Combustíveis, Lubrificantes & Lojas de Conveniência 2014



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Combustíveis, Lubrificantes & Lojas de Conveniência 2014

ARTWORK FILE - 22 APRIL 2013 PETRONAS LOGO FLAT CMYK COLOUR VERSION C100 M000 Y050 K000 C000 M000 Y000 K090 Conselho Consultivo Presidente do Conselho Conselheiros José Lima de Andrade Neto Petrobras Distribuidora Leocádio de Almeida Antunes Filho Ipiranga Leonardo Gadotti Filho Raízen Marcelo Henrique Ribeiro Alecrim AleSat Antonio Ennes Pires de Lima Chevron Nelson Roseira Gomes Cosan Presidente Executivo Diretor Executivo Diretor de Planejamento Estratégico Diretor de Meio Ambiente Diretor Jurídico Diretor de Abastecimento e Regulamentação Diretor de Lubrificantes Diretor de Mercado e Comunicação Diretor de Tributação Alisio J. M. Vaz Jorge Luiz Oliveira Helvio Rebeschini Raízen Darci Kolling Petrobras Distribuidora Guido Silveira Ipiranga Luciano Libório Raízen Nelson Gomes Cosan Cesar Guimarães Antônio Rodrigues

SUMÁRIO Apresentação pág. 7 Entrevista pág. 9 Ponto de Vista pág. 13 Capítulo Especial pág. 17 Combustíveis pág. 31 Lubrificantes pág. 77 Conveniência pág. 99 Pesquisa pág. 155 Eventos pág. 165 Índice de gráficos e tabelas pág. 171 Associadas pág. 174 Comitê Editorial pág. 175 Créditos pág. 176

apresentação T odos os dias visando a segurança e o conforto do consumidor brasileiro uma gigantesca estrutura se move para garantir o abastecimento de combustíveis nos mais longínquos pontos do País. Só no ano passado, as associadas ao Sindicom distribuíram, com êxito e sem gargalos, mais de 98 bilhões de litros. Para que toda essa logística possa ser entendida, o capítulo Especial deste Anuário aborda o tema de forma completa e didática, mostrando, ainda, o papel dos lubrificantes e da conveniência dentro desse complexo esquema. Em 2013, a retomada das vendas de etanol hidratado foi o grande destaque da distribuição de combustíveis entre as associadas ao Sindicom. Devido a fatores, como preço favorável, desoneração do PIS e da Cofins e aumento da oferta, a comercialização do combustível cresceu 22,1%. No capítulo Combustíveis, as análises do desempenho desse e de outros produtos, que resultaram, mais uma vez, no crescimento do setor acima do Produto Interno Bruto (PIB). Crescimento considerável teve, também, o segmento de lubrificantes (6,9%), que no ano que passou lançou uma iniciativa pioneira: o Programa de Comunicação Qualidade dos Lubrificantes. O novo canal enfatiza a importância da qualidade num mercado com mais de 300 empresas e expressivo nível de não conformidades. Conheça mais sobre essa iniciativa no capítulo Lubrificantes. entre 2006 e 2012, encomendou à consultoria Enfoque e Pesquisa de Marketing um estudo para análise do perfil e das preferências das mulheres que visitam as lojas. Confira os resultados ao final dessa publicação e as análises das principais categorias do canal, em 2013, no capítulo Conveniência. E o que esperar para 2014? Quais os assuntos em pauta no momento? Na entrevista do presidente executivo do Sindicom, Alisio Vaz, é possível obter uma radiografia do setor e conhecer os principais desafios e expectativas daqui pra frente. Desafios também estão presentes no artigo de Milton Seligman, ex-vice-presidente da AmBev, que em sua valiosa contribuição a essa publicação aborda a interferência econômica do Estado no setor privado, que coloca em risco a livre concorrência, vital para o equilíbrio do mercado quanto à oferta e à procura e para permitir que o cidadão tenha o direito de escolher qual produto ou serviço deseja consumir. O encerramento deste Anuário, como nas edições anteriores, se dá com o capítulo Eventos, onde estão relacionadas as parcerias do Sindicom para a divulgação dos temas de relevância no setor de distribuição em todo o país. A participação das mulheres na conveniência é o tema do capítulo Pesquisa. O Sindicom, motivado pelo aumento do público feminino no canal, que passou de 28% para 35% 7

