1 Introdução...2. 2 Comunidade da Construção...2. 3 Metodologia de Trabalho...3. 4 Detalhamento da Fachada...4. 5 Escolha dos Materiais...

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Transcrição:

MANUAL DE REVESTIMENTO DE FACHADA Salvador/2006

Índice 1 Introdução...2 2 Comunidade da Construção...2 3 Metodologia de Trabalho...3 4 Detalhamento da Fachada...4 4.1 Projeto de Arquitetura... 6 4.2 Projeto de Estrutura... 9 4.3 Projeto de Compatibilização para paginação de Alvenaria... 11 4.4 Detalhamento do Revestimento Externo Projeto de produto... 11 5 Escolha dos Materiais...13 5.1 Sistemas de Produção... 14 5.2 Dosagem das Argamassas de Revestimento... 18 5.3 Painel teste... 19 5.4 Selante... 26 6 Planejamento da Produção...27 6.1 Escolha e Contratação dos Recursos... 28 6.2 Seleção e Treinamento da Equipe... 31 6.2.1 Treinamento da mão-de-obra... 33 6.3 Logística do Sistema... 36 6.4 Plano de ação... 56 7 Execução...60 8 Controles...70 8.1 Dosagem da argamassa... 70 8.2 Resistência de argamassa... 71 8.3 Resistência de aderência à tração... 71 8.4 Consumo de argamassa... 71 8.5 Rastreabilidade da argamassa... 73 8.6 Locais com som cavo... 73 8.7 Controle do planejamento... 74 8.8 Obtenção dos índices de produtividade... 75 9 Considerações Finais...75 1

1 INTRODUÇÃO Este Manual apresenta etapas e ferramentas necessárias para a implantação de uma atividade extremamente importante na construção de edifícios o Projeto de Revestimento de Fachadas, que por si só engloba os projetos propriamente ditos, a escolha dos materiais e equipamentos, o plano de trabalho, a execução e o controle do processo. O know how aqui descrito resulta da vivência de profissionais experientes e do acompanhamento minucioso de uma obra verdadeira, o edifício Residencial Granville, da construtora Concreta, de Salvador, Bahia, escolhido como estudo de caso dentro do Programa de Melhorias de Desempenho Sistema Revestimento, realizado pela Comunidade da Construção de Salvador em seu 2º Ciclo, entre 2004 e 2006. A transformação dessa experiência em manual de procedimentos era uma das metas da Comunidade nessa etapa, uma vez que é seu objetivo permanente a difusão de boas práticas dos sistemas construtivos à base de cimento. Portanto, as orientações processuais descritas neste trabalho podem ser aplicadas em qualquer edificação de múltiplos andares que venham a utilizar revestimento de argamassa na fachada externa. 2 COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO Em cada cidade onde está instalada, a Comunidade da Construção é formada por representantes de construtoras, projetistas, professores, fornecedores e outros profissionais integrantes da cadeia produtiva, grupo liderado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon). Assim organizada, a Comunidade coloca em prática seus programas visando a melhoria de desempenho dos sistemas construtivos à base de cimento. Em Salvador, a união desses agentes (e de um projetista de revestimento) se deu no acompanhamento do Residencial Granville e na busca de transformar esse trabalho em uma experiência multiplicável. 2

3 METODOLOGIA DE TRABALHO Para executar um revestimento externo adequado são necessárias as seguintes etapas: Detalhamento da fachada (desenhos), que envolve análise dos projetos de arquitetura, estrutura, instalações, vedações e paginação de alvenaria (caso a empresa venha a contratar este projeto). Escolha dos materiais a serem utilizados para execução desta atividade. Planejamento para execução do revestimento externo. o Treinamento da mão-de-obra que irá realizar tal atividade. o Logística para recebimento e aplicação dos materiais. Execução do revestimento externo. Acompanhamento dos indicadores. Controle tecnológico das argamassas aplicadas. Atribuições de responsabilidade Dentro da cadeia produtiva para execução de um revestimento externo de boa qualidade estão desde o projetista até a mão-de-obra que irá executá-lo, portanto são discriminadas na Tabela 1 as atribuições de cada um deles, com base em CEOTTO et al. (2005). 3

