II Seminário Internacional de Comércio Justo e Solidário: perspectivas para a consolidação de um mercado consumidor brasileiro



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Transcrição:

II Seminário Internacional de Comércio Justo e Solidário: perspectivas para a consolidação de um mercado consumidor brasileiro (relatório síntese) (organização: FASE Nacional, Fundação Friedrich Ebert/ ILDES, Fundação Lyndolpho Silva e Secretaria de Agricultura Familiar, do Ministério de Desenvolvimento Agrário). São Paulo, 11 e 12 de julho de 2002

O objetivo do presente documento é propiciar uma sistematização sintética das principais questões debatidas durante a realização do II Seminário Internacional de Comércio de Justo e Solidário, realizado nos dias 11 e 12 de junho de 2002, em São Paulo. Diferentes visões acerca do entendimento de comércio justo e solidário foram surgindo ao longo dos debates. No entanto, existe convergência quanto a necessidade e possibilidade de se ampliar o acesso dos pequenos produtores aos mercados consumidores e que esse acesso deve se dar de forma ética, com respeito ao meio ambiente e, fundamentalmente, melhorando as condições de vida das camadas excluídas ou pouco beneficiadas nas relações de comércio atualmente preponderantes. Como as intervenções dos diversos convidados foram gravadas e a maior parte das apresentações contou com a utilização de recursos de informática e estarão disponibilizadas no fórum eletrônico de discussões, não se trata aqui de efetuar um resumo destas intervenções, mas de tentar extrair as questões centrais dos debates que permanecem na agenda. Escala e Canais de Distribuição A produção em escala surge como uma questão chave quando a perspectiva está voltada para a consolidação de uma estrutura de mercado solidário. Uma das abordagem presente no encontro foi de que sua abrangência não deve ficar restrita a nichos, ou a canais específicos, mas buscar se instituir enquanto prática transformadora das atuais relações hegemônicas. Como se trata predominantemente de pequenos produtores, a escala deve ser buscada de maneira coletiva. Ou seja, o associativismo entre os produtores deve ser estimulado como forma de obter melhores condições de negociação. Nesta perspectiva, é possível vislumbrar o estabelecimento de relações diferenciadas, mais humanas, com os diversos setores do varejo, incluindo as suas grandes redes. Uma outra forma de abordar esta questão é fornecida por organizações de produtores que passaram pela experiência de negociar com grandes redes, principalmente de varejo. Nesta visão, a assimetria de interesses inviabilizaria a utilização de grandes redes como canais de distribuição de produtos justos e solidários, implicando a necessidade de se estabelecer canais próprios de distribuição, como forma de consolidar um mercado diferenciado e específico desses produtos. Aqui, a obtenção de escala parece adquirir menos importância que anteriormente, embora também se estimule práticas associativas. 2

Relações com Governos As relações com o setor público também foram objeto de debates. Destacou-se a expectativa de que as políticas públicas devem estar voltadas para o fortalecimento do comércio solidário. Neste sentido, as compras governamentais, como a merenda escolar, por exemplo, podem ser utilizadas para alavancar as práticas de comércio voltadas para favorecer os pequenos produtores e o desenvolvimento local, como já ocorre atualmente em um número ainda restrito de municípios. Ao lado dessa possibilidade, foi lembrado que a vontade política dos governantes, por vezes, esbarra em exigências jurídicas presentes em processos de licitação pública. (para esse tópico, socializaremos no fórum eletrônico, algumas possibilidades, permitidas em lei, de compras de merenda escolar sem licitação). Certificação A partir das apresentaçãos da Forest Stewardship Council; do selo STEP/França; da FLO e da Rede Ecovida foi possível observar que existe um certo consenso de que a certificação pode ser um importante instrumento para diferenciar os produtos justos e solidários, favorecendo a comunicação entre produtores e consumidores. Todavia, existem diversas formas e processos de certificação. Por um lado, encontramos processos de certificação que se originam nos próprios produtores organizados em redes, que desenvolvem selos para evidenciar as características intrínsecas ao seu processo produtivo, e são voltados para um público consumidor adjacente. De outro lado, também, foram apresentados processos de certificação voltados para o comércio internacional e nacional em escala ampla. Parece ser possível, contudo, superar as contradições aparentes, na medida em que as certificações localizadas já existentes e as serem criadas localmente podem ser articuladas a um processo amplo e participativo de desenvolvimento de um selo nacional. Consumidores A existência de consumidores conscientes do poder de suas decisões constitui elemento preponderante para a consolidação do comércio solidário. Neste sentido, adquire relevância a organização dos consumidores em centrais de compras, como já ocorre em Porto Alegre, por exemplo. 3

