CMI Dados do Projeto e do(a) Coordenador do Projeto CMI Centro de Memória e Informação Título do Projeto Coordenador do Projeto: Endereços para contato: Setor: Plano de Conservação Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa: Documentação para Preservação Segundo Módulo Claudia S. Rodrigues de Carvalho, Arquiteta, DSc Eletrônico: crcarvalho@rb.gov.br Telefônico: 55-21- 32894676 Núcleo de Preservação Arquitetônica CMI Data: 1
1. Justificativa/Caracterização do Problema Nesta pesquisa proponho o desenvolvimento de processo contínuo de documentação sobre o conjunto edifício-acervo do Museu Casa de Rui Barbosa que se constitua num instrumento de monitoramento e controle da qualidade para sua preservação, gerenciamento e uso. Trata-se do estabelecimento de um sistema de informações apropriadas e atualizadas relativo à história, ao valor de patrimônio, à materialidade, às intervenções passadas e às condições atuais do bem cultural. O processo de documentação é uma ferramenta indispensável para identificação, proteção, interpretação e preservação material dos bens culturais. Através da documentação e dos inventários do patrimônio cultural pode-se garantir a precisão e a consistência das tomadas de decisão para a preservação, e por este motivo os inventários ocupam lugar significativo na maioria das convenções internacionais de salvaguarda da herança cultural 1. A documentação 2 do patrimônio cultural é parte integrante do processo de conservação, por isso colecionar dados não é o bastante, é preciso definir um processo seletivo que depende de análises e interpretações preliminares, o que faz com que a documentação não seja apenas uma operação técnica neutra, mas o resultado de uma abordagem cultural complexa. Por outro lado, debates científicos e técnicos vêm enfocando a adequação dos métodos de documentação no campo da preservação arquitetônica, como também a capacitação dos profissionais envolvidos para gerenciar dados dentro de um sistema de informações com vistas à melhoria da prática. A documentação é um processo contínuo que possibilita o monitoramento, a manutenção e compreensão necessária para preservação através do fornecimento de informação adequada. A documentação do Museu Casa de Rui Barbosa é constituída por informações reunidas através do tempo pelas mais variadas formas de coleta e pesquisa, relativas a sua configuração física, condição de conservação e uso do monumento que embora conformem uma base de conhecimento; requerem estruturação e criação de acesso sistemático para que possam efetivamente integrar o processo de conservação do bem cultural. Esta pesquisa relaciona-se com os trabalhos que vimos desenvolvendo, desde 1997, para dotar a preservação do Museu Casa de Rui Barbosa de procedimentos mais sistemáticos, buscando um alinhamento com as transformações conceituais daquele campo disciplinar, nas quais os bens móveis e imóveis de valor patrimonial deixaram de ser encarados de maneira isolada, passando a ser tratados em conjunto. Desta forma, a preservação do edifício histórico e das coleções que abriga constitui um 1 A Carta de Veneza (1964), referência fundamental do ICOMOS- International Council on Monuments and Sites, para conservação e restauração de monumentos e Sítios, recomenda, em seu Artigo 16º que: os trabalhos de conservação, de restauração e de escavação serão sempre acompanhados pela elaboração de uma documentação precisa sob a forma de relatórios analíticos e críticos, ilustrados com desenhos e fotografias. Todas as fases dos trabalhos de desobstrução, consolidação, recomposição e integração, bem como os elementos técnicos e formais identificados ao longo dos trabalhos serão ali consignados. Essa documentação será depositada nos arquivos de um órgão público e posta à disposição dos pesquisadores. Recomenda-se a sua publicação.carta de Veneza. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. IPHAN, Rio de Janeiro, 1987. 2 De acordo com o documento do ICOMOS, conhecido como Declaração de Sofia, de 1996, que estabelece os princípios para documentação de Monumentos, Grupos de Edifícios e Sítios, Documentação é: a captura de informações que descrevem a configuração física, condição e uso de monumentos, grupos de edifícios e sítios, periodicamente, e á parte essencial do processo de conservação. ICOMOS. Principles for the recording of monuments, groups for buildings and sites.( 1996). Disponível em http://www.international.icomoc.org/chartesrs/recording_e.htm 2