COMBUSTÍVEIS, LUBRIFICANTES E LOJAS DE CONVENIÊNCIA

entrevista pelo avanço do consumo das famílias, graças ao aumento da renda disponível. Fato altamente relevante foi a retomada do etanol, que sustentou preços atrativos em estados de grande consumo e voltou a ser uma opção para os veículos bicombustíveis. No segmento do diesel, no qual o transporte rodoviário tem grande peso, o mercado foi favorecido pela expansão do agronegócio, que gerou impacto positivo no consumo de diesel e contrabalançou o tímido desempenho da indústria. O que favoreceu a reconquista de competitividade do etanol hidratado? O setor sucroalcooleiro tem apontado vários fatores para essa recuperação, como condições climáticas, ganhos de produtividade nos canaviais e moagem recorde de cana-de-açúcar. Outro fator foi a desoneração das contribuições do PIS/Cofins, que equivaliam a R$ 0,12 por litro, para os produtores e distribuidoras. Paralelamente, a demanda internacional por açúcar e etanol recuou, liberando matéria-prima para a produção do combustível destinada ao mercado interno. Isso perentrevista ALISIO VAZ Presidente Executivo do Sindicom conservando a curva de cres- O cimento iniciada na década passada. consumo de combustíveis seguiu em alta no ano de 2013, Embora o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) tenha ficado em 2,5%, as vendas registraram aumento de 5,7% nas filiadas ao Sindicom, que respondem por cerca de 80% do mercado distribuidor no país. Fato marcante foi a retomada da demanda por etanol hidratado, que subiu 22,1% nas associadas, em função da volta do preço vantajoso em São Paulo e em outros estados. Em 2013, a oferta de combustíveis avançou em sintonia com a procura. A segurança do abastecimento foi garantida pela ação coordenada das associadas, da Petrobras e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Ao mesmo tempo, as associadas investiram R$ 1 bilhão em sua estrutura logística, incluindo a construção e a ampliação de bases de distribuição. Fatos positivos no ano foram, também, a boa acolhida dos consumidores ao diesel de baixo teor de enxofre e, em vários estados, o fechamento de diversas distribuidoras inadimplentes, que violavam a ética concorrencial. Outras conquistas: a expansão do programa Jogue Limpo, de logística reversa de embalagens de lubrificantes segmento que elevou as vendas em 6,9%, e o avanço do diálogo em torno da nova Lei dos Portos, embora continuem em aberto muitas questões relacionadas ao uso de bases portuárias pelas distribuidoras. A expectativa do Sindicom é de que o mercado de combustíveis continue em crescimento. O balanço de 2013 e as perspectivas do setor são abordados nesta entrevista pelo presidente executivo do Sindicom, Alisio Vaz. O que influenciou os bons resultados do setor em 2013? A demanda permaneceu aquecida, mantendo a tendência de ascensão, e ficou à frente da evolução da economia pelo quarto ano consecutivo. No caso da gasolina e do etanol hidratado, usados pela frota de passeio, o setor continuou sendo beneficiado 9