TABELA 1 - Atribuições dos envolvidos na execução de revestimento externo. PROJETISTA Solicitar todas as informações técnicas necessárias (administração da obra e aos fornecedores de insumos). Fazer o projeto dentro das diretrizes fixadas pela construtora e pelos demais projetistas. Definir claramente os intervalos aceitáveis para os parâmetros especificados no projeto. Fornecer ao projetista todas as informações técnicas relevantes sobre os procedimentos e controles utilizados pela construtora, assim como todos os projetos necessários (arquitetura, estrutura, vedações etc.). CONSTRUTORA Definir o sistema de produção: produção no canteiro ou argamassa industrializada, fornecimento em silos ou em sacos, central de produção ou argamassadeira nos andares. Fazer uma análise crítica do projeto, apontando necessidade de modificações ou adequações em função do sistema de produção. Retroalimentar o projetista com as informações fornecidas pela mão-de-obra referente à trabalhabilidade. FORNECEDORES DE INSUMOS MÃO-DE-OBRA Fornecer as informações técnicas sobre o desempenho e características tecnológicas de seus produtos. Fornecer treinamento à mão-de-obra para aplicação dos produtos. Fornecer ao engenheiro informações que contribuam com a construtibilidade e produtividade da obra por intermédio da equipe técnica da obra. 4 DETALHAMENTO DA FACHADA A elaboração do projeto de revestimento é fundamental para obtenção de um desempenho satisfatório ao longo do tempo, refletindo no aumento da qualidade e produtividade, redução das falhas, desperdícios e custos. Tem como finalidade a determinação dos materiais, geometria, juntas, reforços, acabamentos, procedimento de execução e controle. Porém, para que este objetivo seja realmente alcançado, é necessário que o projeto de revestimento externo apresente um conjunto de informações relativas às características do revestimento e da sua forma de produção. Para que o projeto de revestimento seja completo e se adapte às especificidades da obra e dos materiais disponíveis no local, ele deve contemplar as etapas indicadas na Figura 1, conforme CEOTTO et al. (2005): 4

Projeto Inicial Apresentação do partido do projeto e das especificações básicas de desempenho dos materiais Finalizado antes do início da alvenaria Verificação de Parâmetros Execução de painéis para definição dos produtos e sistemas a serem utilizados (60 a 90 dias para conclusão) Iniciada após o início da alvenaria Verificação de Desvios Geométricos da Estrutura Definição da mão-de-obra Definição dos Equipamentos Executada após a conclusão da estrutura Projeto Final Concluído antes do início dos trabalhos de revestimento externo Figura 1 Etapas de Elaboração de Projeto de Revestimento. O desenvolvimento do projeto de revestimento deve ser iniciado logo após a entrega dos projetos preliminares de arquitetura, estrutura, instalações e vedação. Nesta etapa, o projetista de revestimento tem condições de interagir com os demais projetistas, reduzindo as incompatibilidades entre os projetos. Ao contratar a elaboração de um projeto de revestimento externo, deve-se atentar para os seguintes pontos: O projetista deve ter: Experiência em elaboração de projeto de revestimento externo Disponibilidade de tempo para se reunir com os diversos projetistas 5