passou a ser entendida de forma mais ampla, tendo como base as ações de prevenção, para minimizar os processos de deterioração, evitar intervenções invasivas e garantir a sua transmissão para as gerações futuras. Com o estabelecimento, em 1998, de um Plano de Conservação Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa, as ações preservação do patrimônio vêm sendo realizadas numa escala de prioridades que garantem a aplicação dos recursos de forma equilibrada e sustentável. Desde 2005, vimos orientando bolsistas em pesquisas aplicadas para dar suporte ao Plano para Conservação Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa, dentro da linha de pesquisa Estratégias de conservação preventiva para edifícios históricos que abrigam coleções, do grupo de pesquisa da FCRB/CNPQ : Museu-Casa de Rui Barbosa: memória, espaço e representações. A linha de pesquisa tem por objeto a busca de soluções sustentáveis para preservação integrada do edifício-histórico e da coleção, está focada no perfil museu-casa e abrange a identificação do patrimônio tutelado pela Fundação Casa de Rui Barbosa, na sua historicidade, composição e materialidade; a avaliação dos riscos para sua preservação; o desenvolvimento de métodos para prevenção e tratamento e a criação de instrumentos didáticos para difusão da conservação preventiva no Brasil. O primeiro módulo de pesquisas foi realizado de 2006 a 2007, e tratou da Conservação Programada das Coberturas. Em 2008, iniciaram-se os estudos para a Conservação Programada das Alvenarias e seus Revestimentos Internos e Externos. A presente pesquisa Plano de Conservação Preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa: Documentação para preservação está inserida neste conjunto de trabalhos que visam sistematizar as ações de preservação do monumento, e se justifica pela necessidade de se ampliar o conhecimento sobre o bem para subsidiar as ações de conservação e restauração. 2- Objetivos O objetivo geral da presente pesquisa é a integração dos processos de documentação e conservação do patrimônio cultural, através da identificação de métodos e instrumentos apropriados às necessidades de preservação integrada de edifícios que abrigam coleções. No contexto do objetivo geral, a presente pesquisa pretende contribuir atingindo os seguintes objetivos específicos: Definir estratégia de documentação a partir da seleção de dados a serem levantados sobre o edifício e as coleções que abriga, Estabelecer processo tecnológico adequado para conectar as informações levantadas, Desenvolver um processo contínuo de documentação sobre o Museu Casa de Rui Barbosa, Gerenciar as informações tornando-as acessíveis aos usuários no presente e no futuro, propiciando variadas formas de investigação sobre o assunto, Integrar o processo de documentação na preservação do Monumento, fornecendo elementos para subsidiar intervenções e controlar transformações 1. Metodologia e Estratégias de Ação 3
A documentação envolve um processo cultural e interpretativo e depende de um suporte tecnológico, que vai transformar os dados e suas interpretações em instrumentos eficientes. O processo de documentação não pode ser considerado standardizado. Para cada bem cultural específico há uma forma específica de aquisição, arquivamento e gerenciamento de dados adequado ao objetivo da documentação. Neste sentido, a metodologia proposta para o desenvolvimento da presente pesquisa baseia-se nas etapas que compõem o processo de documentação de bens culturais, quais sejam o planejamento; a prática, o acesso e a disseminação. A estratégia de ação será a de desenvolver um ferramental específico para o Museu Casa de Rui Barbosa, estruturado nas seguintes etapas metodológicas: I- Planejamento: definição dos objetivos da documentação, através da avaliação dos dados e recursos disponíveis II- Documentação/ Levantamento e organização dos dados: Coletar, processar, e analisar as informações disponíveis para formatar um banco de dados, contendo os seguintes aspectos do Monumento: a- Identificação b- Localização/entorno c- Cronologia dos principais eventos relativos ao projeto, construção e intervenções pelas quais o imóvel tenha sofrido; d- Dados biográficos sobre proprietários, empreendedores e usuários; e- Aspectos do programa; f- Descrição de materiais e sistemas técnico-construtivos aplicados; g- Descrição e cronologia das ações de preservação h- Descrição e cronologia das ações de manutenção e reparo; i- Estado de conservação (bom, regular e péssimo); j- Avaliação de riscos para a preservação do Monumento k- Referências às fontes bibliográficas e documentais utilizadas; III- Gerenciamento e Disseminação das informações: homogeneizar os dados e identificar soluções tecnológicas que permitam compartilhar as informações de forma ampla, visando a recuperação rápida dos dados coletados; a atualização dos dados, e a possibilidade de diferentes tipos de investigação 4. Resultados e os impactos esperados Adquirir o conhecimento necessário para ampliar o entendimento sobre o Museu Casa de Rui Barbosa enquanto bem de valor cultural, seu transcurso no tempo, seus valores que devem ser transmitidos às gerações futuras; Fornecer subsídios para o controle das intervenções e transformações que impactam sobre o monumento, garantindo através do conhecimento que qualquer ação de preservação deste patrimônio seja sensível a sua forma, materialidade, tecido construído e ao seu valor histórico e cultural 4