COMBUSTÍVEIS, LUBRIFICANTES E LOJAS DE CONVENIÊNCIA A desoneração, concedida pelo governo na intenção de incentivar o etanol, elevou a competitividade das distribuidoras que atuam na legalidade. mitiu o aumento da oferta tanto do etanol hidratado quanto do anidro, que teve elevado seu percentual de mistura à gasolina em 2013. Que impacto teve a desoneração do PIS/Cofins nas operações das distribuidoras? A desoneração, concedida pelo governo na intenção de incentivar o etanol, elevou a competitividade das distribuidoras que atuam na legalidade. Isso ocorreu porque a medida eliminou a vantagem ilícita que era auferida antes por concorrentes que sonegavam os dois tributos. O aumento das vendas das associadas também foi estimulado pelo combate dos estados à sonegação do ICMS e pelas ações de fiscalização da ANP. Várias ações desenvolvidas nos estados demonstraram que é cada vez maior o grau de sensibilização das autoridades em relação aos efeitos danosos da inadimplência contumaz, que desfalca a arrecadação pública e desequilibra a concorrência. Na Bahia, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Maranhão, mais de 20 distribuidoras tiveram cassadas suas inscrições, devido ao não recolhimento sistemático do ICMS. Obtivemos também uma importante vitória no Judiciário, em Pernambuco, onde um empresário foi condenado por sonegação de tributos. Outro avanço foi o estreitamento da cooperação entre as várias esferas de governo no combate aos sonegadores, com iniciativas como a formação de forças-tarefa e a deflagração de operações policiais focalizada na adulteração de combustíveis, como ocorreu no Rio de Janeiro. Que fatores impulsionaram o crescimento das vendas de lubrificantes? O desempenho foi um dos melhores na atual fase de expansão desse segmento, iniciada em 2009. A comercialização por parte das nossas nove filiadas que operam com lubrificantes aumentou em decorrência de fatores, como a ampliação da frota automotiva nos últimos anos. A demanda automobilística é o carro-chefe do segmento, respondendo por 70% das vendas. Outros indicadores foram os bons resultados da agropecuária, o consequente aquecimento das vendas de máquinas e equipamentos e a recuperação de alguns setores da indústria. A infraestrutura logística das distribuidoras e do país respondeu satisfatoriamente à expansão da demanda por combustíveis? As associadas ao Sindicom deram seguimento à ampliação de sua infraestrutura logística, efetuando investimentos superiores a R$ 1 bilhão em 2013. Esses aportes foram feitos em várias frentes: construção de novas bases, aumento da capacidade de tancagem e das instalações de carregamento nas existentes e aquisição de vagões ferroviários e caminhões tanque. Todas as associadas que operam com combustíveis ativaram novas bases em 2013. Outra linha de investimento foi a criação de alternativas rodoviárias de suprimento em bases abastecidas por dutos ou cabotagem, numa iniciativa voltada à segurança do abastecimento. As filiadas também reforçaram a infraestrutura própria, com a utilização de terminais portuários destinados originalmente a outros produtos. Além disso, a ação articulada das filiadas ao Sindicom, da Petrobras e da ANP também teve influência decisiva para a segurança do abastecimento nacional. Houve avanços na implantação do novo marco regulatório das atividades portuárias? Avançamos, mas ainda há muito a dialogar com as autoridades da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e da Secretaria Especial dos Portos. Em 2013, conseguimos consolidar o entendimento de que os terminais portuários são instalações peculiares para a distribuição, pois integram a cadeia logística do setor nas regiões Norte e Nordeste, que recebem combustíveis via navegação de cabotagem. Esses terminais não estão relacionados a atividades fim, mas a atividades meio. Por isso, devem ter tratamento diferente do dispensado às instalações controladas pelos operadores dos portos. Já há consenso quanto a isso, mas várias questões 10

entrevista O varejo de conveniência manteve-se em expansão, fechando o ano com aproximadamente 7 mil lojas e demonstrando sua importância como agregador de valor aos negócios da distribuição e da revenda. do modelo de licitação dessas áreas ainda precisam ser solucionadas, para que não haja riscos ao abastecimento. Os benefícios ambientais da logística reversa de embalagens de lubrificantes, feita por meio do programa Jogue Limpo, também evoluíram? O programa continuou sua expansão, avançando no interior de São Paulo e em Minas Gerais, Distrito Federal e Espírito Santo. Encerramos o ano com o sistema operando em oito unidades da federação. Também intensificamos as ações de educação ambiental voltadas para a juventude de vários estados, inspiradas nos princípios do acordo setorial celebrado com o Ministério do Meio Ambiente pelo segmento de lubrificantes, como prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Diante do crescimento do Jogue Limpo, que completou oito anos, preparamos a passagem da gestão do programa a um instituto independente, que desempenhará a missão de ampliar o sistema e buscar novas parcerias. Em 2014, o programa está chegando a sete estados do Nordeste. No mercado das lojas de conveniência, 2013 foi mais um ano de crescimento? O varejo de conveniência manteve-se em expansão, fechando o ano com aproximadamente 7 mil lojas e demonstrando sua importância como agregador de valor aos negócios da distribuição e da revenda. Uma das características desse momento especial vivido pelo segmento é a frequência crescente das mulheres nas lojas, o que vem influenciando as tendências e os rumos desse mercado. Outro aspecto de relevância é a procura por produtos do food service, categoria que tem se revelado de grande potencial para o desenvolvimento desse varejo no Brasil. Todos esses temas foram abordados e muito debatidos na 11ª Feira e Fórum Internacional de Postos de Serviço, Equipamentos, Lojas de Conveniência e Food Service (ExpoPostos), da qual o Sindicom é um dos realizadores. Sinal da fase promissora da conveniência foi o volume de negócios encaminhados nos três dias do evento, no valor estimado de R$ 150 milhões. O que o setor de distribuição espera de 2014? Acreditamos que o mercado seguirá em expansão. Os primeiros seis meses do ano de 2014 apresentam um aumento de 6% nas vendas das associadas. Esse crescimento continuará, porém, demandando muita atenção à melhoria da eficiência logística. O desenvolvimento da infraestrutura da distribuição nos mantém preocupados com a aplicação da nova Lei dos Portos, sobretudo no que se refere às condições de licitação das áreas portuárias para bases de combustíveis. Outra expectativa é a de readequação das bases das associadas em virtude da recente medida adotada pelo governo por meio da MP 0647/2014. Com ela, o teor de biodiesel no diesel passa de 5% para 6%, a partir de julho, e para 7%, em novembro. Esperamos, também, com a revisão da Portaria 202 da ANP, mais rigor nas exigências para a abertura de distribuidoras, a fim de evitar a ação dos oportunistas no mercado de combustíveis. Contamos ainda chegar a uma solução para o desafio em que se transformou, nas distribuidoras, a coleta obrigatória de amostra-testemunha a cada carregamento nos caminhões-tanques dos revendedores. Entendemos que o objetivo dessa normativa da ANP pode ser alcançado através de uma metodologia alternativa, mais simples. É o que vamos propor à agência reguladora. 11