Possibilidade de visita à obra O projeto deve: Estar em conformidade com as normas vigentes Apresentar a descrição das especificações técnicas Estar devidamente detalhado Nesta etapa, procura-se organizar as relações entre projeto e execução. O subsistema revestimento deve estar inserido no contexto amplo da edificação e principalmente estar relacionado aos outros subsistemas que o envolvem estrutura, vedações, instalações e arquitetura, segundo Manual de Revestimento de Argamassa da Comunidade da Construção (2002). Uma vez que a concepção desses projetos considere as interferências com o revestimento externo, consegue-se otimizar tanto o projeto de revestimento externo quanto a execução do sistema. A seguir são apontados os projetos, a forma como eles interferem na execução do revestimento externo e a respectiva verificação para minimizar as interferências e restrições do processo. 4.1 Projeto de Arquitetura Do projeto de arquitetura, algumas características são extremamente importantes para o desenvolvimento do projeto de revestimento. São elas: Dimensões das paredes Localização e dimensões dos vãos de janelas e instalações especiais Características dos revestimentos especificados Detalhes construtivos de fixação das esquadrias, peças suspensas, frisos, peitoris Existência de fachada cega (sem aberturas) Cor das pastilhas e mudança de cor das pastilhas Material aplicado na fachada com maior incidência de sol e a cor deste material 6

Formato da fachada (cantos retos ou arredondados), etc. Dependendo de cada uma dessas características, consegue-se reduzir ou aumentar a quantidade de juntas numa fachada devido ao grau de deformação desta na edificação, o que torna evidente a importância de executar um projeto de arquitetura considerando essas interferências. Este Manual propõe um check list específico para o projeto de arquitetura (Tabela 2), pelo qual se pode verificar a conformidade do projeto arquitetônico com as diretrizes para a elaboração do projeto de revestimento, recurso que pode resultar em economia de materiais, equipamentos e mão-de-obra para executar o revestimento externo da edificação. 7

1 2 Tabela 2 Check list para Projeto de Arquitetura. ITENS DE VERIFICAÇÃO DO PROJETO DE ARQUITETURA O índice de compacidade (IC) oferece uma solução econômica? 2 3,14 área do pavimento tipo IC = perímetro do pavimento tipo Quanto maior o IC, menor a solução econômica (maior gasto em materiais e mão-de-obra). Obs.: o perímetro exclui varanda e jardineiras. As dimensões dos panos de fachada (vertical e horizontal) estão de acordo com os módulos de dimensões dos materiais de revestimento específico? 3 Existe previsão para juntas de trabalho? 4 Foi analisado o impacto da utilização de tons escuros de revestimento externo? 5 O vidro do parapeito da varanda ou de áreas da cobertura está de acordo com as exigências da Prefeitura quanto à segurança? 6 A especificação dos vidros está apropriada às características de insolação? 7 O projeto arquitetônico permite, com segurança, limpeza adequada da parte externa das esquadrias? 8 Existem elementos de fachada que são impeditivos para fazer manutenção? 9 Está previsto o sistema de limpeza das fachadas em pele de vidro ou structural glazzing? 10 O material especificado para fachada é facilmente encontrado no mercado? 11 Os vidros estão convenientemente dimensionados quanto à dimensão e pressão de vento? 12 O projeto prevê um sistema para pendurar balancins? 13 14 O projeto visa a otimização na confecção das esquadrias? (mínimo recomendável 70% de padronização) Há panos cegos na fachada que dificultem a movimentação da equipe de revestimento externo? 15 Há contornos muito curvos na fachada? 16 Há elementos que quebram o prumo da fachada, visando reduzir espessura de revestimento? 17 Há variação de cores ou desenhos no revestimento externo? 18 Os panos de fachada permitem o uso de jahús grandes (6 máquinas)? 19 A estrutura possui elementos em balanço na fachada, ligados por alvenaria? CONFORMIDADE C NC NA VERIFICAR C conforme NC não conforme NA não se aplica 8

4.2 Projeto de Estrutura Do projeto estrutural, as seguintes informações são imprescindíveis para um adequado projeto de revestimento: Dimensões dos elementos estruturais da fachada (vigas e pilares) Características de deformabilidade da estrutura, existência de elementos em balanço Características do concreto (f ck, absorção e rugosidade) Recomenda-se que a análise da deformabilidade seja feita em conjunto com o projetista de estruturas, pois, a partir do mapa das deformações imediatas da estrutura, pode-se também analisar, para as situações críticas, a deformação imediata acrescida da deformação ao longo do tempo devido à fluência e à deformação lenta do concreto, evitando uma falsa interpretação. Desta forma, compreende-se melhor o comportamento da estrutura ao longo da sua vida útil, limitando a possibilidade de ocorrência de problemas futuros. Apresenta-se assim, na Tabela 3, um check list para o projeto de estruturas, pelo qual verifica-se a conformidade do projeto estrutural com as diretrizes para elaboração de um adequado projeto de revestimento externo e a sua execução. 9