Ao mesmo tempo, a ação de entidades de caráter nacional, realizando campanhas informativas em relação às vantagens de consumir produtos justos e solidários e defendendo os direitos dos consumidores, também pode desempenhar importante papel na estruturação do comércio justo e solidário no Brasil. Cooperativas de consumidores e organizações de defesa e informação ao consumidor devem ser melhor identificados e incorporados no processo de ampliação de acessibilidade dos produtos e serviços justos e solidários. Comércio Justo e Solidário no meio urbano A ausência de exposição de experiências urbanas foi lembrada como um ponto a ser trabalhado em um próximo encontro. Cooperativas no meio urbano tendem a ter menos tradição de associativismo do que as encontradas no meio rural. A partir daí, é fundamental pensar que essas práticas já se tratam de uma realidade e também devem ser incentivadas. México A experiência mexicana apresentada no seminário permite perceber que é possível estruturar um coletivo de organizações para colaborar na implantação de um mercado justo e solidário em nível nacional. O processo vivido no México foi apresentado com vários momentos de fracassos e revisões de caminho, mas sobretudo de êxitos. Hoje, o México é o primeiro país a abrir e consolidar nacionalmente um mercado nacional para produtos justos e solidários. Relações com o Setor Privado (II setor) A relação entre comércio justo e solidário e grandes empresas foi discutida em diversas passagens do seminário. Qual a postura que as organizações que pretendem impulsionar esse tema devem ter frente ao II setor? Valorização da interdependência entre diferentes elos da cadeia produtiva, ética como valor básico de suporte da atividade econômica e transparência têm sido adotados como novos paradigmas por diversas empresas preocupadas em estabelecer uma relação mais próxima com os consumidores. Este movimento crescente de responsabilidade social das empresas sugere que pode haver interesses comuns entre setores que até pouco tempo não compartilhavam dos mesmos projetos. O estabelecimento de uma relação contratual entre a comunidade rural que processa fibras de côco na Ilha de Marajó, apresentada pelo sistema POEMA, e a empresa Daimler Chrysler materializa essa possibilidade de ação. 4

Por outro lado, também foi apontado que essa relação de cooperação entre organizações que defendem os interesses dos setores à margem da sociedade de consumo e grandes empresas ainda passa por uma fase experimental. Por exemplo, o leque de exigências das redes de supermercado quanto a aparência de alguns produtos dificulta a existência de uma relação mais fluida entre esses e os pequenos fornecedores. No seminário, ainda houve o registro de que a existência de posturas duvidosas por parte de algumas empresas, que vão no sentido contrário à responsabilidade social, e a desconfiança de atores que não fazem parte do segundo setor sacramentam uma não relação entre esses grupos. Participações e Declarações de Apoio O II Seminário contou com representantes de diversas organizações oriundos de: 4 Países: Brasil, França, Itália e México. 13 Estados e o Distrito Federal: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. 29 cidades: Belém, Botucatu, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Guarapuava, Jaguariúna, Juiz de Fora, Limeira, Paranavaí, Piracicaba, Pirenópolis, Porto Alegre, Recife, Registro, Ribeirão Branco, Rio de Janeiro, Salvador, Santo André, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Paulo, São Roque, Silva Jardim, Sorocaba, Teresina, Valente e Vitória. Com objetivo de explicitar apoio ou reticências ao projeto de aumentar nacionalmente a acessibilidade aos produtos justos e solidários, o último painel foi constituído por declarações políticas feitas pelas organizações presentes no evento. Seguem algumas manifestações de apoio ao projeto, além dos organizadores FASE e Fundação Lyndolpho Silva (não houve manifestação de reticência) Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e Federação de Trabalhadores na Agricultura Familiar Sul declaram seu apoio a esse projeto explicitando as dificuldades que os trabalhadores rurais têm enfrentado. Foi destacado que aumentar a acessibilidade aos produtos não esgota os temas que retardam o desenvolvimento no campo. Outros temas (crédito, reforma agrária, pesquisa e capacitação etc.) também devem ser cotejados. 5