12 COMBUSTÍVEIS, LUBRIFICANTES E LOJAS DE CONVENIÊNCIA

ponto de vista PONTO DE VISTA Tutela do Estado: Isto é Bom? Milton Seligman Empresário, foi VP de Relações Corporativas da Ambev, empresa a qual segue ligado, foi Ministro Interino da Justiça, Secretário Executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Governo Fernando Henrique A muito atual. Diante de sociedades discussão sobre o papel que o Estado deve ter na vida das pessoas é antigo, mas sempre tão distintas, não chegamos, ainda, e provavelmente nunca chegaremos, a uma fórmula perfeita e definitiva, e sabemos bem que o debate costuma ser dominado por visões ideológicas e circunstanciais. Com certo grau de certeza, no entanto, duas afirmações podem ser feitas. A primeira delas é que já descartamos empiricamente os extremos. A presença sufocante do Estado não nos interessa, assim como sua total ausência nos leva a um caos intolerável. Como consequência disso, chegamos à segunda constatação: o Estado precisa existir em grau e dimensão adequados, cumprindo as funções de regular, criando regras a fim de garantir um convívio pacífico, respeitoso e justo nas oportunidades oferecidas a todos. Entre esses dois lados, no entanto, existe um mar cinzento sobre o qual precisamos sempre refletir a respeito e navegar com cautela. Entretanto, a grande questão, para a qual buscamos sempre uma resposta é identificar até onde vai, afinal, a prerrogativa estatal de regulamentar e, em última instância, limitar a liberdade das pessoas e empresas na esfera social e econômica? Se os governos estão aí para criar regras de condutas e convívio, existem obviamente para criar limites. Isso é natural e totalmente compreensível. Minha liberdade termina onde começa a dos outros, como observa o dito popular. Mas quais são esses limites? Pode, o Estado, querer regulamentar tudo? Já sabemos que não. Os constantes debates em torno da indústria da cerveja caem como uma luva para exemplificar essa questão. Existem limites claros em torno do tema, apoiados inclusive por nós, que fazemos parte desta indústria. Nós defendemos um consumo responsável de nossos produtos, pois sabemos que, quando indevido, não é saudável, muito menos sustentável em longo prazo. Dedicamos tempo e recursos para criar campanhas educativas, desenvolver pesquisas, apoiar iniciativas da sociedade civil organizada, sempre com o objetivo final de garantir ao nosso consumidor a melhor relação possível com nosso produto, que é, por sinal, apreciado há muito mais tempo do que o debate em torno do papel do Estado nas sociedades. Por existir a possibilidade de um consumo abusivo, o álcool está sempre no olho do furacão. Sabemos da importância de sua regulamentação equilibrada, que nunca pode ultrapassar a barreira do razoável. Concordamos, por exemplo, que é correta a opção do 13

