações. Lidamos com pessoas o tempo todo, seja em nosso convívio familiar, no nosso círculo de amigos, no trabalho e na rua. Cada pessoa, independente de sua condição física ou intelectual, é única e reage de uma forma própria. As regras sociais e a nossa civilidade nos mantêm atentos para que esse convívio se dê da melhor forma possível. Uma frase nos alerta: gentileza gera gentileza. Uma corrente verdadeiramente do bem e que deveria estar presente em nossas atitudes diárias, transformando positivamente o convívio com nossos semelhantes. Agora que aprendemos a lidar melhor com um grupo de pessoas que se encontra, de forma permanente ou temporária, com maiores dificuldades para circularem em nossa cidade, podemos aplicar, além da gentileza, as orientações fornecidas nesta cartilha. Vamos lembrar que facilitar a vida das pessoas com algum tipo de restrição de mobilidade é um ato de cidadania e civilidade, não cabendo, nesse ato, qualquer tipo de ação movida por piedade. É sempre oportuno ressaltar que restrição de mobilidade não significa empecilho para a sociedade. Essas pessoas são capazes e produtivas dentro das suas restrinções. Necessitam apenas de que as leis de nosso país sejam cumpridas e sua mobilidade seja garantida, assim como os espaços sejam adequadamente preparados para sua acessibilidade. Por fim, lembremo-nos de que todos nós um dia poderemos nos encontrar também em uma situação especial de restrição de mobilidade. O processo natural de envelhecimento geralmente nos torna mais lentos e com menor desenvoltura. Nossas atitudes de hoje servirão de exemplos para as futuras gerações. Solidariedade e respeito sempre! 21

BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9050. Rio de Janeiro, 2004. BRASIL. Decreto 5.296 de 02 de dezembro de 2004, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/ decreto/d5296.htm BRASIL. Decreto nº 7612 de 17 de novembro de 2011, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/ D7612.htm BRASIL. Lei 10.048 de 08 de novembro de 2000, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10048.htm BRASIL. Lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm BRASIL. Lei 12.587 de 03 de janeiro de 2012, disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12587.htm BRASIL. Implantação de Sistemas de Transportes Acessíveis. Ministério das Cidades. Brasília, 2006. BRASIL. Atendimento Adequado às Pessoas com Deficiência e Restrição de Mobilidade. Ministério das Cidades. Brasília, 2006. GRABILLI, Mara. Manual de Convivência. Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida - 2a. Edição, ampliada e revista. GRABILLI, Mara. Acesso para Todos. Um Guia Rápido de Inclusão Social nas Cidades Brasileiras - 2010. IBGE. Censo Demográfico 2010. Características gerais da população,

religião e pessoas com deficiência. Disponível em: http://www.ibge. gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_ religiao_deficiencia/default_caracteristicas_religiao_deficiencia. shtm. Acessado em set de 2013. SEST SENAT. Cartilha Transporte para Todos. Atendimento às pessoas com restrição de mobilidade. Brasília, 2005. SASSAKI, Romeu Kazumi In: VIVARTA, Veet (coord.). Mídia e deficiência. Brasília: Andi/Fundação Banco do Brasil, 2003. WRIGHT, Charles L. Facilitando o Transporte para Todos. Banco Interamericano de Desenvolvimento. New York, 2001.