Possíveis inclusões sociais através da estética no design de calçados por Mariana Rachel Roncoletta 1



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por Mariana Rachel Roncoletta 1 Introdução Este ensaio está divido em dois momentos: no primeiro uma rápida abordagem ao look la garçonne difundido por Chanel, considerada por SELLING (2000:99) uma das primeiras designers de moda; e o segundo momento centralizado na adaptação de calçados para portadoras de restrições físicas com um membro inferior menor que o outro em até 4cm. A palavra restrição está ligada a fatores externos à pessoa, pois um ambiente pode trazer restrições a uma pessoa, já a palavra deficiência se relaciona aos fatores fisiológicos, do indivíduo que a colocam em desvantagem em relação ao outro. OMS (WHO - ICF 2001) apud PINTO e DISCHINGER (2007:02). Neste estudo utilizaremos o termo portador de restrição física e não portador de deficiência física pela possível conotação depreciativa do segundo termo. Para IIDA (2005:316) os produtos deveriam possuir três características desejáveis responsáveis por satisfazer certas necessidades do ser humano, são as qualidades do produto: A qualidade técnica é a parte que faz funcionar o produto, do ponto de vista mecânico, elétrico, eletrônico ou químico transformando uma forma de energia em outra. Nos calçados consideramos sua estrutura capaz de sustentar a energia do corpo liberada na marcha. Existem diferentes tênis para diferentes esportes formatados para diferentes pisadas, por exemplo. A qualidade ergonômica é o que garante uma boa integração do produto com o usuário, facilidade de manuseio, adaptação antropométrica, 1 Mariana Rachel Roncoletta é stylist, colaboradora da revista Vogue Brasil. Mestranda em Design, e Pós-graduanda em Jornalismo de Moda e Estilo de Vida pela UAM. Especialista em Moda, Comunicação e Marketing pela UAM em 2005. Bacharel em Desenho de Moda pela Faculdade Santa Marcelina em 1992. Email: m.rachel@terra.com.br 1

compatibilidades de movimentos e demais itens de conforto e segurança. Nos calçados, segundo MONTEIRO (2000:73) o conforto seria uma das propriedades principais na utilização do calçado pouco valorizada pelas usuárias femininas. A terceira é a qualidade estética que proporciona prazer ao consumidor. Envolve a combinação de formas, cores, materiais, texturas etc. É justamente neste território que a Moda 2 como linguagem social pode através do design de calçados proporcionar maior inclusão social aos portadores de deficiência ou aos portadores de restrições físicas. Pisantes dançantes dos anos 20 Para LIPOVESTKY (1989) a Moda como sistema marcou sua importância no séc. XIV na Europa Ocidental, passando a ser uma regra social, de costumes e boas maneiras exclusiva da nobreza e de seus modos de vestir. As outras classes sociais não se incluíam no Sistema (caracterizado por uma duração breve, um fenômeno social ou cultural que consiste na mudança periódica dos hábitos, gostos e estilos em diversos fatores). A Moda como linguagem comunicacional da sociedade é crucial na inclusão social mencionada. Sabemos que a maioria dos produtos de Moda são confeccionado para inclusão-exclusão do indivíduo através de sua aparência no meio social. Sendo assim podemos observar portanto que a Moda como sistema pode através do design proporcionar maior inclusão social. O calçado é um dos artigos do design de moda mais expressivos como fetiche. Segundo SEELING (Op. cit.:93) os calcados dos annés folles eram concebidos para dançar. O design destes sapatos possam, talvez serem considerados um dos primeiros artigos de design de calçados de moda com as qualidades do produto caracterizadas por Iida. O salto era amplo, estável e meio-alto, o bico levemente arredondado, com abertura laterais pequenas e presos com fivelas nos tornozelos utilizados 2 Diferenciamos a palavra Moda com M maiúsculo para identificar seu sistema, enquanto a palavra moda com m minúsculo será empregada para abordar os modismos e tendências. 2