COMBUSTÍVEIS, LUBRIFICANTES E LOJAS DE CONVENIÊNCIA legislador nacional de proibir a junção entre álcool e direção. Não só apoiamos, como ativamente procuramos modificar atitudes e criar alternativas para garantir que aqueles que dirijam não bebam e aqueles que bebem não se sintam aptos a sentar no banco do motorista. Também são corretas as legislações que proíbem e punem os que vendem bebidas alcoólicas para menores de idade. Esta norma, que existe desde 1941, sempre teve o total apoio da indústria, que do mesmo modo faz constantes campanhas e pesquisas, além de apoiar iniciativas para que seja respeitada. Compreendemos, no entanto, que o papel do Estado como regulador se encerra por aí. Sua análise objetiva já está posta e o limite imposto. No caso de álcool e direção, por exemplo, a legislação atual inviabiliza qualquer consumo alcóolico por quem dirige um automóvel. Mais do que isso, entende como criminoso aquele que passa de um limite mínimo, o menor em todo o planeta! Há quem critique esse rigor. Tanto por falta de razoabilidade, como por impossibilitar, na prática, a punição dos motoristas. Afinal de contas, ao estipular uma quantidade mínima e numérica, o Brasil se viu diante de uma série de decisões judiciais, nos mais diversos Tribunais de Justiça do país, que reconheceram o direito de cidadãos de recusarem a realização do teste do bafômetro como forma de não gerar provas contra si mesmos. Mas, independente disso, trata-se de uma prerrogativa do Estado estabelecer tais limites, e isso é completamente aceitável. Por mais equivocada que possa ser uma política pública, ela não pode ser condenada pelo simples fato de existir. O problema é outro. Grave é quando o Poder Público passa a tentar ir além, agindo como uma verdadeira babá da sociedade. Muito preocupante é quando esse Estado, seja ele o Executivo, Legislativo ou Judiciário, não confia, a priori, no bom senso social e passa a tentar regulamentar condutas, levando em conta argumentos que não se aplicam à maioria da população, interferindo diretamente em princípios constitucionais que afetam a liberdade de escolha e a economia nacional. Chegamos, então, no ponto principal. O limite do Estado é exatamente Grave é quando o Poder Público passa a tentar ir além, agindo como uma verdadeira babá da sociedade. a fronteira entre a regulamentação objetiva, calcada em regras que visam coibir condutas generalizadas daquela subjetiva, cujo resultado afetará certos setores, mas que não conseguirá enfrentar o problema de frente. Falamos aqui de normas ineficazes, que não enfrentam o problema real, afetam a atividade econômica, diminuem a oferta de empregos, atrapalham o desenvolvimento econômico, simplesmente porque alguém acha que a medida é boa, sem estudos com base em fatos e dados. Ao proibir que um motorista beba, ou que o menor consuma bebidas alcoólicas, o Estado cumpre uma função de evitar uma conduta abusiva, o que é o seu papel. É diferente, no entanto, de não permitir a venda de bebidas alcóolicas em certos estabelecimentos em detrimento de outros. Surgem atualmente propostas para proibir a venda de bebidas em postos de gasolina. À primeira vista, pode parecer uma proposta sensata. Para o senso comum, poderá fazer todo o sentido, afinal de contas, quem vai ao posto de gasolina está de carro e não pode beber. Se não pode beber, não pode comprar bebida com álcool. Nada mais falso e desprovido de qualquer estudo elaborado com base técnica. Será que é só no posto de gasolina que se vai de carro comprar bebida? Quer dizer que ir ao supermercado, à padaria, ao bar, à festa, ao restaurante, à casa do amigo, sempre de carro e comprar bebida alcóolica pode, mas ir ao posto de gasolina, não. Fora questões alheias a discussões teóricas, 14