Tabela 3 Check list para Projeto de Estruturas. ITENS DE VERIFICAÇÃO DO PROJETO DE ESTRUTURA 1 O projeto estrutural respeita o partido arquitetônico? 2 O norte magnético do projeto foi indicado corretamente? 3 4 Houve indicação e qualificação dos tipos de materiais utilizados (fck, fcj, fator água/cimento, etc.)? Em áreas com pé-direito maior que 3m, existe previsão de travamento para os panos de alvenaria? 5 Quando aplicável, foram especificadas contra-flechas? 6 Foram indicadas todas as aberturas, rebaixos, nichos, ressaltos e demais detalhes nos desenhos mecânicos, arquitetônicos e/ou de outros fornecedores? 7 Há indicação de escalas? 8 Foram desenhados os cortes da estrutura, com os devidos níveis? 9 A espessura das paredes está coordenada com as espessuras das vigas? 10 Há mudança de planos nos elementos estruturais, ou seja, há algum pilar que excede o plano da alvenaria externa? 11 As vigas de bordo têm a mesma altura? 12 Há vigas e/ou lajes em balanço? 13 Há panos de concreto muito grandes? Ex. vigas altas e pilares-parede na fachada. 14 Os vãos dos cômodos são múltiplos da dimensão dos blocos a serem utilizados? 15 A resistência do concreto é alta (fck > 50MPa)? CONFORMIDADE C NC NA VERIFICAR C conforme NC não conforme NA não se aplica 10

4.3 Projeto de Compatibilização para paginação de Alvenaria O projeto de alvenaria tem como principal objetivo a padronização do sistema de execução de alvenaria e as seguintes vantagens: Uma alvenaria mais regular e homogênea Redução da quebra de blocos para inserir as tubulações elétricas e hidráulicas, desde que os blocos já sejam fabricados com essa disposição, sendo este um ponto vantajoso na elaboração do projeto de revestimento externo Economia de materiais, pois os blocos são distribuídos de forma tal que se tenha um melhor aproveitamento das suas dimensões ao longo da altura e do comprimento das alvenarias Racionalização do processo, conseguindo maior produtividade, desde que a equipe esteja devida treinada em leitura do projeto 4.4 Detalhamento do Revestimento Externo Projeto de produto Para o projeto de revestimento externo, pode-se utilizar a seguinte lista de verificação apresentada na Tabela 4. Estes itens podem ajudar na determinação de alguma falha de projeto antes de começar o serviço de execução de revestimento. 11