para caminhar, mas principalmente para dançar os ritmos musicais dos anos 20, precisavam ser confortáveis, duráveis e seguiam uma estética impulsionada pelo visual da época. Fig. 1: A estrela nova-iorquina Varda, com o look la garçonne. Fonte: Selling. O calçado participou, assim como a composição do look la garçonne 3 difundida por Chanel da manifestação de um estilo de vida, portanto um visual facilitador na inclusão social através do design de moda. Podemos constatar que tais mulheres quando não estavam no salão de baile, ostentavam o mesmo estilo de vida, ainda que hegemônico dos anos loucos. A estética la garçonne elegido o visual da década simbolizava este estilo de vida. Outras inserções das marcas de calçados proporcionaram inclusãoexclusão no decorrer do século. O francês Manolo Blahnik, o italiano Salvadore Ferragamo e as brasileiras Constança Bastos e Francesca Giobbi estão entre os designers de calçados mais desejados pelos consumidores por suas qualidades assim como pela possibilidade de fazer parte de uma elite através deste assessório de moda, já que seus custos são elevados. Dr. Scholl s nos final do anos 60, e a Birkenstock no começo do novo milênio foram transformadas de calçados anatômicos em objetos de desejo. Estas duas últimas marcas de 3 Entende-se por look uma organização na construção de determinadas roupas, associadas à postura corporal, à atitude, cabelo, maquiagem, etc. GARCIA e MIRANDA (2005:31). La garçonne dos anos 20, mulheres com corpo de meninos, achatamento dos seios, cintura deslocada para o quadril e cabelos curtos SEELING (Op. cit.:99). 3

calçados, eleitas tendência de moda de tempos em tempos proporcionaram uma diferente inclusão a de estar na moda com custo acessível, acrescido de conforto para os pés. Seus modelos foram copiados pelas mais diversas marcas de calados. Possível inclusão através da adaptação nos calçados Alguns estudos na adaptação de calçados foram realizados por RONCOLETTA (2004:74) para portadoras de restrições com um membro inferior menor do que o outro em até 4cm com o objetivo de compensar a diferença dos membros através do re-estruturação dos pisantes. Em parceria com sapateiros experientes os calçados foram alterados de sua forma original, em grande maioria no acréscimo do solado. Os sapatos modificados foram escolhidos por sua funcionalidade, qualidade ergonômica e principalmente estética, por poderem disfarçar as mudanças envolvidas. A escolha das substituições do salto eram cruciais para não alterar as qualidades do sapato. O objetivo era disfarçar as diferenças entre um pé e outro para que o calçado possa disfarçar a deformidade de seus membros inferiores e assim acompanhar a vestimenta deste portador de restrições que muitas vezes teria de esconder seus pés. Fig. 2: O tênis Adidas recebeu em PVC aumento de 2cm recortado na sola acompanhando a lateral original do tênis disfarçando sua diferença, internamente uma palminha de silicone com 1cm no calcanhar. Fig. 3: Neste legítimo Chanel foram alterados o tamanho do salto em 2cm, uma compensação na planta do pé em 1cm, uma palmilha removível de silicone no calcanhar de 0,5cm e também uma tornozeleira foi acrescentada para melhorar a fixação assim como nos sapatos dos anos 20. 4

Considerações finais Mariana Rachel Roncoletta Para CASTILHO (2002:59-72), os grupos sociais se organizam de acordo com as aceitações e suas estéticas pelo corpo eleitas de acordo com tais aceitações sociais. Através do design do disfarce alteramos a estética do calçados sem modificar seu alto nível estético, técnico e ergonômico disfarçando as deformidades do corpo humano. A possível discriminação social através de um produto ortopédico considerado pelas usuárias um artigo de baixa qualidade estética (as botas ortopédicas) poderia talvez, ser eliminada pela utilização destes calçados proporcionando assim uma maior inclusão social pela qualidade estética dos calçados. Bibliografia CASTILHO, Kathia e GALVÃO, Diana. A moda do corpo o corpo da moda. Cap. Do corpo à moda: exercícios de uma prática estética. São Paulo: Editora Esfera, 2002. GARCIA, Carol e MIRANDA, Ana Paula. Moda é comunicação experiências, memórias, vínculos. São Paulo, Editora Anhembi Morumbi, 2005. IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo, Edgard Blücher, 2005. LIPOVETSKY, Gilles. O Império do Efêmero a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Editora Schwarcz, 1989. PINTO, Ana Claudia Alves e DISCHINGER, Marta. Definindo diretrizes para maximizar as capacidades de indivíduos que sofrem de restrições Anais 7º Ergodesign, Camboriu, 2007. MONTEIRO, Valeria Alvim e MORAES, Anamaria. Ergonomia, design e conforto nos calçados femininos. Revista Estudos em Design vol.8 nº1. Rio de Janeiro, AEDB, 2000. 5

RONCOLETTA, Mariana Rachel. Deformidades formidáveis trajetória do corpo e da deficiência física pela moda. Dissertação de Pós Graduação em Comunicação de Moda. São Paulo: UAM, 2004. SEELING, Charlotte. Moda o século dos estilistas 1900-1999. Lisboa: Könemann, 2000. 6