ponto de vista O que não se percebe é alguma evidência que não seja a de que a proibição da compra inibe o ato comercial, mas não chega nem perto de tocar na questão do consumo indevido. como o fato de existirem muitas cidades brasileiras cujo comércio, muitas vezes, se resume a uma loja de conveniência de um posto de gasolina. Mas será mesmo que o efeito que se obtém disso é a redução do consumo de álcool indevido de bebidas alcoólicas, seja aquele ligado à direção ou ao consumo por menores de idade? O que não se percebe é alguma evidência que não seja a de que a proibição da compra inibe o ato comercial, mas não chega nem perto de tocar na questão do consumo indevido. Se a ideia é proibir a compra e a venda de álcool, então, será necessário mudar o paradigma mundial atual e proibir a comercialização do produto em todos os estabelecimentos. Acredito que a ideia não é essa e nem teria apoio dos legisladores dos países ocidentais. Como não é, não faz sentido, portanto, proibir a venda de bebidas em postos de gasolina ou qualquer outro lugar. O Estado tem, sim, outro papel, previsto em nossa Constituição, que é o de exercer o monopólio da força para reprimir e desestimular condutas ilegais na sociedade. A sociedade civil e os empresários, particularmente, têm atuado no sentido de fortalecer este importante capítulo das funções que cabem ao Estado. A indústria de bebidas e a de combustíveis, por exemplo, são pródigas em propor e levar adiante parcerias com organismos do setor público. Desde a fiscalização para evitar o descumprimento das regras de funcionamento dos setores até o trabalho árduo para evitar a sonegação e a elisão fiscal. Mas o Estado tem cumprido suas funções de garantir o cumprimento das leis? Pouco e de maneira errática. Em geral, quando surge um episódio que comove a opinião pública, os governos, parlamentares e os próprios formadores de opinião pedem uma maior atuação das autoridades. Essas tendem a reagir redigindo mais normas, que igualmente serão pouco fiscalizadas e cumpridas. Forma-se um círculo vicioso, cujo grande prejuízo recai sobre a sociedade que pagará preços distribuídos a vários atores sociais e, muitas vezes, sem resolver o problema real. O Estado moderno, criado com o advento do capitalismo e em contraposição ao regime feudal e absolutista, tem um papel crescente e cada vez mais relevante. Nossas sociedades são complexas e as oportunidades, mesmo quando justamente distribuídas, não são aproveitadas equanimente. As normas sociais e os regulamentos são difíceis de serem feitos e igualmente complexos de serem fiscalizados e cumpridos. Por esta razão a sociedade, nós mesmos, temos que ser muito vigilantes para que deste processo não surjam forças que tenham o condão de desestimular as iniciativas de uma sociedade que quer e precisa se desenvolver. Se não ficarmos atentos e vigilantes, abrindo mão do dever de enfrentar iniciativas de nítida intervenção inadequada do estado no espaço da sociedade e da iniciativa empresarial, estaremos deixando de ajudar o Brasil a seguir em frente. 15

16 COMBUSTÍVEIS, LUBRIFICANTES E LOJAS DE CONVENIÊNCIA

Capítulo Especial CAPÍTULO ESPECIAL 17

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capítulo especial Um desafio do tamanho do Brasil C ombustíveis, lubrificantes e uma infinidade de itens comestíveis, bebidas, utilidades nas lojas de conveniência. Para oferecer produtos automotivos e soluções práticas de consumo aos motoristas e demais clientes, os postos de serviço têm na retaguarda uma complexa logística de distribuição, estruturada de forma desbravadora, ao longo do século XX, pelas filiadas ao Sindicom. Responsáveis por quase 80% do mercado brasileiro, incluídos a indústria e o agronegócio, as companhias vencem todos os dias o desafio de abastecer uma nação de dimensões continentais, sem abrir mão da qualidade, segurança e proteção ambiental. Com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o Brasil é um dos maiores países do mundo. Frente à vastidão territorial, as distribuidoras construíram sua logística à custa da superação de inúmeros obstáculos, como as grandes distâncias entre centros urbanos, as carências de infraestrutura e as peculiaridades regionais de transporte, num cenário socioeconômico que só recentemente é de estímulo ao consumo. Apesar das adversidades, o setor montou a maior e mais capilarizada malha de distribuição de produtos a granel do país, para garantia do atendimento aos consumidores nos pontos de venda de norte a sul. O mercado brasileiro encerrou o ano de 2013 com 39,3 mil postos de revenda nas 27 unidades da federação. Esse parque instalado, que vem agregando em velocidade crescente à oferta de combustíveis e lubrificantes o varejo de conveniência, abrange desde concorridos postos em grandes cidades do Sudeste e do Sul, a pontos, de pequeno movimento em locais remotos da Amazônia, Nordeste e Centro-Oeste. Em comum, porém, todos desempenham o mesmo papel para o abastecimento nacional, na linha de frente sustentada pela operação firme e ininterrupta da logística da distribuição. Por caminhões, trens, dutos, navios e balsas, a movimentação de produtos no mercado brasileiro de combustíveis atesta como a logística exerce função capital para o suporte energético ao desenvolvimento econômico e social do Brasil. Neste território de proporções gigantescas, rico em recursos minerais e hídricos, pródigo em terras agrocultiváveis, dotado de indústria em expansão e de força de trabalho cada vez mais qualificada, a vitória sobre o formidável desafio da logística é requisito fundamental para o êxito dos grandes empreendimentos uma conquista de que se orgulham as distribuidoras associadas ao Sindicom. 19