Tabela 4 Check-list para Projeto de Revestimento. ITENS DE VERIFICAÇÃO DO PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO CONFORMIDADE C NC NA VERIFICAR 1 Requisitos de projeto 1.1 Há identificação da obra e características do empreendimento? 1.2 Estão destacadas as condições para início dos serviços? 1.3 Há recomendações e metodologia para execução dos detalhes construtivos especificados? Há especificações e propriedades dos seguintes materiais: agregados, cimento, 1.4 adesivos, telas, argamassa de regularização, argamassa colante, argamassa de rejunte, placas cerâmicas, pastilhas, selantes, entre outros? 1.5 Há critérios para manutenção do sistema em placas cerâmicas, pastilhas, pintura, entre outros? Está indicada a sistemática de controle tecnológico das argamassas e das 1.6 etapas executivas dos sistemas de revestimento, incluindo aplicação e aceitação? 1.7 Há indicação das regiões que devem ser reforçadas com telas ou outros tipos de reforço que se faça necessário? 2 Compatibilização com o projeto de arquitetura 2.1 O projeto contempla a especificação do acabamento conforme projeto de arquitetura? 2.2 Os detalhes de fachada estão devidamente indicados? 2.3 Elementos de fachada (janelas, peitoris etc.) estão compatibilizados com os detalhes do projeto de arquitetura? 2.4 O projeto indica o detalhe do encontro da junta com as pingadeiras de vãos? 2.5 O projeto indica o detalhe da junta sobre vãos de janelas? 3 Compatibilização com o projeto estrutural O projeto levou em consideração o método executivo da estrutura (sistema 3.1 estrutural, tipo de fôrma, prazo de execução da estrutura, tipo de escoramento e reescoramento, deformações previstas, tipo de desmoldante)? 3.2 Houve intervenção do projetista estrutural no projeto de revestimento externo? 3.3 As juntas de trabalho acompanham o encontro estrutura / alvenaria? 3.4 O projeto especifica algum detalhe de reforço para os panos de concreto voltados para a fachada? 3.5 O projeto indica algum tratamento específico para as superfícies de concreto a serem revestidas (NBR 7200)? 4 Questões executivas 4.1 As dimensões dos detalhes projetados são exeqüíveis pelo profissional de revestimento externo? 4.2 As escalas dos desenhos estão adequadas à leitura do profissional de revestimento externo? 4.3 Os detalhes e marcações de juntas possuem cotas indicadas? 4.4 O projeto define o encontro de juntas de panos diferentes? 4.5 O projeto define as etapas de execução da fachada e os prazos entre elas? 4.6 O projeto especifica os produtos a serem usados nos detalhes indicados, com referências comerciais? 4.7 O espaçamento das juntas segue o recomendado na NBR 13755? C conforme NC não conforme NA não se aplica 12

5 ESCOLHA DOS MATERIAIS O revestimento de argamassa 1 pode ser entendido como a proteção de uma superfície porosa com espessura normalmente uniforme, resultando em uma superfície apta a receber de maneira adequada uma decoração final. O revestimento de argamassa apresenta as seguintes funções: Proteger a base, usualmente de alvenaria, e a estrutura da ação direta dos agentes agressivos Auxiliar as vedações no cumprimento das suas funções, como, por exemplo, o isolamento termoacústico e a estanqueidade à água e aos gases Regularizar a superfície dos elementos de vedação, servindo de base regular e adequada ao recebimento de outros revestimentos ou constituir-se no acabamento final Contribuir para estética da fachada Porém, não é função do revestimento dissimular imperfeições grosseiras da base, devido à falta de cuidado no momento da execução da estrutura e da alvenaria, o que compromete o cumprimento adequado das reais funções do revestimento. No momento da escolha das argamassas a serem utilizadas na obra, deve-se efetuar um estudo dos fatores que irão interferir na qualidade e produtividade dos serviços (CEOTTO et al., 2005): 1. Armazenamento de insumos e local de produção 2. Interferências no layout e no fluxo de materiais 3. Equipes de canteiro 4. Controle de qualidade no recebimento dos materiais 5. Equipamentos de mistura e forma de aplicação Para que os revestimentos de argamassa possam cumprir adequadamente as suas funções, eles precisam apresentar um conjunto de propriedades específicas, relativas à argamassa tanto no estado fresco como no estado endurecido. 1 Quando for mencionado argamassa de revestimento será referente a argamassa de revestimento externo. 13

As principais propriedades da argamassa estão apresentadas na Tabela 1 a seguir. Tabela 5 Principais propriedades da argamassa ESTADO FRESCO ESTADO ENDURECIDO Massa específica e teor de ar Trabalhabilidade Retenção de água Aderência inicial Retração na secagem Aderência Capacidade de absorver deformações Resistência mecânica Resistência ao desgaste Durabilidade 5.1 Sistemas de Produção A produção da argamassa significa a mistura ordenada dos seus materiais constituintes, nas proporções estabelecidas e por um determinado período de tempo, utilizando-se equipamentos específicos para esse fim. Os tipos de argamassa, quanto à forma de produção, são: Argamassa preparada na obra Argamassa industrializada em sacos Argamassa industrializada em silos Argamassa preparada em central Cada um desses tipos de argamassa interfere nas atividades de produção, no seu seqüenciamento, na escolha das ferramentas e dos equipamentos necessários para a produção e na organização do canteiro de obras. Na Tabela 6 são apresentados alguns parâmetros associados à atividade de produção e transporte de argamassas e as ponderações para cada um dos sistemas disponíveis, segundo o Manual de Revestimentos de Argamassa da Comunidade da Construção (2002). 14