A Rede Brasileira de Sócio Economia Solidária explicitou uma série de ações no circuito de consolidação da socioeconomia solidária (www.redesolidaria.com.br) e, em paralelo, declarou o seu apoio e interesse em colaborar com o projeto para aumentar a acessibilidade de produtos justos e solidários. A Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário declarou a disposição em continuar apoiando o projeto. A Fundação Friedrich Ebert / ILDES declarou que pretende trabalhar esse tema no decorrer deste ano, assim como em 2003. A ONG Amigos da Terra, após mostrar os impactos positivos que os projetos Compradores de Produtos Florestais Certificados e Negócios Sustentáveis na Amazônia tiveram no fomento à exploração responsável da floresta, declarou a sua crença e apoio político a esse projeto. O Viva Rio, membro do IFAT (Federação Internacional de Comércio Alternativo), informou que a seção latinoamericano dessa federação internacional já tem uma estratégia de atuação para desenvolver o mercado solidário nesta região, formado por 3 comitês (comercialização, monitoramento e campanha/lobby). De fato, pela causa em si e para acompanhar a tendência latinoamericana, o Viva Rio declarou que já é tempo do Brasil formar uma rede para pensar a comercialização dos produtos e serviços justos e solidários. Instituto ETHOS informou que pode, por meio de parcerias estratégicas, estimular o debate desse tema comércio justo e solidário -, e entender como as grandes e médias podem colaborar com as pequenas e micros empresas para estimular esse tipo de responsabilidade social. A troca de conhecimentos entre os diferentes atores também pode ser apoiada pelo Instituto Ethos, além da divulgação, por meio de seu informativo interno, de algumas iniciativas e experiências de responsabilidade social, que façam parte desse tema. A Secretaria de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais, do Governo do Estado do Rio Grande Sul, fez referência à necessidade de fomentar a produção e comercialização solidária também nas áreas urbanas e declarou apoio ao projeto. O Banco Mundial declarou que apresentará uma proposta de participação mais efetiva, ao setor responsável por esse tema no escritório de Brasília, para sedimentar a parceria com aqueles que pensam o projeto de aumento de acessibilidade aos produtos justos e solidários. A CRAISA Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André manifestou a disposição de participar ativamente da estruturação do comércio solidário. Houve o compromisso público de disponibilizar o seu espaço (160 mil m 2 ), 6

que atende ao 4º centro consumidor do país e controla, entre outros nichos de mercado, merenda escolar e restaurante, para viabilizar o comércio justo e solidário, seja no varejo ou no atacado. Horta & Arte (associação de produtores), frente a sua experiência em comercializar e ampliar o mercado para produtos orgânicos, declarou a sua disposição em colaborar com o projeto de aumento de acessibilidade aos produtos solidários, uma vez que há muita semelhança (por exemplo, humanização do produto, preservação ambiental etc.) entre os motivos que levam os consumidores a adquirirem esses tipos de produtos. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, da Prefeitura Municipal de São Paulo, declarou a sua vontade política de utilizar o poder de compra do governo como política ambiental e justiça social, assim como já vem sendo realizado pelo Programa Selo Verde. O IMAFLORA, embora impedido de estar presente no seminário devido a atividades internas, também manifestou interesse em permanecer atuando no projeto. Próximos Passos Os organizadores do seminário conta com a ampliação do número de entidades envolvidas com o projeto de aumentar a acessibilidade aos produtos e serviços justos e solidários no Brasil. Para isso, criará um fórum eletrônico, onde será possível que essas entidades se consolidem enquanto grupo e discutam as pautas das reuniões que serão realizadas ainda em 2002. Uma possibilidade de Fórum constituído por 3 Câmaras ONGs e Consumidores Distribuidores e prestadores de serviços Produtores e Trabalhadores 7

A continuidade dos trabalhos prevê, em 2002, a realização de: Reuniões em Recife (26 e 27 de setembro de 2002) e Brasília (ainda em 2002) para discutir a proposta de formação de câmaras/grupos de Trabalho envolvendo os seguintes segmentos; ONG s e representantes dos consumidores; produtores e trabalhadores; distribuidores e prestadores de serviços Formatação de uma proposta para aumentar a acessibilidade de produtos e serviços justos e solidários no Brasil Definição de um plano de trabalho para 2003 Construção de um Fórum Eletrônico 8