combustíveis Anos de pioneirismo Do suprimento do mercado distribuidor à entrega final aos revendedores e grandes consumidores, a logística dos combustíveis tem mais de um século de experiência acumulada no Brasil. O marco dessa longa trajetória foi fincado em 1912, com a chegada da primeira distribuidora, mas o país consumia gasolina desde o fim do século XIX, importada em latas, como o querosene iluminante, derivado de petróleo que era o produto mais consumido. De portos como o do Rio de Janeiro, a gasolina seguia para depósitos de atacadistas para abastecer armazéns das grandes cidades e do interior, levada em caminhões e carroças. A instalação das primeiras companhias distribuidoras, nos anos 1910 e 1920, deu eficiência antes desconhecida ao fornecimento de gasolina e querosene enlatados em vários pontos do território brasileiro. A distribuição a granel só teria início no país em 1919, com o transbordo da carga do primeiro navio a atracar com gasolina no Brasil, num terminal marítimo com tanques para derivados, recém-construído na carioca Ilha do Governador, na Baía de Guanabara. Um ano depois, a descarga de navios com o combustível passou a ser feita também no porto do Recife. As operações a granel, que foram substituindo pouco a pouco as vendas em latas, possibilitaram o surgimento, ainda nos anos 1920, das primeiras bombas de rua, que vertiam gasolina à força de manivelas. Na época, as distribuidoras lançaram-se à construção de terminais e depósitos em áreas portuárias e, para interiorizar a oferta da gasolina, intensificaram o uso de caminhões e vagões-tanques. A frota de veículos automotores importados ou montados no Brasil aumentava e a abertura de estradas entrava na ordem do dia. Em 1925, só o Modelo T, da Ford, teve 24 mil unidades vendidas no país, que contava com 1,3 mil quilômetros de rodovias. Na segunda metade dos anos 1920, o apoio logístico das distribuidoras foi imprescindível para o boom rodoviarista deflagrado pelo presidente Washington Luís, que passaria à história associado ao lema Governar é abrir estradas. Durante o seu governo, de 1926 a 1930, o pais ganhou importantes rodovias, como a Rio-São Paulo e a Rio-Petrópolis. A distribuição de combustíveis participou, com seus caminhões-tanque, do avanço de cada frente de obras, garantindo o abastecimento das máquinas e veículos nos comboios dessa empreitada desbravadora. Ao mesmo tempo, nas grandes cidades, surgiam os postos de gasolina, abertos pelas distribuidoras na sequência da difusão das bombas de rua pelo Brasil. O advento dos postos foi um marco na constituição do mercado revendedor, que passaria a dispor de instalações dedicadas exclusivamente ao abastecimento, à lubrificação de motores e à prestação de serviços aos motoristas. Embora não mais operem postos de serviço no país, as companhias tiveram papel fundamental na formação da rede da revenda brasileira. Dos portos às refinarias A malha logística da distribuição possuía traços bem definidos no começo dos anos 1930, tendo como pontos de partida os portos, como os do Rio, Santos e Recife. Dos terminais e bases de armazenamento à beira-mar, os derivados recebidos do exterior percorriam uma teia de ramificações majoritariamente rodoviárias, com pouca utilização dos trens até os nascentes postos de serviço e outros pontos de venda. Esse quadro só começaria a mudar, em escala reduzida, com o início do refino em nível comercial. Em 1934, a primeira unidade de refino REFINARIAS nacional, aberta em Uru- 20