Tabela 6 Itens a serem verificados x Tipos de Argamassas. ITENS A SEREM VERIFICADOS x TIPOS DE ARGAMASSAS Argamassa preparada na obra Argamassa preparada em central Argamassa industrializada em sacos Argamassa industrializada em silos Área para estocagem de materiais Necessidade de grande área em baias e separação dos insumos Nenhum estoque é necessário Necessidade de área para armazenamento dos sacos Necessidade de, aproximadamente, 9m 2 de área para projeção do silo Desperdício de materiais Maior probabilidade de perdas de material por conta do armazenamento, manuseio, preparo e transporte Baixo índice de perda, se toda a argamassa for efetivamente utilizada Pequena perda de material, pois elimina-se a etapa de manuseio Menor perda para a via seca, porém pode haver maior perda para via úmida Gestão do estoque de insumos Necessidade de constante monitoramento do estoque As entregas devem ser programadas, assim como as operações de descarga e aplicação Necessita ser controlado, mas por ser um único item torna-se mais fácil este controle Necessita de controle, já que a reposição não é imediata Local de produção Deve ser escolhida com cuidado, afinal esta área deverá estar próxima dos locais de estocagem dos materiais e de abastecimento da obra Não há produção na obra, mas é necessário prever local adequado para o abastecimento Deve ser próxima dos locais de aplicação, facilitando o transporte, consumo menor da mão-de-obra e reduzindo a perda Depende do sistema via úmida ou via seca. Se for via úmida a mistura final ocorre na base do silo, facilitando o abastecimento de água, porém aumentando a energia despendida para transportar o material. Por via seca, cada ponto deve ser abastecido com água e energia, no entanto o consumo de energia é reduzido 15

ITENS A SEREM VERIFICADOS x TIPOS DE ARGAMASSAS Argamassa preparada na obra Argamassa preparada em central Argamassa industrializada em sacos Argamassa industrializada em silos Mobilização dos meios de transporte Por se utilizar dos meios convencionais de transporte (grua, elevador etc.), a argamassa compete com outros elementos que devem ser transportados por estes meios na obra, gerando congestionamento no sistema Se for bombeado, não há congestionamento. Se for por carrinho, pode ocorrer Somente os sacos são transportados Via seca não utiliza o sistema convencional de transporte. Via úmida pode haver transporte por meios convencionais da obra, podendo gerar congestionamento no sistema Limitação de peso e altura Se estocar os insumos sobre laje, deve-se atentar para os limites de cargas admissíveis O caminhão betoneira não pode se posicionar sobre laje, a não ser que tenha sido feita previsão específica Se estocar os insumos sobre laje, deve-se atentar para os limites de cargas admissíveis Há possível limitação de altura por interferência com rede elétrica. Também há limitação do peso do silo apoiado sobre laje Manutenção de equipamentos Equipamentos são simples (betoneira), porém requerem manutenção. Quando alugadas, as manutenções são feitas pelo fornecedor Não há custo de manutenção para a obra As argamassadeiras requerem manutenção. Quando alugadas, as manutenções são feitas pelo fornecedor A manutenção é feita pela própria empresa fornecedora do silo Ajuste de traço Total possibilidade de ajuste de traço Para caminhões diferentes, há possibilidade de ajuste de traço Os traços são padronizados e não necessitam de ajuste Os traços são padronizados e não necessitam de ajuste 16