Promover o interesse e o envolvimento de outros atores na sua preservação, através da disseminação da informação; disponibilizando o sistema de informações criado através de portal na internet, ligado ao site da Fundação Casa de Rui Barbosa Publicar artigos científicos sobre o processo metodológico, bem como livro sobre a documentação do Museu Casa de Rui Barbosa. Estabelecer suporte para integração dos processos de documentação e conservação do Patrimônio Construído do século XIX, promovendo a análise comparativa do conjunto edificado do Museu Casa de Rui Barbosa, com a produção arquitetônica remanescente do período no Rio de Janeiro; 5. Cronograma Planejamento Documentação Gerenciamento e Acesso Produção de textos 1º semestre 2º semestre 3º semestre 4º semestre 6.Orçamento Contratação de bolsista graduado, (categoria DTC1), para dar apoio à pesquisa, realizando o plano de trabalho em anexo. 7. Referências Bibliográficas BABELON, Jean-Pierre; CHASTEL, Andre. La Notion de Pratrimoine. Paris: Lina Levi, 1994. CARTA de Veneza. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. IPHAN, Rio de Janeiro, 1987 CASTRIOTA, Leornardo Barci. O Inventário do Patrimônio Urbano e Cultural de belo Horizonte Uma Experiência Metodológica. In: SEMINÁRIO HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO, 5, 1998, Campinas. Anais... Campinas: FAU/PUC, 1998b. CASTRO, Sônia Rabello de. O Estado na Preservação de Bens Culturais: O Tombamento. Rio de Janeiro: Renovar, 1991. COSTA, Lucio. Documentação Necessária. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1937, nº1, PP.31-39. IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Departamento de Identificação e Documentação. Inventário Nacional de Bens Imóveis Sítios Urbanos Tombados: manual de preenchimento, versão 2001. Brasília. 5
LEMOS, Carlos. Arquitetura Brasileira. São Paulo, Melhoramentos, 1979. MOTTA, Lia; SILVA, Maria Beatriz Rezende (org.). Inventários de Identificação: Um Panorama da Experiância Brasileira. Rio de Janeiro: IPHAN, 1998. MOTTA, Lia. Cidades Mineiras e o IPHAN. In: OLIVEIRA, Lucia Lippi. Cidade: História e Desafios. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002. PESSOA, J. (org). Lucio Costa: Documentos de Trabalho. Rio de Janeiro; IPHAN, 1999. RIEGL, Alois. Le Culte Moderne des Monuments. Son essence et sa Genèse. Trad. Daniel Wieczorek. Paris: Éditions du Seuil, 1984. SÃO PAULO (cidade). PREFEITURA MUNICIPAL. SECRETARIA MUINICIPAL DE CULTURA. DEPARTAMENTO DO PATRIMONIO HISTÓRICO. Inventário Geral do Patrimonio Ambiental e Cultural: Liberdade. São Paulo: Departamento do Patrimonio Histórico, 1987. TELLES, S.; CAMPOS, C. A. R.; MOTA, L.; ANDRADE, R. Patrimonio Edificado I: conservação/ restauração. Revista do Patrimonio Histórico e Artistico Nacional. Rio de Janeiro, n. 22, p.90-105, 1987. 8. Plano de Traballho do bolsista ( categoria DTC1) A presente etapa de desenvolvimento da pesquisa terá como foco homogeneizar os dados que foram levantados no Arquivo Histórico e Institucional da Fundação Casa de Rui Barbosa e no Arquivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, bem como identificar outras fontes primárias de informação sobre o Monumento. O presente Plano de Trabalho dá continuidade aos trabalhos já realizados e em andamento na pesquisa, tendo como objetivo contribuir, através de orientação para a formação do bolsista como pesquisador no campo da Preservação Arquitetônica. Através desta proposta de trabalho, pretende-se dotar o bolsista de capacidade crítica e analítica das informações coletadas, que o qualifiquem para a elaboração de trabalhos científicos e para as atividades de documentação, familiarizando-o com a complexidade dos processos envolvidos. Neste sentido, além das atividades da pesquisa, serão realizados seminários com o orientador e pesquisadores convidados para avaliação do trabalho e orientação. 8.1- Etapas da Pesquisa: a- Reuniões com o orientador para discussão metodologia de pesquisa a ser desenvolvida. b- Leitura de textos e informações relacionadas com os pressupostos temáticos da pesquisa, compilação e apresentação de panorama atual. c- Tratamento dos dados levantados em etapa anterior, relativos às ações de preservação do conjunto edificado nos arquivos da FCRB e do IPHAN. d- Identificação e pesquisa em novas fontes primárias de informação sobre o Monumento, de modo a preencher as diversas lacunas encontradas na documentação antes referidas, 6
e- Elaboração, juntamente com o orientador e pesquisadores convidados, de estruturação do sistema de informações. f- Redação final de relatórios 8.2- Cronograma do trabalho a ser desenvolvido pelo bolsista: Esta proposta de trabalho está dimensionada para uma bolsa de 24 meses. Neste período, as atividades do bolsista estará assim distribuídas: Reuniões de orientação Leituras Tratamento de dados coletados Identificação de novas fontes para complementar informações Relatórios 1º semestre 2ºsemestre 3º semestre 4º semestre. 7