ITENS A SEREM VERIFICADOS x TIPOS DE ARGAMASSAS Argamassa preparada na obra Argamassa preparada em central Argamassa industrializada em sacos Argamassa industrializada em silos Mão-de-obra e produtividade Tipo que mais necessita e utiliza mão-de-obra Não há mão-de-obra na fabricação, apenas no transporte. Por se tratar de um grande volume de material, necessita de muitos operários A mão-de-obra na preparação é bem mais reduzida que no sistema convencional, sendo mais produtivo No caso de via seca, há muita semelhança na utilização de mão-deobra com o sistema em sacos. Porém, na via úmida, considera-se uma incidência menor de mão-deobra, já que a adição de água está concentrada em apenas um ponto Cronograma Pouca interferência no cronograma sobre o sistema e seus custos e seus custos, a não ser no dimensionamento de estoque dos insumos Utilizadas para obras rápidas e de grande volume Pouca interferência no cronograma sobre o sistema e seus custos Se o prazo for preponderante nas opções de sistemas, este sistema viabiliza pela redução da mão-deobra direta, redução dos custos de transporte, e possivelmente redução da mão-de-obra indireta 17

5.2 Dosagem das Argamassas de Revestimento Apesar da argamassa ainda não dispor de um único método para dosagem que tenha sido reconhecido no meio técnico nacional, inúmeras contribuições têm sido dadas neste sentido por diversos estudiosos. Para superar esta deficiência, têm-se adotado recomendações de proporcionamento em volume, baseadas, principalmente, na ASTM e BS. Mas as interpretações destas recomendações estrangeiras vêm gerando diversos problemas, em decorrência de equívocos na adoção do proporcionamento mais adequado. Hoje, os diversos tipos e classes de cimento, agregados miúdos com módulo de finura variáveis, além das diversas adições empregadas na confecção das argamassas apresentam massas unitárias diversificadas, tornando as misturas bastante heterogêneas, mesmo se considerarmos um campo de utilização definido, como um canteiro de obra. Dois aspectos de grande relevância refletem no custo final da edificação: 1. Consideração de traço em volume ou em massa A adoção de massa unitária de cimento diferente da obtida em laboratório leva à produção de argamassas com consumo de cimento muito maior, sem que os construtores percebam o que realmente acontece. Mesmo considerando o traço em massa, haverá variação no consumo dos materiais da argamassa fabricada. Embora as quantidades sejam as mesmas, as características físicas, mineralógicas e químicas influenciam no teor de água utilizada e de ar incorporado, modificando relativamente a quantidade do aglomerante na mistura. 2. Consideração de traço em volume com proporções inteiras As proporções inteiras, como 1:5, 1:6, 1:7, que são de uso freqüente na prática da construção civil, somadas aos ajustes que os encarregados acabam fazendo na obra, resultam em consumos de cimento mais elevados, podendo chegar a acréscimos de 25 a 45kg de um traço com teor de agregado para outro inteiro maior. São fornecidos os seguintes parâmetros no CETA Centro Tecnológico da Argamassa da Universidade Federal da Bahia e no Laboratório da CONCRETA, para formulação de traços de argamassas contendo argilominerais: Teor máximo de finos (φ < 0,075mm) do agregado e adições de 7% 18

Adição de argilo-minerais em relação ao agregado total 35%, para o caso de Salvador Consumo de cimento por m 3 de argamassa conforme Tabela 7 Índice de consistência de 260 ± 10mm Teor de ar incorporado entre 8 e 17% Teor de retenção de água superior a 70% Introdução de aditivo incorporador de ar para conferir à argamassa um teor de ar entre 8 e 17%, conforme recomendado anteriormente Tabela 7 Faixas de consumos de cimentos em kg por m 3 de argamassa Tipo de argamassa Uso ou aplicação externa Chapisco (sem adição) 400 450 Massa única 180 210 5.3 Painel teste Para avaliação das argamassas no estado fresco e endurecido devem ser executados painéis no próprio canteiro da obra. Neste momento, o aplicador e a equipe técnica terão o primeiro contato direto com o produto. CEOTTO et al. (2005) recomenda para cada tipo de base (alvenaria e estrutura) um painel com área em torno de 2 m 2, aplicando-se o sistema (chapisco/argamassa) com espessura total padronizada de 3 cm. O local de aplicação deverá ser escolhido em uma fachada onde a ventilação e a insolação sejam desfavoráveis. Deverão ser simuladas todas as condições previstas para execução do revestimento em escala real: tipo de base (alvenaria e estrutura), processo de limpeza e preparação da base, tipo de argamassadeira e tempo de mistura. A aplicação deverá ser feita pelo pedreiro que irá fornecer informações sobre a trabalhabilidade dos materiais, com acompanhamento do encarregado e do engenheiro da obra, para registrar as dimensões, área, espessura e volume teórico dos painéis, tempo de cura, tempo de puxamento, tempo de cada etapa executada, condições climáticas, cálculo do volume de argamassa e análise dos resultados após a obtenção destes. 19

Segundo CEOTTO et al. (2005), durante a aplicação experimental deverão ser avaliados qualitativamente, em escala de 4 (ótimo, bom, regular e ruim) a mistura, trabalhabilidade, tempo de puxamento e aderência inicial. E o engenheiro da obra deverá avaliar o rendimento, índice de perdas e consumo das argamassas. Vale salientar que as condições de caracterização no painel são substancialmente melhores que as condições reais de aplicação na fachada, pois não há variação da qualidade de aplicação (fadiga da mão-de-obra), condições climáticas e de aplicação (altura, trabalho em balancim, variação de espessura etc.). PREPARO DOS PAINÉIS Premissas: O procedimento de preparo e aplicação do sistema (chapisco/argamassa) deverá ser apresentado pelo projetista de revestimento O fabricante deverá concordar com o procedimento para execução do sistema chapisco/argamassa industrializada A Tabela 8 apresenta as etapas de execução dos painéis e o que deve ser verificado em cada etapa. 20

Tabela 8 Etapas de Execução dos Painéis Teste. Registro das condições climáticas Verificação das condições da base Preparo da base Serve de parâmetro para comparação do tempo de puxamento e de desempenho da argamassa. Argamassas que apresentam tempo de puxamento menores em condições climáticas úmidas, por exemplo, poderão apresentar puxamento muito rápido durante a execução em dias quentes e secos. Recomenda-se que não seja executado o revestimento em dias chuvosos, quando utilizada argamassa sensível às condições de umidade da base, afinal pode afetar substancialmente sua propriedade de aderência. Deve ser removido qualquer elemento que prejudique a aderência da argamassa à base, tais como: pó, fuligem, graxas, óleos, desmoldantes, fungos, musgos e eflorescências. Segundo o Manual de Revestimento da Comunidade da Construção, podem ser adotadas, em seqüência, pelo grau de complexidade e custo, o seguinte procedimento: escovação com vassoura de piaçava, escovação com escova de fios de aço, escovação seguida de lavagem com mangueira, lavagem com mangueira pressurizada e por fim jateamento de areia. As irregularidades que sobressaiam mais de 10 mm também devem ser removidas, utilizando talhadeiras, ponteiros ou outras ferramentas manuais ou mecânicas, de maneira que não danifiquem a integridade estrutural da base. Todos os espaços vazios devem ser preenchidos com argamassa. Função: regularizar a absorção da base e melhorar a aderência. O chapisco pode ser realizado das seguintes maneiras: Convencional lançamento de uma argamassa sobre a base, utilizando-se uma colher de pedreiro Chapisco Desempenado aplicação da argamassa industrializada sobre a base, geralmente de concreto, utilizando desempenadeira dentada Rolado aplicação de argamassa fluida em base de alvenaria ou concreto utilizando rolo para textura acrílica A cura deverá ser realizada durante todo o processo de execução. Caso o chapisco seja aplicado em bases diferentes, como mostrado na Figura 2a, deve-se testar para os dois casos. 21